quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Escalada em Niterói - Agulha George Guarischi

Por Leandro do Carmo




Escalada em Niterói - Agulha George Guarischi

Mais conhecida simplesmente como Agulha Guarischi, é uma pedra fantástica colada na Face Sudoeste do Alto Mourão, no Parque Estadual da Serra da Tiririca. Dependendo do ângulo de onde a vemos, tem o formato claro do casco e cabeça de uma tartaruga. Escalando a Paredão Zézão, uma parte da Face Sudoeste da Agulha Guarischi e a parte final da Paredão Eldorado, chegamos a um cume fantástico, onde ficamos literalmente montados!!!!! A Agulha Guarischi foi palco da primeira grande conquista de Niterói. Nos primórdios das grandes expedições, foi batizada de Agulha Itacoatiara, mas depois da conquista, homenageando George Guarischi, morto em um acidente nos cabos do CEPI, foi rebatizada com o nome atual.

O acesso se dá pela trilha do Bananal. Há um tempo atrás, marquei a trilha com algumas cordinhas nas árvores, a fim de facilitar o acesso até a base. Fiz também um vídeo com o caminho do Bananal até lá. Segue o link do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=VNy6Ocm4Suw

Localização

Exibir mapa ampliado


Vídeo com DRONE



Face Sudoeste

Nesse setor temos três vias, mas devido ao crescimento da vegetação em alguns pontos e pela disposição das linhas das vias, quando se fala em escalar a Agulha Guarischi, fala-se em escalar um combinado das vias: Paredão Zézão, Sudoeste da Agulha Guarischi e Paredão Eldorado. Já virou uma clássica de Niterói! São seis enfiadas com quase 360 metros de via com um visual fantástico. Na descida, são 11 rapéis que torna a descida também muito cansativa.

Agulha Guarischi - 4º V E2 D2 - 360 metros*
Necessário 10 costuras

Eldorado, Paredão - 2º III E2 D1
Sudoeste da Agulha Guarischi - 3º IV E2 D1
Zézão, Paredão - 4º V E2 D1

* Combinado das três vias acima, o que os escaladores fazem normalmente - Clique na foto para ampliar





Face Norte e Face Leste

Hoje para acessar essas vias, somente rapelando pelo cume.

Via Normal da Agulha Guarischi - A1 - Face Norte (Ver histórico da conquista no final da postagem)

Aresta Leste da Agulha Guarischi - VI E2 D1 50m - Face Leste

Face Sul

Para acessar as vias da Face Sul, deve-se pegar o caminho para a Paredão Zezão e ir contornando o casco pela direita.

Cidade Fantasma - Projeto
Endurance - VIIIb/c
Flying Horse - Projeto
Red Bull - VIIc/VIIIa

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Relato da conquista da Agulha Guarischi


O CEC fazia muitas excursões à Itacoatiara. Nessa época, chegar a Itacoatiara era uma verdadeira guerra, conforme descreveu Cionyra Hollup. A praia era deserta e para chegar a areia, tinha-se que abrir caminho em um imenso matagal. Além disso, como não havia nada lá, era preciso carregar tudo que fosse usado, de comida a material de conquista.

A primeira investida ocorreu em 02 de setembro de 1951. Nesse dia, não foi possível chegar a Agulha, pegaram um mato bastante fechado. O caminho era costeando o Morro do Telégrafo, em direção a antiga trilha de acesso ao Mourão e depois descendo em direção a Agulha.
A segunda investida foi no dia 22 do mesmo mês. Chegaram à base por volta das 17:30 e ali passaram a noite. No dia seguinte, foram colocados os cinco primeiros grampos. Uma semana depois, no dia 29, mais dez grampos e no dia seguinte, somente 3.

No dia 16 de outubro, bateram 3 grampos. E devido ao mau tempo e a um dedo quebrado do Salomith, retornaram até a praia.  Na quinta investida, entre 10 e 11 de abril de 1952, com o mau tempo, foi posto apenas 1 grampo, o mesmo ocorrendo na investida do dia 10/05/1952.

