Por Leandro do Carmo
Escalada na Via Moby Dick no estilo Aventura!
Local: Morro do Morcego - Jurujuba - Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Claudney Neves
Material necessário: 7 costuras e corda de 50m
Acesso: Pode ser acessado de duas maneiras: Uma, por um
sítio, no final da praia de Jurujuba, no ponto final do ônibus 33, próximo a
Igreja, mas essa é uma opção que não tentamos, pois há um tempo atrás, um amigo
meu teve problemas com o acesso por ali;
a outra, é contornando o morro do Morcego, a partir da praia de Adão,
seguindo pelo costão.
Dicas: A via é bem tranquila e bem protegida, porém muito
suja em alguns trechos, mas nada que prejudique. Na caminhada, em alguns
pontos, tem que abrir caminho no capim, principalmente num platô na Face Norte,
mais ou menos no ponto da via Morcego Nervoso.
Acesso à base:
Linha Vermelha: Acesso à base / Linha Verde: Caminho de volta após o rapel |
Vídeo
Relato
Agora foi!!!
Na primeira vez que marcamos o tempo não
ajudou, mas agora deu tudo certo. Depois de aproximadamente 3 horas, estávamos
terminando o rapel na face sul. Tínhamos cumprido nosso objetivo. A via Moby
Dick, no Morro do Morcego, em Jurujuba, sempre me despertou curiosidade. Na
verdade, qualquer via que eu não tenha nenhuma informação me desperta
curiosidade! Já havia feito duas vias lá, mas na face sul, a Paredão Sangue
“Bão” e Visão Oposta. Já havia, também ido até a base dela, porém, remando. E
essa era a minha idéia dessa vez, mas a logística não seria uma das tarefas
mais fáceis! Acabamos ficando com a mais simples: vamos seguir caminhando pelo
costão até chegar a base e ponto! Poderíamos pedir autorização a uma residência
no final de Jurujuba, mas por algumas pessoas terem tido problemas lá, preferi
ficar com a possibilidade de chegarmos por um caminho que não dependesse da boa
vontade de ninguém.
Ah, já tinha até esquecido de falar que o meu companheiro de
aventura, seria o Claudney, do Clube Excursionista Light. Trocamos vários
e-mails sobre a via e tínhamos um objetivo em comum: escalar e conhecer a via
Moby Dick. Tínhamos poucas informações. O Claudney me passou um relatório do
conquistador, o Theotônio da Silva, que na verdade não tinha muitos detalhes,
além de um esboço do croqui, mas, também, sem muita informação. Eu sabia onde
era a base e tinha a teoria de que dava para chegar passando por cima de um
grande platô com vegetação. Mas para saber se a teoria iria funcionar na
prática, tínhamos que ir conferir pessoalmente. Essa era única maneira.
Marcamos dia 07/06, sábado, às 07:30, em frente a Igreja de
Jurujuba. Fomos pontuais e nos dirigimos à praia de Adão, onde começaríamos
nossa caminhada. Uma foto para registrar o momento e seguimos. Caminhamos pela
areia e começamos a subir. Fomos contornando o pequeno costão e passamos por
alguns pescadores. Em alguns pontos a pedra estava úmida, o que nos fez
redobrar a atenção. Continuamos caminhando e logo pegamos nosso primeiro
capinzal. Felizmente curto, mas já dava para sentir o que
encontraríamos pela frente. Contornamos uma grande fenda, próximo ao mar e seguimos caminho por uma enseada. Havia bastante lixo trazido pela maré, e também, muita coisa deixada, provavelmente, por pescadores que frequentam o local. Mais adiante, vi que o costão ficava bem vertical, impossível de passar. Porém, havia uma saída para uma pequena trilha, de início bem óbvio. Seguimos por ela e passamos por cima dessa parte vertical, até chegarmos novamente num costão, onde deu para caminhar tranquilamente.
encontraríamos pela frente. Contornamos uma grande fenda, próximo ao mar e seguimos caminho por uma enseada. Havia bastante lixo trazido pela maré, e também, muita coisa deixada, provavelmente, por pescadores que frequentam o local. Mais adiante, vi que o costão ficava bem vertical, impossível de passar. Porém, havia uma saída para uma pequena trilha, de início bem óbvio. Seguimos por ela e passamos por cima dessa parte vertical, até chegarmos novamente num costão, onde deu para caminhar tranquilamente.
