sábado, 18 de fevereiro de 2017

Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil

Por Leandro do Carmo

Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil

Local: Espírito Santo / Minas Gerais
Data: 10 e 11/09/2016
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Alex Rockert e Marcos Lima

Pico do Cristal

 
Link para Site oficial do Parque: http://www.icmbio.gov.br/parnacaparao/

Vídeo



Dicas para subir o Pico da Bandeira:

  • É necessário fazer reserva com antecedência para as áreas de camping;
  • O acesso por Minas Gerais, via Alto Caparaó, é o mais fácil;
  • De Niterói até o Alto Caparaó, são aproximadamente 440 km;
  • Entre camping, entrada do parque e gasolina, custou R$ 71,00 por pessoa (estávamos em 1 carro com 4 pessoas;
  • A estrutura de camping do parque é muito boa;
  • Na alta temporada, o parque fica muito cheio;
Link para o google maps do caminho rodoviário:


Um  pouco da história sobre o Parque Nacional do Caparaó


Por volta de 1859, o Imperador Dom Pedro II determinou que fosse colocada uma bandeira do Império no Pico mais alto da Serra do Caparaó. Acredita-se que a denominação Pico da Bandeira se deva a este fato.

A Serra do Caparaó ainda foi palco da Guerrilha do Caparaó, instabilidade política ocorrida em 1964, período da Ditadura Militar vivida pelo Brasil. Em 1967, as forças armadas montaram um esquema tático para capturar ex-militares que faziam parte do grupo revolucionário e que estavam refugiados no Parque Nacional. O exército usou como base de acampamento todos os municípios vizinhos.

Relato da Trilha do Pico da Bandeira

Já era hora de conhecer o Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil. Localizado no Parque Nacional do Caparaó, na divisa entre em Minas Gerais e Espírito Santo. Tinha pouco tempo disponível para a viagem e, apesar da distância, resolvemos tentar fazer em um único final de semana. Abri a atividade no clube e logo as vagas foram preenchidas, porém, um dia antes da partida, um grupo desistiu por causa do tempo... Mas a previsão do tempo nem era tão ruim assim... Bom, quem não foi perdeu...

Saímos de Niterói as 21:00, da sexta feira, dia 09 de setembro. Viajamos durante toda a noite e chegamos ainda de madrugada na portaria do Parque, no lado mineiro. Aliás, o mais fácil para subir de carro até o acampamento. Como estava bem cedo, teríamos que esperar a hora do parque abrir. Aproveitamos para tirar uma soneca e descansar um pouco da longa viagem. Foram aproximadamente 8 horas de viagem. Depois de um cochilo, enfim, pudemos entrar e continuamos de carro até o acampamento Tronqueira.

Lá, escolhemos os melhores locais, pois a área de camping ainda estava bem vazia. Geralmente, os visitantes chegam mais tarde e sobem por volta das 24:00h para ver o sol nascer. A gente optou por fazer diferente, principalmente pela falta de tempo. Nossa ideia era percorrer os 4 cumes: Bandeira, Calçado, Cristal e Cruz de Negro. Enquanto montávamos as barracas, conversamos com um guarda parque que nos disse não poder subir o Cruz de Negro. Bom, regras são regras... Diminuímos nosso roteiro para 3 cumes.

Depois de montado acampamento, começamos nossa caminhada. Subimos o caminho que leva ao Terreirão, segundo e último ponto de acampamento do lado mineiro.   O caminho é bem definido e não há bifurcações que possam causar dúvidas. Ele segue paralelo a um rio, que corre ao fundo de um vale, à esquerda de quem sobe. Fomos subindo e logo chegamos ao Terreirão, onde paramos para um lanche. O acampamento é bem amplo e ainda abriga uma pequena casa de pedras. Há estrutura com água, banheiro e tratamento biológico de esgoto.

Após a pequena pausa para o lanche e descanso, seguimos subindo. Passamos por um trecho bem erodido até que chegamos a discreta saída para o Cruz de Negro. Ainda pensei em dar um pulo lá, mas como falei no começo, regras... Seguimos caminho e mais a frente, optamos por fazer um roteiro diferente e pouco conhecido. Ao invés de seguir direto para o Bandeira, pegamos uma discreta saída para a direita e fomos em direção ao Cristal, passando pela borda direita do Calçado. Pegamos uma trilha pouco definida e marcada por totens ao longo do caminho. Um espetáculo! Havíamos deixado o trecho bem marcado para entrar num local pouco frequentado. A partir daí, caminhamos por uma grande laje, cortada por pontos de vegetação rasteira. Descemos um longo trecho, até que voltamos a subir por uma das vertentes do Cristal.

