Por Leandro do Carmo
Vilma Arnaud – 4º V E2/E1 D2 185 metros
Local: Morro da Babilônia, Urca RJ
Data: 17/06/2012
Participantes: Leandro do Carmo e Leonardo G Carmo
DICAS: A base da via fica após a Roda Viva; uma pedra deitada, forma um pequeno platô; a primeira proteção é uma chapeleta; na primeira enfiada a proteção é mais distante que as outras; existem parabolts sem chapeletas entre os grampos; na segunda enfiada, a proteção está bem próxima, nela o grau aumenta; possibilidade de rapelar por fora da via, usando duas cordas.
Depois de um final de semana de chuva, nada como olhar na previsão do tempo e ver que a probabilidade de chover no sábado seria de 0%!!!! Éramos em quatro, dois guias e dois participantes: Eu, Guilherme , Leonardo e Luiz, respectivamente. Dei uma olhada no croqui e sugeri entrar na Vilma Arnaud e IV Centenário, lá no Babilônia. São duas vias que tem a mesma graduação, vão seguindo quase paralelas e terminam muito próximas uma da outra.
Chegamos cedo à Urca. Encontramos o mestre David, esperando dois alunos e trocamos um idéia. Na portaria, vimos que já tinha uma cordada na IV Centenário. Não mudamos os nossos planos e caminhamos até a base. Lá, eu e Leonardo, ficamos na Vilma Arnaud e Guilherme e Luiz foram até a IV Centenário, onde estavam dois escaladores se preparando para subir. Eles aguardariam um pouco e subiriam logo depois. Me arrumei, repassamos a corda, dei a última olhada no croqui e comecei a escalar. Pararia, na segunda parada dupla, depois de 10 costuras.
O começo foi tranquilo. Fui costurando e percebi que existiam alguns parabolts entre os grampos. Isso me confundiu um pouco, não sabia se os contava ou os pulava. Porém, como os lances estavam relativamente tranquilos, continuei subido. Passei pela primeira parada dupla e depois alcancei a segunda. Esse começo seria um aquecimento para o resto da via, pensei... Quando cheguei a primeira parada, vi que o Guilherme começava a iniciar sua subida. A cordada da frente demorou um pouco para subir. Nessa hora, avisei ao Leonardo par subir. Ele se preparou e começou a limpar a via. Veio subindo devagar. Em alguns lances lembrava para ele “testar os lances”, coisas que o participante tem que aproveitar... E assim ele fez...
Quando chegou a parada, percebi que ele estava esgotado. O sol não era tão forte, mas dormir tarde... Isso sim acaba com qualquer um. Acho que a próxima enfiada, por ser mais difícil, aliada a saída que era bem vertical, o fez desistir. Pensei: “vou fazer a próxima enfiada e depois rapelo até onde ele está.” Beleza, comecei a subir.
Na saída, costurei logo a chapeleta, com receio da queda. Ela é baixa, duas passas e logo está nela. Costurada, fui mais tranquilo até o segundo grampo. Apesar de vertical, existem boas agarras, o que torna o lance não muito complicado. Continuei subindo e pelo que já tinha lido no guia, viria alguns lances de V, com pequenas agarras. Fui subindo com precisão. Além de pequenas agarras, era uma parte com muitos cristais, o que tornou a parede muito lisa e escorregadia em alguns lances. Apesar da dificuldade, os lances são bem protegidos, o que torna a escalada bem tranquila. Senti o grau bem constante nesses lances. Fui subindo até a parada, quando puxei a corda para repelar.
Quando estava descendo, ouvi um barulho e logo olhei para a cordada do Guilherme. Só vi o cara rolando parede abaixo. Bateu no Luiz que lhe dava segurança e continuou caindo, até que só o ouvi gritando: “SEGURA, SEGURA, SEGURA”. Foi tão rápido que nem deu tempo de pensar em nada. Assim que ele parou de cair, já levantou. Então vi que estava tudo bem. Fiquei mais despreocupado. Nessa hora, comecei pensar em um monte de coisas. Como que ele havia caído, por que será que ele desceu tanto, etc.
Cheguei a parada onde meu irmão estava e continuei a observar o Luiz e o Guilherme. Eles começaram a rapelar. Também nos preparamos e começamos a descer. Quando chegamos à base, entendi o que havia acontecido.
O Guilherme caiu quando foi costurar o primeiro grampo após a primeira parada, ocasionando uma queda fator 2. Quando a corda deu o baque, puxou a mão do Luiz, esfolando os dedos no atc e na corda. O Guilherme ainda desceu mais um pouco e depois dos gritos de “segura”, o Luiz prendeu a corda. O Guilherme ralou os dedos da parte de fora da mão e o ombro na queda. Foi aí que lembrei de alguns procedimentos bem simples que poderiam ter minimizado o impacto da queda. Mas isso aí vai ficar para uma outra postagem...
Fotos