Andamos mais um pouco e já dava para imaginar que para
acessar o cume do Morcego, deveríamos começar a subir, mas esse não era nosso
objetivo, pelo menos por esse caminho. Seguimos em frente. Já estávamos
entrando na face norte e fomos em uma diagonal para cima, com o intuito de
contornar o grande platô. Seguimos tranquilos e passamos por um ponto, onde
provavelmente começaria a via Morcego Nervoso. Dali para frente era um
incógnita, mas meu instinto me dizia que estávamos indo no caminho certo.
Por enquanto, dava para caminhar no costão, mas alguns
metros à frente, não seria assim tão fácil. Cogitei até continuar no costão,
mas estava tão sujo, que ficaria até perigoso. Na pior parte, o Claudney abriu
o capim, fazendo praticamente um túnel. Ainda o ouvi dizer que “não estava tão
ruim assim”... Acho que era para levantar a moral!!! Quando cheguei no final,
percebi que realmente, não estava tão ruim assim e que o pior já havia passado.
Descemos um pouco chegamos no ponto onde eu havia chegado de caiaque. Mais alguns
metros e estávamos na base. Primeira parte da missão foi cumprida!
Na base, dava para ver pelo menos uns 4 ou cinco grampos.
Combinamos que iríamos revezar a guiada. Nos equipamos e o Claudney guiou até a
primeira parada. A via nesse começo está bem suja, assim como, no meio e no
final, resumindo: toda suja! Mas os lances são bem tranquilos e rapidamente
também cheguei na parada. Como já estava com as costuras, peguei mas algumas e
parti para a segunda enfiada. Subi rápido e fui à esquerda de um grande platô
com vegetação. Quando já estava acima do platô, não via mais o próximo grampo,
olhava para um lado e para o outro e nada. Tinha certeza de que a via seguia
para a esquerda, mas nem sempre o óbvio é o caminho! (depois eu fui entender o
porquê dela não ir pela esquerda...) Sem querer olhei e vi o grampo bem a
direita, um pouquinho acima do platô e abaixo de mim. Segui para lá, o costurei
e fui subindo numa diagonal até chegar na parada dupla. Ainda bem que era
dupla! Esses grampos não estavam muito bem batidos...
Lá montei a parada e o Claudney veio escalando e de vez em
quando parava para atualizar o esboço do croqui que fazia. Na parada, passei o
resto do equipamento que estava comigo e ele seguiu guiando a via. Fez uma
enfiada mais curta, até a próxima parada dupla, uns trinta metros. Subi rápido
e me juntei a ele. Atualizamos o croqui. A via seguia sempre bem protegida, um
ou outro lance com os grampos um pouco mais espaçados, mas bem tranquila. A
vista dali era fantástica. O tempo estava ajudando, o sol típico de inverno não
era forte, mas o suficiente para deixar o as condições extremamente agradáveis.
Comecei a guiar a próxima enfiada, um pouco mais forte que
as anteriores, mas ainda sim, a via seguia tranquila, porém sempre suja. Mais
uma enfiada curta, uns 35 metros. Montei a parada e o Claudney chegou. Dali,
deu para perceber o porquê da via não ter seguido pela esquerda, como mencionei
anteriormente: ela chegaria a uma linha enorme de vegetação, com muito capim,
talvez fosse impossível passar... Talvez não fosse impossível, mas com certeza
não seria a melhor ideia. Como disse, nem sempre o óbvio é o caminho!
Faltava apenas uma enfiada. Pela verticalidade da parede,
parecia que o crux era ali. O Claudney seguiu guiando e foi subindo até que não
consegui mais vê-lo. Comecei a subir e passei pelo melhor lance da via,
justamente no final. Mais alguns metros e já estava no local onde também
terminam as vias Visão Oposta e Paredão Sangue “Bão”. A missão estava
cumprida!!!! Aproveitei para fazer um lanche e seguimos para o rapel. Ainda bem
que havia colocamos mais um grampo no meio da parede, pois o que estava lá,
está tão mal batido, que seria difícil parar nele!
Quando pensava que o capim já tinha acabado, lembrei que
faltava descer o caminho de acesso à face sul. Como da última vez que estive
ali, o capim havia tomado conta de tudo. Pouco restava do caminho que havíamos
feito. Mas passamos e quando chegávamos no final, o caseiro que toma conta do
local nos avisou que o dono não queria mais ninguém passando ali... Ele nos
deixou passar pelo portão. Agradecemos e fomos embora. Tomara que seja só mau
humor!!!!!
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