Por Leandro do Carmo
Trilha e Escalada na Pedra Selada
Local: Visconde de Mauá – Parque Estadual da Pedra Selada
Data: 13/01/2018
Participantes: Leandro do Carmo, Marcos Velhinho, Blanco P. Blanco, Lucas, Otávio, Fernando, Martha Helena e Andréa Vivas.
O Pico da Pedra Selada é uma peculiar formação rochoso,
tendo dois cumes, divididos por uma sela entre eles. O cume onde atingimos por
caminhada, é ligeiramente mais baixo que o outro, onde só é possível acessar
por escalada. O cume mais alto possui altura de aproximadamente de 1.755
metros.
Dicas
A caminhada até o cume menor tem 2,8 km de subida íngreme,
com o trecho inicial bem exposto ao sol. O tempo médio de caminhada pode variar
bastante, podendo ser feito em cerca de 2 horas, para os que tem o ritmo mais
forte. No caminho, passamos pela Cachoeira do Chuveiro, sendo parada
obrigatório para os dias de calor. Cruza-se ainda o córrego um pouco mais
acima.
A escalada da sela é bem tranquila. A via normal, chamada de
Selada, Pedra, foi conquistada em 1952, por Alfredo Maciel e Francisco Vasco
dos Santos. O trecho inicial é uma escalada em artificial, grampo a grampo. Em
seguida entra numa fenda, até chegar num grampo mais alto. Daí, dá para ir
montando na sela até o seu final. Para acessar o outro cume, é necessário
rapelar e seguir por um caminho até o cume. Havia muita vegetação e optamos por
não subir o cume principal.
Há cobrança de entrada, em 13/01/2017, os valores eram:
Entrada: R$ 12,00 por pessoa
Estacionamento: R$ 10,00 por carro
Como chegar
A partir de Visconde de Mauá, são aproximadamente 12,3 km,
sendo parte asfaltada e parte em estrada de terra. O início da trilha está no
link abaixo:
Relato
O destino desse final de semana era a Pedra Selada.
Organizando logística, com indicação da Andréa, optamos por acampados no Camping
Santa Clara, em Maringá. Existem centenas de opções em Visconde de Mauá e
região, desde camping à pousadas mais sofisticadas. O Camping Santa Clara é m
local bem amplo e agradável, comandado pelo Sr. Eurico, que nos prestou um
atendimento nota 10. Ao lado do camping, passa um rio com águas cristalinas.
Estávamos em três carros, mas como iríamos numa sexta feira, nem todos poderiam
ir no mesmo horário, assim, cada um saiu na hora que podia. Eu, optei por sair
de casa as 20:30 h. Mas como o trânsito estava bem ruim, esperei mais um pouco
e saí as 21:00 h. Fizemos uma viagem tranquila até a altura de Rezende, onde
pegamos um forte chuva. Já na estrada até Visconde de Mauá, que por sinal está
muito mal conservada, tive que reduzir bem a velocidade. Muitos buracos e capim
à margem da rodovia, dificultava bastante. Como não conhecia o caminho, ficamos
na dúvida em alguns trechos, mas achamos o local, contando um pouco com a
sorte... Já eram quase duas da manhã, quando chegamos. Foi tempo de montar as
barracas e preparar algo rápido para comer. Fazia um pouco de frio. Um clima
bem diferente dos 40°C de Niterói.
No dia seguinte, acordamos meio sem pressa. Afinal de contas
a caminhada não era das mais longas. Batemos um papo e fizemos um café da manhã
coletivo. A preguiça era grande... Mas seguimos caminho. Até o início da
trilha, seriam, aproximadamente, 19 km numa estrada bem agradável. Já no início
da trilha, que fica dentro de uma propriedade particular, fomos informados que
deveríamos pagar R$ 12,00 de entrada, mais o estacionamento, no valor de R$
10,00 por carro. Como estávamos dentro do Parque Estadual da Pedra Selada,
achei estranho, mas nem contestei... Dali, dava para ver um grupo grande que
estava um pouco mais acima. Começamos a caminhar pelo pasto e logo encontramos
as primeiras pessoas. Fomos passando por eles, sempre que tínhamos uma
oportunidade. Um pouco mais acima, passamos pela Cachoeira do Chuveiro. Ela
fica no fundo de um grotão. Deixei o banho para a volta.
Continuamos a subida e na hora que cruzamos o córrego,
aproveitando a parada para descanso, ultrapassamos a outra parte do numeroso
grupo. Desse ponto, pegamos uma subida forte. Na verdade, toda a trilha é uma
subida, com trechos mais íngremes e outros, nem tanto. Mais acima, a primeira
vista que tínhamos. Vieram mais alguns lances bem erodidos e finalmente
chegamos à uma rampa de pedra. Essa rampa antecede o cume. Já estávamos quase
lá. Vencida a rampa, foi caminhar mais alguns metros até podermos desfrutar de
uma vista fantástica. O que mais me impressionava era a “sela” e o outro cume.