Em maio de 1952, depois de chegarem à base por volta das 11 horas, foram postos 3 grampos, sendo o quarto terminado somente no dia seguinte devido a escuridão. Nesse dia foram batidos mais dois grampos e tiveram que retornar a praia depois da quebra da marreta.

A próxima investida aconteceria somente três anos depois, em 15/05/1955. Todo o material deixado na base estava em péssimas condições e por isso não avançaram na conquista. Retornaram no dia 06/10/56 e o primeiro grampo foi batido por volta das 18 horas e no dia seguinte, mais três. O cume estava bem próximo, mas ainda faltavam dois grampos.

Esses grampos só foram batidos no dia 20 de outubro de 1956. O cume foi atingido as 14:15. Foram feitas 11 investidas e colocados 37 grampos em cinco anos. No início, foi chamada de Agulhinha Itacoatiara, mas querendo homenagear George Guarischi, morto em um acidente nos cabos de aço do CEPI e da qual havia estado em dois dias da conquista, Salomith, sem comunicar, mudou o nome para Agulhinha George Guarischi, muitos não concordaram, mas no fim, para evitar maiores desavenças, todos aceitaram a mudança.

Essa foi a oitava conquista do CEC, sendo a primeira em Niterói, não que não existisse vias o que a escalada não fosse praticada em Niterói (ver artigo da Chaminé C.E.I.), mas essa é onde temos provas de sua localização, relato de conquista e etc.

Participaram da conquista:


Cionyra Ceres Hollupe, Tadeusz Edmund Hollup, Ivan Jose Mares, Fernando Victor Sobrinho, Salomith Smith, Salustiano V. da Silva, Laércio Martins, Patrick David White, Carlos Amorim, Ferdinad Schiedt, Henry Occhioni e Oscar da Silva.

Na foto: Laercio Martins , Tadeusz Hollup e Oscar Jose daSilva. 
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Segue algumas fotos:













quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Lançamento do filme Expedição Abrolhos

Por Leandro do Carmo

Olá pessoal!!!!!

Sábado, dia 22, foi dia do lançamento do filme Expedição Abrolhos. Nos reunimos na Escola de Mergulho Corsários Divers, em Itaboraí. Foi muito bom poder rever os amigos e rir um pouco, lembrando das histórias engraçadas. Para quem viu, esse é o momento de rever o filme e para quem não viu, essa é a hora!!!!! Já bateu a saudade...

Clique aqui para ver as fotos e o relato dessa maravilhosa viagem!


Vídeo em HD

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Remada no Forte Imbuhy

Por Leandro do Carmo

Data: 26/01/2014
Local: Forte Imbuhy

Um domingo de sol, sem vento e mar calmo. Nada melhor do que aproveitar para remar! As condições estavam perfeitas. Chegamos na praia do Forte Imbuhy por volta das 08:30 da manhã, preparamos os caiaques e já fomos para a água. Meu irmão foi junto com o Alfredo, que tem um caiaque inflável e duplo. Eu segui no meu. Remamos até as duas pequenas ilhas em frente ao canhão do forte. Chegando lá, retornamos até a praia.

Aproveitei para colocar meu filho a bordo para sua primeira experiência no mar. Acho que gostou, pois para sair foi um sufoco!!!

Depois de um tempo na areia, o Guilherme apareceu e aproveitamos para remar mais um pouco. Fui junto com ele até próximo as pequenas ilhas e depois aproveitei para dar uma esticada em direção a Piratininga. Um belo local com uma vista fantástica. A todo momento passavam barcos, uns bem próximos outros mais distantes.  E eu seguindo no meu ritmo...

O tempo foi passando, o sol apertando, já estava na hora de voltar. Agora com o vento a favor foi mais fácil. Ainda dava para aproveitar as ondulações. Segui até as pequenas ilhas de dei uma explorada. Em seguida, voltei até a praia. Um belo passeio.


