terça-feira, 26 de março de 2024

Parque Estadual Dos Três Picos - Dois Bicos

Dia: 09/03/2024

Local: Parque Estadual Dos Três Picos
Participantes: Leonardo Carmo e Marina Fernandes

Relato da Trilha Dois Bicos


Durante a semana estávamos pensando qual montanha iríamos subir no final de semana. A semana estava chuvosa e a previsão não era das melhores, mas estava dando uma janela sem chuva na parte da manhã até o início da tarde. Depois de analisar todas as variantes, resolvemos ir para Dois Bicos. 

Aquela região é simplesmente encantadora. Não me canso de ir lá. A Marina não conhecia e logo quando chegou ficou encantada e não queria mais sair de lá 😂.

Depois de tudo arrumado, partimos no sábado bem cedo. A ideia era começar a andar por volta das 8h e dar uma mergulho na cachoeira dos Frades antes da chuva.

E assim fizemos. Chegamos no Vale dos Frades um pouco antes do previsto. Deixamos o "Malvadão" em frente à antiga Delegacia. Optei por deixar ali. Assim a gente aproveitaria mais a caminhada visto que a trilha pra Dois Bicos não é longa.

A trilha, partindo da antiga delegacia tem aproximadamente 8 km ida e volta. Uma atividade pra metade de um dia, somente a trilha, andando num ritmo leve, contemplando todo aquele visual.

Começamos a nossa caminhada e logo na primeira porteira fomos recebidos por uns cachorros. Um deles não tinha uma perna, mas mesmo assim foi nos acompanhando até um certo trecho. Depois eles resolveram voltar e seguimos sozinhos.

O dia estava super agradável. Tempo nublado e sem sol. Fomos avançando e pulando as porteiras. Não tinha ninguém na trilha. Estávamos bem à vontade na atividade. Antes de chegarmos no trecho de pasto, vimos 3 escaladores indo pra base. Acho que eles estavam indo pra via "Castelo de Cartas". No trecho de pasto a gente agradeceu por estar nublado. Ali em época de calor é brabo. 

Continuamos subindo e entramos no trecho de vegetação fechada. A cada passo a gente ia torcendo pro tempo não fechar, só que não teve jeito. O tempo fechou bastante. Não dava pra ver quase nada, mas nada que tirasse a beleza do lugar. 

Ficamos no cume por uns 40 minutos e depois que a Marina se comunicou com os Deuses da natureza, o tempo deu uma clareada, mas fechou logo em seguida. Foi o suficiente pra gente curtir um pouco o visual. Depois de umas fotos e lanche, começamos a descer.

Na parte do pasto, a Marina resolveu descer descalça feito uma cabrita 😁. Terminando o pasto, voltamos pra "estradinha". Descemos bem tranquilos prestando atenção em cada detalhe possível. Quando chegamos na bela araucária, a Marina resolveu subir num bloco de pedra e dar uma relaxada. Eu aproveitei e embarquei nessa também. O clima estava tão gostoso que caímos no somo. Só acordamos quando o sol deu as caras e começou a sapecar o couro. Acho que ele só apareceu pra acordar a gente 😎. Ali ficamos ainda mais um pouco apreciando o lindo Vale das Sebastianas.

Depois da soneca, continuamos a descer e logo chegamos no "Malvadão". Fomos lá na fazenda, final do Vale, pra ver como estavam as coisas. De lá, voltamos e fomos direto pra cachoeira dos Frades. Afinal, o mergulho fazia parte da atividade.

Depois de um bom banho de rio, foi hora de pegar estrada e voltar pra casa. Um sábado que parecia que seria complicado de fazer alguma coisa por conta do tempo chuvoso, acabou sendo aproveitado com uma excelente atividade de montanha.

O acesso até a trilha principal se da por propriedade privada. Respeite as regras! 
Não tem ponto de capitação de água potável. Em dias de calor forte, o sol pode castigar bastante.

Procure estacionar na antiga delegacia pra não atrapalhar a passagens dos moradores.















terça-feira, 12 de março de 2024

Trilha do Carteiro - Tiradentes - MG

Por Leandro do Carmo

Trilha do Carteiro - Tiradentes - MG

Dia: 09/09/2023
Local: Tiradentes - MG
Participantes: Leandro do Carmo, João do Carmo e Antônio Jorge“Monstro”



Histórico da Trilha do Carteiro

Pelo seu aspecto geral, a Trilha do Carteiro foi planejada e construída com mão-de-obra escrava. Entre outras características apresenta encostas trabalhadas em pedra empilhada, pontes em pedra e passagens de madeira, o que revela a sua importância para a circulação de pessoas na época de sua construção. Pela rapidez com que se desenvolveram as vilas do ouro da época, a partir de 1700, sabe-se que São João del Rei e São José del Rei, por volta de 1730, já estavam bastantes desenvolvidas e eram pontos de comércio e trocas de mercadorias. Como o lado norte da Serra tinha várias fazendas para abastecimento das vilas, é provável que ela tenha sido construída neste período, com intuito de ligar esses locais pelo caminho mais curto.

A Trilha do Carteiro atravessa a parte mais baixa do maciço da Serra de São José, a 1200 metros e altitude. Em todo o seu percurso existem várias nascentes e alguns tipos de vegetação bem distintas, sendo a vegetação mais densa na parte baixa e a vegetação de altitude, já na parte alta.

