sábado, 7 de junho de 2014

Filme: Travessia Petrópolis x Teresópolis, sempre uma nova aventura!

Por Leandro do Carmo

Segue o vídeo da Travessia Petrô x Terê desse ano. Dei o nome de Travessia Petrópolis x Teresópolis, sempre uma nova aventura!

Além do vídeo, o grande relato que o Marden fez não poderia ficar de fora. Um agradecimento especial a todos que participaram dessa grande aventura.

Link para o relato:
http://pitbullaventura.blogspot.com.br/2014/06/travessia-petropolis-x-teresopolis.html

Vídeo em HD




Segue o grande relato que o Marden fez, não poderia ficar de fora!!!!


Relato da Travessia Petrô-Terê em 9 e 10 de maio de 2014

Escrevo hoje, domingo-dia-das-mães, o relato da travessia que rolou sexta e sábado no PNSO, entre o Vale do Bonfim e a Barragem, pelo grupo de 10 pessoas que, ao longo da travessia, descobrimos que participávamos de uma evento conjunto Born To Be Wild e PitbulAaventura. Vamos aos fatos:

Marcado o horário de 7 da madruga na Praça Afonso Pena, em plena sexta-feira-bruta, os folgados de plantão foram chegando, primeiro Sandro “Grande Líder”, seguido de Ivan “O Terrível” e sua prima potiguar Barbara “Pretroriam”, eu de metrô, Sendi Lee em seguida e aí, após algum tempo, Marília “come banana” e seu filho Rodrigo “sempre sorrindo”, vindo direto de Vargem Grande. Todos juntos, partimos em direção a Petrópolis, para encontrar a dupla-sertanejo-aventureira Leandro e Leonardo “du Carmo” e nosso maestro em sustenido Paulo Guerra, que partiram mais cedo de Niterói.

Na portaria do parque, no Vale do Bonfim, assinados os termos de responsabilidade, preparadas as mochilas, após alongamentos exóticos e algum peso, digamos, deixado “pra trás”, iniciamos a trilha, para encontrar Leandro, Leonardo e Paulo que, por terem chegado bem mais cedo, estavam curtindo um banho no Véu da Noiva e esperando por nós na bifurcação da trilha para o Açu. Após um hora de “esquenta”, com trilha quase sempre plana e em meio a mata, reunimos o grupo todo no que seria a família Pitbull-Born To Be Wild dos próximos dias. Iniciamos então a subida para a Pedra do Queijo. Para os que conhecem, já sabem que ela dá logo o tom da caminhada, onde os fracos não tem vez: subida forte, constante, passadas largas e, de cara, a certeza de que você só pode andar no SEU ritmo, se não, nada de completar a trilha! Cada um no seu passo, fomos subindo e a esperta Marília, que como mais tarde se descobriu, sacou que tinha calculado mal seu estoque de bananas já começou a chiar: “aí, falta muito?”. De cara, eu que não conhecia a figura, já pensei: "ixi, não vai aguentar”. Subimos, sofregamente, até chegar no Queijo onde fizemos uma parada para descanso, fotos, teste dos solados nas aderências de 1°sup. Nessa hora, um primeiro lanche e já vimos o tom das refeições: Marília devorando bananas, Sendi filando todo e qualquer pedaço de comida que aparecesse e os demais em um papo filosófico-fisiológico sobre carboidratos de rápida absorção e vontade de comer um McDonalds. Lá, encontramos um senhor potiguar com seu filho-fotografa-tudo que nos acompanharia no dia seguinte, levando quatro barras de chocolate.

Seguimos a trilha em direção ao Ajax, com nova parada para lanches, bananas, filação de comida dos outros, filosofia, purificação da água, e, por influência do meu leve sotaque mineiro, renomeação do grupo para Bora To Be Uai. Chega a hora, partimos para a famosa subida da Isabeloca! O tempo, até esse momento, estava bom: nem quente nem frio, sol entre nuvens e uma “probabilidade de 30% de chover 2mm de chuva” que, tecnicamente, acompanhou-nos durante toda a caminhada sem no entanto ninguém conseguir fazer a conta de quanta água cairia sobre cada cabeça. Nessa hora, algum preocupação com Marília, que já reclamava de câimbras mas, estranhamente, continuava a andar num ritmo alucinante. Bem, todos super atenciososoferecendo bananas-passa, banana in natura, banana em conserva e “banana é bom pra câimbra” para ela que felizona, continuava a reclamar e andar cada  vez mais rápido. Apesar de que sempre que se olhava para ela, ela dava um jeito de marcar. Sendi Lee, nada boba, ia filando um ou outro pedaço de banana também, além de bolos, pães, castanhas e até gole d’água.

