Segue o vídeo da Travessia Petrô x Terê desse ano. Dei o nome de Travessia Petrópolis x Teresópolis, sempre uma nova aventura!
Além do vídeo, o grande relato que o Marden fez não poderia ficar de fora. Um agradecimento especial a todos que participaram dessa grande aventura.
Link para o relato:
http://pitbullaventura.blogspot.com.br/2014/06/travessia-petropolis-x-teresopolis.html
Vídeo em HD
Segue o grande relato que o Marden fez, não poderia ficar de fora!!!!
Escrevo hoje,
domingo-dia-das-mães, o relato da travessia que rolou sexta e sábado no PNSO,
entre o Vale do Bonfim e a Barragem, pelo grupo de 10 pessoas que, ao longo da
travessia, descobrimos que participávamos de uma evento conjunto Born To Be
Wild e PitbulAaventura. Vamos aos fatos:
Marcado o horário de 7 da madruga
na Praça Afonso Pena, em plena sexta-feira-bruta, os folgados de plantão foram
chegando, primeiro Sandro “Grande Líder”, seguido de Ivan “O Terrível” e sua
prima potiguar Barbara “Pretroriam”, eu de metrô, Sendi Lee em seguida e aí,
após algum tempo, Marília “come banana” e seu filho Rodrigo “sempre sorrindo”,
vindo direto de Vargem Grande. Todos juntos, partimos em direção a Petrópolis,
para encontrar a dupla-sertanejo-aventureira Leandro e Leonardo “du Carmo” e
nosso maestro em sustenido Paulo Guerra, que partiram mais cedo de Niterói.
Na portaria do
parque, no Vale do Bonfim, assinados os termos de responsabilidade, preparadas
as mochilas, após alongamentos exóticos e algum peso, digamos, deixado “pra
trás”, iniciamos a trilha, para encontrar Leandro, Leonardo e Paulo que, por
terem chegado bem mais cedo, estavam curtindo um banho no Véu da Noiva e
esperando por nós na bifurcação da trilha para o Açu. Após um hora de
“esquenta”, com trilha quase sempre plana e em meio a mata, reunimos o grupo
todo no que seria a família Pitbull-Born To Be Wild dos próximos dias.
Iniciamos então a subida para a Pedra do Queijo. Para os que conhecem, já sabem
que ela dá logo o tom da caminhada, onde os fracos não tem vez: subida forte,
constante, passadas largas e, de cara, a certeza de que você só pode andar no
SEU ritmo, se não, nada de completar a trilha! Cada um no seu passo, fomos
subindo e a esperta Marília, que como mais tarde se descobriu, sacou que tinha
calculado mal seu estoque de bananas já começou a chiar: “aí, falta muito?”. De
cara, eu que não conhecia a figura, já pensei: "ixi, não vai aguentar”.
Subimos, sofregamente, até chegar no Queijo onde fizemos uma parada para
descanso, fotos, teste dos solados nas aderências de 1°sup. Nessa hora, um
primeiro lanche e já vimos o tom das refeições: Marília devorando bananas,
Sendi filando todo e qualquer pedaço de comida que aparecesse e os demais em um
papo filosófico-fisiológico sobre carboidratos de rápida absorção e vontade de
comer um McDonalds. Lá, encontramos um senhor potiguar com seu
filho-fotografa-tudo que nos acompanharia no dia seguinte, levando quatro
barras de chocolate.
Seguimos a
trilha em direção ao Ajax, com nova parada para lanches, bananas, filação de
comida dos outros, filosofia, purificação da água, e, por influência do meu
leve sotaque mineiro, renomeação do grupo para Bora To Be Uai. Chega a hora,
partimos para a famosa subida da Isabeloca! O tempo, até esse momento, estava
bom: nem quente nem frio, sol entre nuvens e uma “probabilidade de 30% de
chover 2mm de chuva” que, tecnicamente, acompanhou-nos durante toda a caminhada
sem no entanto ninguém conseguir fazer a conta de quanta água cairia sobre cada
cabeça. Nessa hora, algum preocupação com Marília, que já reclamava de câimbras
mas, estranhamente, continuava a andar num ritmo alucinante. Bem, todos super atenciososoferecendo
bananas-passa, banana in natura, banana em conserva e “banana é bom pra
câimbra” para ela que felizona, continuava a reclamar e andar cada vez mais rápido. Apesar de que sempre que se
olhava para ela, ela dava um jeito de marcar. Sendi Lee, nada boba, ia filando
um ou outro pedaço de banana também, além de bolos, pães, castanhas e até gole
d’água.
Cada um no seu
ritmo, terminamos a Isabeloca e alcançamos o chapadão. Delírio geral, visual,
cochilo na grama e, anoraque! O tempo começava a fechar, nuvens pesadas se
formando e sinal de chuva pela frente. O tempo permaneceria fechado por mais de
um dia, abrindo só no Vale das Antas, no dia seguinte, como uma curtininha para
ver o Garrafão. Daí pra frente tudo tranquilo, a chuva começou de leve, veio a
famosa neblina ou serração e seguimos, todos juntos, pelo chapadão até o lindo
Castelo do Açu e, em seguida, por volta das 15h, atingimos o Abrigo do Açu,
onde nos recepcionaram os dois funcionários: um sorrindo e o outro rosnando.
