Por Leandro do Carmo
Remada no Rio Paraíba do Sul - Itaocara RJ
VII Encontro dos amigos da ACAI 2016
Data: 06/08/2016
Há tempos que eu vinha programando minha ida até Itaocara...
E olha que não foi por falta de convite... Mas sempre que marcava, acontecia
alguma coisa que me fazia mudar os planos, mas dessa vez, tudo conspirou para
que finalmente conseguisse realizar o meu desejo. Já remei muitas vezes em mar,
mas sabia que nas águas doce do Rio Paraíba, a coisa seria muito diferente.
Como me faltava experiência, o VII Encontro de amigos da ACAI seria o dia
perfeito. Apesar de não ter um caiaque apropriado (o que tenho é esse de
polietileno aberto), resolvi aceitar o desafio, depois do meu amigo Jefferson,
também da ACAI, me afirmar que seria viável remar com esse tipo de barco. Já que
aceitei o desafio, foi hora de acertar os detalhes da viagem...
Estava de férias e o evento seria 3 dias depois da minha
chegada do Monte Roraima. Tinha que deixar tudo acertado, pois não teria muito
tempo. Bom, a logística foi bem tranquila, pois a família da esposa do meu
irmão é de Portela, um distrito de Itaocara. Isso facilitou bastante, apesar de
ter opções de hotéis e pousadas na cidade.
Amarramos os caiaques em cima do carro e seguimos rumo ao
nosso destino...
A viagem foi bem tranquila e quando chegamos tive a noção de
como o rio Paraíba do Sul é imponente, apesar da grande estiagem que afetava
várias regiões. Só conhecia esse trecho do rio por fotos, ao vivo tudo é
diferente. Arrumamos nossas coisas e descansamos um pouco, pois o dia seguinte
seria pesado!
Acordamos cedo e eu, meu irmão Leonardo e Caíque seguimos
para o ponto de encontro, na Praça dos Quiosques, em Itaocara. Aos poucos a
galera foi chegando e o bate papo foi super agradável. Enquanto conversava com
o pessoal fui ficando mais aliviado, pois não seria o único novato. A praça foi
ficando bonita com tantos carros e caiaques. Deu a hora e seguimos em carreata para
a Cabana do Peixe Frito, local da confraternização e de onde o caminhão levaria
os caiaques para o ponto de início, na grande Alfarroba, na Fazenda Paulo Gama.
Na Cabana do Peixe Frito, colocamos os caiaques no caminhão e
nos arrumamos nos outros carros de apoio e seguimos para o ponto de partida. O
lugar é muito bonito e pudemos ir vendo de longe alguns trechos que iríamos
percorrer. Pena que a região desaparecerá em breve, após a construção da
represa de UHE Itaocara. Já no ponto de partida, tiramos os caiaques e os
colocamos lado a lado para a grande foto. Aos poucos todos foram indo para a
água, afinal de contas, era o que mais queríamos...
Já na água, começamos nossa aventura! Saímos de um trecho
bem tranquilo e água correndo suave e mais a frente a corredeira do Beco. Até
que me saí bem para a primeira vez. Para os mais experientes, brincadeira de
criança... Para mim, algo como um corredeira grau V! Alinhei o caiaque e fui
remando, tentando não perder o rumo. Pronto! Primeiro desafio concluído! Nem
sei quantos mais faltavam, mas estava no caminho certo! Fomos remando em um
contato intenso com a natureza. A água estava muito agradável. Aos poucos me
sentia mais seguro e a remada foi ficando cada vez mais leve.
Como não sabia os pontos onde teriam corredeiras mais
fortes, ia sempre do meio para trás, assim poderia acompanhar os mais
experientes. Mais a frente, vi que todos se reuniram antes de uma grande pedra,
estávamos na Cachoeira do Urubu. A corredeira mais difícil do percurso. Ali nem
pensei duas vezes, desci e fui levando o caiaque até a parte final da
corredeira. Dali, seguimos remando até a próxima cachoeira, a do Tobogan. Essa
bem mais tranquila. Passei sem dificuldades. Mais uma vez vou destacar a beleza
do local... O Jefferson me havia dito que era bonito, mas não imaginava o
quanto... Remávamos sem contato nenhum com a civilização. Não havia casas,
estradas, etc... nada que pudesse interferir na natureza!
Continuamos nossa jornada e passamos por mais uma corredeira,
a do Molha Saco. Confiante, já seguia remando pelas ondas que para mim, eram
gigantes. Chegamos à Corredeira do Porto Marinho. De longe olhei e pensei na
hora: “Essa não é para mim”. Deixei o caiaque em cima de uma pedra e fui
conferir mais de perto. Era um trecho longo, menos forte que a Corredeira do
Urubu, mas que impunha respeito. De longe fiquei observando as pessoas que
desciam... A vontade era grande, mas a princípio fiquei só observando. Aos
poucos fui vendo que dava para tentar. Depois que meu irmão desceu, não tive
dúvidas. Segui até meu caiaque.
Remei em direção à corredeira até ganhar velocidade e o
caiaque foi sugado corredeira a baixo. Não tinha mais volta. Agora era tentar
manter o caiaque alinhado e seguir o fluxo. Na primeira grande onda, o caiaque
foi lá em baixo e subiu com velocidade. A sequência seguinte foi na mesma
intensidade... Não acreditei que havia passado por tudo e ainda estava sentado
no caiaque... Foi aí que virei... Depois de ter passado por tudo, virei no
rebojo. Mas havia feito mais do que eu imaginava. Quando pensei em ir remar,
não pensava que faria um décimo do que havia feito. Minha ideia era remar nas
partes mais tranquilas, mas fui muito além disso... Para mim uma vitória! É
claro que se tivesse sozinho não conseguiria. A galera sempre dando apoios e
dicas importantes foi fundamental para concluir o trecho com segurança.
Dali, foram mais alguns minutos de remada até que chegamos
ao Porto Marinho, onde o caminhão nos esperava. Voltamos até a Cabana do Peixe
Frito, onde nos reunimos para o churrasco. Mais tarde, presenciei um bela
homenagem a um dos percursores do esporte na região, o Abel. O dia foi chegando ao fim e foi hora de
partir...
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