Por Leandro do Carmo
Pico do Frade de Macaé, enfim... Cume!
Local: Macaé
Data: 30/12/2016
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Alexandre Rockert e Caíque Amaral
Dicas de como chegar e o local de início da trilha, estão
descritas na postagem da primeira tentativa: Pico do Frade - Macaé RJ, uma missão quase cumprida!
Texto sobre o Pico do Frade: Pico do Frade - Macaé
Vídeo
Relato
Dois anos depois, estava de volta para completar aquela
escalada que estava engasgada... Chegar a poucos metros e ter que voltar, nem
sempre é uma escolha fácil. Mas como sempre digo: A montanha sempre estará lá! Abortamos
a escalada naquela e ocasião e agora estou tendo a oportunidade de voltar e
assinar o livro de cume. Na primeira vez, não tínhamos nenhuma informação de
início da trilha, fator que foi determinante para abortarmos, pois perdemos
horas procurando a entrada da trilha. Mas dessa vez, apesar o imenso calor,
organizamos com cuidado nossa aventura. (Link para a primeira tentativa).
Como estaria em Rio das Ostras no período entre o Natal e o
Reveillon, nos organizamos para atacar o Frade. O calor estava absurdo. No Rio
de Janeiro, a sensação térmica estava beirando os 50 graus. Tínhamos um
problema: o calor. Mas também tínhamos a solução, que por sinal bem simples:
começaremos a caminhada bem cedo. Para isso, na noite anterior, deixamos tudo
pronto, assim poderíamos sair bem cedo. Acertamos de sair às 5h da manhã, mas
para isso acordamos as 4:30h. Saímos de casa conforme combinado e a viagem foi
bem tranquila. Na estrada pudemos ver o nosso destino bem ao fundo e tinha
certeza que hoje tudo daria certo. Estacionamos o carro e seguimos até o início
da trilha. Era 6:40 da manhã quando cruzamos a cerca e começamos a subir.
O início é por um trecho de pasto, bem íngreme. Dessa vez
optei por seguir paralelo a cerca, pelo seu lado esquerdo, sem atravessá-la. Os
primeiros 40 minutos da trilha sãos os mais fortes, principalmente por ser o
trecho inicial. Aos poucos o corpo vai acostumando e logo estávamos num ritmo
bem rápido. A trilha está bem definida e não há bifurcação no caminho. Fomos
subindo e a manhã estava bem agradável. Corria um vento bom, compensando o
grande calor. Fomos passando por trechos bem bonitos, até que chegamos a um
primeiro mirante. De lá, pudemos ver o belo vale a nossa frente. Continuamos a
caminhada e mais acima chegamos num trecho mais íngreme, onde uma corda fixa
nos auxiliou.
Dali em diante foi uma sequencia de sobe e desce até que
chegamos a um enorme bloco de pedra. Este antecede os lances de cabo de aço e
corda. A partir daí, só se deve continuar se tiver equipamento de segurança...
Como estávamos preparados, seguimos subindo.
Começamos a subida e fomos seguindo os cabos. Uns mais
finos, outros mais grossos, mas no geral, estão em condições razoáveis. Em
alguns pontos, o cabo está com algumas pontas que podem causar ferimentos,
fique atento. Mais acima, nos deparamos com um trecho bem íngreme. Fui o
primeiro a subir e fixei uma corda mais confiável para nos auxiliar. Passa esse
primeiro trecho, contornamos o caminho para a direita e seguimos até o topo de
um platô. Ali a escalada realmente começaria. Como o Caíque nunca havia
escalado, optamos por não leva-lo dessa vez. Quem sabe depois de um treinamento
adequado ele possa a vir a superar esse desafio? A Montanha sempre estará lá...
Como ele não subiria, meu irmão resolveu ficar também para fazer companhia.
Eu e o Alex seguimos... Num pequeno platô, paramos e dali o
Alex foi me dando segurança. Passei por um pequeno arbusto e fui subindo sem
muitas dificuldades. Mais acima, resolvi montar a parada e o Alex veio subindo.
Ainda estava sombra, apesar do sol estar bem no alto. Por sorte a escalada é
pela parte oeste. Assim que o Alex chegou, já comecei a subir. Apesar de ter
cabo de aço e cordas por todo esse trecho também, dá para escalar em livre
tranquilo. É até mais gostoso. Os lances são bem tranquilos e com boas agarras.
A manhã continuava agradável e continuei subindo até chegar
a próxima parada. A partir dali segui por um longo trecho de caminhada até
chegar a um ponto onde fiz segurança de corpo para o Alex subir. A partir dali,
seguimos andando até o cume. É bom ficar atento, pois qualquer escorregão, não
terá onde segurar... Lá de baixo, não dava para perceber como era esse trecho.
Tinha a impressão de que seria um costão rochoso, mas havia uma vegetação
rasteira por todo o percurso. Alguns metros acima, chegamos a uma parte com
pequenos arbustos. Segui por um caminho até uma área aberta, sendo um belo
local para acampamento. Olhando de longe, não percebemos que o cume tem essa
vegetação.
Fiquei alguns minutos procurando o livro de cume em meio a
vegetação, mas não achei por ali. Sabia que ele existia e não queria descer sem
poder assiná-lo. Voltei até uma laje de pedra, onde inicia o caminho e,enfim,
consegui achar a urna com o livro. Deixei meu nome escrito. Aproveitei para
fazer algumas fotos e um rápido lanche. Parei ainda para apreciar a bela vista.
Além de todo o litoral, pude ver ao fundo a Pedra do Peito de Pombo, a Represa
de Tepera e todas as montanhas da região. Um belo espetáculo!
Depois de dois anos da primeira tentativa, consegui vencer
mais esse desafio! Para muitos, apenas uma montanha... Mas existem coisas nessa
vida que são difíceis de explicar... Só quem está lá, consegue sentir.
Foi hora de preparar as coisas para partir. Começamos nossa
descida. Foram alguns rapeis até que entramos novamente na trilha. Como a volta
é mais descida que subida, chegamos bem mais rápido ao carro... Afinal de
contas, pra baixo, todo santo ajuda!