Por Leandro do Carmo
Castelos do Açú
Relato
Por conta da pandemia, acabei deixando as montanhas do PARNASO de lado... Durante muito tempo o acesso a partir das portarias, tanto de Petrópolis, quanto de Teresópolis, estavam limitadas. Era hora de voltar. Aproveitando que uns amigos do trabalho queriam fazer a Travessia Petrópolis x Teresópolis, sugeri que fazermos alguns treinos antes, até para eles se aclimatarem com o ambiente bem diferente que é lá em cima.
Saí bem cedo de casa, numa madrugada de sábado bem fria. Ainda estava escuro quando cheguei ao ponto de encontro. O Nicolas e a Bárbara já estavam lá e a Renata chegou logo em seguida. O Gabriel e Thales encontraríamos logo após o pedágio da Washington Luis, e o Lisboa, Marcelo Farias e Willian, só em Correas. A viagem foi tranquila e como combinado, encostei o carro logo após a praça do pedágio, onde o Thales nos aguardava. Quando saí do carro, percebi que ainda fazia frio. O Gabriel chegou logo em seguida. Conversamos um pouco e seguimos subindo a serra. Fizemos uma parada rápida para saber onde estaria o outro carro e fomos em direção à Correas, onde tomamos um bom café da manhã.
Devido à pegarem um enorme caminhão de carga na subida da serra, o outro carro atrasou bastante, quase 1 hora. Minha preocupação era por conta do horário limite para subir à parte alta do Parque, que era 9 horas. Mas deu tudo certo, e às 9 horas em ponto estávamos na portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Arrumamos as coisas e definimos os pontos onde faríamos nossas paradas. Éramos 8 pessoas e grupos grandes tem pessoas com ritmos diferentes, ficando muito difícil fazer com que todos caminhem juntos. Com o primeiro objetivo traçado, seguimos andando.
A medida que andava, o frio ia diminuindo. O corpo estava aquecendo aos poucos, a leve subida ajudava. Estávamos paralelos ao rio, às vezes ao lado, às vezes acima. Por vezes, o Marcelo ficava um pouco para trás e tinha que dar uma segurada no ritmo para não perdê-lo de vista. Depois de um tempo, havíamos chegado à bifurcação que leva à cachoeiras do Véu da Noiva. Ali, fizemos uma breve pausa para uma água. Nesse ponto, lembrei de algumas das inúmeras vezes na qual estive ali. Cada dia numa situação diferente. Sem demorar muito, rumamos para o primeiro grande desafio do dia: “a subida da Pedra do Queijo”.
Essa subida é forte, mas se feita num ritmo bem cadenciado não é um problema tão grande. Lá, seria nosso primeiro ponto de parada mais longa. Fomos subindo bem devagar. Um pouco mais acima, conseguíamos ver a cachoeira do Véu da Noiva. Já sabendo da dificuldade do Marcelo, previ a possibilidade de que não chegasse ao cume. Fui até ao Queijo para encontrar com o grupo da frente. Assim que cheguei lá, também encontrei o Vander e a Mariana que estavam fazendo a Travessia Petrópolis x Teresópolis. Uma grande surpresa.
Tinham mais algumas pessoas lá. Batemos um papo e avisei ao grupo que se eles quisessem, poderiam seguir sozinhos até ao Castelo do Açú, eu temia que não conseguisse chegar por conta do nosso ritmo. Eles concordaram e seguiram andando. O Marcelo chegou após alguns minutos e ficou meio desanimado depois que mostrei o caminho que faltava. Fizemos uma parada maior, assim, pudemos descansar um pouco mais. Fizemos várias fotos e pudemos ver o vale do Bonfim ao fundo. O dia estava firme e o frio nem interferia mais. Estava bem e até agora não sentia nada. Já estava há algum tempo sem fazer uma caminhada mais forte. Deu a hora e começamos a subir novamente. Um pouco mais a frente e após outra subida, o Marcelo chegou e resolveu voltar. Além da companhia para volta, arrumou também uma carona para casa. Resolvido isso, nos despedimos e eu enviei uma mensagem no para o grupo, avisando do ocorrido e que os encontraríamos em algum ponto. A essa altura, eles já deveriam estar bem mais acima.
