quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ

Por Leandro do Carmo

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ

Local: Rio de Janeiro
Data: 20/12/2017
Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P. Blanco, Marcos Velhinho e Alexandre Xavier


Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Vista da base da via






Dicas para escalar a Via K2

Uma das clássicas do Rio de Janeiro, com diversas técnicas como fendas, diedros, agarras e aderências. É relativamente curta, com cinco enfiadas e um visual fantástico.

A primeira enfiada segue por um grande diedro protegido por proteções fixas. A segunda enfiada segue numa horizontal para a esquerda com agarras. A vista nesse ponto chegar a dar calafrios. Chega a uma parada dupla, antes do lance do “Crucifixo”, muitos param ali.  Existe a opção de fazer a K3, uma variante que segue o diedro da primeira enfiada, após a primeira dupla de grampos, graduada em 6ºsup e protegida em móvel, com cerca de 20 metros. A terceira enfiada é bem tranquila e segue até o platô antes do lance do “Palavrão”. Na quarta enfiada, saímos para o lance do “Plavrão”. O lance é relativamente tranquilo, mas bem exposto. Como não tem proteção, muitos acidentes já aconteceram no local.  Uma queda, leva o guia direto à base. Após o lance do “Palavrão”, segue-se numa diagonal para a esquerda, até entrar um grande laca e subir num lance meio exposto até um grampo logo acima, seguindo, novamente numa horizontal para a esquerda, até um confortável platô. A última enfiada é uma retinha, até a esquerda da estrutura de contenção, onde pegamos um pequena trilha até os pés do Cristo Redentor.

Levar pelo menos umas 7 a 8 costuras e peças ajudam a diminuir a exposição em alguns lances.
Há um estacionamento lá no alto, próximo ao centro de visitantes, mas pode acontecer de não ter mais vaga, pois é pequeno. Lembre-se que finais de semana costuma ficar muito cheio. Depois que o acesso ao Cristo fecha, as vans somem e fica tudo deserto. O melhor horário é na parte da tarde. A partir das 14h já tem sombra. Evite deixar coisas de valor no carro, principalmente se começar a escalar muito tarde e for descer a noite.

Vídeo

Como chegar à base da via K2

Subir a Estrada das Paineiras, até o ponto onde param as vans. Há um estacionamento no local, mas nem sempre há vaga. Dali pegar a estra que continua subindo até o Cristo e numa curva acentuada para a direita, pegar a trilha na margem esquerda, na cerca de cimento. Seguir contornando a parede até a base.

Relato da escalada na Via K2

Essa foi uma via que estava há anos para eu fazer. Cheguei a marcar diversas vezes, mas sempre acontecia alguma coisa que não podia ir. Mas dessa vez foi diferente. Estava de férias e topando qualquer coisa. Achar alguém para escalar no meio da semana não é uma das tarefas mais fáceis. O Blanco havia ido lá alguns dias antes e estava na pilha de voltar para mandar a variante K3. Quando ele fez o convite, logo topei. Se juntaram a nós o Velhinho e o Alexandre.

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
No caminho...
Marcamos de nos encontrar as 13:00 lá em cima, no ponto final das vans. O Velhinho passou na minha casa e de lá seguimos. O trânsito estava bom e rapidamente chegamos em Laranjeiras. Eu, nem o velhinho lembrávamos muito bem do caminho, mas fomos seguindo o aplicativo. Na subida, já em Cosme Velho, quase fomos literalmente parados por algumas pessoas que diziam não poder subir de carro, provavelmente querendo oferecer algum serviço de transporte alternativo. Só não sabiam que não éramos turistas. Primeira má impressão no, talvez, maior cartão postal do país...

Seguimos subindo até chegar à estação do trem do Corcovado. Para quem vai de carro, é o ponto final. Entramos num estacionamento e fomos recebidos por um guardador de carro que não era do Parque Nacional da Tijuca. Haviam algumas pessoas estranhas no local, mas nada de mais, principalmente pra gente que já conhece como funciona. Conversamos com ele e resolvemos deixar o carro ali mesmo. O Blanco avisou que iria atrasar um pouco, então fomos fazer um lanche.

Escalada na Via K2 - Corcovado RJDepois de um tempo, o Blanco chegou com o Alexandre e seguimos para o início da trilha. Fomos subindo pela estrada, até que chegamos ao ponto de uma curva bem acentuada para a direita. O início da trilha fica na margem esquerda da estrada, numa mureta de concreto. Entramos na trilha e fomos andando com parede do Corcovado bem a direita. A trilha foi bem tranquila e está bem marcada. Há alguns pequenos trechos com erosão, mas nada que atrapalhe muito.

Mais alguns minutos estávamos na base. O dia estava quente e aberto. Mas faz sombra nessa face e a via fica totalmente sem sol. Ali na base, nos arrumamos e dividimos a cordada. Não tínhamos costuras suficientes para duas cordadas. Por uma falha de comunicação, não sabíamos que faríamos duas cordadas. Dividimos o material que tínhamos e optamos por deixar as costuras nos grampos para a segunda cordada. Assim não teríamos problemas. A vista da base já impressionava, o prenúncio do que iria encontrar pela frente.

