Por Leandro do Carmo
Morro do Açu e Alicate - Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Local: Petrópolis
Data: 08 e 09 de Abril de 2017
Participantes: Leandro do Carmo, Ary Carlos, Andréa Vivas, Flávia Figueiredo, Nazaré Coelho, Rafael Pereira, Tafarel Ramos, Gabriel e Rafael Vieira
O título desse relato era pra ser Portais de Hércules. Pelo
menos era a nossa programação, mas o tempo não deixou, adiou mais uma vez. Mas
nem por isso desistimos. Na montanha toda experiência é válida e sempre há algo
novo para fazer.
Aproveitando que o Taffarel abriu a atividade no Clube Niteroiense
de Montanhismo, resolvi me juntar ao grupo e ir aos Portais. Os Portais de Hércules ficam a cerca de 2 km
dos Castelos do Açu, em um pequeno desvio no caminho sentido Travessia
Petrópolis-Teresópolis, O percurso é relativamente curto. O lugar
é simplesmente um capricho natural, e, principalmente, geológico! Frente a
frente com a majestosa Serra dos Órgãos, avistando paredões rochosos de
aproximadamente 500 m de altura, seguida da Pedra do Garrafão, Agulha do Diabo,
São João, Santo Antônio, Cabeça de Peixe, Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora e
Escalavrado. Abaixo, quase 300 metros de vale, um abismo colossal de onde
emerge a Coroa do Frade, umas das montanhas mais bonitas do Parque, com 1.500 m
de altitude. Com certeza um dos mais belos mirantes da região.
Ingressos comprados, abrigo agendado, era só esperar o dia
chegar. Mas esquecemos de combinar com São Pedro... A previsão para o fim de
semana não era das melhores, mas como já estava tudo pago e pelas políticas da
empresa concessionária que administra o parque, não há devolução e nem podemos
reagendar, fomos assim mesmo. A viagem até Correas, Petrópolis, foi tranquila.
O tempo ainda estava firme, apesar de muitas nuvens. Chegamos à portaria do
Parque e fizemos os trâmites para a entrada. Com tudo pronto, foi hora de
começar a caminhada.
Seguimos por um belo e marcado caminho, margeando o rio.
Nesse primeiro trecho, fomos ganhando elevação bem lentamente, salvo em algumas
subidas mais fortes. Fomos seguindo até chegarmos na bifurcação que dá acesso a
Cachoeira Véu da Noiva. As vezes, costumo deixar a mochila e vou visitar essa imensa queda d’água. Vale muito a pena,
principalmente nos dias de calor. Como o dia não estava dos melhores,
resolvi seguir subindo. Fui à frente do grupo e na altura da Pedra do
Queijo, encontrei o Velhinho e meu irmão que estavam guiando um grupo na
Travessia Petrópolis x Teresópolis.
Na Pedra do Queijo parei para fazer algumas fotos e um
lanche rápido. As nuvens cobriam o Vale do Bonfim e não foi possível ver muita
coisa. Assim que a galera chegou batemos uma foto e continuei subindo e fui encontrar meu irmão
no Ajax. O tempo fechou mais um pouco e ameaçou cair uma chuva. Ainda faltava a subida da Isabeloca, talvez a
pior do dia. Fui cadenciando a subida, naquele ritmo constante. Fazia pouco
tempo que havia sido feito um manejo na trilha, exatamente na subida da Isabeloca. Como o trecho estava bem erodido, o trabalho veio na hora certa.
Enfim chegamos ao alto da Isabeloca. O trecho mais forte
havia passado. No alto do chapadão podíamos ver parte da Baia de Guanabara e
bem ao fundo, Niterói. O tempo não permitia mais que isso. Estava ventando um
pouco mais e a chuva começou. Veio fraca, mas o suficiente para molhar.
Coloquei o poncho e segui andando. A partir daí, não há grandes desníveis.
Antigamente, muita gente sentia dificuldade devido aos trechos de lajeado, mas
hoje em dia está tão marcado, que até a rocha tem uma linha branca, ficando
difícil se perder.
Fomos andando com aquela chuvinha fraca até que avistei de longe
os Castelos do Açu. Não conseguia ver o cruzeiro no alto do Morro do Açu, as
nuvens baixas atrapalhavam muito. Mais em baixo já podíamos ver o
Abrigo do Açu e fui direto prá lá. Cheguei molhado e rapidamente tirei a roupa
e fui para o banho. Como já estava molhado, ataquei a água fria. Na verdade,
ser tivesse frio, estaria bom, o problema que a água estava a ponto de
congelar, mas encarei assim mesmo!
Ficamos o restante do dia dentro do abrigo pois o tempo
ficou ruim, não dando espaço para nenhum passeio. No começo da noite a chuva
apertou e apareceram algumas pessoas bem molhadas que estavam passando um
sufoco na área de camping. A chuva era tanta que a barraca não aguentou.
Levantaram acampamento e foram pedir ajuda no abrigo. Acabaram dormindo embaixo
da escada, mas pelo menos estavam secos
e sem frio.
Ainda restava uma esperança de conseguirmos ver o nascer do
sol dos Portais de Hércules. Combinamos de acordar na madrugada e ver as
condições do tempo. Sem mais nada para fazer, fui dormir. De madrugada, ainda
ouvia o barulho da chuva. Nem me mexi quando os celulares começaram a
despertar. Na posição em que estava, fiquei. A manhã chegou e aos poucos todos
foram levantando. Deixei minha mochila arrumada e fui tomar o café da manhã.
Dei um volta pelo abrigo e pelos Castelos do Açu. Estava bem molhado e às vezes
caía uma chuva fraca.
Foi dando a hora de voltar... Como não tínhamos ido aos
Portais, resolvi ir ao Alicate na descida. Pegamos o caminho de volta. Tudo bem
fechado, não tivemos muita coisa para fazer. Demos uma volta completa pelos
Castelos do Açu e seguimos caminho de volta. No Alto da Isabeloca, comecei a ir
na frente do grupo. O Rafael se juntou a mim. Depois que passamos pela Pedra do
Queijo, pegamos uma saída bem discreta à direita em direção ao vale entre a
trilha e o Alicate.
Deixamos a mochila num canto e seguimos descendo. O caminho
é bastante íngreme, principalmente nesse trecho inicial. Estava tudo molhado e
escorregadio. Todo cuidado era pouco. No fundo do vale passa um córrego e ao
fundo a Cachoeira do Alicate. Tentamos ir lá, mas tinham muitas árvores caídas
no caminho. Resolvemos deixar para outro dia. Nosso objetivo era o cume do
Alicate.
Voltamos e atravessamos o córrego e começamos a subir. A
partir daquele ponto, seria só subida até o cume. o caminho é bem diferente das
principais trilhas do PARNASO, um caminho mais fechado, porém sem bifurcações
que possam trazer dúvidas. Fomos subindo e logo chegamos ao cume. Com certeza
teríamos um belo visual se as nuvens permitissem. De vez em quando, podíamos
ver parte do Vale do Bonfim ao fundo. Mais alguns minutos de caminhada e estávamos no cume. Descansamos um pouco e assinamos o livro de cume. Fui até um mirante que está do lado oposto e de lá pude ver a
cachoeira Véu da Noiva bem pequena. Um espetáculo. Vi o Pico do Glória, já
pensando numa próxima investida...
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