Valeu pessoal, até a próxima.








terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Trailer do Filme Expedição Abrolhos

Por Leandro do Carmo

Fala Pessoal!!!!

Segue o trailer do filme Expedição Abrolhos. O filme conta com as imagens da viagem que fiz com Equipe Corsários Divers para o Arquipélago de Abrolhos. Foram 5 mergulhos em dois dias num verdadeiro paraíso! Tivemos ainda o desembarque na Ilha Santa Bárbara para conhecer o Farol e um pouco da história do primeiro Parque Nacional Marinho, além da Ilha Siriba. Em breve o filme completo, aguardem...


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Mergulho em Abrolhos

Por Leandro do Carmo

Mergulho em Abrolhos


Data: 10 e 11 de Janeiro de 2014
Com a equipe Corsários Divers
Operadora: Apecatu Expedições – www.apecatuexpedições.com.br


Vídeo



Localização:

Breve histórico:

O nome Abrolhos veio de uma anotação da carta de navegação de Américo Vespúcio. Quando, em 1503, passou por essa região, escreveu: “Quando te aproximares da terra, abre os olhos”. Os inúmeros corais existentes na região dificultavam a navegação e eram responsáveis por frequentes acidentes e naufrágios. A advertência acabou batizando o arquipélago de Abrolhos, que se tornou o primeiro Parque Nacional Marinho da América do Sul. Das cinco ilhas que formam o arquipélago Siriba, Redonda, Guarita, Sueste e Santa Bárbara somente esta última fica fora do Parque e pertence à Marinha do Brasil. Devido aos vários acidentes, em 1861 foi instalado um farol na Ilha de Santa Bárbara, cuja estrutura é de ferro inglês, e as lentes e maquinário, franceses. Até algumas décadas atrás, o farol ainda funcionava movido a querosene. Hoje, sua iluminação é elétrica e tem um alcance de 32 milhas náuticas.


Relato

Difícil até de descrever como foram os mergulhos... algo como fantástico!!!! Tirando o fato de terem sido “apenas” cinco mergulhos, o “resto” foi perfeito!!!! rs Esqueci até das 17 horas de viagem da ida e das 15, da volta... Difícil vai ser mergulhar aqui pelo Rio!!!! rs

Depois de termos feito a Expedição Guarapari em março de 2013, o Leandro Pessoa, da Escola de Mergulho Corsários Divers, lançou o convite para Abrolhos. Não tinha como ficar de fora dessa. Acertado a data foi esperar ansiosamente pela hora de partida.

Na semana da viagem, foi organizar o equipamento, verificar as lanternas, pilhas, máquinas fotográticas, etc... E como programado, às cinco da manhã do dia 9 de janeiro, estávamos em Manilha para a saída. A viagem seria longa... Até Caravellas, na Bahia, são aproximadamente 910 km, o que daria umas 14 a 15 horas de viagem, isso na teoria, é claro! Como na prática é bem diferente, levamos 17 horas até a pousada, uma viagem bastante cansativa. Mas a expectativa era tão grande que nada conseguia me desanimar. Chegamos na pousada por volta das 10 horas da noite. Separamos os quartos e fomos procurar um lugar para comer alguma coisa. Caravellas não tem muitos atrativos, pelo menos onde estávamos... Tivemos que ir rápido, pois lá, os estabelecimentos costumam não fechar muito tarde e já passava das 11 da noite. Comemos uma pizza e voltamos para a pousada.

No dia seguinte, às seis já estávamos prontos para o café da manhã. Não demoramos muito para ir em direção ao Píer, afinal de contas, era o que mais queríamos naquele momento. Já no píer, foi hora de dividir os barcos e colocar todo o equipamento dentro. Um grupo foi no catamarã Netuno e eu fui no Zeus. A navegação foi tranquila, com mar bem calmo, ainda bem! Ninguém enjoou. Foram três horas e pouca de navegação. A distância de Caravellas até o arquipélago é de aproximadamente 70 km. O clima no barco era de total de descontração. Isso faz a diferença!!! Há um tempo atrás fiz um mergulho em Recife e não conhecer ninguém, às vezes se torna chato! Além da galera super gente fina, a tripulação do barco também foi nota 10!!!!