O Abrigo é uma
beleza: o pessoal vai chegando, tirando os sapatos, se aconchegando, uns pro
bivaque, outros pros beliches. Uns começar a preparar o rango, outros ainda com
algum “peso para deixar” e aí, em volta da mesa, a prosa vai ficando boa e
começam a aparecer alguns líquidos expressamente proibidos: suco de uva
cabernet sauvignon, suco de uva merlot, caldo de cana do norte de Minas e a
famosa água-que-passarinho-não-bebe. Nessa hora, Sendi já havia comido mais de
2kg de comida, Marilia já não reclamava de câimbra, pois o fornecimento de
bananas estava estabelecido e, coletivamente, começamos a preparar o menu
degustação da noite: macarrão tailandês (quanta pimenta num molho bolonhesa!),
arroz de carreteiro e, cup nudles, a estrela da festa! Ufa, nenhum miojo! A
galera foi comendo tudo que aparecia, consumindo os líquidos disponíveis que o
Terrível Ivan não parava de servir e iniciando um baralhinho no jogo mais
simples do mundo que o Ivan insiste em não aprender e que aqui, por questões
editoriais, não posso dizer o nome. Lá fora, uma friaca danada, chuva, e aquele
papo de que “vários já morreram travessia e viraram fantasmas vestindo
goretex”, “não dá pra fazer com chuva”, “neblina é perigoso” e “se amanhã
estiver fechado vamos descer”.
Passada então
a noite sinfônica em que Sandro “o barítono” deu o tom dos barulhos e Ivan
preferiu permanecer em claro, despertamos às 5 da matina, num frio de 3 graus,
para começar os preparativos para a travessia. Tempo fechado, serração pesada e
não ouvi ninguém perguntar se iríamos ou não: às 7 e pouco, todos na porta do
abrigo, fotos e pé na trilha. Seguimos para o Morro do Marco e, após a forte
descida em direção à Geladeira, iniciamos a subida do Morro da Luva. A partir
dessa hora, o senhor-potiguar-do-chocolate e seu filho-fotografa-tudo
juntaram-se a nós, oferecendo chocolate o tempo todo no que depois,
descobrimos, foi um estratégia bem inteligente. A subida do Morro da Luva, sob
chuva fina e com bastante lama, foi feita até de forma bem rápida, Marília,
sabendo que não restavam mais bananas, seguiu acelerada (descobrimos depois que
ela é maratonista) e a galera foi, sob um frio do inferno, começando a tirar
gorros, luvas, blusas de lã, até parar no alto do Morro para o primeiro lanche
do dia: “alguém quer chocolate?” A partir daí, a orientação vai ficando
difícil, pois são muitas lajes de pedra e, sob neblina, fica fácil de se
perder. Contudo, a quantidade de marcos, totens e setas no chão (amarelas
apontando o Sino e brancas o Açu) estão tornando a travessia bastante segura.
Hoje, quem já a fez uma ou duas vezes e tem bom senso de orientação consegue
guiá-la com mais tranquilidade e segurança.
Descemos em
direção ao corrimão, onde abastecemos os cantis para encarar o famoso Elevador,
lance com vergalhões de aço servindo de degraus que, apesar de fácil, é
bastante cansativo e demorado. O tempo continuava fechado, frio, mas o astral
da galera permanecia alto, as fotos dos dois blogs que cobriam a aventura não
cessavam e o ritmo relativamente rápido para um grupo de 10 pessoas. Decessos o
lajão íngreme em direção ao Morro do Dinossauro, sem grandes dificuldades,
nenhuma câimbra, pé torcido ou contusão no grupo, a não ser o Ivan que, por não
ter dormido, a essa hora já delirava em frases como “agora vem a pior parte da
escalada”, “adoro escaladas como essa” e “escalo assim desde criança”. Ao
aproximar-nos do Vale das Antas, o tempo começou a melhorar e o sol a aparecer.
Aí aparece, diante de nós, que não víamos mais do que 10 metros desde o dia anterior,
o majestoso cume do Garrafão! Delírio geral da galera, anoraques sendo
retirados, gritos, fotos, fotos e fotos. Paramos no Vale das Antas, para mais
um lanche e a Sendi tratou de entrar em ação, comendo tudo que aparecia pela
frente.
