A partir desse ponto, a estrada vai piorando e carros de
passeio nem sempre conseguem subir as rampas mais íngremes.
Existem algumas opções de transporte na cidade. É fácil
conseguir informação.
Dicas para a Trilha da Pedra do Desengano
No geral, a trilha é bem marcada, mas pode gerar dúvidas em
alguns pontos, devido a queda de árvores. O último ponto de água está
aproximadamente a 3 km do início da trilha. Existem alguns trechos de laje que
são expostos, em dias de chuva, fica bastante escorregadio.
Relato da Trilha da Pedra do Desengano
Saímos cedo da pousada onde ficamos hospedados, isso no
centro de Santa Maria Madalena. O dia estava meio encoberto e as montanhas da
região estavam encobertas. Não havia sinal de chuva. Pegamos a estrada em
direção à Morumbeca dos Marreiros. O nosso objetivo do dia era a Pedra do
Desengano, que dá nome ao parque é ponto culminante da unidade de conservação, com
1.761 metros de altitude.
Depois que passamos pelo pórtico do Parque, a estrada foi
ficando ruim, mas como 4x4 foi tranquilo subir, ao contrário do carro do
Marcelo, que deve ter sofrido um pouco... Num certo ponto da estrada, o Marcelo
encostou o carro e todos subiram no meu e de lá, fomos até a porteira de acesso
às Estalagens, onde estacionamos bem ao lado da estrada. O local tem poucos
pontos de estacionamento. Dali, fomos caminhando até chegarmos ao pórtico de
início da trilha. Ainda fomos até a maior estalagem para conhecer o local.
Iniciamos a trilha, caminhando paralelos à uma cerca e em
poucos metros, entramos completamente na mata. O tempo estava bastante úmido. A caminhada
começou tranquila e com pouca subida, avançávamos rapidamente. Caminhávamos por
uma mata bem preservada. Passamos perto de um córrego e ouvíamos o som dos
pássaros e o barulho da água. E foi assim até o último ponto de água, com
aproximadamente 3km.
Nesse ponto havia uma placa indicando ser o último ponto de
água. Minha garrafa ainda estava cheia e não foi necessário enchê-la. A partir
desse ponto, a subida começa a ficar mais íngreme, mas nada complicado. Fizemos
uma pequena pausa e continuamos a caminhada. Mais acima, o que seria um
mirante, foi uma janela para uma paisagem completamente branca. As nuvens
baixas do diaimpediam nossa visão, não
conseguíamos ver nada...
Continuamos a subida e chegamos às primeiras lajes. Cruzamos
grandes bromélias até ter que fazer um lance mais exposto, subindo por uma
fenda até um pequeno platô. A rocha estava bem molhada e por isso, fomos bem
devagar. Acima, mais um lance de costão, até começarmos novamente na trilha,
agora com vegetação rasteira e pequenos arbustos. De baixo, dava para ver um
cume mais a esquerda e como a visibilidade estava muito ruim, não tinha muita
noção de onde era o cume do Desengano.
Na medida em que avançávamos, a esperança de pegar uma
janela com pelo menos alguns segundos de tempo aberto, diminuía. Seguimos
andando e começamos a contornar para a direita, indo numa direção oposta até
chegar à base do último costão antes do cume. Esse bem maior que os dois
anteriores. Ali na base, fizemos uma parada rápida e começamos a subir. Meu pai
resolveu ficar ali esperando, não é muito chegado a altura.
Era hora do ataque ao cume. Haviam alguns totens pelo
caminho, os quais ajudavam na orientação. Continuava bem úmido. Todo o cuidado
era pouco. O trecho não era tão técnico, mas era bem exposto. Como estava tudo
fechado, não dava para ter uma noção exata. Mais alguns minutos de subida e
estávamos no cume. Lá, fizemos uma pausa para o lanche, assinamos o livro de
cume e ainda ficamos um tempinho lá em cima, antes de começar a descida. Fui na
frente para encontrar meu pai que nos esperava. Já na base, dava para o resto
do pessoal descendo e como era alto o trecho. Com todos juntos, iniciamos a
descida.
Descemos rápido e logo estávamos de volta ao início da trilha. Lá, descansamos um pouco e pegamos o caminho de volta.
Mais uma via a convite do Marcelo Correa... Que por sinal,
tem mandado muito bem nas escolhas!!!! O destino dessa vez foi a pequena cidade
de Santa Maria Madalena, no interior do Rio de Janeiro. Ficamos hospedados na
Colônia de Férias da ASPERJ, sendo muito bem recebidos pela Dona Rosália, bem
no centro da cidade.