Reza a lenda que havia um carteiro que - na condição de informante da Inconfidência Mineira – cruzava esta imponente Serra para levar correspondências, mas que terminou sendo morto numa emboscada armada por tropas da Coroa Portuguesa. No local onde supostamente esse carteiro foi morto, há uma pilha de pedras e uma cruz, na qual é chamada de túmulo. Os caminhantes que por ali passam, devem fazer um pedido e depositar uma pedra. O que a maioria das pessoas fazem é apenas um trecho de toda a trilha, mas que vale a pena!

Como chegar à Trilha do Carteiro

 O início da trilha fica ao final da rua Idilberto de Andrade, no centro de Tiradentes.

Vídeo da Trilha do Carteiro

Relato da Trilha do Carteiro

Depois de “turistar” pelos ruas e casarios antigos de São João del Rei e Tiradentes nos dias anteriores, faltava fazer uma das coisas que mais gosto: trilha! Existiam várias opções, mas a que se tornava viável era a famosa Trilha do Carteiro, na Serra de São José. Estávamos eu, meu filho João e o Jorginho. Era um desafio a parte, pois seria a primeira trilha com 10 km do João. Acho que daria conta!

Acordamos cedo, pois queríamos fazer a caminhada na parte mais fresca do dia. Já havíamos deixado tudo arrumado na noite anterior. Seguimos caminho até Tiradentes e nos encaminhamos pela rua que leva ao início da trilha. Já próximos, parei para perguntar e uma senhora confirmou o caminho. Andamos mais alguns metros e estacionamos o carro. De cara já foi possível ver uma placa indicando o início da trilha. Tudo bem organizado.



Iniciamos a caminhada em meio a bastante vegetação. Passamos por uma área alagada, mas devido a pouca chuva, estava tudo seco. Fomos ganhando altura lentamente e logo cruzamos uma cerca e pegamos mais uma leve subida. Olhando da cidade, a Serra de São José parecia tão distante, que era difícil acreditar que subiríamos por aquelas encostas. A medida que andávamos, ela se aproximava e era possível identificar o único caminho possível de subi-la, mas não conhecendo o caminho. Mais a frente, perdemos contato visual com a serra e passamos por mais uma placa informativa. Em poucos metros entrávamos no trecho do calçamento de pedras.

Esse calçamento construído pelos escravos me fez pensar o quanto o caminho já fora importante. Muito mais do que levar as cartas, esse caminho talvez tenha sido utilizado por tropeiros, levando mercadorias entre as vilas. O João estava indo bem e não reclamava. A partir desse ponto, ganhamos altura mais rapidamente, mas tudo tem seu preço. Passamos por uma porteira e uma gruta com a imagem de uma Santa. A vista que tínhamos desse ponto era algo surpreendente.

Um pouco mais acima, paramos em um fantástico mirante. Ali, fizemos nossa primeira pausa da caminhada. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. Encontramos algumas pessoas que estavam subindo. Dali foi possível entender melhor o caminho que estávamos fazendo. Ficamos ali durante uns 15 minutos e voltamos a caminhar.Já estávamos bem próximos a passagem para a outra vertente. Andamos um pouco mais e entrávamos no trecho mais bonito do caminho até o momento. As rochas erodidas pareciam esculturas. As árvores do início davam lugares à pequenos e retorcidos arbustos. O solo era arenoso e em alguns pontos parecia aquela areia branca e fina das praias do Rio de Janeiro.



Começamos a descer e olhando o mapa do local, foi possível identificar a posição de algumas cachoeiras. Fomos atrás delas. De longe, identifiquei um amontoado de pedras com uma cruz, com certeza era o local conhecido como o “Túmulo do Carteiro”. Assim que chegamos nele, tratei de pegar uma pedra e coloca-la na imensa pilha, fazendo o meu pedido. Uma pequena pausa para fotos e continuamos descendo. Pegamos mais um trecho com calçamento de pedras. Reparei que esses calçamentos estavam sempre nos trechos mais suscetíveis a erosão. Já próximo dali, havia a marcação de uma cachoeira. Mas não ouvia barulho de água. Desci mais um pouco e passei do ponto. Voltei e fui procurando com mais atenção e achei uma discreta saída. Peguei-a e no fundo pequeno vale, corria um filete de água que descia até uma pequena piscina natural. Só ali que percebi que já estava na cachoeira! Só que cachoeira sem água...



Fiz um lanche rápido com o João e resolvemos voltar. Já estávamos na outra vertente da Serra. Na volta, fui procurando a entrada para a cachoeira do Carteiro e numa saída bem discreta, já próximo ao “Túmulo do Carteiro”, peguei uma leve descida. Já podia ver do alto uma pequena queda d’água. Aproveitei para tomar um banho e me refrescar um pouco, o calor já estava forte. Encontramos algumas pessoas que andavam pelo local, procurando a cachoeira. Não quis desanimar, mas falei que com o volume de água atual, não encontrariam nada.

Voltando a caminhada, subimos até o ponto das “esculturas de pedras” e optamos por ir até o “Mirante Central”. Como o calor já estava forte, fomos até uma área mais aberta onde havia uma pedra bem na borda, virada para Tiradentes. Mais uma daquelas vistas incríveis. Fiz mais algumas imagens com o drone e depois de um tempo descansando, iniciamos nossa descida. O calor já incomodava e descemos num bom ritmo, pois sabíamos que um pouco mais abaixo, teríamos sombra. O João seguiu firme na descida.

Já no carro, contabilizamos o quanto andamos e o GPS marcava 9,4 km, 4 horas 17 min e um desnível de 500 metros acumulado. Uma ótima caminhada, num dia bem agradável.