Por Leandro do Carmo
Via Aresta do Xilindró – 3º IVsup E2 55m
Conquistadores: André Ilha, Lucia Duarte, Marcos da Silveira
Ano: 1984
Trilha: T13 – 6km (somente ida)
Nível: Pesada
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Paulo Guerra e Clayton Mangabeira
Dicas: Caminhada de aproximação pesada, total de 6km (somente ida) conforme informação nas placas de sinalização; encontra-se água no caminho, com mais ou menos 2 horas de subida (num ritmo bom); a via é bem suja e usa-se aderência em alguns lances; se estiver chovendo ou muito nublado, a via fica muito molhada, principalmente nos últimos lances; faz-se cume também por caminhada.
Ilha Grande... Dispensa comentários... Foi um final de semana fantástico. Fazer o Pico do Papagaio já estava na minha lista desde a última vez que estive lá, há uns 3 anos... Já havia programado tudo, só faltava a oportunidade. Fui conversando com uns amigos e decidi que faria no primeiro final de semana de dezembro. Com um mês de antecedência, já estava divulgando a aventura. Como era um final de semana inteiro, achei que fosse difícil arrumar companheiros... Engano meu! Logo já estavam fechados: Guilherme, Leonardo, Paulo, Ary e Clayton.
Uma semana antes, o Guilherme avisou que não poderia ir, mas sem problemas. Tocamos o projeto para frente. Na semana da viagem, combinamos tudo direitinho e ajustamos os detalhes finais. Marcamos para sair na sexta, as 13h e o Ary iria mais tarde de ônibus. Na sexta, após um pequeno atraso, saímos de Niterói, por volta das 14:00h. No caminho, pegamos um trânsito pesado na Av. Brasil. O calor era de mais! Mas nada que pudesse desanimar!!!! Paramos no caminho para lanchar e esperar o Clayton sacar dinheiro, que por, sinal já foi a primeira aventura dele... O Cara tentou em um monte de caixa eletrônico, bloqueou o cartão, quase chorou e ficou reclamando a viagem inteira!!!! rs. Às 17:15, já estávamos no estacionamento, em frente ao cais de Conceição de Jacareí. O próximo barco sairia as 18:45. Compramos a passagem e fomos esperar na praia, isso tudo com o Clayton falando do cartão...rs
Eram 18:00, quando recebi uma mensagem do Ary dizendo que ainda estava na ponte e não chegaria a tempo de pegar o ônibus na rodoviária. Infelizmente menos um... Não podíamos desanimar... rs. Às 18:45, o barco chegou ao cais e embarcamos rumo a ilha. Foi mais ou menos uma hora de navegação. O mar estava um pouco mexido e só melhorou depois que entramos na enseada de Abrahão. Desembarcamos e fomos direto para o camping. Armamos as barracas e demos uma volta pela vila até achar um lugar para comer.
Antes de dormir, decidimos a hora que iríamos sair no dia seguinte, isso seria fundamental para não acontecer atrasos. Deixamos tudo arrumado. No sábado, às 06 da manhã, estávamos todos de pé. A galera estava animada!!!! Fomos até uma padaria, tomamos café e partimos para a caminhada. O tempo estava meio encoberto e o Pico do Papagaio completamente escondido não dava o ar da graça. Mas se chovesse, só a trilha já compensaria... Entramos na estrada que vai para Dois Rios e começamos a subir. Depois de 25 minutos, já estávamos no começo da trilha, muito bem sinalizada, por sinal.
No caminho, encontramos dois que pareciam esperar por alguém. Assim que entramos na trilha, eles vieram nos acompanhando. Começamos a subir, estávamos num ritmo bom, com certeza faríamos
em menos de 3h30min, tempo descrito na placa de informação. Pensei que os cachorros fossem descer a qualquer momento, mas eles continuaram subindo com a gente e quando parávamos para descansar, eles paravam também e se já estivessem mais acima, eles voltavam para ver o que tinha acontecido, caso demorássemos um pouco. Tínhamos dois guias!!!! Com 1h30min, encontramos água corrente, uma nascente com água bem gelada. Paramos para nos refrescar e descansar um pouco.
