Por Leandro do Carmo
Travessia Petrópolis X Teresópolis, sempre uma nova aventura...
Local: Petrópólis/Teresópolis
Data: 9 e 10 de maio de 2014
Nesse relato não me preocupei muito com os dados técnicos, pois já havia feito um no ano anterior, para vê-lo, clique aqui.
Vídeo do filme: A Travessia dos Sonhos!, feito em 2013.
Conversando com uma amiga por e-mail, escrevi: A travessia foi super maneira, pegamos um tempo bom na sexta, levamos umas 5 horas para subir até o Abrigo do Açú, é só subida!!! Sem trégua. Choveu a noite inteira e fez muito frio, chegando a 3°C na madrugada. No sábado, o tempo estava bastante fechado e as vezes a visibilidade ficava reduzida a uns 10 metros, foi uma experiência diferente. Da outra vez que fiz, dava para ver tudo, dessa vez... E ela me respondeu: É engraçado você contar todo esse perrengue e dizer que foi muito bom rsrs
Pois é, existem coisas que são difíceis de explicar... Mas vou tentar!!!!
Essa era a minha segunda vez na travessia e eu estava muito
mais tranquilo que na primeira. Já conhecia bem o caminho, a final de contas,
havia estudado muito essa trilha. Decidi que faria bem no começo da temporada,
estava de férias e saindo numa sexta-feira, não teria problemas. Abri a
atividade no Clube Niteroiense de Montanhismo e a única pessoa que poderia ir,
era o meu irmão Leonardo. Conversando com o Sandro Born To Be Wild, ele me
falou que faria também. Acertamos a data de 09 de maio como partida.
Minha ideia era fazer em três dias. Como domingo, dia 11,
era dia das mães, sairíamos bem cedo do Sino, afim de chegarmos em casa para o
almoço. Após termos acertado tudo, o Paulo Guerra se juntou a nós. Na verdade
tínhamos dois grupos, um saindo aqui de Niterói e o outro, lá do Rio.
Eu, Paulo e o Leonardo, resolvemos ir de carro, pagamos um
guarda-parque para levá-lo da sede de Petrópolis até Teresópolis. O resto do
grupo, preferiu contratar o serviço de van, para levá-los e buscá-los. Com a
questão do transporte definida, foi só preparar a mochila e aguardar o tão
esperado dia.
Na semana que antecedeu a travessia, o clima estava
perfeito. Sol, temperatura agradável e o mais importante: visibilidade! Pois é,
a visibilidade estava perfeita. Da minha casa dá para ver grande parte do
caminho que faríamos e em todos os dias as montanhas se mostravam cada vez mais
belas. Mas nem tudo é perfeito... Faltando uns três dias, verifiquei a previsão
do tempo e ela já começava a dar sinais de que mudaria. Primeiro 5% de chuva na
região, depois, passou para 30% e na véspera, já tinha 60%! Não dava para
desistir! Os ingressos do parque já estavam comprados e a mochila já estava
pronta. Mesmo com a previsão não muito boa, seguimos nossa programação.
Decidimos nos encontrar na sedo do Parque, no Bonfim.
Marquei com o Paulo Guerra de passar na casa dele as 05:30
h, pois passar pela ponte Rio-Niterói depois das seis, pode ser um problema. Ou
sai cedo e chega cedo, ou poderá ficar preso no trânsito! Por volta das 05:30,
eu e meu irmão chegamos na casa do Paulo e seguimos em direção à Petrópolis,
nossa missão estava começando! A viagem foi bem agradável e por volta das
08:00h, estávamos chegando no distrito de Corrêas, onde aproveitamos para tomar
um café. O resto do pessoal, ainda estava a caminho. Fomos até a entrada do
Parque, acertamos tudo na portaria e resolvemos ir na cachoeira do Véu da
Noiva. Deixamos recado para avisar ao pessoal que estava chegando que
estaríamos aguardando na bifurcação para a cachoeira.
Antes de iniciar a caminhada, aquela tradicional foto!
Seguimos caminho. O começo é bem tranquilo, estava frio. O sol ainda não tinha
saído. Seguimos por uns 40 minutos, sempre acompanhados pelo som das águas, até
que chegamos na placa que indica o caminho para a Cachoeira Véu da Noita e
Gruta do Presidente. Acho que em todo lugar tem uma cachoeira que se chama Véu
da Noiva! A Gruta do Presidente tem esse nome em homenagem ao ex-Presidente
Getúlio Vargas. A informação que tinha, era de que o tempo de caminhada da
bifurcação para a cachoeira, seria de 20 minutos. Pensei: 20 minutos para
ir,20, para voltar, mais uns 10, para bater fotos... Uns 50 minutos que
tínhamos até o resto do pessoal chegar.
Deixamos as mochilas bem a vista, assim o pessoal saberia
que estaríamos ainda lá. Comecei a descer e com oito minutos já estava na
cachoeira! Cadê os 20 minutos??? Mas beleza, assim teríamos mais tempo para
curtir. Atravessamos um rio e contornamos a Gruta do Presidente, depois
atravessamos o rio novamente e seguimos até a cachoeira. Um belo visual. A água
de tão gelada, parecia que ia quebrar os ossos da mão! Mergulho??? Ficará para a
próxima!!!! Encontramos lá pai e filho que iriam fazer a travessia, nos
acompanhando durante quase todo o percurso. Eram de Natal e estavam fazendo
algumas trilhas aqui pelo estado. Depois de várias fotos, voltamos até o nosso
ponto de encontro. E mais alguns minutos foi aparecendo a galera. Sandro, Ivan,
Marden, Sendi, Bárbara, Rodrigo e a Marília. Agora sim estávamos completos. Todos com
o mesmo objetivo!!!! Enquanto uns descansavam,
uns alongavam e outros até cantavam, o astral da galera contagiava.
Garantia de uma excelente travessia.
Enquanto eles descansavam, pois acabavam de chegar, eu,
Paulo e Leonardo, seguimos na frente para a nossa segunda parte. Iniciamos a
conhecida subida do queijo. O primeiro desafio do dia! Começamos e logo a
subida mostrou sua força e sua beleza. Seguimos concentrado e encontramos
nossos novos amigos potiguares. Avançamos e com muito custo chegamos à Pedra do
Queijo, que na minha opinião nem se parece com queijo! Nossa primeira parada
oficial. Fotos e mais fotos... O Marden veio cantando e foi o primeiro a
chegar. Perguntei: “E aí Marden, tranquilão né?” Ele respondeu: “Tranquilo o
cacete!!!!” Aos poucos todos foram chegando. Mais uma reunião!!!! Depois que
todos chegaram, começamos a subir novamente, sendo o Ajax, nossa próxima parada.
E seguimos subindo. O tempo estava agradável, mas já
tínhamos notícia de que em Niterói estava tudo fechado, seria uma questão de
horas até que, também, mudasse por aqui. De onde a gente estava, não tínhamos
muita noção de como estavam as coisas lá por baixo. A barreira que a Serra do
Mar faz, impedia nossa visão. Somente na crista é que teríamos a noção de como
o tempo estaria. Enfim, chegamos ao Ajax. Antigo local de acampamento e o
último ponto de coleta de água. Um verdadeiro oásis!!! O visual, dispensa
comentários... Dali dava para ver o pessoal subindo por entre a vegetação, com
isso, dava para ver realmente o caminho que fizemos até chagar ali. Ali já era
mais da metade do caminho. De difícil mesmo, faltava somente a subida da
Izabeloca.
A conversa estava ótima, mas era hora de subir! Eu já sabia
como era, mas o Paulo e meu irmão nunca tinham ido... Avisei: “Agora o bicho
pega!!!!” E começamos a subir. É uma subida enjoada, mas pelo que já tínhamos
feito do que pela dificuldade. A mochila já incomodava um pouco. Mas com passos
lentos, vencemo-la!!! Curtimos um belo espetáculo da natureza: as nuvens se
aproximando com rapidez, faziam diversos desenhos no céu que desapareciam com a
mesma rapidez que se formavam. Paramos para tirar fotos, lanchar e esperar o
resto do pessoal.
O primeiro a chegar foi o Ivan, sempre de alto astral. Nos
cumprimentamos, como se nem tivéssemos nos encontrado ainda. Esse espírito de
companheirismo que a montanha proporciona é uma coisa difícil de explicar... O
Paulo me perguntou: “E agora?” Eu respondi: “Agora é passeio!!!!!”
Aos poucos todos foram chegando e se arrumando em suas
posições, uns nos beliches, outros no bivaque. Aproveitei para tomar logo o meu
banho e fazer uma comida. Dessa vez tinham dois guarda-parques: um bem humorado
e um mau humorado. De tanto mau humor, quase rola uma briga entre eles, mas
deixa pra lá... Mandei logo um macarrão para sustentar o resto do dia. Depois
do almoço ainda tentamos dar uma volta nos Castelos do Açú, mas começou a chover
e tivemos que voltar rapidamente. Passamos o resto do dia dentro do Abrigo. Mas
quem disse que foi um problema? Nos divertimos bastante. Rolou jogo de cartas,
muitas histórias engraçadas e muita comida é claro!!! A todo momento surgia um
petisco novo. Um cafezinho lá do Caparaó que o Paulo trouxe, caiu extremamente
bem. E para os amantes do bom vinho, não foi a taça, mas foi a caneca que ficou
cheia! E assim, aos poucos todos foram descansar.