A formação rochosa é muito peculiar, parecendo uma grande laca, com sua crista
bem estreita. Dali podíamos ver perfeitamente os lances da escalada. O tempo
estava fechado, mas como as nuvens estavam bem altas, podíamos ver bastante
coisa. Ainda bem que o sol não havia saído. Com certeza teríamos mais
dificuldade para subir. Aproveitei para fazer um lanche enquanto os outros
chegavam.
Assim que todos chegaram começamos a nos preparar para a
escalada. Não sabíamos muito bem como faríamos para acessar a base. Nossa
intenção era fazer, além da via principal, outras que tem ali pelo local. Desci
entrei num caminho à direita que havia visto na subida. Demos uma andada pelo
local e não encontramos nenhum acesso à via. Na volta, vimos que o Fernando já
estava lá embaixo esperando por nós. Voltamos e vimos o caminho, um pouco antes
da rampa de pedra, bem direita, de quem sobe. Descemos e chegamos à base. Dali
já podíamos ver a sequência de grampos do artificial, bem como um velho cabo de
aço, ao lado de um bonita fenda.
Conversamos para ver quem entrava em qual via. O Blanco
estava com vontade de guiar a Dominatrix, um VIIb conquistado em 2004 por André
Ilha, Kate Benedict, Kika Bradford e Yuri Berezovoy e perguntou quem estava a
fim de ir com ele. Acabamos decidindo que o Velhinho guiaria o artificial e eu
iria com o Blanco. Na base, me ancorei numa pequena árvore e fui dando
segurança para o Blanco que passou com dificuldade no lance, mas seguiu. Já na
parada, foi minha vez de subir. O lance é muito bom e foi meio complicado
dominar o lance até um batente, abaixo do tetinho. Optei por em pé, segurando
numas micro agarras. Com a segurança de cima, as coisas ficam mais fáceis... Só
alguns dias depois que vi um vídeo de uns caras fazendo o lance, numa posição bem
diferente da que eu tinha feito. Bom, o importante é passar!
Segui subindo e já na parada, segui por cima da sela,
literalmente montado em alguns trechos. Fui até o final, na esperança de
conseguir descer e acessar o maior cume. Já na ponta não vi nenhum caminho
definido. Havia muita vegetação e acabei desistindo de tentar. Voltei para a
parada e o Blanco foi lá conferir. O tempo começou a mudar. Nuvens foram se
formando e algumas trovoadas eram ouvidas. Senti que o Blanco estava com muita
vontade de tentar subir, mas como já estava consideravelmente tarde e o
temporal que se armava poderia nos pegar de surpresa, falei que não iria subir,
mas se ele quisesse a minha segurança, estava ali.
Resolvemos não subir. Ele voltou até a parada e o Velhinho
veio trazendo os outros participantes. A chuva chegou e não teve jeito. Molhou
bastante e começou a ventar um pouco. O frio chegou. Já não tinha jeito de
querer apressar as coisas. Melhor aceitar a situação... O Fernando estava num
rapel em diagonal e pendulou alguns metros, se desequilibrando e batendo forte
na rocha, a sorte era que ele estava de capacete. Foi uma batida seca. Passado
o susto, tomamos mais cuidados, devido a rocha molhada e fomos descendo um a
um. Aos poucos todos desceram. Fui o último. Desci recolhendo todo o material
que havia ficado. A chuva foi parando e o calor e o vento, rapidamente fez com
que minha roupa secasse.
De volta ao cume, comi o último sanduíche e começamos a
descida. Fomos bem rápidos e ainda encontramos o grande grupo próximo à
Cachoeira do Chuveiro. Como estava quente, não tive como não parar para tomar
um banho. A água estava um espetáculo. Foi descansar um pouco e recarregar as
baterias para o trecho final da descida. O tempo novamente começou a fechar,
dando sinal que choveria forte novamente. Mas como já estava no final, não me
preocupei muito. Mais alguns minutos e estávamos todos reunidos no bar da
Fazenda, que fica ao lado do início da trilha. Depois de algum tempo a chuva
caiu forte e durou bons minutos. Mas como estávamos no conforto, sentados em
volta de uma mesa batendo um bom papo, não havia o menor problema... Não tinha
hora de chegar... Nem me preocupei. Sensação de dever cumprido. Olhei em
direção ao cume encoberto por nuvens, onde estava horas mais cedo e senti uma
alegria irradiando. Ainda não consegui entender o fascínio que sinto pelas
montanhas, pela natureza... Mas será que o tentar descobrir não seria o
combustível para sempre chegar mais alto? Bom, não sei qual a resposta, mas sei
que essa missão foi cumprida! Qual será a próxima?