Saímos cedo de Niterói, a viagem até lá levou cerca de 4
horas. Chegamos por volta das 8 horas da manhã e só tivemos tempo de chegar à
pousada, deixar as coisas e seguir para a base da via. No caminho, encontramos
o Maurinho, que já nos esperava, pois havia ficado em uma outra pousada. Com todos
reunidos, nos dirigimos para a base da via. Estacionamos o carro próximo a uma
casa e descemos para atravessar um córrego e começar a subir. Levamos um bom
tempo para vencer o trecho. O mato estava bem alto e soltava uma foligem que
nos deixou completamente marrons!
Depois de atravessar uma cerca, a coisa melhorou e
conseguimos caminhar com mais facilidade. Depois de alguns minutos, finalmente
chegamos à base. Levamos cerca de 35 minutos para percorrer poucos metros. Fizemos
um lanche rápido e começamos a subir. O Marcelo dividiu a cordada com o
Maurinho e eu, com o Blanco. Fui subindo os costões iniciais, com proteções de 60 em 60 metros. E foi assim, sempre a procura
da próxima chapeleta... Ao todo, 9 enfiadas, mais uns 60 metros de caminhada em
cerca de 1h 20min, até chegarmos ao ponto onde “realmente” a via começa.
Uma subida que cansou... Subimos uns 600 metros bem
rápidos... Fizemos mais uma pausa para o lanche, porque agora iríamos até o
cume! O dia estava bem agradável. O sol não estava muito forte e o vento
soprava fraco. Depois de comer alguma coisa, saímos para o resto da escalada. O
Marcelo foi na frente, em seguida, o Maurinho. O Blanco tocou a próxima e me
deu segue até a parada. Essa enfiada foi bem tranquila e logo estava na 10ª
parada.
A próxima enfiada foi mais puxada, já era bem mais vertical
e um lance bem delicado. Mas devagar fomos subindo. O Blanco guiou novamente.
Guiei a 12ª enfiada. Fui para a esquerda e costurei um grampo um pouco longe. O
Maurinho havia subido direto. Optei por costurar, mas isso deu um arrasto
grande na corda. Com um lance mais delicado, subi e cheguei na parada. Aí de
segurança ao Blanco que chegou em seguida. A vista impressionada. Dali
conseguia ver até a Pedra da Bolívia, em Itaocara.
Uma pequena pausa para uma água e vamos pra cima, pois ainda
faltavam duas enfiadas. O Blanco saiu para guiar a 13ª enfiada. Acabou não
vendo uma chapeleta e tocou numa linha mais delicada e com a rocha bem suja. De
vagar ele subiu e logo estava na 14ª parada. Foi minha vez de subir e a via
continuava nas mesmas características: agarrinhas e lances em aderência. Estávamos
subindo rápido e logo estaríamos no cume. Mas faltava a última enfiada, mais
uma daquelas boas...
O Blanco guiou novamente, tocando bem rápido até a parada e
logo em seguida, subi. Fui subindo, já vendo a cordada do Marcelo e Maurinho
tocando para a última. Dei um gás até chegar ao Blanco e de lá, como já estava
com as costuras no rack, segui sem parar até a última parada, onde já estavam o
Maurinho e Marcelo. Enquanto subia, ouvia o Ivison pedindo as coordenadas para
achar onde nós estávamos. Ele havia feito cume pela trilha. Não é tão simples
achar o final da via a partir do cume. Não há trilha definida.
Assim que cheguei na parada, passei pelo Maurinho e Marcelo
e continuei a subida até uma área mais aberta, uns 50 metros depois dos últimos
grampos, ponto onde deveria de estar o livro de cume. Poucos minutos depois,
estávamos todos reunidos. O Ivison e o Sandro, que haviam feito cume pela
trilha, também estavam ali nos esperando. Logo depois eles subiram até o cume
para encontrar quem ficou lá em cima esperando.
