Por Vítor Pimenta
Hoje estreamos a série de entrevistas
Gente como a Gente, onde poderemos conhecer a história de pessoas que se tornaram referência no esporte ou que superaram os próprios limites, mas que nem por isso deixaram o mundo dos mortais! Não importa o que fizeram, e sim que fizeram! São histórias de superação e dedicação que mostram que não há nada impossível, desde que haja força de vontade!
Com a bem sucedida iniciativa do Vitor Pimenta, damos início à nossa série de entrevistas. E para começar, nada mais, nada menos do que nosso grande mestre Flávio Daflon. Vamos conhecê-lo melhor...
Um pouco da história...
Professor de um grande legado de escaladores e portador de
uma linda humildade, Daflon teve seu primeiro contato com o montanhismo nas
Agulhas Negras, numa viajem a Itatiaia onde teve o prazer de conhecer Júlio
Spanner, que o acompanhou na empreitada. Posteriormente, numa pousada em
Teresópolis, vestiu pela primeira vez uma sapatilha e baudrier ao se deparar
com um muro outdoor com agarras de pedras que era monitorado pelo falecido Mozart
Catão.
Foi então que aos 16 anos procurou o CERJ (Clube
Excursionista RJ) e em 7 de setembro de kichute no pé, pode ampliar ainda mais
seu amor pela montanha, começando seu curso pela Via Branco. E Não parou nunca
mais!
Passado um ano escalando de kichute, vias como Luiz Arnaud
em Niterói, Dedo de Nossa Senhora na Serra dos Órgãos, top rope no Grajaú e
Arco-Íris nos Coloridos (essa ele confessou que teve um pouco de dificuldade
provando que é um ser humano) comprou sua sapatilha e na mesma época começou a
se aventurar em guiar. Foi experimentá-la na pedra do urubu na via Urubu
Capenga, que na época ainda não tinha quebrado uma agarra chave.
Logo depois de começar a escalar passou para informática na
UERJ e trabalhava na Golden Cross em Botafogo. Passado um tempo e percebendo
que sua natureza não era dentro de um escritório, acabou por pedir demissão e
fez uma viajem da Argentina até a Venezuela em 7 meses escalando e caminhando
quando não encontrava parceiro.Com pouco mais de 6 anos de escalada começou a dar aula, o
que veio a dar forma a tão bem renomada
Companhia da Escalada.
Em uma de suas idas a Bariloche conheceu 2 suíços que ao
vieram ao Brasil e pediram informações sobre os melhores picos no RJ. O primeiro
lugar onde foram escalar foi a via K2, no Corcovado, onde encontrou o amor de sua vida, Cinthia,
que foi apresentada ao Daflon pelos próprios suíços que a conheceram em
Curitiba.
Coincidência? Destino? A caso? Seja lá qual o nome, foi
necessário um link de outro continente para juntar 2 almas brasileiras. Grandes
amizades, boa auto-estima, amor pelo meio ambiente, respeito pela flora e fauna
são algumas das atribuições que esse estilo de vida pode te proporcionar, sem
falar, é claro, em uma história de amor.
Para falar mais sobre Flávio Daflon, ninguém melhor do que
ele mesmo:
Nome, idade, profissão
Flavio Daflon, 40 anos, Guia de Escalada.
Quando começou a escalar e por quê?
Comecei em 1989, no Cerj, com 16 anos. Já fazia caminhadas
e acampava desde 85. Morava em Jacarépaguá e em frente de casa tinha um morro
com trilhas e pedras que vivia subindo. Mas acho que foram as revistas com
matérias de escaladas e travessias que mais me chamaram a atenção.
Com quem costuma escalar?
Já tive grandes parceiros de escalada desde que comecei a
escalar, no inicio Gerson e Taylor do Cerj. Depois escalei muito com o Pita,
com o Ivanir, um amigo da Cintia de Curitiba que veio passar uns dias de férias
com a gente aqui em casa e acabou ficando quase dois anos. Escalei bastante com
um ex-aluno, o Bruno Castelo Branco e com o Neto também. Com o Bernardo
Collares fiz muitas vias e viagens bacanas. Na Patagonia e Europa escalei com
um grande amigo alemão, o Jorg. E agora voltei a escalar bastante com o Ralf.
Das vias que já fez, cite 3 das que
mais se orgulha?
Com certeza a conquista no Fitz Roy, Via Samba do Leão,
pela via, pelos parceiros, Serginho e Luciano e pelo que a montanha significa.
A Torre Central dos Paines com o Jorg, do acampamento Japonês ao cume e volta
sem parar. O big wall Franco-Brasileiro na Pedra do Sino com o Julio Campanela,
sempre foi um sonho. O também big wall e mítica Tragados Pelo Tempo com o Pita
e o Álvaro, uma semana depois de voltar da Crazy Muzungus. A via Place of
Happiness na Pedra Riscada, com Fabinho, Neto, Daniel e Martino. Há várias
outras...
Cite seu projeto de curto e longo
prazo:
Em novembro vou ao Encontro de Escaladores do Nordeste, que
sempre é divertido. E ano que vem, quero fazer alguma viagem maior, ainda não
sei pra onde, lugar é que não falta!
Já sofreu acidente ou se lesionou?
O que aprendeu com ele?
Uma vez, torci o pé e outra fissurei o calcanhar, tudo
fazendo boulder, foi só.
Qual sapatilha usa?
Gosto da Five Ten, usei e ainda uso a Newton e a Anasazi.
Quem te inspira?
A maior inspiração que tive na escalada foi Alexandre
Portela e Sergio Tartari. Mesmo antes de começar a escalar já tinha lido
matérias sobre eles. O que fizeram, como fizeram e naquela época, foi
espetacular.
Possui rotina de treino?
Conte-nos:
Não possuo uma rotina de treinos, mas estou sempre fazendo
algo. Faço esportiva, boulder, malho no muro, faço o costão, corro, caminho,
pedalo e faço fortalecimento na academia. Mais ou menos cada um deles,
dependendo do objetivo.
Como você definiria o escalador
completo?
O escalador completo escala de tudo, boulder, vias
esportivas, vias tradicionais, em móvel, big wall, vias alpinas. Faz aderência,
fendas, negativos, etc. Não precisa escalar graus extremos, mas tem que ter um
grau sólido em diversas situações.
Deixe uma mensagem:
Que escalem de tudo, não só esportiva. Que não deixem de
buscar aventuras em nossas montanhas, aonde está a alma da escalada.
Para contato com Flávio Daflon, acesse:
www.companhiadaescalada.com.br