Cada um no seu ritmo, terminamos a Isabeloca e alcançamos o chapadão. Delírio geral, visual, cochilo na grama e, anoraque! O tempo começava a fechar, nuvens pesadas se formando e sinal de chuva pela frente. O tempo permaneceria fechado por mais de um dia, abrindo só no Vale das Antas, no dia seguinte, como uma curtininha para ver o Garrafão. Daí pra frente tudo tranquilo, a chuva começou de leve, veio a famosa neblina ou serração e seguimos, todos juntos, pelo chapadão até o lindo Castelo do Açu e, em seguida, por volta das 15h, atingimos o Abrigo do Açu, onde nos recepcionaram os dois funcionários: um sorrindo e o outro rosnando.

O Abrigo é uma beleza: o pessoal vai chegando, tirando os sapatos, se aconchegando, uns pro bivaque, outros pros beliches. Uns começar a preparar o rango, outros ainda com algum “peso para deixar” e aí, em volta da mesa, a prosa vai ficando boa e começam a aparecer alguns líquidos expressamente proibidos: suco de uva cabernet sauvignon, suco de uva merlot, caldo de cana do norte de Minas e a famosa água-que-passarinho-não-bebe. Nessa hora, Sendi já havia comido mais de 2kg de comida, Marilia já não reclamava de câimbra, pois o fornecimento de bananas estava estabelecido e, coletivamente, começamos a preparar o menu degustação da noite: macarrão tailandês (quanta pimenta num molho bolonhesa!), arroz de carreteiro e, cup nudles, a estrela da festa! Ufa, nenhum miojo! A galera foi comendo tudo que aparecia, consumindo os líquidos disponíveis que o Terrível Ivan não parava de servir e iniciando um baralhinho no jogo mais simples do mundo que o Ivan insiste em não aprender e que aqui, por questões editoriais, não posso dizer o nome. Lá fora, uma friaca danada, chuva, e aquele papo de que “vários já morreram travessia e viraram fantasmas vestindo goretex”, “não dá pra fazer com chuva”, “neblina é perigoso” e “se amanhã estiver fechado vamos descer”.

Passada então a noite sinfônica em que Sandro “o barítono” deu o tom dos barulhos e Ivan preferiu permanecer em claro, despertamos às 5 da matina, num frio de 3 graus, para começar os preparativos para a travessia. Tempo fechado, serração pesada e não ouvi ninguém perguntar se iríamos ou não: às 7 e pouco, todos na porta do abrigo, fotos e pé na trilha. Seguimos para o Morro do Marco e, após a forte descida em direção à Geladeira, iniciamos a subida do Morro da Luva. A partir dessa hora, o senhor-potiguar-do-chocolate e seu filho-fotografa-tudo juntaram-se a nós, oferecendo chocolate o tempo todo no que depois, descobrimos, foi um estratégia bem inteligente. A subida do Morro da Luva, sob chuva fina e com bastante lama, foi feita até de forma bem rápida, Marília, sabendo que não restavam mais bananas, seguiu acelerada (descobrimos depois que ela é maratonista) e a galera foi, sob um frio do inferno, começando a tirar gorros, luvas, blusas de lã, até parar no alto do Morro para o primeiro lanche do dia: “alguém quer chocolate?” A partir daí, a orientação vai ficando difícil, pois são muitas lajes de pedra e, sob neblina, fica fácil de se perder. Contudo, a quantidade de marcos, totens e setas no chão (amarelas apontando o Sino e brancas o Açu) estão tornando a travessia bastante segura. Hoje, quem já a fez uma ou duas vezes e tem bom senso de orientação consegue guiá-la com mais tranquilidade e segurança.

Descemos em direção ao corrimão, onde abastecemos os cantis para encarar o famoso Elevador, lance com vergalhões de aço servindo de degraus que, apesar de fácil, é bastante cansativo e demorado. O tempo continuava fechado, frio, mas o astral da galera permanecia alto, as fotos dos dois blogs que cobriam a aventura não cessavam e o ritmo relativamente rápido para um grupo de 10 pessoas. Decessos o lajão íngreme em direção ao Morro do Dinossauro, sem grandes dificuldades, nenhuma câimbra, pé torcido ou contusão no grupo, a não ser o Ivan que, por não ter dormido, a essa hora já delirava em frases como “agora vem a pior parte da escalada”, “adoro escaladas como essa” e “escalo assim desde criança”. Ao aproximar-nos do Vale das Antas, o tempo começou a melhorar e o sol a aparecer. Aí aparece, diante de nós, que não víamos mais do que 10 metros desde o dia anterior, o majestoso cume do Garrafão! Delírio geral da galera, anoraques sendo retirados, gritos, fotos, fotos e fotos. Paramos no Vale das Antas, para mais um lanche e a Sendi tratou de entrar em ação, comendo tudo que aparecia pela frente.