Depois de algum tempo arrumando as coisas, começamos a subir
por um vara mato até o cume, onde a galera nos esperava com um bom café, feito
pelo Ivison. Para ainda para tirar algumas fotos e iniciamos a descida. Ela
segue bem forte por um costão e no colo, entre o Dubois e o cume secundário,
pensei que fosse continuar descendo, mas havia uma subida... Olhei para ela e
pensei como seria bom se pudesse quebrar para a direita... Mas a subida nem foi
tão ruim assim e logo começamos a descer forte. Imaginei a subida... Em pouco
tempo estávamos já no pasto, vendo a bonita Fazenda Diboá. Deu para ver um
pouco do pôr-do-sol e de lá seguimos até o carro. Um dia cansativo, porém espetacular! Missão cumprida.
Hidrelétrica x Machu Picchu Puelblo – Caminhada - 13 km
4º Dia da Trilha Salkantay
Machu Picchu Pueblo x Ruínas Machu Picchu x Hidrelétrica - Caminhada - 23,7 km
Hidrelétrica x Cusco - Van (224 km - https://goo.gl/maps/W9epU4iM1TeXb1pk8)
Dicas para a Trilha Salkantay
A Trilha Salkantay é uma bela opção para quem quer chegar a Machu Picchu através de caminhada. É uma trilha bem aberta, sem trechos técnicos. Porém, a altitude cobra seu preço, principalmente no segundo dia. Além de ser o dia mais longo, é o dia onde se chega a maior altitude do percurso, cerca de 4.600m. No geral, o segundo dia é o mais pesado. Os outros são mais tranquilos. Pra quem já tem experiência em longas caminhadas, não terá problemas. Optamos por fazer em 4 dias, mas as possibilidades são muitas.
Relato da Trilha Salkantay
Enfim havia chegado o grande dia. Já estava em Cusco de o
dia 06 de agosto e cumpri bem o que havíamos planejado quanto a aclimatação.
Para quem vive ao nível do mar e nunca havia subido acima dos 3.000 metros,
estar bem preparado, fisicamente e psicologicamente, era muito importante. No
ponto mais alto da travessia, estaríamos na marca de 4.600 metros.
Para aclimatar bem e não sentir os efeitos do “soroche”,
como é conhecido o mal estar provocado pela altitude, havíamos programado
algumas subidas graduais a pontos mais elevados. Cheguei em Bogotá no dia 05/08
e lá a altitude já é de 2.640 m, porém, nada muito diferente do que já subi
aqui no Brasil. Por exemplo, o Pico da Bandeira tem 2.892m. Passei quase um dia
inteiro por lá, chegando em Cusco no dia seguinte. Em Cusco, já com altitude de
3.400m, foi hora de ver, realmente como o corpo se comportaria.
Já no Aeroporto Internacional de Cusco, já pude provar a
famosa folha de coca, disponível logo na saída, perto do centro de informações
turísticas. Foi uma tarde para dar uma boa volta pelo centro da cidade. Muita
gente já sente logo na chegada. Eu estava bem. Senti que não haveria problemas.
Para continuar o processo de aclimatação, optamos por fazer o tour do Vale
Sagrado e programamos fazer o Cerro Vinicunca, também conhecida como Montanha
Colorida ou Rainbow Mountain. Este seria o cume mais alto de toda a viagem,
chegando aos 5.100m.
Cumprida essa etapa, que está em outro relato, passamos a
véspera da Salkantay, visitando os sítios arqueológicos próximos a região de
Cusco. Esse foi nosso plano de aclimatação. Fomos bem conservadores e pudemos
ir preparando o corpo. Achei muito importante esse processo, pois pudemos
sentir o frio andino, conversar com as pessoas, integrar mais o grupo, afinal de
contas, iríamos passar os próximos 4 dias bem juntos.
Depois de tudo pronto, nos reunimos no Hostel para a
conversa final. Ali, acertamos os detalhes e pudemos sair para comprar o que
faltava. Nossa programação era sair no dia seguinte, as 4:30 da manhã.
Dia 1 da Trilha Salkantay - Cuzco x Soraypampa
Havia dado tudo certo até o
momento. A ansiedade estava grande. Havia passado uma boa noite e como já
estava tudo pronto, pude acordar um pouco mais tarde, era só levantar, pegar a
mochila e sair. Nos reunimos na recepção do hostel e o nosso guia, o Belli
Chaves, chegou na hora combinada. Fomos até a van que nos levaria ao início da
caminhada. Era uma manhã fria, assim como as outras em Cusco. Apesar do frio, o
céu estava estrelado, o prenúncio de um grande dia.
Ainda estava escuro e o movimento na cidade já estava
grande. A maioria dos passeios saem na madrugada. Todos são bem longe. Seguimos
viagem e pegamos o Amílcar, cozinheiro da equipe. De lá seguiríamos até à vila
de Mollepata, situada a 2.900 metros. Parte do caminho até Mollepata fizemos à
noite, não deu para ver muita coisa. Entre cochilos e balanços, chegamos ao
ponto onde faríamos café da manhã. O café foi bem servido, como estava muito
cedo, não consegui comer muito, mas fiz um sanduíche e guardei na mochila,
sabia que mais tarde a fome iria apertar.
De volta a van, seguimos pela precária estrada, agora já
podendo contemplar a bela paisagem. Ao fundo, as montanhas de neve roubavam a
cena. Seguimos até chegar a uma casinha no meio da estrada, havíamos chegado à
Challacancha, 3.675m acima do nível do mar, ponto de início da caminhada. Lá
haviam vários cavalos e muitas pessoas. Descemos da van e nos arrumamos. A
expectativa era grande. O dia estava aberto, porém muito frio. Mesmo com sol,
foi preciso estar com o anorak. Ajeitei a câmera, o GPS, os bastões de
caminhada e dei uma alongada. Após uma rápida conversa, alinhamos alguns
detalhes e começamos a caminhada. Estava me sentindo bem, mas como o Alexandre
havia comprado o “Soroche pills”, um medicamente contra os efeitos da altitude,
tomei um para garantir.
Enfim começamos a caminhar. Achei que fôssemos caminhar na
estrada, mas pegamos um caminho subindo e logo estávamos numa trilha. Até o
corpo se acostumar, demorou um pouco. Fizemos várias paradas nesses primeiros
30 minutos de caminhada, uma estratégia para se manter bem. Dali em diante, só
ganharíamos altitude até o Passo Salkantay, a 4.600m. Depois de subir um bom
trecho, começamos a caminhar paralelo à estrada e a um antigo sistema de
captação de água. Agora, a caminhada era plana.
Ao fundo, podíamos ver a muitas montanhas, um cenário bem
bonito. Nosso guia foi nos apresentando diversas plantas locais e seus
significados. Grandes ensinamentos. Como estávamos num grupo fechado, a
interação era grande. Muitas risadas e descontração. O quilômetros foram sendo
deixados para trás naturalmente...
Um pouco a frente, paramos num belo mirante. Ali o Belli nos
explicou um pouco sobre as montanhas e o que elas significam para os Quechuas. Aproveitei
para comer o sanduíche que havia guardado e peguei algumas folhas de coca para
ir mastigando. Após algum tempo caminhando, chegamos a entrada de Soraypampa.
Ali era o ponto final das vans, principalmente para quem vai fazer o lago Humantay.
Passamos por vários campings e alojamentos. Uns bem confortáveis, outros nem
tanto. Mas o local é mesmo voltado para o turismo. Cruzamos um rio e fomos
direto ao ponto onde acamparíamos.
Haviam algumas cabanas de palha e montaríamos nossas
barracas lá dentro, assim estaríamos bem abrigados do frio. Estávamos a 3.850m
e me sentia bem. Ajudei a montar algumas barracas e fomos para o local onde
teríamos o almoço. Nos reunimos no refeitório e pudemos degustar uma bela
comida preparada pelo Amílkar, sempre com a entrada de uma sopa, característica
do Peru. Muita fartura. Não tinha economia na comida. Tudo foi bem servido.
Após o almoço descansamos um pouco e seguimos para a visita
ao Lago Humantay. A partir de onde estávamos, seria só caminhar a distância de
1.700 metros, menos de 2km! Mas estamos a 3.900 acima do nível do mar e
teríamos um desnível de, aproximadamente, 300 metros. Começamos a caminhar e
lentamente fomos ganhando altura. Apesar de curta a subida é dura, ainda mais
com os efeitos da altitude. Encontrar uma pedra no caminho era certeza de
descanso. Era sentar e recuperar o fôlego.
O
dia continuava bom. A vista era fantástica. Nunca havia estado perto de
montanhas de neve. Então isso me impressionava bastante. O frio seco incomodava
bastante, mas estava preparado. Muita gente vem de Cusco somente para visitar a
Lagoa Humantay, logo a trilha fica bem cheia, mas como estávamos já na parte da
tarde, não tinha tanta gente assim. Em todo o trajeto, avistamos a geleira lá
no topo, cintilante e reluzente.Mais
alguns minutos e quando a trilha fica mais plana, a laguna desponta. Havíamos
chegado ao nosso objetivo do dia. Um local fantástico. A água com vários tons
de verde hipnotizavam. As pedras ao redor, da lagoa, com nevado Humantay acima,
tornavam o local um cenário de filme! Nem ficamos muito tempo e o sol começar a
ir embora. Sem a luz do sol, o verde do lago se transformou num cinza. O frio
foi aumentando. Era hora de descer...