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Primeira enfiada
Me preparei primeiro e saí para guiar a primeira enfiada, com a segurança do Blanco. O primeiro lance segue no domínio de uma grande laca, logo na base, costurando bem acima. Dali até o segundo grampo tem um lance bem delicado, onde temos que usar uma fissura para colocar o pé, até progredir e chegar ao segundo grampo. Uma queda ali, me levaria quase na base. Passei o lance e dei uma descansada até seguir subindo. Foi o aquecimento necessário. Ora em oposição, ora em agarras, fui subindo num bom ritmo. O diedro é bem bonito e são poucos os pontos onde não conseguimos encaixar a mão. Parei na primeira dupla de grampos, pois dali, o Blanco seguiria guiando na variante K3.  A vista era coisa de louco! Como já começamos a escalar bem alto, dá a impressão que fazemos um verdadeiro BigWall. O Alexandre veio subindo em seguida e teve um pouco de dificuldade para passar o lance inicial. Chegaram mais duas pessoas para escalar, mas acabaram desistindo, visto que, além do Alexandre, faltava ainda o Velhinho e o Blanco a subirem.

Depois que o Alexandre chegou na parada. O Velhinho começou a subir. Passou por mim e foi direto para a próxima parada dupla. Logo em seguida, subiu o Blanco e parou onde eu estava. Agora, o Alexandre seguiu para a parada onde o Velhinho montou a parada, logo abaixo do lance do “Crucifixo”.. Havíamos mudado de parceiros. O Blanco se preparou para guiar a variante e separou as peças, visto que esse trecho não possui grampos, devendo ser todo protegido em móvel. É a continuação natural do diedro inicial, um pouco mais difícil, com crux de 6ºsup.

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Blanco na variante K3
O Blanco saiu da parada e subiu bem, antes de colocar o primeiro camalot. Tentou seguir, mas voltou
um pouco e melhorou a proteção. Seguiu subindo, colocou mais algumas peças e voltou para a parada. Descansou um pouco e daí, tocou direto até o grampo onde montou a parada. Era a minha vez de subir. Como estava com corda de cima, não me preocupei muito. Tinha a chance de arriscar mais. Segui subindo. Fui sacando as peças e progredindo lentamente. Até passar pelo crux. É preciso esticar a mão e encaixar na fissura, num bico quebrado. Olhando de baixo, nem parece, mas a pega é excelente. Tem que encaixar bem a mão, senão, ela pode escapar. Colocada a mão e certificado que estava firme, foi só correr para o abraço, ou melhor, para a parada.

Quando cheguei à parada, peguei mais algumas costuras e continuei a escalada. Saí da parada meio estranho e dei um passo abaixo, voltando a subir certo, pegando uma boa agarra na direita. Foi dominar e subir. Não deixa de olhar para baixo nem um minuto. A altura impressionava cada vez mais. A vista, fantástica como sempre, dava um choque de adrenalina que precisava. Continuei subindo, agora em lances mais fáceis e com boas agarras, até chegar ao platô, antes do lance do Palavrão. De lá, dei segurança para o Blanco. O Velhinho chegou logo em seguida e o Blanco veio dando uma ajuda para o Alexandre.

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Leandro no lance do
"Palavrão"
O platô é bem confortável e nos acomodamos bem. Para o conhecido lance do “Palavrão”, peguei algumas peças com Blanco, pois é uma subida sem proteção fixa e uma queda ali, leva direto ao platô. Esse ponto já fez algumas vítimas... Foram alguns tornozelos e  pés quebrados e alguns resgates... Não queria fazer parte da estatística! Segui subindo e com boas agarras. Coloquei um camalot, não me recordo o número, e segui tranquilo. Passei o temido lance sem dificuldades... Segui numa horizontal para a esquerda, até chegar numa grande laca, onde coloquei mais uma peça e subi até o platô, abaixo da estrutura de contenção. Montei a parada. O Velhinho veio guiando e em seguida o Blanco e o Alexandre. Só depois de todos no platô que o Velhinho me disse que caíra antes de costurar a proteção colocada no “Palavrão”. Sorte que nada aconteceu.

Dali, subi a retinha final, num lance com pequenas agarras. Montei a parada numa árvore e esperei a galera subir. O lance final não é de graça... Quem vai achando que já terminou a via, se engana... O dia estava chegando ao fim e depois de todo o calor, um vento forte até ameaçou fazer um friozinho, mas ficou só na ameaça. Depois de todos na parada, seguimos subindo até o Cristo Redentor, que ainda não estava iluminado. É uma trilha curta que chega, literalmente aos seus pés. O local estava completamente vazio, salvo por algumas pessoas que estavam fazendo uma filmagem no local com um drone. O horário de visitação já havia acabado.

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Chegada ao Cristo Redentor
Nunca havia ido ao Cristo. A vista é realmente fantástica. Impossível não se encantar com a Cidade Maravilhosa... Apesar de todos os problemas, olhando lá de cima parecia que estávamos num paraíso. Fomos apressados a descer pelo responsável do local. Descemos ainda equipados até o ponto onde param as vans. Achávamos que ganharíamos uma carona, mas ficamos na saudade. Assim que cruzamos o portão, paramos para nos desequipar e arrumar as mochilas. Descemos a estrada até pegarmos a linha do trem e descer reto até a estação, onde o carro estava estacionado. Daí, foi enfrentar o crux da escalada: o trânsito de volta para Niterói! Mas depois desse dia, nada podia mudar o meu humor. Missão cumprida!!!

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Na nossa primeira parada

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Leandro escalando o último lance

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Na primeira parada

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Finalizando a variante K3

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Leandro acima e o Alexandre abaixo

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
No platô, já perto do final

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Vista da via

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Visual

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Base da via ao fundo

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Marcos Velhinho guiando a primeira enfiada

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Marcos Velhinho na Horizontal

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Visual

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Visual

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Aos pés do Cristo Redentor

Escalada na Via K2 - Corcovado RJ
Visual do Cristo Redentor, com Niterói ao fundo.

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