Em um certo ponto da navegação, não se via mais nada além do mar... O Netuno era bem mais rápido que o Zeus, que apesar das velas içadas, foi ficando para trás. Em um certo momento, vi alguma coisa no horizonte e tive a certeza que estava no caminho certo! Era ele, o tão famoso arquipélago de Abrolhos! O sorriso que estava em nossos rostos, aumentou mais ainda! Para ganharmos tempo, o almoço foi servido durante a navegação, assim, quando chegássemos lá, poderíamos fazer imediatamente o primeiro mergulho. Mas que almoço... A Maria caprichou na carne de siri. Não perde para nenhum restaurante em terra! Foi uma pena não poder comer muito... Ainda estava preocupado em não marear. Almoço feito, foi descansar um pouco e começar a arrumar o equipamento para o mergulho.

Quando chegamos, a galera do Netuno já havia feito o primeiro mergulho. Nosso primeiro mergulho seria na Língua da Siriba. A Língua da Siriba é uma extensão da Ilha Siriba em formato de cunha, voltada para noroeste com aproximadamente 200 mts de comprimento, a parte que é feito os mergulhos é o lado de nordeste. A língua é formada de rocha e coral franja, que termina abruptamente na areia, onde é encontrado alguns tipos de peixes diferentes como por exemplo, guarajuba, raia chita, um tipo de dentão semi listrado sem lágrima, cardumes de salema, cambumba, sargos, sardas, também encontrados cações, badejos, garoupas, frades, corais cérebros e lagostas. Foi dividido os grupos e duplas e fomos para a água.


1º Mergulho – Língua da Siriba

Profundidade Máxima: 13m
Tempo total de fundo: 57min


Desci, dei uma ajustada no colete e começamos nosso passeio! De cara já deu para perceber o paraíso onde estávamos...  Os peixes que costumo sempre ver como Salemas, Cocorocas, Budiões, entre outros, são umas 3 vezes maior!!!!! Aqui não tem miséria... rs. O local é bastante rico em vida. Os corais são um espetáculo a parte. Passamos por algumas tocas onde tinham algumas lagostas.  Badejos, cirurgiões e muitos outros peixes, cruzavam nosso caminho a todo momento, como se nem estivéssemos ali. O Thomas, guia da Apecatu, me chamou e apontou para uma toca. Fiquei olhando, procurando o motivo da indicação. Não estava vendo nada de interessante... Ele praticamente girou minha cabeça para ver o badejo que estava a dois palmos de mim!!!!! Impressionante! Acho que foi o maior peixe que já havia visto!!!! Com o passar do tempo, percebi que comecei a ficar muito positivo e quando vi, meu colete estava inflado. Logo o desinflei e vi que o power estava vazando ar, tive manter o colete vazio durante o resto mergulho. Grandes cardumes de salemas e cocorocas nos circulavam a todo momento. Quando o manômetro marcava 100, a metade do ar que tinha, começamos a retornar para o ponto inicial. Ficamos em média, a uma profundidade de 10 metros, sendo a máxima que atingi, de 13. Já de volta, no cabo da poita, fizemos uma parada de segurança aos 5 metros e retornamos a superfície.

De volta ao barco, fiquei pensando: nunca tinha visto peixes tão grandes quanto aqui. O que uma área de preservação não faz....

No intervalo, ficamos sabendo que foi autorizada a nossa visita à Ilha de Santa Bárbara, hoje sob jurisdição da Marinha. Ela seria feita depois do nosso segundo mergulho. Fiz um lanche, dei uma organizada no equipamento, troquei a garrafa e fiquei esperando que todos estivessem prontos.

