Local: Rio de Janeiro
Data: 20/12/2017 Participantes: Leandro do Carmo, Blanco P. Blanco, Marcos Velhinho e Alexandre Xavier
Vista da base da via
Dicas para escalar a Via K2
Uma das clássicas do Rio de Janeiro, com diversas
técnicas como fendas, diedros, agarras e aderências. É relativamente curta,
com cinco enfiadas e um visual fantástico.
A primeira enfiada segue por um grande diedro protegido por
proteções fixas. A segunda enfiada segue numa horizontal para a esquerda com
agarras. A vista nesse ponto chegar a dar calafrios. Chega a uma parada dupla,
antes do lance do “Crucifixo”, muitos param ali. Existe a opção de fazer a K3, uma variante que
segue o diedro da primeira enfiada, após a primeira dupla de grampos, graduada
em 6ºsup e protegida em móvel, com cerca de 20 metros. A terceira enfiada é bem
tranquila e segue até o platô antes do lance do “Palavrão”. Na quarta enfiada,
saímos para o lance do “Plavrão”. O lance é relativamente tranquilo, mas bem
exposto. Como não tem proteção, muitos acidentes já aconteceram no local. Uma queda, leva o guia direto à base. Após o
lance do “Palavrão”, segue-se numa diagonal para a esquerda, até entrar um
grande laca e subir num lance meio exposto até um grampo logo acima, seguindo,
novamente numa horizontal para a esquerda, até um confortável platô. A última enfiada
é uma retinha, até a esquerda da estrutura de contenção, onde pegamos um
pequena trilha até os pés do Cristo Redentor.
Levar pelo menos umas 7 a 8 costuras e peças ajudam a
diminuir a exposição em alguns lances.
Há um estacionamento lá no alto, próximo ao centro de
visitantes, mas pode acontecer de não ter mais vaga, pois é pequeno. Lembre-se
que finais de semana costuma ficar muito cheio. Depois que o acesso ao Cristo
fecha, as vans somem e fica tudo deserto. O melhor horário é na parte da tarde.
A partir das 14h já tem sombra. Evite deixar coisas de valor no carro,
principalmente se começar a escalar muito tarde e for
descer a noite.
Vídeo
Como chegar à base da via K2
Subir a Estrada das Paineiras, até o ponto onde param as
vans. Há um estacionamento no local, mas nem sempre há vaga. Dali pegar a estra
que continua subindo até o Cristo e numa curva acentuada para a direita, pegar
a trilha na margem esquerda, na cerca de cimento. Seguir contornando a parede
até a base.
Relato da escalada na Via K2
Essa foi uma via que estava há anos para eu fazer. Cheguei a
marcar diversas vezes, mas sempre acontecia alguma coisa que não podia ir. Mas
dessa vez foi diferente. Estava de férias e topando qualquer coisa. Achar
alguém para escalar no meio da semana não é uma das tarefas mais fáceis. O
Blanco havia ido lá alguns dias antes e estava na pilha de voltar para mandar a
variante K3. Quando ele fez o convite, logo topei. Se juntaram a nós o Velhinho
e o Alexandre.
No caminho...
Marcamos de nos encontrar as 13:00 lá em cima, no ponto
final das vans. O Velhinho passou na minha casa e de lá seguimos. O trânsito
estava bom e rapidamente chegamos em Laranjeiras. Eu, nem o velhinho
lembrávamos muito bem do caminho, mas fomos seguindo o aplicativo. Na subida,
já em Cosme Velho, quase fomos literalmente parados por algumas pessoas que
diziam não poder subir de carro, provavelmente querendo oferecer algum serviço
de transporte alternativo. Só não sabiam que não éramos turistas. Primeira má
impressão no, talvez, maior cartão postal do país...
Seguimos subindo até chegar à estação do trem do Corcovado.
Para quem vai de carro, é o ponto final. Entramos num estacionamento e fomos
recebidos por um guardador de carro que não era do Parque Nacional da Tijuca.
Haviam algumas pessoas estranhas no local, mas nada de mais, principalmente pra
gente que já conhece como funciona. Conversamos com ele e resolvemos deixar o
carro ali mesmo. O Blanco avisou que iria atrasar um pouco, então fomos fazer
um lanche.
Depois de um tempo, o Blanco chegou com o Alexandre e
seguimos para o início da trilha. Fomos subindo pela estrada, até que chegamos
ao ponto de uma curva bem acentuada para a direita. O início da trilha fica na
margem esquerda da estrada, numa mureta de concreto. Entramos na trilha e fomos
andando com parede do Corcovado bem a direita. A trilha foi bem tranquila e
está bem marcada. Há alguns pequenos trechos com erosão, mas nada que atrapalhe
muito.
Mais alguns minutos estávamos na base. O dia estava quente e
aberto. Mas faz sombra nessa face e a via fica totalmente sem sol. Ali na base,
nos arrumamos e dividimos a cordada. Não tínhamos costuras suficientes para
duas cordadas. Por uma falha de comunicação, não sabíamos que faríamos duas
cordadas. Dividimos o material que tínhamos e optamos por deixar as costuras
nos grampos para a segunda cordada. Assim não teríamos problemas. A vista da
base já impressionava, o prenúncio do que iria encontrar pela frente.
Primeira enfiada
Me preparei primeiro e saí para guiar a primeira enfiada,
com a segurança do Blanco. O primeiro lance segue no domínio de uma grande
laca, logo na base, costurando bem acima. Dali até o segundo grampo tem um
lance bem delicado, onde temos que usar uma fissura para colocar o pé, até
progredir e chegar ao segundo grampo. Uma queda ali, me levaria quase na base.
Passei o lance e dei uma descansada até seguir subindo. Foi o aquecimento
necessário. Ora em oposição, ora em agarras, fui subindo num bom ritmo. O
diedro é bem bonito e são poucos os pontos onde não conseguimos encaixar a mão.
Parei na primeira dupla de grampos, pois dali, o Blanco seguiria guiando na
variante K3. A vista era coisa de louco!
Como já começamos a escalar bem alto, dá a impressão que fazemos um verdadeiro
BigWall. O Alexandre veio subindo em seguida e teve um pouco de dificuldade
para passar o lance inicial. Chegaram mais duas pessoas para escalar, mas
acabaram desistindo, visto que, além do Alexandre, faltava ainda o Velhinho e o
Blanco a subirem.
Depois que o Alexandre chegou na parada. O Velhinho começou
a subir. Passou por mim e foi direto para a próxima parada dupla. Logo em
seguida, subiu o Blanco e parou onde eu estava. Agora, o Alexandre seguiu para
a parada onde o Velhinho montou a parada, logo abaixo do lance do “Crucifixo”..
Havíamos mudado de parceiros. O Blanco se preparou para guiar a variante e
separou as peças, visto que esse trecho não possui grampos, devendo ser todo
protegido em móvel. É a continuação natural do diedro inicial, um pouco mais
difícil, com crux de 6ºsup.
Blanco na variante K3
O Blanco saiu da parada e subiu bem, antes de colocar o
primeiro camalot. Tentou seguir, mas voltou
um pouco e melhorou a proteção.
Seguiu subindo, colocou mais algumas peças e voltou para a parada. Descansou um
pouco e daí, tocou direto até o grampo onde montou a parada. Era a minha vez de
subir. Como estava com corda de cima, não me preocupei muito. Tinha a chance de
arriscar mais. Segui subindo. Fui sacando as peças e progredindo lentamente.
Até passar pelo crux. É preciso esticar a mão e encaixar na fissura, num bico
quebrado. Olhando de baixo, nem parece, mas a pega é excelente. Tem que encaixar
bem a mão, senão, ela pode escapar. Colocada a mão e certificado que estava
firme, foi só correr para o abraço, ou melhor, para a parada.
Quando cheguei à parada, peguei mais algumas costuras e
continuei a escalada. Saí da parada meio estranho e dei um passo abaixo,
voltando a subir certo, pegando uma boa agarra na direita. Foi dominar e subir.
Não deixa de olhar para baixo nem um minuto. A altura impressionava cada vez
mais. A vista, fantástica como sempre, dava um choque de adrenalina que
precisava. Continuei subindo, agora em lances mais fáceis e com boas agarras,
até chegar ao platô, antes do lance do Palavrão. De lá, dei segurança para o
Blanco. O Velhinho chegou logo em seguida e o Blanco veio dando uma ajuda para
o Alexandre.
Leandro no lance do
"Palavrão"
O platô é bem confortável e nos acomodamos bem. Para o
conhecido lance do “Palavrão”, peguei algumas peças com Blanco, pois é uma
subida sem proteção fixa e uma queda ali, leva direto ao platô. Esse ponto já
fez algumas vítimas... Foram alguns tornozelos e pés quebrados e alguns resgates... Não queria
fazer parte da estatística! Segui subindo e com boas agarras. Coloquei um
camalot, não me recordo o número, e segui tranquilo. Passei o temido lance sem
dificuldades... Segui numa horizontal para a esquerda, até chegar numa grande
laca, onde coloquei mais uma peça e subi até o platô, abaixo da estrutura de
contenção. Montei a parada. O Velhinho veio guiando e em seguida o Blanco e o
Alexandre. Só depois de todos no platô que o Velhinho me disse que caíra antes
de costurar a proteção colocada no “Palavrão”. Sorte que nada aconteceu.
Dali, subi a retinha final, num lance com pequenas agarras.
Montei a parada numa árvore e esperei a galera subir. O lance final não é de
graça... Quem vai achando que já terminou a via, se engana... O dia estava
chegando ao fim e depois de todo o calor, um vento forte até ameaçou fazer um
friozinho, mas ficou só na ameaça. Depois de todos na parada, seguimos subindo
até o Cristo Redentor, que ainda não estava iluminado. É uma trilha curta que
chega, literalmente aos seus pés. O local estava completamente vazio, salvo por
algumas pessoas que estavam fazendo uma filmagem no local com um drone. O
horário de visitação já havia acabado.
Chegada ao Cristo Redentor
Nunca havia ido ao Cristo. A vista é realmente fantástica.
Impossível não se encantar com a Cidade Maravilhosa... Apesar de todos os
problemas, olhando lá de cima parecia que estávamos num paraíso. Fomos
apressados a descer pelo responsável do local. Descemos ainda equipados até o
ponto onde param as vans. Achávamos que ganharíamos uma carona, mas ficamos na
saudade. Assim que cruzamos o portão, paramos para nos desequipar e arrumar as
mochilas. Descemos a estrada até pegarmos a linha do trem e descer reto até a
estação, onde o carro estava estacionado. Daí, foi enfrentar o crux da
escalada: o trânsito de volta para Niterói! Mas depois desse dia, nada podia
mudar o meu humor. Missão cumprida!!!
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