Descemos por aproximadamente 1 hora até o acampamento.
Tomamos um chá e depois jantamos. Conversamos sobre o dia seguinte, sem dúvida
o mais importante da travessia. Tudo acertado, segui para a barraca, onde
separei e arrumei as coisas, pois acordaríamos bem cedo. Ainda. A noite estava
completamente estrelada. Teríamos um dia espetacular! Ainda tentei sair para
tirar algumas fotos, mas desisti e voltei para barraca. Peguei no sono
rapidamente.
Mais algumas fotos do Primeiro dia
Dia 02 da Trilha Salkantay - Soraypampa x Chaullay (2.920 m)
Acordamos cedo, mas nem comparado com os dias anteriores.
Abri o zíper da barraca e fui recebido com um copo de chá de coca bem quente.
Vou te falar que faz uma diferença enorme! Deu um ânimo para sair do saco de
dormir. Fui consultar o termômetro e a mínima no lado externo da barraca havia
sido de -1,9°C e dentro, 3,2°C. Engraçado, mas havia sido uma das minhas
melhores noites no Peru. Arrumei tudo e fui para o refeitório, onde o café da
manhã já nos esperava.
Tomamos um belo café, muito bem servido pela nossa equipe.
Aliás, um ponto forte da nossa viagem até o momento. Tudo como programado, na
verdade, um pouco além, considerando a excelente comida. Como estava muito
cedo, não consegui comer muito, mas guardei um pedaço de pão para comer mais
tarde. O dia amanheceu espetacular. Se o nosso maior medo era o frio, bem
provável que sentiríamos calor hoje, pelo menos enquanto tivesse sol... O dia
clareou rápido, mas devido as grandes montanhas, o sol demorou a aparecer.
No lado de fora, já estávamos todos reunidos. Me sentia
muito bem, mas tomei um “soroche pill” para garantir. Começamos a caminhada.
Fomos seguindo o vale a atravessamos o rio para a outra margem e começamos a
subir. Passamos por um acampamento e chegamos a uma parte plana. Uma paisagem
bem diferente, está vamos em Salakantaypampa, a 4.150m acima do nível do mar.
Devido a altitude, não haviam árvores. O sol já estava quase chegando. A
montanha Salkantay roubava a cena. Impossível não se impressionar. Cruzamos o
rio novamente. Um pouco mais a frente, cruzamos um trecho com água congelada.
Continuamos por um caminho com bastante pedras. Faltava
pouco para sol chegar. A temperatura estava na casa dos 5°C. Continuei
mastigando folha de coca para diminuir os efeitos da altitude. Mais um
pouquinho de subida e o sol finalmente chegou. Impressionante como o corpo se
recupera. Instantaneamente uma onda de calor toma conta e te dá um novo ânimo
para continuar a caminhada.
Faltava pouco, mas com a altitude, tudo fica mais difícil.
Quando terminei a subida, vi que ainda faltava um longo trecho. Não seria tão
fácil assim. Essa primeira parte era plana, estávamos em Suyroqocha, a 4.480m.
a placa informava: “ABRA SALKANTAY A 1KM”. Bom, agora estava chegando, mas
pensei: “não deve ser moleza...” Estava certo! Uma pequena pausa antes de
continuar o ataque final. Ali havia um camping, mas não encontramos ninguém.
Continuamos a caminhada.
Continuamos num trecho curto e depois de uma forte subida,
chegamos à “Abra Salkantay”, ponto mais alto da caminhada e passagem entre
Salkantay e Humantay. No alto de Salkantay existia gelo de um branco diferente.
A azul do céu estava fantástico. A montanha Salkantay, imponente, roubava a
cena.
Todas as pessoas que chegavam, comemoravam. Uma vitória
chegar ali. Demos um descanso e ao invés de seguir o caminho normal, fomos
visitar a lagoa Salkantay. O local é pouco visitado e o Belli nos levou para
conhecer. Seguimos andando e logo estávamos caminhando sobre a neve. Minha
primeira experiência nesse tipo de terreno. Pisar naquela neve branquinha foi
fantástico. Caminhamos até chegar a borda do grande lago. Lá procuramos um
local mais abrigado do vento e fizemos uma pausa.