2º Mergulho – Portinho Sul -  Ilha de Santa Bárbara
Intervalo de superfície: 1 h
Profundidade máxima: 10m
Tempo total de fundo: 55 min

O Portinho Sul fica em frente a praia da Ilha Santa Bárbara voltada para sudoeste, com profundidade máxima de 8 mts formado de coral franja, com peixes badejos, dentões, frades, xareus, cirugiões, moréias e guaricemas, local com pouca corrente.

Fomos para a água e depois que todos estavam lá, começamos a descer. A profundidade média aqui é menor que na Língua da Siriba, mas nem por isso fica a desejar... Se é que existe algum lugar aqui que seja ruim. A intenção era fazer aqui o mergulho noturno, assim poderíamos fazer um reconhecimento do local e já irmos nos aclimatando. Depois do primeiro mergulho, já estava muito mais a vontade. Continuava impressionado com a vida do local. Mais lagostas, budiões, salemas, badejos... Mais a frente, ao lado de uma pedra, um badejo que deveria pesar uns 30kg. Ficou ali parado enquanto filmávamos e batíamos foto. Tão calmo que nem se importou com a nossa presença. Dava para ficar ali parado pelo resto do mergulho, mas tínhamos muita coisa ainda para ver.

Meu colete começou a inflar muito mais que antes e a todo momento tinha que dar uma parada para desinflá-lo. No próximo mergulho iria desconectá-lo da mangueira e se precisasse inflá-lo, faria com a boca. Como já estava bem a vontade nesse mergulho, o lance do colete nem foi um problema. Segui normalmente o mergulho e na marcação de 100 no manômetro, começamos a voltar devagar. A vontade era de ficar mais tempo ali, mas estava na hora de subir.

Voltei para o barco depois de 55 minutos de mergulho, tomei um banho rápido, fiz um lanche e fiquei aguardando a nossa ida à Ilha Santa Bárbara.

Visita à Ilha Santa Bárbara

A Ilha Santa Bárbara é a maior e a principal do arquipélago. Possui aproximadamente 1,5Km de extensão, 300m de largura e 35m acima do nível do mar. Apesar de estar localizada praticamente no centro do Parque, pertence à Marinha do Brasil, não estando incluída nos limites do Parque nem sob sua jurisdição. É a única ilha habitada do arquipélago, também a única a possuir alguma infra-estrutura. Nela existem, além do farol, algumas casas que servem de moradia às famílias dos militares, pessoal do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pesquisadores. Existem ainda outras construções como garagem para barcos, heliporto, capela (em homenagem à Santa Bárbara, santa padroeira dos navegantes), e até uma pequena sala de aula que serve às crianças que ali vivem.

O Farol encravado num dos pontos mais altos da ilha foi Inaugurado em 1861 no reinado de D. Pedro II. De fabricação francesa, mede 60m de altura, podendo sua luz alcançar mais de 20 milhas náuticas. De extrema importância, até hoje norteia os navegantes, indicando-lhes visualmente a localização dos perigosos recifes. Juntamente com o sistema de rádio formam o posto da Marinha, a qual além de orientar a navegação emite boletins meteorológicos, fazem um trabalho de fiscalização das embarcações que fundeiam no arquipélago, e garantem presença permanente dentro de um território nacional.

Poder desembarcar ali foi um privilégio. Conhecer um pouco a vida de quem vive nesse paraíso seria uma grande experiência. Fomos em direção ao Farol, subindo o caminho até o ponto mais alto da ilha. De lá, bati algumas fotos da paisagem, bem como de dos atobás que ali fazem seus ninhos. Subimos os quase 60 metros de escada para apreciar um brilhante por do sol, num paraíso que faltam palavras para descrevê-lo... Presenciamos também, o acendimento do farol, fundamental durante anos na segurança da navegação local.

Voltamos para o barco e aguardamos a hora do próximo mergulho.