Saímos em um trilha completamente errada e o Ivan, entre um de seus delírios escalatórios, tratou de chamar a atenção do grupo e mostrar a trilha correta para a Pedra da Baleia. Chegamos a essa interessante formação, que parece mesmo o dorso de uma baleia e o tempo continuava aberto, para infinitas fotos do Garrafão. Em seguida, descemos a laje em direção ao “lance do mergulho” e descobrimos a razão de “tanto chocolate”! O senhor e seu filho-que-não-fotografa-mais esperavam-nos para protegermos o lance com cordas e fitas e descer com segurança. Realmente, o lance estava molhado e a descida foi bastante delicada. Leonardo e Paulo já haviam passado em solo e, mais tarde, disseram que passaram um perrenguinho sem, no entanto, grandes problemas. Passamos o lance com a corda e, enquanto isso, Leandro me mandou correr na frente para ajudar o Sandro a preparar o Lance do Cavalinho. Fui andando esbaforido, pois é uma parte bastante íngreme, até encontrar o Sandro já protegendo o Lance. É realmente um passada bastante técnica e exposta, mas para que escala não apresenta grande dificuldade pois encontram-se enormes agarras de mão. Sandro subiu, içou as mochilas, eu subi (curti demais!), colocamos um corda e começamos a ajudar a galera a passar. Bem interessante a cara de cada um nessa hora: alegria para uns, medo para outros e sempre muita confusão! Sendi Lee veio felizona, dizendo que queria “liberar” o lance pois em alguns dias ia guiar um excursão ali, mas Ivan insistia em tentar puxá-la para cima, hora pelo braço, hora pelo cabelo, enquanto eu batia na mão dele dizendo “deixa ela tentar, deixa ela tentar”. Todos passaram bem, continuamos subindo e, justiça seja feita: o Senhor-chocolate ajudou a galera o tempo todo.

Chegamos à trilha que vai para o Sino, deixamos as mochilas e fomos para o cume da Serra dosÓrgãos afinal, quase todos eram escaladores e, para escalador “só o cume interessa”! No cume, com tempo parcialmente aberto, muitas fotos, abraços, gritos e uma friaca “du cão”. Depois foi só descer em direção ao Abrigo 4, onde chegamos por volta de 13:30h e começou um frenesi gastronômico: pães, biscoitos, sopas, sanduiches, arroz, feijão, salsicha e, pasmem, nenhum chocolate! Foi foda. O cara que cuidava do abrigo, um muleque zem que se descobriu ser irmão gêmeo do Rodrigo-sorriso, que em 3 segundo já era amigo íntimo deste, disse que adorava chocolate, mas nada do Sinhô liberar algum. Ah, essa hora, enfim, apareceu o miojo! Esse abrigo, super estruturado e aconchegante, tem tanta comida deixada pelos frequentadores que sua cozinha parece um mercearia grátis! Você entra, escolhe o que vai comer, faz um café, lava os pratos e continua a trilha. Ficamos por ali até as 15h, debaixo de sol/debaixo de um garoa até iniciarmos a descida para a Barragem.

A descida é um coisa infinita, interminável, mas muito bonita e relativamente tranquila. Começamos ainda com luz e sem chuva, na maior friaca, conversando sem parar, felizões, até que a chuva começou a cair. Descobrimos que havia chovido bastante “abaixo de nós” nos últimos dias, quando tínhamos pegado apenas alguma garoa, mas agora que perdíamos altitude começávamos a tomar um chuva cada vez mais grossa. Dane-se! Daqui pra frente, até debaixo de raio! Depois de uma parada em que a Sendi atacou as últimas migalhas do rango da galera -justiça seja feita, ela levou um brownie e um delicioso biscoito de lentilha :S verde – descemos por três horas e meia e já com as lanternas acessas e debaixo dos tais 30%X2mm de chuva chegamos a uma varandinha na Barragem, onde todos gritam, pulava, tiravam fotos e se abraçavam, hiper felizes pela aventura! Ainda restava alguma adrenalina pois a van não havia chegado e o Ivan precisou ser despachado de carona com um casal para tentar nos tirar dali. Nesse momento, a Barbara, ainda encantada com o Lance do Cavalinho, pulou a janela da varanda e abriu (segredo hein) a casinha para que pudéssemos ficar abrigados do frio em um local confortável. Já jogávamos a primeira rodada de baralho quando a van chegou, nos levou direto para a Parada do Alemão (cerveja!) e depois para o estacionamento onde deixamos o carro na Tijuca. Todos indo embora quando de repente: “ih, de quem é aquela mochila?”. A Marilia havia deixado a mochila pratrás, na pressa de chegar logo em casa: também, pra quê mochila, se não tinha mais nenhuma banana?.

Agradeço a todos, em especial Sandro e Leandro, por terem armado essa aventura, e a todos que participaram da travessia, na minha opinião, uma das mais bonitas do mundo! Dor, machucado, cansaço, frio, sol, roncos e risadas, muitas risadas, me dão a certeza de que entre as melhores coisas dessa vida, com certeza uma delas é estar com os amigos na montanha, sempre!


Garden

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