Localizada no distrito de Itaipuaçu, no município de Maricá, a Pedra de Itaocaia se destacana paisagem local, tanto para quem está na praia de Itaipuaçu ou Alto Mourão, quanto para quem passa pela RJ 106, na altura de Inoã. Possui aproximadamente 389 metros de altura e de cada ponto que a vemos, possui um formato.
A primeira via conquistada nessa montanha foi a Paredão Galo Velho, uma conquista de 1981. Ficou durante anos sem conquista. Alguns projetos se iniciaram, mas nenhum avançou. Em 2020, em plena pandemia, Erick Okamura e o Blanco P. Blanco conquistaram uma via face noroeste, voltada para a Fazenda Itaocaia. Em 2021, foi finalizada a via "O dia em que a Terra parou", liderada por Cauê e Alexandre Langer e amigos, na face sudeste, mesma face da Galo Velho. Quase que simultaneamente, Juratan Câmara iniciou a conquista da via Rosângela Gelly, junto com Leandro do Carmo, Michel Cipolatti e Luis Avelar. A partir daí o setor ganhou mais vias se consolidando com vias exigentes e longas, numa parede sólida e bem bonita.
Vias da Face Sudeste da Pedra de Itaocaia
A face sudeste da Pedra de Itaocaia tem atualmente 8 vias de
escalada, sendo a via mais antiga a Via Galo Velho e as demais conquistadas
entre 2020 e 2022. As vias têm dificuldades variadas entre 3° e 7° e podem ter
até 500 m de extensão até o cume.
Há sombra nas vias dessa face no período da tarde,
principalmente nas vias mais verticais, como a Moinho de Sonhos e Desequilíbrio
Emocional, onde já costuma ter sombra a partir de 13h.
As vias são protegidas majoritariamente por grampos e
chapeletas rapeláveis PinGo e Dupla da Bonier. Algumas vias podem ter trechos
onde a proteção pode ser melhorada com peças moveis, como no caso do começo
normal da Via Sujo, Cansado e Todo Suado. Já para o começo da Sujo, Cansado e
Todo Suado pelo diedro vertical, a primeira enfiada da Paredão Itaocaia e
alguns lances da Paredão Batismo de Sangue é recomendado carregar um jogo de
móveis. Um jogo de camalots do #0.4 ao #3 ou equivalente já é suficiente para a
maior parte dos casos.
Visão geral das vias
Acesso:
Para acessar ao início da trilha de acesso, siga pela Av, Carlos Mariguella, até a loja de material de construção "Pé da Pedra Material de Construção".
https://maps.app.goo.gl/TnFMvNJwuJ1GBtVB7- Pé da Pedra Material de Construção
Trilha de Acesso
Descrição detalhada do acesso detalhado para a base das vias:
Ao lado da loja de material de construção, há um terreno baldio e uma construção inacabada. Entre por ela e siga até o final da parte mais aberta dos fundos
do terreno, passando por um bambuzal e, chegando à vegetação, seguir para a esquerda até atravessar um
córrego seco (caminho de descida da água da chuva) próximo a um bloco que fica
no outro lado. Seguir pela trilha, que sobe em direção à montanha, mas caindo
para a esquerda em direção à algumas bananeiras. Logo após as primeiras
bananeiras a trilha volta para a direita até encontrar novamente o córrego seco
em um ponto onde há um grande bloco dentro dele. Seguir subindo pelo córrego
até a pedra.
Margeando a pedra pelo lado direito há alguns projetos
antigos abandonados o no final da subida é possível acessar a Via Galo Velho
(4°). Não há relatos de repetição recente desta via, porém os grampos visíveis
da base parecem estar em bom estado.
Já margeando a pedra pelo lado esquerdo é possível encontrar
primeiramente a Paredão Desequilíbrio Emocional (5° VI A1 E2 D3 350m), que é
identificada pela sequência de chapeletas por cima de um arco saindo do chão e
formando um teto a cerca de 5 m de altura.
A Via O Dia em que a Terra Parou fica cerca de 50 m para esquerda, antes de um bambuzal.
Para a Paredão Moinho de Sonhos (7° VIIb E2 D3 350m),
contornar o bambuzal por fora, passando por um trecho um pouco mais fechado e
depois de uma rápida subida, chega em outra parte mais aberta onde a pedra vai
ficando mais positiva no começo (um rampão) e depois de alguns metros volta a
ficar vertical. Contornando o rampão por baixo, no final do lado esquerdo dele,
é possível avistar os grampos da Paredão Moinho de Sonhos na parte mais
vertical. Uma das vias mais bonitas da montanha.
Para chegar na Paredão Batismo de Sangue (5° VIIa/A0 E3 D3
385m), seguir mais junto à pedra, passar por um muro baixo construído até
encostar na montanha e descer. No final desta descida tem uma fenda rasa na
pedra saindo do chão em uma parte positiva junto de uma árvore. Bem alto do
lado direito da fenda é possível encontrar a primeira proteção da via. Olhando
para a montanha pode-se avistar de longe o sistema de fendas e chaminés por
onde ela passa.
Para chegar na Via Sujo, Cansado e Todo Suado (4° VI E2 D3
385m), seguir mais agora afastando um pouco da rocha e passando por alguns
blocos e seguir na trilha. Caso esta parte esteja fechada é possível seguir bem
junto a pedra passando pela vegetação até encontrar a trilha novamente em uma
bifurcação.
Nesta bifurcação é possível seguir para a direita
continuando bem junto a pedra e fazendo um trepa-mato de cerca de 50 m até um
diedro vertical com vários buracos. Este é o começo em móvel (VIsup E3) da
primeira enfiada da Via Sujo, Cansado e Todo Suado. Para chegar no outro começo
da via, mais fácil e com proteções fixas, seguir em frente na bifurcação
passando por uns blocos até chegar em algumas bananeiras, voltando a ficar
junto da rocha. Este começo é facilmente identificado por uma fenda frontal
mais profunda que a da Batismo de Sangue. A primeira proteção fixa fica depois
dessa fendo quando é necessário contornar uma parte com vegetação pelo lado
direito.
Para chegar na base da Paredão Itaocaia (4° Vsup E2/E3 D3
550m) é só seguir alguns metros e depois subir em um platô de vegetação. Esta
via também tem dois inícios, um por um sistema de fendas frontais no lado
esquerdo e outro por baixo de um diedro mais à esquerda, ambos em móvel.
Para acessar a Via Rosângela Gelly (3° IV E2 D3 +380m), basta
seguir mais pela trilha até encontrar uma grande laca apoiada na pedra no meio
do caminho. A base fica acima desta laca.
Vias de Escalada da Face Sudeste da Pedra de Itaocaia
Rosângela Gelly - 3° IV E2 D2 380m ------ + Relato da Conquista / Croqui
Via mais acessível da montanha. São várias enfiadas de III
com alguns lances de IV. Para alcançar o cume é necessário continuar pelo final
da Paredão Itaocaia. A base da via fica acima de uma grande laca apoiada na
pedra no final da trilha.
Paredão Itaocaia - 4° V+ E2/E3 D3 550m ------ + Croqui
A primeira enfiada desta via é muito bonita e toda em móvel,
podendo ser feita por um sistema de fendas frontais (IV) ou por um diedro na
esquerda (V). As outras enfiadas são protegidas em chapeletas. A base da via
fica alguns metros depois da Via Sujo, Cansado e Todo Suado em um platô mais
alto.
Um início muito interessante para quem quer escalar um pouco
mais em móvel é começar pela Sujo, Cansado e Todo Suado, mas ao invés de
contornar a vegetação no final da primeira fenda pela direita em direção à
primeira proteção, contornar pela esquerda para passar pela base da Paredão
Itaocaia e seguir normalmente até a P1.
A saída da Paredão Itaocaia para o cume é a mais fácil de
todas, tendo menos lances de trepa mato e uma trilha mais aberta.
Sujo, Suado e Todo Cansado - 4° VI E2 D3 385m ------ + Croqui
É a última via conquistada no setor. Esta via foi idealizada
por conta do belo diedro vertical, com diversos buracos e agarras, que hoje é
uma das alternativas para o começo da via. Este início é protegido em móvel e
está graduado em VIsup com exposição E3. Também é possível fazer um começo mais
fácil (IV) mais à esquerda, com proteções fixas e alguns móveis opcionais. O
lance do diedro é recheado em agarras, batentes e buracos. Já a entrada pela
esquerda começa passando por uma sequência de duas fendas frontais e lances em
agarras e aderência até a primeira parada. Após a união das duas entradas há
lances técnicos e verticais com muitos buracos, agarras e aderência, passando
também por grandes buracos em que se pode entrar para descansar. A partir da
segunda parada a via segue em lances de até IV em diagonal para a direita até
chegar na Paredão Batismo de Sangue. Daí é possível fazer a saída para a Moinho
de Sonhos ou seguir no final da Batismo de Sangue, que é mais trabalhoso.
Batismo de Sangue - 5° VIIa E3 D3 385m ----- + Croqui
Via mais exigente psicologicamente para guiar nesta face da
montanha. As proteções são mais espaçadas e tem um misto de proteções fixas e
móveis. Passa por um sistema de fendas rasas no começo até chegar ao crux, na
segunda enfiada. Este lance está graduado em VIIa, porém pode ser feito em
artificial. De todo modo, é bom estar escalando bem VI nestas técnicas para
guiar a via. Depois do crux segue por duas chaminés bem curtas. A primeira é
mais difícil e parece um meio termo entre uma chaminé e um diedro cego, pois é
aberta para fora em “V”. A segunda é mais fácil e pode ser contornada por fora.
A via passa por alguns buracos e fendas grandes e depois segue por lances mais
exigentes de agarras pequenas e aderência por uma enfiada e meia até um grande
buraco onde é uma das paradas. A via segue ficando progressivamente mais fácil.
A saída para o cume mais fácil é saindo para a direita em uma das enfiadas
contornando uma área com bastante vegetação por cima até encontrar a parada da
Paredão Moinho de Sonhos que fica na altura dos cabos de aço da parte principal
da contenção. Outra saída é continuar seguindo subindo e caindo para esquerda
no costão de pedra, buscando encontrar as paradas a cada 60m e algumas
proteções fixas intermediárias até chegar à vegetação. Depois ainda há uma
enfiada com um misto de trepa mato e rocha até chegar um uma parte mais
positiva com vegetação cobrindo toda a pedra. A partir deste ponto é possível
desequipar e seguir para o cume, buscando encontrar a trilha da saída da
Paredão Itaocaia ou seguir na direção do cume improvisando.
Moinho de Sonhos - 7° VIIb E2 D3 350m ------+ Croqui
A Paredão Moinho de Sonhos é uma das vias mais bonitas e
exigentes da montanha. Começa com um rampão positivo por alguns metros até
chegar à parede vertical. Neste trecho há bonitos lances com batentes, agarras
grandes, lacas e alguns metros com diversos cristais de quartzo usados como
regletes. Este último trecho está graduado em VIIa. Faz uma horizontal de cerca
de 6m e sobe mais um lance exigente com pockets e regletes antes da parada. A
segunda enfiada começa com outro lance entre VIsup e VIIa para a direita com
uma agarra muito boa para a mão esquerda, mas pés muito pequenos, tendo que se
esticar e fazer uma transição bem técnica para alcançar um veio de cristas no
lado direito. Depois deve seguir na horizontal usando o veio de cristais como
pés até a segunda parada. A terceira enfiada é a mais exigente da via, sendo
graduada em VIIb. É um trecho longo e vertical em agarras pequenas,
necessitando de uma boa leitura. A próxima enfiada começa tendo que vencer um
teto com boas agarras pelo lado esquerdo e depois seguindo por mais trechos
ainda exigentes em regletes pequenos, porém em uma parede menos vertical,
diminuindo um pouco a dificuldade. A via segue desta forma até a P5, que fica
em um platô bem confortável. Na enfiada seguinte ainda há um lance de aderência
mais técnico, porém na maior parte com lances fáceis. Da sexta parada é visto
bem de frente a grande contenção construída nos anos 2000. A via contorna a
tela que fica abaixo e a esquerda da grande grade de contenção e segue por um
costão até perto da altura de cabos de aço que segura a grade principal da
contenção. Deste ponto segue na direção dos cabos de aço, passando por cima
deles, e contornando a vegetação pelo lado direito e voltando um pouco para a
esquerda até subir em um bloco onde há a última proteção da via. A partir deste
ponto sobe pela vegetação em um trepa-mato que vai até o cume. Logo depois de
entrar na vegetação o melhor é desequipar e seguir esse final já de tênis.
O Dia em Que a Terra Parou - 5° A1(VIIIc) E2 D2
Via Desequilíbrio Emocional - 5° VI A1 E2 D3 ------- + Croqui
A via começa em um conjunto de dois arcos que saem do cão e
formam 2 tetos há cerca de 5-10 m de altura. As proteções começam por cima do
primeiro arco e devem ser usadas para artificializar o trecho até acima do
segundo teto e entrar em um grande veio de cristais vertical. Este veio de
cristais é a parte mais bonita da via. São cerca de 15 m em um veio de cristais
vertical de cerca de 1m de largura com muitas agarras grandes. Esse trecho não
passa de IV, porém é muito satisfatório de ser escalado.
Após este veio a via passa por um buraco onde devesse passar
pelo lado esquerdo usando um grande batente e algumas boas agarras. Depois
continua em uma parede ainda bem vertical com agarras variadas por mais 30m
(Vsup), passando no final por um lance de VI com movimentos semelhantes a um boulder
logo antes da parada. A via segue depois mais positiva em agarras pequenas,
alguns trechos mais verticais bem bonitos e depois um costão de III. No costão
passa pelo lado direito da grande contenção construída ali depois do
desprendimento de um bloco do topo nos anos 2000. A via passa por um trecho de
vegetação e depois segue mais 1 enfiada e meia e um longo trecho de subida pela
vegetação até o cume, já desequipado.
Não identificada
Não identificada
Paredão Galo Velho ------+ Croqui
Primeira via dessa montanha, conquistada no início da década de 80. Não
confundir com os projetos abandonados que ficam antes desta via na subida logo
após começar a contornar a montanha pela direita.
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