Durante a noite a temperatura caiu bastante. A chuva não deu
trégua. Minha preocupação era estar chovendo no dia seguinte. Fazer todo o
próximo trecho debaixo d’água, não seria uma das experiências mais
agradáveis... Mas acordamos com um tempo relativamente bom, ou pelo menos sem
chuva e isso já bastava... Tínhamos decidido acordar as 05:00 h, assim teríamos
bastante tempo para tomar café e arrumarmos as coisas. Aos poucos todos foram
levantando, tomamos café e por volta das 07:00h já estávamos pronto para a
melhor parte da travessia. Reunião para a tradicional foto e partimos.
Seguimos a trilha a direita do Abrigo 4, chegando ao cume de
um morro, onde descemos um lajão, indo em direção ao Morro do Marco. Não dava
para ver muita coisa. Porém a trilha é muito bem definida. Subimos e chegamos
ao cume do Morro do Marco, que tem esse nome devido a um grande marco feito com
pedras, hoje já retirado, onde viramos a esquerda, indo em direção ao Morro da
Luva. Descemos, cruzamos um riacho e começamos a subir novamente. O primeiro
grande desafio do dia! É uma subida chata, muito molhada. Já próximo ao cume,
muita lama. Mas vencemos esse desafio. A visão do Morro da Luva é fantástica,
mas dessa vez, estava tudo branco, não víamos mais que 20 metros. Como a trilha
é bem marcada, não tivemos problemas.
Ao começarmos a descer, fizemos nossa primeira parada para o
lanche. Conversamos um pouco, sempre no grande astral! Descemos e cruzamos o
vale, muito molhado e com lama. Se não tivéssemos cuidados, dava, com certeza,
para afundar até o joelho! Seguimos até uma laje de pedra, onde saímos no lance
dos corrimões, onde tem uma pequena queda d’água. Cruzamos uma pequena ponte e
começamos a subir o lance do elevador. Fiquei por último e esperei todos
subirem para começar. Passado o lance, demos mais uma parada para descanso. Aí
fomos embalado pelo som do Maluco Beleza!!! Isso mesmo, foi nossa trilha sonora
nesse ponto! Seguimos reto até uns grampos, num lajão de pedra. Da última vez
que fiz, eu desci um pouco mais atrás e segui por um outro caminho, saindo na
parte de baixo dessa laje, um pouco mais exposto, porém mais rápido.
Descemos devagar e fomos quebrando para direita, em direção
ao Morro do Dinossauro. Seguimos e no final, pegamos a esquerda novamente.
Nesse ponto, a visão era para ser algo surreal, mas as nuvens não queriam que
contemplássemos esse cenário de beleza! Não teve jeito. Ficamos apenas com as
nuvens e o vento. Seguimos a trilha e começamos a descer para o Vale das Antas.
Antigo ponto de acampamento e local da nascente do Rio Soberbo. Um local de
outro mundo. Assim que se chega no Vale das Antas, você literalmente atravessa
um portal e chega num pequeno descampado, parecendo que está chegando naqueles
locais de filmes pré-históricos!!! Mais uma pausa para o lanche. Estávamos
chegando. Já havíamos percorrido mais da metade do caminho.
A essa altura, meu irmão e o Paulo, já estavam bem
adiantados. Não havia dito antes, mas eles seguiram boa parte na frente,
oportunidade de um bom treino de orientação. Após o descanso, iniciamos
novamente nossa caminhada. Cruzamos a pequena ponte e subimos em direção à
Pedra da Baleia. Onde fomos obrigados a fazer uma nova parada. O Garrafão em
seus poucos momentos de aparição, nos brindou com uma vista espetacular. Não
tinha como não parar e bater algumas fotos. Alguns minutos depois, estávamos
novamente na trilha e seguimos em direção ao Vale dos Sete Ecos. No caminho,
novamente contemplávamos o Garrafão e toda a pedra do Sino. Um espetáculo.
Descemos em direção ao primeiro lance mais complicado da
travessia: o lance do mergulho. Para quem escala ou tem boa experiência, dá
para fazer direto, mas para quem nunca tinha feito uma trilha nessa
complexidade, fica difícil. Nesse ponto, todos nós paramos. Traçamos logo um
plano de ação, muitos grupos perdem muito tempo aqui e nos próximos lances. O
Ivan e o Marden prenderam uma corda que o Sandro havia levado e fizeram um
corrimão. O primeiro desceu e pedi ao Sandro que fosse logo para já ir
preparando o lance do cavalinho. Entreguei um fita longo e ele desceu, já
levando quem estava lá em baixo.
