Por Leandro do Carmo
Pedra da Cruz – ATM PARNASO
Relato da Trilha da Pedra da Cruz
Mais uma Abertura de Temporada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Já estava com saudades... Devido a pandemia, a última havia sido em 2019. Esse ano o evento aconteceu em junho, talvez já pensando num tempo mais firme, pois havia chovido, pelo menos, nas últimas 4 edições. Organizamos nossa ida, contratando uma van, assim como nos anos anteriores. Minha programação inicial era fazer a Verruga do Frade. A previsão não era das melhores e com uma semana de antecedência já havia previsão de chuva. Bom, uma semana é bastante tempo, mas os modelos de previsão de tempo erram cada vez menos, mas não queria desmarcar com tanta antecedência.
A data foi chegando e a previsão se confirmando. Era pouco provável que conseguíssemos escalar a Verruga, mas faríamos alguma trilha, assim como sempre fizemos. Sempre há um plano B. Na sexta feira, fiz contato com o Thiago, que tem um sítio em Guapimirim, quase chegando à Teresópolis, a fim de saber sobre as condições mais precisas do tempo. Não deu outra. Chovia na região. Avisei no grupo que não levaria equipamento de escalada e que decidiríamos a trilha lá no local.
Nosso encontro foi às 5h no posto de combustível que fica na esquina da Roberto Silveira com Paulo César. No sábado, fomos pontuais. Foram várias desistências. Mas que resolveu ir, estava presente. A madrugada estava fria e caía uma fina garoa. Pegamos a van e seguimos. Fizemos uma parada para o café da manhã na Parada Modelo, bem próximo à subida da serra. Nem nos preocupamos muito com o tempo de parada, pois a atividade da Verruga já havia sido cancelada e qualquer outra que viéssemos a fazer, não demandaria tanta pontualidade. Depois de todos abastecidos, seguimos para o parque.
Entramos no parque e fomos e demos uma rápida parada no ponto onde seria o evento para aguardarmos o restante do pessoal. Aos poucos, todos foram chegando. Dali, seguimos para a Barragem, ponto de início das trilhas da parte alta. Lá fizemos nossa tradicional foto e cada grupo foi seguindo para sua trilha. Para a parte alta, iríamos dois grupos, sendo um para a Pedra Cruz e o outro para o Papudo.
A manhã continuava fria, mas pelo menos não chovia. Estava bem fechado com uma forte neblina. Provavelmente não veríamos nada. Estava tudo molhado ali na Barragem e na trilha não seria diferente. Começamos a subir e aquele trecho inicial cheio de pedras estava bastante escorregadio. O frio estava forte e havia muita umidade, mas logo nos primeiros minutos de caminhada já estava bem à vontade. Segui à frente, imprimindo um bom ritmo para aquecer.
Conversando, o tempo passa rápido e logo estávamos no ponto do antigo Abrigo 1, conhecido também como Toca dos Caçadores. Dali para até a Cachoeira do Véu da Noiva foi um pulo. Lá fizemos nossa primeira parada rápida. Quase não tinha água, corria apenas um filete. Aproveitei para comer um sanduíche. Dali, seguimos caminhando. Não estávamos todos juntos, mas era possível escutar várias conversas. Sabíamos que estávamos todos pertos. Passamos pela cachoeira do papel, também quase sem água. Estava tão disperso, que passei pelo ponto do antigo Abrigo 2, que nem percebi. Quando vi, já estava passando pelos canos de ferro, poucos metros acima. Avisei aos que ainda não conheciam.
O dia permanecia fechado. Mas não chovia e isso era bom. Depois de vários zig zags, chegamos ao ponto onde poderíamos encurtar nossa caminhada. Era o caminho que passava pelo Paredão Paraguaio. Nos reunimos para decidir qual caminho seguir. Optamos pelo mais curto. O grupo que iria para o Papudo passou por nós. Iniciamos nossa subida. Acabei ficando por último. Em poucos minutos já cruzávamos o trecho do paredão. Pensei que fosse ser pior essa subida, mas, apesar de molhado, foi bem tranquilo. Mais acima, na bifurcação, pegamos o caminho da esquerda, seguindo em direção à Pedra da Cruz.
Fomos subindo passando por alguns trechos de rocha mais expostos, até estarmos na outra face, passando por uma trilha bem estreita que nos levaria ao cume. Ainda deu tempo para eu fazer uma foto, que se o tempo estivesse aberto, daria para ter uma noção da nossa altura. Inclusive, o fato de estar fechado, não nos deixa ter aquela sensação de estarmos na beira do abismo. Para muitos, faz uma diferença enorme.
Em poucos minutos estávamos no cume. A vista dali é impressionante, mas não foi possível ver nada. Tudo branco. Pelo menos não ventava forte. Lembrei da última vez que estive ali, ventava e chovia fino. Fiz mais um lanche e ficamos conversando na esperança de que a vista pudesse abrir. Eu disse para não perder a esperança. E não deu outra. Por questão de segundos, milagrosamente o tempo abriu e pudemos ver Agulha do Diabo ao fundo. Foi só o tempo de tirarmos uma foto e tudo voltou a ficar branco novamente.
O frio foi aumentando, já era hora de voltar a andar. Iniciamos a descida e cruzamos por um grupo de UNICERJ e outro do CEB. Nesse ponto, nos dividimos e uma parte desceu pelo mesmo caminho na qual subimos e eu optei por fazer o caminho normal da Pedra do Sino, passando pela Cota 2000. Algumas pessoas não conheciam o local do antigo Abrigo 3 e o seu mirante. Subimos um pequeno trecho e depois pegamos a descida. Já no Abrigo 3, encontramos o Vinícius, sentado, solitariamente. Fomos ao mirante e como já era esperado, não vimos nada. Mas pelo menos ficou o registro para quem não conhecia.
Descemos meio no automático até a Cachoeira do Véu da Noiva, onde fizemos mais uma parada. Descemos para o trecho final. Em pouco tempo estávamos de volta à Barragem. Lá encontramos a outra parte do grupo, eles haviam acabado de chegar também. Aproveitamos uma tenda montada do evento para aguardar a chegado dos outros. Dali, seguimos direto para o local onde seria a festa. Mais uma ATM PARNASO concluída com sucesso! E com chuva!
Enchendo o cantil na Barragem |
No cume da Pedra da Cruz |
Nos poucos segundos de visibilidade |
Eu, Vander e Stephanie |
Na Cachoeira do Papel |
No caminho |
No trecho mais exposto, próximo ao cume |
A neblina escondia o precipício |