Por Leandro do Carmo
Sabe quando uma criança ganha um brinquedo novo e quer logo
brincar com ele? Pois é... Foi assim que eu estava me sentido. Havia comprado
um carro novo e queria mesmo era colocar o carro pra andar. Apesar de não ser
uma viagem longa, aproveitei que a galera do Clube Niteroiense de Montanhismo
estaria por lá e que seria um feriado prolongado, fui passar o
final de semana nesse paraíso.
Para quem não conhece, o Parque Estadual dos Três Picos é o
maior parque estadual do Rio de Janeiro, com 46.350 hectares. Situado nos
municípios de Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim, Silva Jardim e Cachoeiras
de Macacu, o parque visa preservar o cinturão central de Mata Atlântica do
Estado. Em suas densas matas foram encontrados os mais elevados índices de biodiversidade
em todo o Estado, sendo considerada uma região da mais elevada prioridade, em
termos de conservação, pelos especialistas. A criação do Parque com suas
montanhas de expressão, Caledônia, Pedra do Faraó, Torres de Bonsucesso, Mulher
de Pedra e os próprios Três Picos, entre muitas outras, é de grande
importância, não só para a região e de seus moradores, como para todos os que o
visitam.
Fui com meu tio Renato. Saímos bem cedo de casa pois
queríamos chegar rápido para aproveitar mais. A viagem foi bem tranquila e
rápida. Fomos por Teresópolis. Passei no Abrigo Três Picos para ver se o
Zezinho estava em casa, mas não encontrei ninguém. Segui subindo. Minha ideia
era deixar o carro lá no Mascarim. Após a porteira que dá acesso ao Mascarim,
parei para acionar o 4x4 e segui
subindo. A estrada até que não estava muito ruim e subi bem rápido. Dali
seguimos andando até o Vale dos Deuses. Dessa vez não economizei no peso. Levei
tudo que eu queria, o peso da minha mochila deveria estar na casa dos 20kg. Ainda bem que a caminhada é curta,
cerca de 40 min.
No Vale dos Deuses, armamos as barracas e fui dar uma volta.
O dia estava ótimo e ficaria assim durante todo o final de semana. Esse final
de semana tirei para não fazer absolutamente nada. Não programei nenhuma trilha
ou escalada. Fui para ficar literalmente à toa... Eu e meu tio montamos uma
pequena mesa com galhos, o que nos ajudaria bastante nesses dias. O dia foi passando e algumas pessoas iam
chegando. Pensei que a área de camping fosse ficar cheia, mas acabou que não. A
noite chegou e com isso o frio também. Ficamos batendo um papo até entrei na
barraca para dormir.
O dia amanheceu firme, porém frio. Fiquei esperando o sol
aparecer e acabou que demorou um pouco devido a uma nuvem. Mas quando ele saiu,
deu aquela esquentada. Não tem nada
melhor do que pegar um sol depois de uma noite de frio. Enquanto o dia passava,
mais gente ia chegando. Assim que o Marcelo chegou, ajudei-o a pegar mais
algumas coisas no carro. Deu um reforço generoso na comida, valendo a pena a
viagem. Depois do almoço, uns foram ao Cabeça do Dragão, outros ficaram por ali
mesmo. Eu fui à Caixinha de Fósforo. Uma impressionante formação rochosa. Uma
grande rocha equilibrada em uma pequena base. De vez em quando parece que vai
cair... Bati algumas fotos e voltei para o camping, passando antes em um trecho
onde o córrego que nasce perto da área de camping, forma um pequeno poço, que
até para um banho nos dias mais quentes.
Voltei e preparei meu almoço. Ficamos batendo um papo até o
final da tarde. Aproveitei para ir à base
da Rodolpho Chermont, uma das vias
mais curtas e acessíveis para se chegar ao topo do Capacete. Na volta, desci
rápido para dar uma aquecida e enfrentar o banho gelado. Deu certo! Cheguei
suado e com calor. Peguei a toalha e fui direto para o banho. Mas o calor durou
pouco. Foi só abrir a água do chuveiro... A água parecia que iria furar o couro
cabeludo. Agilizei o banho...
Durante o jantar, combinamos de ver o sol nascer do cume do
Cabeça do Dragão. Tínhamos que acordar cedo. Ficamos ainda batendo um papo numa
noite bem agradável. A hora foi passando e fui para a barraca dormir. Na
madrugada o relógio despertou. Até pensei em desistir, mas saí do saco de
dormir. Peguei a pequena mochila que havia deixado arrumada na véspera. Tinham
algumas pessoas em volta. Chamei alguns e fui subindo com que já estava
acordado. Como a trilha é curta e não tem muita dificuldade, não teria problema
em irmos separados. Subi rápido e chegamos no cume ainda noite. Tivemos que
esperar um pouco. Aproveitei para fazer um café. Ventava um pouco e procurei um
local mais abrigado. O frio estava incomodando um pouco, mas assim que me
abriguei do vento, fiquei mais confortável.
Aos poucos, o negro da noite, foi dando espaço a um
avermelhado no horizonte. As luzes da cidade contrastavam com o branco das
nuvens, formando uma obra de arte. No horizonte, a cor azulada foi predominando
e uma linha avermelhada foi se formando. O espetáculo não dura muito. Assim que
o sol nasceu a paisagem mudou de forma. O relevo foi aparecendo como uma
revelação fotográfica. Olhando para os Três Picos, percebi o quanto ele fica
iluminado pelo sol. Não faltaram fotos para registrar o momento.
Com o dia completamente claro, foi hora de descer. A
caminhada foi rápida e logo estávamos de volta. Ao chegar no acampamento uma
coisa engraçada. O Marcelo esqueceu a barraca aberta e dois cachorros que
estavam rodando o local entraram e fizeram a festa na comida. Deram um bom
desfalque, principalmente nas coisas que estavam abertas. Nada que prejudicasse
as refeições.
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