Saímos em um
trilha completamente errada e o Ivan, entre um de seus delírios escalatórios,
tratou de chamar a atenção do grupo e mostrar a trilha correta para a Pedra da
Baleia. Chegamos a essa interessante formação, que parece mesmo o dorso de uma
baleia e o tempo continuava aberto, para infinitas fotos do Garrafão. Em
seguida, descemos a laje em direção ao “lance do mergulho” e descobrimos a
razão de “tanto chocolate”! O senhor e seu filho-que-não-fotografa-mais
esperavam-nos para protegermos o lance com cordas e fitas e descer com
segurança. Realmente, o lance estava molhado e a descida foi bastante delicada.
Leonardo e Paulo já haviam passado em solo e, mais tarde, disseram que passaram
um perrenguinho sem, no entanto, grandes problemas. Passamos o lance com a
corda e, enquanto isso, Leandro me mandou correr na frente para ajudar o Sandro
a preparar o Lance do Cavalinho. Fui andando esbaforido, pois é uma parte
bastante íngreme, até encontrar o Sandro já protegendo o Lance. É realmente um
passada bastante técnica e exposta, mas para que escala não apresenta grande
dificuldade pois encontram-se enormes agarras de mão. Sandro subiu, içou as
mochilas, eu subi (curti demais!), colocamos um corda e começamos a ajudar a
galera a passar. Bem interessante a cara de cada um nessa hora: alegria para
uns, medo para outros e sempre muita confusão! Sendi Lee veio felizona, dizendo
que queria “liberar” o lance pois em alguns dias ia guiar um excursão ali, mas
Ivan insistia em tentar puxá-la para cima, hora pelo braço, hora pelo cabelo,
enquanto eu batia na mão dele dizendo “deixa ela tentar, deixa ela tentar”.
Todos passaram bem, continuamos subindo e, justiça seja feita: o
Senhor-chocolate ajudou a galera o tempo todo.
Chegamos à
trilha que vai para o Sino, deixamos as mochilas e fomos para o cume da Serra
dosÓrgãos afinal, quase todos eram escaladores e, para escalador “só o cume
interessa”! No cume, com tempo parcialmente aberto, muitas fotos, abraços,
gritos e uma friaca “du cão”. Depois foi só descer em direção ao Abrigo 4, onde
chegamos por volta de 13:30h e começou um frenesi gastronômico: pães,
biscoitos, sopas, sanduiches, arroz, feijão, salsicha e, pasmem, nenhum
chocolate! Foi foda. O cara que cuidava do abrigo, um muleque zem que se
descobriu ser irmão gêmeo do Rodrigo-sorriso, que em 3 segundo já era amigo
íntimo deste, disse que adorava chocolate, mas nada do Sinhô liberar algum. Ah,
essa hora, enfim, apareceu o miojo! Esse abrigo, super estruturado e
aconchegante, tem tanta comida deixada pelos frequentadores que sua cozinha
parece um mercearia grátis! Você entra, escolhe o que vai comer, faz um café,
lava os pratos e continua a trilha. Ficamos por ali até as 15h, debaixo de
sol/debaixo de um garoa até iniciarmos a descida para a Barragem.
A descida é um
coisa infinita, interminável, mas muito bonita e relativamente tranquila.
Começamos ainda com luz e sem chuva, na maior friaca, conversando sem parar,
felizões, até que a chuva começou a cair. Descobrimos que havia chovido
bastante “abaixo de nós” nos últimos dias, quando tínhamos pegado apenas alguma
garoa, mas agora que perdíamos altitude começávamos a tomar um chuva cada vez
mais grossa. Dane-se! Daqui pra frente, até debaixo de raio! Depois de uma
parada em que a Sendi atacou as últimas migalhas do rango da galera -justiça
seja feita, ela levou um brownie e um delicioso biscoito de lentilha :S verde –
descemos por três horas e meia e já com as lanternas acessas e debaixo dos tais
30%X2mm de chuva chegamos a uma varandinha na Barragem, onde todos gritam,
pulava, tiravam fotos e se abraçavam, hiper felizes pela aventura! Ainda
restava alguma adrenalina pois a van não havia chegado e o Ivan precisou ser
despachado de carona com um casal para tentar nos tirar dali. Nesse momento, a
Barbara, ainda encantada com o Lance do Cavalinho, pulou a janela da varanda e
abriu (segredo hein) a casinha para que pudéssemos ficar abrigados do frio em
um local confortável. Já jogávamos a primeira rodada de baralho quando a van
chegou, nos levou direto para a Parada do Alemão (cerveja!) e depois para o
estacionamento onde deixamos o carro na Tijuca. Todos indo embora quando de
repente: “ih, de quem é aquela mochila?”. A Marilia havia deixado a mochila pratrás,
na pressa de chegar logo em casa: também, pra quê mochila, se não tinha mais
nenhuma banana?.
Agradeço a
todos, em especial Sandro e Leandro, por terem armado essa aventura, e a todos
que participaram da travessia, na minha opinião, uma das mais bonitas do mundo!
Dor, machucado, cansaço, frio, sol, roncos e risadas, muitas risadas, me dão a
certeza de que entre as melhores coisas dessa vida, com certeza uma delas é
estar com os amigos na montanha, sempre!
Garden
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