quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

De volta à Três Picos

Por Leandro do Carmo

Sabe quando uma criança ganha um brinquedo novo e quer logo brincar com ele? Pois é... Foi assim que eu estava me sentido. Havia comprado um carro novo e queria mesmo era colocar o carro pra andar. Apesar de não ser uma viagem longa, aproveitei que a galera do Clube Niteroiense de Montanhismo estaria por lá e que seria um feriado prolongado, fui passar o final de semana nesse paraíso.

Para quem não conhece, o Parque Estadual dos Três Picos é o maior parque estadual do Rio de Janeiro, com 46.350 hectares. Situado nos municípios de Teresópolis, Nova Friburgo, Guapimirim, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu, o parque visa preservar o cinturão central de Mata Atlântica do Estado. Em suas densas matas foram encontrados os mais elevados índices de biodiversidade em todo o Estado, sendo considerada uma região da mais elevada prioridade, em termos de conservação, pelos especialistas. A criação do Parque com suas montanhas de expressão, Caledônia, Pedra do Faraó, Torres de Bonsucesso, Mulher de Pedra e os próprios Três Picos, entre muitas outras, é de grande importância, não só para a região e de seus moradores, como para todos os que o visitam.

Fui com meu tio Renato. Saímos bem cedo de casa pois queríamos chegar rápido para aproveitar mais. A viagem foi bem tranquila e rápida. Fomos por Teresópolis. Passei no Abrigo Três Picos para ver se o Zezinho estava em casa, mas não encontrei ninguém. Segui subindo. Minha ideia era deixar o carro lá no Mascarim. Após a porteira que dá acesso ao Mascarim, parei para acionar o 4x4  e segui subindo. A estrada até que não estava muito ruim e subi bem rápido. Dali seguimos andando até o Vale dos Deuses. Dessa vez não economizei no peso. Levei tudo que eu queria, o peso da minha mochila deveria estar na casa dos  20kg. Ainda bem que a caminhada é curta, cerca de 40 min.

No Vale dos Deuses, armamos as barracas e fui dar uma volta. O dia estava ótimo e ficaria assim durante todo o final de semana. Esse final de semana tirei para não fazer absolutamente nada. Não programei nenhuma trilha ou escalada. Fui para ficar literalmente à toa... Eu e meu tio montamos uma pequena mesa com galhos, o que nos ajudaria bastante nesses dias.  O dia foi passando e algumas pessoas iam chegando. Pensei que a área de camping fosse ficar cheia, mas acabou que não. A noite chegou e com isso o frio também. Ficamos batendo um papo até entrei na barraca para dormir.

O dia amanheceu firme, porém frio. Fiquei esperando o sol aparecer e acabou que demorou um pouco devido a uma nuvem. Mas quando ele saiu, deu aquela esquentada.  Não tem nada melhor do que pegar um sol depois de uma noite de frio. Enquanto o dia passava, mais gente ia chegando. Assim que o Marcelo chegou, ajudei-o a pegar mais algumas coisas no carro. Deu um reforço generoso na comida, valendo a pena a viagem. Depois do almoço, uns foram ao Cabeça do Dragão, outros ficaram por ali mesmo. Eu fui à Caixinha de Fósforo. Uma impressionante formação rochosa. Uma grande rocha equilibrada em uma pequena base. De vez em quando parece que vai cair... Bati algumas fotos e voltei para o camping, passando antes em um trecho onde o córrego que nasce perto da área de camping, forma um pequeno poço, que até para um banho nos dias mais quentes.

Voltei e preparei meu almoço. Ficamos batendo um papo até o final da tarde. Aproveitei para ir à base
da Rodolpho Chermont, uma das vias mais curtas e acessíveis para se chegar ao topo do Capacete. Na volta, desci rápido para dar uma aquecida e enfrentar o banho gelado. Deu certo! Cheguei suado e com calor. Peguei a toalha e fui direto para o banho. Mas o calor durou pouco. Foi só abrir a água do chuveiro... A água parecia que iria furar o couro cabeludo. Agilizei o banho...

Durante o jantar, combinamos de ver o sol nascer do cume do Cabeça do Dragão. Tínhamos que acordar cedo. Ficamos ainda batendo um papo numa noite bem agradável. A hora foi passando e fui para a barraca dormir. Na madrugada o relógio despertou. Até pensei em desistir, mas saí do saco de dormir. Peguei a pequena mochila que havia deixado arrumada na véspera. Tinham algumas pessoas em volta. Chamei alguns e fui subindo com que já estava acordado. Como a trilha é curta e não tem muita dificuldade, não teria problema em irmos separados. Subi rápido e chegamos no cume ainda noite. Tivemos que esperar um pouco. Aproveitei para fazer um café. Ventava um pouco e procurei um local mais abrigado. O frio estava incomodando um pouco, mas assim que me abriguei do vento, fiquei mais confortável.

Aos poucos, o negro da noite, foi dando espaço a um avermelhado no horizonte. As luzes da cidade contrastavam com o branco das nuvens, formando uma obra de arte. No horizonte, a cor azulada foi predominando e uma linha avermelhada foi se formando. O espetáculo não dura muito. Assim que o sol nasceu a paisagem mudou de forma. O relevo foi aparecendo como uma revelação fotográfica. Olhando para os Três Picos, percebi o quanto ele fica iluminado pelo sol. Não faltaram fotos para registrar o momento.

Com o dia completamente claro, foi hora de descer. A caminhada foi rápida e logo estávamos de volta. Ao chegar no acampamento uma coisa engraçada. O Marcelo esqueceu a barraca aberta e dois cachorros que estavam rodando o local entraram e fizeram a festa na comida. Deram um bom desfalque, principalmente nas coisas que estavam abertas. Nada que prejudicasse as refeições.

Ficamos ainda por ali batendo um papo. Uma parte do grupo foi ao Pico Médio e Menor. E, optei por ficar ali sem fazer nada, esperando o tempo passar. Não tínhamos hora para ir embora, mas fomos arrumando as coisas e depois de tudo pronto, seguimos até o carro e de lá pegamos o caminho de volta. Um belo final de semana! Até a próxima

Vista do vale

Vale dos Deuses

Cume do Cabeça de Dragão

Na base da Caixinha de Fósforo

Vale dos Frades ao fundo

Nascer do sol no Cabeça de Dragão

Descida do Cabeça de Dragão

Capacete, Pico Maior e Médio

Caminho até o Vale dos Deuses

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