Assim, na organização e na cooperação, rapidamente todos
passaram. O Ivan fechou o caminho, recolhendo o material. Assim que subimos em
direção ao lance do cavalinho, a galera já estava subindo com segurança. Não
tivemos nenhum problema e não perdemos tempo. Um trabalho em equipe e bem
organizado faz a diferença. Seguimos mais alguns metros acima e passamos pela
escada. Em dificuldade a travessia estava concluída, faltava apenas andar...
Aproveitamos para fazer o cume da Pedra do Sino. Não vimos nada, mas bater a
foto lá no alto era obrigação!!!! O vento começou a incomodar bastante e
resolvemos descer. Assim caminhamos até o Abrigo 4.
Lá, o Paulo e meu irmão já tinham preparado o almoço. Não
pensei duas vezes, arrumei meu prato e aproveitei para descansar. Todos
aproveitaram e comeram também. Enquanto almoçava, meu amigo Leandro Pestana, do
CNM, apareceu. Batemos algumas fotos e ele seguiu para cume do Sino, o seu
objetivo naquele dia. Tínhamos programado para fazer a travessia em 3 dias, mas
como o tempo estava muito ruim e teríamos que descer bem cedo no dia seguinte,
resolvemos continuar nossa descida. Eu, meu irmão e o Paulo nos despedimos do
pessoal que ficou para almoçar, batemos mais uma foto do grupo e descemos a
trilha do Sino. Depois de já ter feito o caminho do Açú até o Abrigo 4, fazer
essa trilha do Sino torna-se chato. Aqueles zig zags parecem que não acabam
nunca!!! Já no final do dia, com pouca luz, chegamos na Barragem. O carro
estava lá em baixo e tivemos que descer tudo a pé.
O Paulo e meu irmão, foram na frente e eu fui ficando para
trás. Quando cheguei no ponto da estrada onde temos que contornar, numa subida
à direita, isso se tivéssemos de carro, por algum motivo decidi subir e não
seguir reto descendo. A nossa sorte! Pois ao lado da Administração o carro
estava estacionado. Mas nem sinal do Paulo e meu irmão. Eles tinham ido direto
até a portaria. Ficaram lá durante algum tempo pois o carro não estava lá em
baixo e o guarda da portaria principal não sabia de nada! Quando liguei para o meu
irmão e eu disse que estava no carro, ele me respondeu que o guarda não sabia
de nada e nem com quem estavam as chaves. Pensei: “Vou ligar para o
Denilson...” Mas quem disse que eu achava o telefone do cara!!!! Pensei: “Vou
ter que entrar em uma dessas casas aqui e dormir...” Quando olhei para o lado,
em direção a uma luz, vi um vulto passando. Fui em direção a uma sala e tinha
um vigilante falando no rádio. Resolvido. O guarda da portaria estava falando
com ele. Me identifiquei e peguei as chaves que o Denílson havia deixado.
Fiquei aliviado. Àquela altura, ter que ficar ali não estava nos meus planos.
Peguei o carro e fui até a portaria. Seguimos até o Paraíso
da Serra e saboreei um delicioso bolinho de aipim com carne seca e um copo, com
um chorinho de primeira, de caldo de cana.
Missão cumprida!!!!!!
PitBull Aventura e BTBW!!!!!! |
Paulo Guerra e Leonardo Carmo |
Sandro encoberto pela neblina |
Leandro do Carmo, Leandro Pestana e Paulo Guerra |
Trabalho em equipe no lance do cavalinho |
Leonardo Carmo |
Leandro do Carmo apreciando a vista |
Galera no caminho |
Mais uma no caminho |
Garrafão nos poucos momentos de visibilidade |
Uma pausa para o descanso! |
Visão do cavalinho |
No abrigo! |
Muito show. Tá escrevendo muito bem. E isso faz falta nos muitos blog por aí. Abs. Carlos e Gleidys do turislogia.com.br e nasestradasdoplaneta.com.br.
ResponderExcluirQue bom que tenha gostado!!! Escrever foi e está sendo um grande desafio para mim. Estou gostando!!!! Os blogs de vocês estão ótimos também, muitas dicas importantes!!!! Abraço!
ExcluirParabéns Leandro, super maneiro o relato, lembou bem de muitos momentos, obrigado pelo comentário "Ivan sempre de alto astral" rsrsrs, foi um mega prazer ter feito parte dessa galera e toda a animação, mesmo com o perrengue do frio glacial rsrsrs, a vibe foi muito maneira do inicio ao fim!!!
ResponderExcluirKmonn, se rolar outra agora na copa, tamujunto rsrsrs
Um abração
Valeu Ivan!!!!! Não esqueci da Agulha Guarischi não!!!!!
ExcluirVlw parceiro!!
ExcluirAté a próxima aventura
Paulo Guerra