Belli nos explicou o significado de vários coisas, falando sobre
Salkantay, Pachamama, o equilíbrio, entre outras coisas. Participamos de um
pequeno ritual e seguimos para Chalaway, onde faríamos nosso almoço. Nuvens
pesadas começaram a se formar na direção de onde iríamos.
Seguimos descendo e aos poucos fomos deixando a neve para
trás e com ela, a altitude. A medida que descia o corpo ia se soltando mais.
Meio que “pra baixo todo santo ajuda”, fomos descendo. Demos uma parada, onde
pudemos dar um bom descanso e começou a dar um chuvisco bem leve. Ao fundo já
dava para ver algumas construções, mas não sabíamos exatamente onde iríamos
parar. As nuvens amentavam e assim que chegamos à Wayracpampa, local onde
teríamos nosso almoço, caiu uma chuva forte. Ela veio sem dar trégua. Por pouco
não nos pegou no meio do caminho.
Novamente o almoço foi excelente. Ao barulho da chuva no
telhado, comi bem e tomei um chá para poder ajudar na digestão. Descansamos um
pouco enquanto aguardávamos a chuva passar. Assim que ela deu uma parada,
pegamos a mochila e começamos a andar. E, literalmente, andamos! A chuva havia
passado, mas olhando para cima dava para ver muita nuvem estacionada na região
da Salkantay. Aos poucos, a vegetação de altitude foi dando lugar a arbustos. À
medida que descíamos, as árvores iam aumentando de tamanho e em pouco tempo
estávamos numa floresta bem parecida com a nossa. Demos uma parada numa venda e
descansamos um pouco. Nossa equipe de apoio passou com os cavalos e fui
seguindo. Eles andavam rápido!
Mais um pouco de descida e chegamos ao Camping Challway. Havia
terminado o dia mais duro da caminhada. O local tinha muito conforto! Wifii,
banho quente, refrigerante, etc... Melhor, impossível. Depois do banho quente
tomado, coisas arrumadas, nos reunimos para a janta e um bate papo
descontraído. Alteramos um pouco a nossa programação do dia seguinte e fomos
dormir...
Mais algumas fotos do Segundo Dia
Dia 03 da Trilha Salkantay - Chaullay x Machupicchu pueblo
Foi o dia na qual acordamos mais tarde. Devido a nossa mudança
nos planos, não faríamos a primeira parte da caminhada. Optamos por contratar
uma van para nos levar até Santa Tereza, que é um dos nove distritos da Província
de La Convención, situada no Departamento de Cusco, pertencente a Região de Cusco. Lá, visitaríamos as fontes termais. A noite foi ótima, as
barracas foram armadas no segundo andar das casas, o que fez a noite ser bastante
agradável.
Tomamos um bom café da manhã. Arrumamos tudo e ajudamos a
levar as coisas para a van que nos levaria à Santa Teresa. Na programação
inicial, desceríamos a pé, mas optamos por seguir de carro. Nos despedimos do
José, responsável pelos cavalos e parte da carga. A partir de agora, era outra
parte da travessia.
A estrada para descer era muito precária. Em alguns pontos
podíamos ver o fundo do vale a centenas de metros abaixo. Ainda bem que a
família do motorista estava junto! Assim, acho que não correria muito nesse
caminho estreito e perigoso. Continuamos a descida e passamos por diversos
grupos caminhando. Paramos num ponto onde pudemos comer algumas Granadillas, um
tipo de maracujá bem doce.
Chegamos à Santa Teresa e paramos no lugar onde teríamos
nosso almoço. Lá deixamos nossas coisas e fomos para as Águas Termais. Foi uma
manhã para relaxar. Várias piscinas com temperaturas diferentes. A água vem de
dentro da montanha. Após relaxar, voltamos para nosso almoço. Almoçamos e
preparamos nossas coisas. Parte do nosso material ficou ali mesmo e pegaríamos
na volta. Nos despedimos do Amílkar, nosso excelente cozinheiro e de lá seguimos
para a Hidrelétrica. Começaríamos a nossa caminhada até Machu Picchu Pueblo.
Machu Picchu pueblo ou Machupicchu, também conhecido como Aguas Calientes é uma
cidade no Peru às margens do rio Urubamba, cujo nome em Quechua é Machu Pikchu.