3º Mergulho – Noturno – Portinho Sul – Ilha Santa Bárbara
Intervalo de superfície: 2h 30min
Profundidade máxima: 10m
Tempo total de fundo: 40 min

Estava na hora do terceiro e último mergulho do dia. Dessa vez seria o tão esperado noturno. A noite estava super agradável. Caímos na água e presenciei um belo espetáculo, poderia descrevê-lo como o balé das luzes!. Conforme os mergulhadores iam descendo, o facho das lanternas formava um espetáculo a parte. Ficou interessante. Seguimos o mesmo caminho que havíamos feito mais cedo. Durante a noite, a vida marinha explode em cores. É só apontar a lanterna que temos um agradável surpresa. Desci sem a câmera. Fui simplesmente curtir o mergulho. Já no meu terceiro do dia, estava muito mais a vontade e com a flutuabilidade impecável. Dessa vez não teria problemas com o colete, havia desconectado a mangueira do power e quando precisei inflá-lo, fi-lo com a boca. Sem problemas!

Passando por uma toca, logo avistei um enorme badejo, tão grande quanto os outros que havia visto. Os peixes indo e vindo numa naturalidade, como se ninguém estivesse ali para atrapalhá-los. Passei por vários cardumes e corais. Mais um pouco de mergulho, alguém avisou para voltar, deve ter chegado ao nível estabelecido de ar de alguém. Comecei o retorno, mesmo tendo 150 bar de ar nos cilindros, quando olhei para baixo, lá estavam eles: dois tubarões limão. Nadavam rodeando alguns corais que estavam no fundo. Estavam um pouco agitados, mas não se importavam com a nossa presença. Mergulho desde 2007 e foi a primeira que vez vi um tubarão, na verdade dois. Todo mundo fica preocupado, me perguntando se eu já havia visto um, o que eu faria se visse, etc. Na verdade, foi um sentimento de surpresa e realização de um sonho... Ficamos ali por alguns minutos e continuamos nosso retorno. Já próximo ao barco, subimos lentamente, apreciando os últimos momentos.

Quando voltamos ao barco, arrumei o equipamento e tomei um banho rápido, queria estar pronto para o jantar. Assim que o pessoal foi chegando, a janta foi sendo servida. Depois de saciada a fome, foi esperar o próximo dia...

2º Dia

Acordamos cedo, poucos conseguiram dormir dentro das cabines. Estava calor. Eu apaguei e nem senti! De manhã já tinha uma galera visitando o outro barco. Eu fiquei por ali mesmo. Dei uma organizada no equipamento, já deixando tudo pronto para o próximo mergulho. Assim que todos estavam no barco, navegamos em direção ao nosso próximo mergulho: o naufrágio Santa Catharina.

Enquanto navegávamos, tomamos o café da manhã. Ouvimos as instruções do mergulho, como faríamos, os cuidados com a parada de segurança, pois esse seria o mergulho mais profundo da expedição, chegando a 25 metros. Terminada a instrução, fomos para a água.

4º Mergulho – Naufrágio Santa Catharina
Profundidade máxima: 23 m
Tempo total de fundo: 37 min

A medida que descíamos pelo cabo preso ao naufrágio, ele foi surgindo, mostrando aos poucos toda a sua estrutura, ou o que resta dela. Para um naufrágio de quase 100 anos, até está bem... rs

Pequena descrição do naufrágio

Devido a grande Guerra Mundial, vários navios foram atacados e naufragados na costa brasileira, tanto pela Tríplice Aliança, quanto pela Tríplice Entente. A idéia era sufocar o comércio entre os países, tentando enfraquecer os adversários. O Santa Catharina foi mais uma dessas vítimas. Ele foi interceptado pelo cruzador inglês H.M.S. Glasgow em sua viagem de volta, e levado para região de Abrolhos, onde a Inglaterra concentrava uma estação telegráfica e uma frota com vários navios. Lá foi retirada a carga que lhes interessava, como o carvão, tendo o Santa Catharina afundado com cargas explosivas.

O Santa Catharina encontra-se corretamente apoiado no fundo, porém poucas estruturas ainda permanecem de pé. Possui pequenos pontos de penetração. Para um naufrágio de quase 100 anos, até que existe bastante coisa.