A vista para o Cristal era fantástica. De longe já me apaixonei pela montanha.  Algo difícil de explicar! Seguimos subindo até que chegamos ao pé da subida final. Dali, seguimos até o cume. O dia não estava dos melhores, mas pudemos ver os pontos de acampamento do Macieira e Casa Queimada, ambos em lado capixaba. O dia estava muito agradável. No cume, preparei um almoço reforçado, já estávamos há quase 4 horas caminhando, depois de uma noite de viagem... Tem que reforçar! Depois do almoço, descansamos um pouco e iniciamos a descida, pois ainda tínhamos um longo caminha a percorrer.

A descida do Cristal foi bem tranquila, e nem mal havia deixado-o, já sentia saudades... Começamos uma forte subida, até chegar á trilha que vem do lado capixaba. Algumas pessoas desciam do Bandeira, enquanto outras subiam. Uma situação bem diferente do caminho que havíamos feito horas mais cedo. O corpo já dava sinais de cansaço e o ritmo já não era mais o mesmo. Começamos a caminhar mais lentamente e a dar paradas mais longas que o normal. Mais alguns minutos e estávamos no Pico do Calçado. Pausa para uma foto e seguimos para o Bandeira, nosso grande objetivo.

O caminho foi bem tranquilo e quando chegamos ao cume, já havia muita gente. Mas como a hora avançava, aos poucos as pessoas começavam a ir embora. Enfim o barulho cessou e éramos só nós quatro. Aos pés a cruz, paramos para descansar e literalmente apaguei. Nesse momento já sentia um mal estar e uma forte dor de cabeça.  O corpo cobrava o preço da noite não dormida e mais um dia inteiro de caminhada.  Bom não tinha jeito... Era descansar um pouco e ver se melhorava...

Ouvimos um barulho forte bem ao fundo e as nuvens correndo forte. Sinal de chuva se aproximando... Já estava dado o aviso de retirada. Antes ainda, deu tempo de retirar um pouco do lixo que alguns mal educados haviam deixado... Dali, pegamos o caminho normal que segue para o Terreirão. Descemos bem rápido e logo começamos a cruzar com alguns grupos que haviam descido mais cedo, eles estavam bem lentos... mais abaixo passamos pelo ponto onde deixamos a trilha principal e assim fechamos o belo circuito.  Dali para baixo, foi meio que no piloto automático. Descemos num bom ritmo, até que retornamos novamente para o Terreirão.

Lá foi difícil... demos uma boa parada e um descanso merecido. Ouvimos a notícia de que havia chovido forte na parte de baixo, onde ficava o acampamento Tronqueira. Foi aí que lembrei que deixei a barraca aberta... Minha esperança foi de que alguém tivesse fechado. Mas também, não deixei nada dentro. Nesse caso seria só secar... Depois de um descanso merecido, foi fora de continuar descendo. Acho que foi a parte mais sofrida do dia... Começamos a caminhada e nada dela terminar... Tinha certeza que aumentaram alguns quilômetros!  Mais abaixo, uma bela e curta visão do por do sol. O tempo necessário para uma foto e ver as nuvens engolir a grande bola alaranjada.

Continuamos a descida até que finalmente chegamos! Fui direto ver o estado da barraca. Ainda bem que fecharam... Molhou um pouco, mas resolvi rápido o problema. Arrumei minhas coisas, tomei um remédio para dor de cabeça e fui logo para o banho. A água estava gelada. Gelada era pouco, estava congelante! O banho rápido deu uma revigorada e fomos preparar a janta. Ficamos batendo um papo até que o cansaço bateu de vez e foi hora de entrar no saco de dormir e literalmente apagar.... Afinal de contas, já estava a 36 horas sem dormir...

Acordei bem no domingo. A maioria das pessoas que estavam no acampamento haviam subido na madrugada para ver o sol nascer. Aproveitamos para arrumar nossas coisas com calma e nos preparar para o longo retorno. Visitamos ainda algumas cachoeiras e seguimos viagem. Uma final de semana intenso... É claro que valeu, mas poderia ter sido melhor. Do jeito que fizemos fica muito cansativo, mas era o tínhamos! Quem sabe no próximo ano não teremos um final de semana prolongado no Parque Nacional do Caparaó...












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