Até o ponto onde começaremos a caminhada são cerca de 10km.
Passamos na portaria, onde assinamos um livro e de lá continuamos na van por
mais alguns metros. O ponto de partida é na estação de trem que vai até Machu
Picchu Pueblo. Tem restaurantes e pequenas vendas. Dá para fazer aquela compra
de última hora... Iniciamos a caminhada.
Seguimos na linha do trem por alguns metros e entramos num
trilha até chegar a outra linha. Dali fomos seguindo até cruzar uma grande
ponte. No alto, podíamos ver a cidade sagrada de Machu Picchu. Uma emoção
grande poder chegar até ali. Seguimos andando e passamos por vários
restaurantes e campings. Passamos também do primeiro ponto de controle para
ingressar em Machu Picchu, no dia seguinte teríamos que estar ali por volta das
4 da manhã.
Depois de aproximadamente 10 km de caminhada, já a noite,
chegamos a Machu Picchu Pueblo. Uma cidade pequena mas muito moderna.
Construída no meio do vale do rio Urubamba, parecia cenário de filme. As luzes
e construções modernas faziam da cidade um local bem diferente dos quais já
havia passado. Enquanto em Cusco tínhamos antigas construções, em Machu Piccu
Pueblo, tínhamos a modernidade como contraponto.
Fomos até a praça central, chamada de Plaza Manco Capac. Lá
nos encontramos novamente com o Belli, que nos levou a um restaurante, onde
jantamos. Ali ele nos explicou como faríamos para entrar nas ruínas de Machu
Picchu, a hora na qual deveríamos sair, etc. Fomos para o hostel onde
passaríamos a noite. Tomei um bom banho e descansei um pouco.Como ainda estava cedo, não dava para dormir.
Aproveitei para dar uma volta na cidade.
O local é muito aconchegante. Se em Cusco tinha muito
turista, aqui não seria diferente. Tem de tudo: mercado, pizzaria e até pão
francês! No mercado, comprei logo 6 pães. Comi logo 2 antes de chegar ao
hostel. Receberíamos um kit com café da manhã para o dia seguinte, mas como não
sabia o que seria, fiz as minhas compras. Ainda demos uma volta para fazer
algumas fotos e voltei para o quarto para descansar. O dia seguinte seria um dos
mais importantes da minha vida.
Conversando com o pessoal, disse que o dia seguinte seria o
mais fácil da viagem. Teríamos um dia de turista! Até hoje o pessoal me
sacaneia... Vocês verão o porquê...
Dia 04 da Trilha Salkantay – Machu Picchu e volta a Cusco
Acordamos bem cedo e saímos no horário combinado. Caminhamos
até o primeiro ponto de controle. O acesso às ruínas é liberado somente a
partir das 5 horas da manhã. Chegamos por volta das 4. Já tinham algumas
pessoas na fila.Ficamos ali conversando
e rindo muito, o que fez o tempo passar rapidamente. Pontualmente a entrada foi
liberada. Começamos a caminhada. Atravessamos a ponte e mais a frente começamos
o primeiro dos cerca de 2.000 degraus até a entrada das ruínas de Machu Picchu.
Ainda estava escuro quando começamos a subir. Muita gente caminhando. Depois de
cerca de 1 hora, chegamos à portaria. A fila já estava grande. Procuramos o
responsável por nossa visita guiada. Enquanto estávamos na fila, percebemos que
alguns ingressos estavam com a data de visitação diferente. Assim que chegamos
na roleta, três ficaram barrados.
Não sei o que aconteceu, mas o guia acabou comprando três
entradas para o dia errado. Enquanto eles tentavam resolver o problema, eu,
Vanessa e Rafael tivemos que continuar andando, pois não podia ficar ali
esperando... Apesar de estar realizando um sonho, não curti muito a entrada,
pois estava preocupado se o Alberto, Alexandre e o Léo iriam conseguir entrar.
Depois de algum tempo, o nosso guia falou que eles entrariam. Aí relaxei um
pouco... Mas teve uma hora em que o guia falou: “vocês descem por ali e seguem
para o acesso à Montanha Machu Picchu, vocês tem 20 minutos para conseguir
entrar”. Começamos a andar... Só que a entrada é longe e quase perdemos o
horário.
Quando cheguei na portaria, quem estava lá? Alberto,
Alexandre e o Léo! Resolvido. Estávamos juntos novamente. Enquanto estávamos
achando que eles não conseguiriam entrar, quase que a gente perde o horário!