Fonte: www.apecatuexpedicoes.com.br
Segue a ficha técnica do naufrágio:

Nome: Santa Catharina
Data do Afundamento: 16/08/1914
Nacionalidade: Alemã
Armador: Hamburg Sud
Dimensões: 106,7 metros / Boca: 14,4 metros / Deslocamento: 4.247 Toneladas
Tipo de embarcação: Paquete
Material do casco: Aço
Propulsão: vapor
Carga: Cimento, implementos agrícolas, querosene..
Motivo do Afundamento: Afundado pelo cruzador inglês Glasgow
Profundidade: min – 14m / máx – 27m

Já no naufrágio, aguardamos que o grupo estivesse todo lá e começamos o mergulho. Primeiro fomos em direção ao ponto onde tem algumas munições. Depois começamos a dar a volta no naufrágio. Tínhamos duas opções: ver os detalhes e não conhecer o naufrágio inteiro; ou dar uma volta inteira e não conhecer os detalhes. Optamos pela segunda. Vi parte da carga de arames, cimentos e algumas garrafas de cerveja. Existem alguns poucos pontos de penetração. Existe muita vida nesse naufrágio. Vários cardumes, fazem dele o seu refúgio.

Como não daria tempo para prestar atenção nos detalhes, por vezes me afastava um pouco para poder ter uma visão mais ampla. A visibilidade não era das melhores, mas mesmo assim surpreendia. Na proa dá para fazer uma pequena penetração, onde se vê claramente o ponto de saída. Não tinha como não fazê-la!

Como era um mergulho mais profundo do que os outros, o nosso tempo de fundo também diminuiu. Devagar, fomos nos aproximando do cabo guia e subimos lentamente para nossa parada de segurança. Engraçado ver tanto mergulhador junto! Enquanto estávamos lá, uma barracuda ficou nos rodeando, fazendo a alegria da galera!!!!

De volta ao barco, fizemos um lanche e partimos para o nosso quinto e último mergulho da expedição. Nosso próximo ponto seriam nos chapeirões. O chapeirões são colunas de coral de até 20 metros de altura que se erguem abruptamente do fundo e se abrem em arcos perto da superfície, podendo chegar a 50 metros de diâmetro, como imensos cogumelos submarinos. As águas, sempre mornas e de coloração azul-turquesa, escondem estes verdadeiros condomínios, onde habita uma infinidade de seres marinhos. A principal espécie formadora dos chapeirões é o coral-cérebro, que só ocorre na Bahia. Mas, além desta, outras 15 espécies de corais formadores de recifes ocorrem nos Abrolhos. Nos recifes mais próximos da costa, os chapeirões ficam tão perto uns dos outros que acabam unindo-se, formando verdadeiras plataformas.

Esse mergulho seria um pouco diferente dos outros, seria o único na qual o barco não estaria ancorado. Desceríamos do barco em um determinado ponto e faríamos nossa imersão sem ajuda do cabo guia. Como não havia corrente, foi bem tranquilo.

5º Mergulho – Chapeirões
Intervalo de superfície: 1h 20min
Profundidade máxima: 14 m
Tempo total de fundo: 55 min

Na água descemos e já deu para ver como eram os chapeirões. Em alguns pontos formavam grandes passagens. Muitos cardumes circulavam entre eles. Com galera toda na água, a todo momento encontrava com alguma dupla diferente. Alguns em fila indiana, outros lado a lado, enfim, toda a formação possível!!!! Nesse mergulho não vi tanto peixe quanto nos outros, mas nem por isso foi menos interessante. Em um ponto do mergulho, passou pela gente um enorme badejo, roubando a cena naquele momento. Já era hora de voltar. Depois do aviso, começamos a subir lentamente e fazer nossa parada de segurança.

Havia chegado ao fim... Dois dias de grandes mergulhos em companhia de uma galera fora de série! Havia ainda a navegação de volta... Mas isso ficaria fácil depois do espetacular almoço que a Maria nos preparou!!!!!


Valeu pessoal, até a próxima!