Por Leandro do Carmo
Ventou bastante a noite e só ouvia o barulho das árvores balançando. Ainda na cama, com tudo escuro, curti um pouco da preguiça. Ouvi um barulho na cozinha, sinal de que alguém já havia acordado. Antes da viagem, quando olhei a previsão do tempo, vi que havia um percentual maior de nebulosidade para a quinta feita. Mas não acreditava que fosse chover. Levantei ainda meio sonolento e fui logo conferir as condições do tempo ao lado de fora da casa. A casa onde ficamos hospedados tinha uma vista privilegiada para o Pico da Lapinha, que estava parcialmente encoberto. Ainda ventava bem, mas dava para perceber que eram nuvens baixas. Preparei um café e fiz alguns sanduíches para a caminhada. Estava tudo pronto.
Saímos de casa por volta das 7 horas e 15 minutos. Apesar do vento forte, estava uma manhã agradável. Seguimos em direção à Praça central do vilarejo e pegamos o caminho onde tem uns restaurantes e seguimos para o início da trilha. Fui seguindo o GPS e também algumas dicas que pegamos com moradores locais. Já no início, tinha um portão com alguns cartazes, mas não tinha ninguém. Começamos a caminhada e logo passamos por uma construção com banheiro, tudo bem organizado. Fomos subindo por um caminho bem peculiar e alguns trechos bem erodidos, talvez pela própria característica das rochas e topografia.
A medida que fui subindo, já percebia o tamanho do lago da represa. Já no alto, cruzamos um sistema de captação de água e percebi uma grande área plana que fica escondida para que olha do vilarejo. Desse ponto em diante, começamos a caminhar paralelos a serra. Cruzamos um córrego, até entrar num lajeado. O Pico da Lapinha ao fundo hipnotizava. Algumas pequenas flores amarelas, rochas e vermelhas davam um toque especial ao caminho. O vento ali não estava forte, mas olhado para o alto, dava para ver o movimento das nuvens. Após cruzarmos o lajeado, seguimos por um trecho plano até começar a subir novamente, já bem próximo à base do Pico da Lapinha.
Ao longo do caminho vários totens indicavam a direção. Tudo muito bem cuidado. Foi uma subida mais forte, porém recompensada com uma vista sensacional. Aos poucos, conseguíamos ver mais longe, apesar das nuvens. Fomos ganhando altura e distância até que começamos a contornar o Pico da Lapinha, entrando por vale. Passamos por uma cerca, onde indicava a Fazenda da Serra do Breu. Continuamos andando até chegar a uma construção bem organizada, que fomos saber na descida que há possibilidade de alugar para ataques aos cumes próximos. Uma excelente opção.
Ali, demos uma parada para descanso. Já estava bem mais frio e tempo fechado. Lembrei que não havia levado anorak e torci para não chover. Depois de descansar um pouco, voltamos a caminhar. O tracklog que tinha indicava um caminho que havia sido fechado, talvez por passar por uma nascente. Contornamos o caminho, seguindo a sinalização. A vegetação rasteira ajudava a visualizar o caminho e as opões que tínhamos. Passamos por uma placa onde indicava o Pico do Breu, esse ficaria para uma outra oportunidade. Dali, ficava bem visível um caminho para a direita, na qual pude acompanhar durante boa parte da subida após a casa na qual passamos. Apesar do tracklog apontar para o outro lado, segui por esse, sendo o mais óbvio. Começou a chuviscar. Nesse momento, me arrependi de não ter levado o anorak, mas por sorte parou logo em seguida.
O trecho foi bem bonito e valeu a pena. Depois de uma forte, porém, curta subida, atingimos o cume. A vista impressionava, mesmo o tempo não estando tão aberto. Estávamos aos pés do cruzeiro. O vento soprava forte e fui um pouco mais para baixo, num ponto abrigado do vento. Estava bem confortável e já não sentia mais frio. Ficamos ali durante um bom tempo, até que resolvemos pegar o caminho de volta. Optei por voltar pelo caminho que tinha no tracklog e depois de alguns minutos, entendi o motivo pela qual ele foi alterado. Tivemos que descer um trecho bem íngreme e exposto. Até o cachorro que estava nos acompanhado reclamou! Continuamos contornando o Pico da Lapinha e chegamos à bifurcação para o Pico do Breu.
Seguimos descendo, agora fazendo o mesmo caminho que pegamos na subida. Fizemos uma parada no alto da Cachoeira do Rapel e já de volta à entrada, tinham as duas pessoas responsáveis pelo local. Preenchemos uma ficha de identificação e pagamos a taxa de visitação, que pela organização, acredito que foi bem paga. Uma bela caminhada para se aclimatar para a travessia Lapinha x Tabuleiro, nosso objetivo para os três dias seguintes.