Eu, Lisboa e Willian apertamos o passo a fim de recuperarmos o tempo na qual ficamos parados. Logo, chegamos ao Ajax, onde fizemos um lanche mais reforçado. Dali, consegui ver algumas pessoas já na Izabeloca, mas não conseguia identificar quem eram. Em algum momento, alguém iria ler minha mensagem. Depois de comer e reabastecer as garrafas de água na nascente, retornamos à caminhada. Subimos num ritmo mais forte, até que consegui avistar o Nicolas lá no alto da Izabeloca. Até fiquei na dúvida, mas assim que me aproximei um pouco mais, tive a certeza de que era realmente ele. Com certeza alguém já havia visto minha mensagem e eles estavam nos esperando.
Chegamos bem e reencontramos a outra parte do grupo. Assim poderíamos caminhar juntos novamente. Fiz uma parada rápida e dali, começamos a caminhada no chapadão, em direção aos Castelos do Açú. Fomos caminhando num sobe e desce, porém, menos cansativo que os 2/3 do caminho inicial que era praticamente só subida. Como caminhávamos por muitas vezes entre lajes, o percurso já não fica tão obvio quanto ao início. O tempo deu uma fechada e sempre que parávamos um pouco, o frio aumentava. Estávamos bem expostos ao vento. Só nos restava andar para esquentar.
Depois de algumas subidas e descidas, chegamos no ponto onde poderíamos ver a formação rochosa que dá nome ao local, mas como o tempo estava bem fechado, não conseguíamos ver. Ainda ficamos alguns minutos ali na esperança, mas nada. Assim que percebi que algumas pessoas começaram a parar para lanchar, avisei para deixarmos para comer um pouquinho mais a frente. Como ninguém ainda havia ido lá, não devem ter entendido muito bem, mas estávamos a poucos metros de um local bem agradável e abrigado para descansar e comer. Aí eu disse: “Podem acreditar em mim!”
Andamos e logo estávamos lá. Para a surpresa de todos, o local era bem aconchegante. Ficamos em frente ao Abrigo que estava escondido pelas baixas nuvens que pairavam pela região há um bom tempo, mas aos poucos as nuvens deram uma leve dispersada e ele foi aparecendo. Todos puderam contemplar o local. Fiz um café para esquentar e aproveitei para fazer um lanche mais reforçado. Todos descansaram. Programamos de ficar lá por 40 minutos. Tempo suficiente para recarregar parte das baterias.
O tempo passou rápido e ainda aproveitamos para dar uma volta entre gigantescos blocos amontoadas. Fiquei imaginando como que aquilo poderia estar ali. Fizemos várias fotos e iniciamos o nosso retorno. No ponto onde paramos para tentar vê-lo logo na chegada, conseguir, enfim, fazer a tão esperada foto. Por alguns instantes, o Castelo do Açú tomou conta da paisagem e todos puderam fazer belas fotos. Continuamos a caminhada e por um instante perdemos o traçado. Sugeri que eles tentassem achar. Mostrei um pouco da dificuldade que seria caminhar ali se baixasse o russo, que é como chamamos a forte neblina que de vez em quando surge no local.
Achado o caminho seguimos descendo num bate papo bem descontraído, o que ajudou muito a esquecer um pouco das dores nas costas, pés, joelhos... Chegamos já escuro à portaria do parque, eram 18:15h. Pegamos o carro e quem não pode esperar, seguiu de volta. Paramos para uma pizza em Correas. Aí foi pegar o caminho de volta. Um grande dia de retorno as montanhas!
Entrada do PARNASO, em Petrópolis |
Vale do Bonfim visto de algum ponto da trilha |
Um dos córregos na parte inicial da trilha |
Parada na Pedra do Queijo |
Subida da Izabeloca |
Caminhada no Chapadão |
Vale do Bonfim ao fundo |
Castelos do Açú |
Alto da Izabeloca |
Castelos do Açú |
Os guerreiros! |
Sinalização no Chapadão |
Castelos do Açú ao fundo |