Bom tudo acertado, começamos a subir bem mais tranquilos. Aí sim, pude começar
a curtir e apreciar o local. Foi quando caiu a ficha. Estava em Machu Picchu!
Sempre via documentários sobre o local e imaginava como seria ao vivo...
Tinha visto um pouco da cidade, mas agora era hora de
concentrar na subida, afinal de contas ela era longa. Ouvi alguém dizer que
eram cerca de 2.500 degraus... O dia estava excelente. A paisagem era bem
diferente da qual havíamos estado no dia anterior. Saímos de um local onde a
neve era o destaque, para um, onde o verde das florestas era exuberante. A
medida que subia, podia ver as ruínas de Machu Picchu ao fundo e ficando cada
vez mais distantes. Muita gente de todos os tipos. Gente de sapato, calça
jeans, e até de mochilão, como a gente. A verdade é que todos subiam!
O calor estava forte e os degraus não davam trégua.
Concentrando um passo após o outro e depois de passar por inúmeros mirantes,
havia chegado no cume da Montanha Machu Picchu. Sua altura é de,
aproximadamente, 3.082m e o desnível da subida é de 652 metros, a partir do
ponto de controle. A distância percorrida, foi de 2 km. Sentei para descansar e
esperar o resto do pessoal chegar. O dia continuava quente e bem aberto. As
ruínas de Machu Picchu ficavam bem ao fundo. Tão pequenas que mal dava para
acreditar. Com todos reunidos, tiramos várias fotos.
Depois de descansar, era hora de voltar. Ainda tinha muita
coisa para fazer... Comecei a descida já com o estoque de água reduzido. Como
pra baixo todo santo ajuda, foi bem mais fácil a descida. Rapidamente estávamos
no ponto de controle e esperamos todos chegar. O tempo que passei sentado,
esperando o pessoal chegar, pude sentir aquela paz e energia que o lugar passa.
Apesar da enorme quantidade de gente, sempre há um lugar mais vazio onde você
pode relaxar.
Dei uma volta completa entre as ruínas meio que forçado.
Havia encontrado uma sombra para descansar, só que quando tentei voltar, não
podia. Tive que seguir andando e dar uma grande volta. Acho que andei uns 20
minutos a mais... Cansado como eu estava, acho que durou umas duas horas!!!
Fomos voltando até o local onde havíamos combinado. Ali realmente descansei.
Comprei uma água e comi uns biscoitos. Uma parte do grupo seguiu descendo.
Ainda teríamos mais cerca de 11 km de caminhada plana. Ainda bem que o
Alexandre demorou um pouco a chegar. Bom, era hora de ir embora...
E pegamos o caminho de volta. Descemos as escadas e logo
estávamos caminhando ao lado da linha do trem. Era só caminhar... Como num
piscar de olhos, havia se passado 4 dias... Uma mistura de satisfação com um
certo teor de nostalgia... Havia saído das Ruínas de Machu Picchu há menos de 2
horas, mas era como se eu já estivesse longe há muito tempo... De vez em quando
olhava para cima e podia as ruínas bem no alto das montanhas... Quem sabe um
até logo?
No caminho, encontramos algumas pessoas que havíamos visto
pela travessia. Depois de tanto caminhar, chegamos novamente na Hidrelétrica.
Encontramos a van que iria nos levar novamente a Cusco. O pessoal resolveu
almoçar. Eu comprei algumas frutas e fiz um lanche. Estava na hora de saída do
trem, uma grande confusão. Fui para van e esperei a galera chegar. Bom, agora
era só curtir a viagem de volta... Quem dera se fosse tão simples... A van
estava bastante empoeirada, o espaço era pequeno e eu estava literalmente
quebrado! Lembra que havia falado que esse seria o dia mais tranquilo? Talvez
tenha sido o mais pesado!
As quase 6 horas de viagem de volta até Cusco foram
horríveis. Ainda bem que eu estava dormindo e não vi o caminho que fizemos. O
Rafael que optou por voltar no dia seguinte, disse que o caminho era no estilo
do dia na qual descemos de Chaullay até Santa Teresa. Por isso que demorava
tanto! Pelo menos demos muitas risadas com as histórias do Alberto... Chegamos
à Cusco por volta da meia noite. Foi o tempo de guardar as coisas e dormir...
Não lembro de mais nada!