Em todo o percurso escutávamos o barulho dos macacos bugios, também conhecido por guariba ou barbado, eles estão entre os maiores primatas encontrados na Ilha Grande, com comprimento de 30 a 75 centímetros. Sua pelagem varia de tons ruivos, ruivo acastanhados, castanho e castanho escuro. Ele são famosos por seus gritos, que podem ser ouvidos em toda a mata. De vez em quando, os gritos eram tão alto que até assustava!!!! Tinha também uns montes de côcô no percurso da trilha, com certeza eram eles marcando território...
Até ali, a trilha estava bem molhada, sempre caindo uns pingos d’água das árvores. A essa altura estava tudo muito encoberto e achava que não daria para fazer a via. Seguimos em frente e os cachorros também!!!! A trilha é bem marcada, porém não conseguimos ver nada em volta. A vegetação é muito densa e a gente caminha e caminha e não vê nada além de árvores...
Passamos por um bambuzal e mais a frente deu para ver a pedra, mas, rapidamente, ficou encoberta de novo. Pelo menos já dava para ver que estava chegando. Já estávamos bem alto e a trilha mais molhada. Passados alguns minutos, chegamos a placa onde indicava a base e a continuação da trilha até o cume. Chegamos à base do Pico do Papagaio com 2h35min, viemos num ritmo bom. Chegamos com 1 hora a menos que a média. E os cachorros??? Eles... É claro que estavam lá conosco!!!!!! Um até desceu rolando na pedra, mas não desistiu... Voltou e conseguiu subir!!!!!
Na base, paramos para descansar e nos preparamos para subir. Ainda não dava para ver muita coisa. Algumas nuvens ao redor e o vento parecia estar aumentando. Com isso, o frio também veio! Coloquei o anorak, pois não sabia se iria piorar. Vi que tinha esquecido minha sapatilha, peguei a do meu irmão emprestada, ainda bem que dava em mim!!! Fui até mais acima e percebi que a via estava bastante molhada e suja. Ameacei subir para sentir a pedra e aproveitei meu irmão mais embaixo para desescalar um pedaço. Depois de alguns minutos o tempo foi abrindo e decidi subir de vez. Usar uma sapatilha diferente da que está acostumado, fez a diferença. Demorei mais que o normal... Mas venci o lance, costurei o primeiro grampo e fui tocando pra cima. Com algumas agarras quebrando, pedra úmida e muito suja, a subida ia ficando mais emocionante. Subi mais um pouco e costurei o segundo grampo. Ali, a umidade estava grande, tinha muito limo na pedra, era um lance de aderência e estava difícil. Peguei uma fita longa e “lacei o grampo”, tocando para cima, não poderia haver erros e não estava muito preocupado em “encadenar” a via.
Dei uma parada para analisar se daria para continuar, afinal de contas, não queria ficar passando perrengue a subida inteira. Nessa hora, o tempo abriu e o sol veio com força. Foi preciso tirar o anorak. Fui subindo, costurei o quarto grampo e fui margeando a aresta. Veio o quinto grampo e o último. Olhei para cima, faltava o último lance. Agora era só subir... Fácil? Ah se fosse assim... Escorria tanta água que achei que não fosse conseguir, pensei até em descer... Parei um tempo e fui olhando as agarras e vi que tinha uma linha meio seca. E por ali eu fui. Subi bem devagar, ás vezes com o pé na água, mas como tinha bons apoios, deu para seguir. Até que no último lance, tive que segurar numa laca bem pequena, onde começou a escorrer um pouco de água pelo braço, aí foi prender a respiração e tocar para cima.
Estava dominado!!!!! O pior já tinha passado, agora era muito mais tranquilo... Armei a parada numa árvore e dei segurança ao Paulo que subiu rapidamente. Dali, ele foi me dando segurança, pois ainda tinha que passar pela frente de uma pedra e como estava tudo molhado, todo cuidado seria pouco. Fui caminhando, passei uma fita em outra árvore e fui segurando numas plantas que me deram apoio. Contornei a pedra e subi mais um pouco. Dei segurança de corpo ao Paulo e mais uma subidinha, estávamos no cume!!!!
Missão dada é missão cumprida!!!!! Lá de cima, a vista era fantástica. Um 360º da Ilha. Algumas nuvens ainda encobriam alguns lugares, mas já tínhamos uma noção da beleza. A sensação concluir o projeto é fantástica. Pode até ser simples, escolher o camping, horário de barco, previsão do tempo, equipamento para levar, incentivar as pessoas para te acompanhar, etc., e no final ver que tudo deu certo... Sem palavaras.... