Por Leandro do Carmo
Escalada no Morro do Morcego - Relato da via Visão Oposta
Local: Morro do Morcego – Jurujuba – Niterói RJ
Data: 12/04/2014
Participantes: Leandro do Carmo, Michael, Ary, Giovani e Arley
Estava com muita vontade de voltar ao Morro do Morcego. A
minha primeira ida até lá foi em 01/09/2012. Na oportunidade fizemos a via
Paredão Sangue Bão. Já estava mais que na hora de voltar!!!!
Na reunião social do Clube Niteroiense de Montanhismo,
perguntei ao Ary se ele estava a fim de voltar lá. Ele aceitou o convite e logo
chamamos outras pessoas também. Dessa vez, o Michael, Giovani e o Arley nos
acompanharam. Marcamos as oito da manhã, em frente a Igreja de Jurujuba.
Cheguei uns 10 minutos antes do horário e parei o carro um
pouco mais a frente, bem próximo da casa onde costumamos pedir autorização para
entrar. Voltei para o ponto de encontro e o Michael estava chegando. Logo
depois, veio Giovani. O Ary demorou um pouco, pois teve um pequeno problema na
sua moto. Como já havia passado de 8:30, o Ary resolveu ligar para a casa do
Arley, que por desencontro de informações, não sabia que a escalada estava
confirmada. Como ele mora relativamente perto, esperamos ele chegar.
Depois de todos reunidos, nos dirigimos para o começo da
trilha. Na casa, perguntamos se poderíamos entrar para acessar o caminho. Fomos
muito bem recebido pela dona da casa, mas não pelo seu cachorro. Ainda bem que
estava preso! Ela nos alertou sobre umas abelhas, que tem lá por
cima. O caminho, que é uma rua, estava bem mais limpo que da última vez, pensei
que dessa vez seria moleza chegar até a base. Seguimos até a parte dos
eucaliptos e viramos para a esquerda. O mato ali estava um pouco mais alto que
da última vez, mas nada que atrapalhasse.
Mas na frente, quando começamos a subir para a direita, em
direção às ruínas de um muro, minha surpresa. Era tanto capim, que formava uma barreira! Eu
pensando que seria moleza... O Ary já prevendo que teríamos bastante mato,
levou um facão. Foi a nossa sorte, pois abrir o mato com as mãos e pernas, não
seria uma tarefa muito agradável....
Por vezes tínhamos que ir e voltar, pois a cada caminho que
tomávamos o mato parecia que aumentava. Com o Ary sempre a frente, abrindo
caminho com o facão, conseguimos chegar até a base. Quando vi a pedra na minha
frente, pensei: “Que bom que chegamos, agora vai!!!” Mais um engano! Estava
tudo fechado. Havia caído uma árvore e estava tudo embolado com um tipo de
cipó, fechando bastante o caminho. Pensei até que não fosse dar para continuar.
Mas o Ary foi guerreiro! Abriu bem o caminho e descemos em direção á base da
via. Ali já estava bem limpo. Acho que o problema tinha sido a queda da árvore
e também ao incêndio que ocorreu no final do ano passado. Nessas
circunstâncias, o mato cresceu com força.
É fácil de identificar a base. Tem um fenda que sobe em
diagonal para a direita, com uma palmeira no meio. Dividimos as cordadas e o
Giovani e o Arley foram com o Ary. O Michael foi comigo. Pedi para o Ary
começar, queria filmar alguém fazendo aquele lance do começo. Depois que o Ary
começou a segunda enfiada, eu comecei a escalar.
A saída é boa e é um lance de equilíbrio até chegar na
palmeira. Abraçando a palmeira, a contornei e segui até o primeiro grampo.
Costurei e dei uma descida até um degrau, um pouco mais embaixo e depois subi,
continuando na fenda até o segundo grampo. Dali dava para ver a cordada do Ary
em ação. Ele acabara de sair de sua primeira parada e estava reclamando da
sujeira da via. Parede suja é complicado! Como eles estavam demorando um pouco,
resolvi mandar o Michael subir, assim ele não ficaria lá em baixo sozinho.
Quando o Arley saiu da parada, eu comecei a escalar.
A ponta onde montei a minha primeira parada, é o alto de
uma chaminé. Fui cumeando a chaminé até um trepa pedra, onde tem um grampo.
Costurei e pensei em colocar uma costura longa para diminuir o arrasto, pois
ali a corda faria uma curva de quase 90°.
Pensei até em fazer uma parada ali, como o Ary fez, mas resolvi seguir,
mesmo aumentando o arrasto. Dali para cima a parede vai ficando mais vertical.
Porém as boas agarras compensam. Aquela camada grossa de líquen, por vezes
cobre as agarras e é necessário ficar limpando para descobrir a melhor.
Passei por uma parada dupla quase escondida na vegetação e
fui tocando para cima. A visão dali era muito bonita. A enseada de Jurujuba
tomava forma. O sol batia de frente, bem na direção da cabeça quanto olhava
para cima, buscando as agarras. Num lance, olhei para cima e vi o grampo um
pouco distante. Pensei: “Tá longe...” Concentrei e com mais duas passadas,
quando olhei de volta, ele já estava na altura da minha cabeça, ainda bem...
Fui costurando os grampos até que a parede perdeu um pouco de inclinação, ponto
onde existe um parada dupla.
Montei ali mesmo a nossa segunda parada e o Michael veio
escalando. Subiu rápido e seguro. Mandando muito bem. Dali para cima, a via se
encontra com a Pardedão Sangue Bão, tendo em comum os mesmos lances. Ofereci ao
Michael a oportunidade de guiar, mas ele preferiu deixar para uma próxima
oportunidade.
Fiz os lances finais e quando cheguei ao cume, fiz segurança
de corpo para o Michael e ele subiu rapidamente. A via é curta mas muito boa. O
cume do Morcego tem uma visão fantástica. Aproveitei para dar uma olhada em
volta e ver se achava algum grampo de cume da via Moby Dick, mas nada. Deu para
ver somente o lugar da base lá em baixo e mais nada.
Rapelamos direto com duas cordas. Aproveitamos para melhorar
duplicar o ponto de rapel, caso fosse feito com apenas uma corda. Havia apenas
um grampo mau batido no meio da parede. Agora, dá para escalar com uma corda só
e com segurança. Na base, nos arrumamos caminhamos de volta. Ainda bem que o
mato já estava baixo!
Até a próxima!
Vista do final da diagonal |
Morro do Morcego, visto da praia de Charitas |
Face sul do Morro do Morcego |
Vista da trilha de acesso |
Michael na base da via |
Giovani no cume do Morcego |
Galera reunida no cume |
Jurujuba vista do alto |
Fortaleza de Santa Cruz e Pão de Açúcar |
Fortaleza de Santa Cruz |
Acordada do Ary na primeira parada |
Na base da via |
Chegando na segunda parada |
Showzaçooooooooooooooooo Pit Bull , bela via e grande visual o Morro do Morcego !
ResponderExcluirParabéns.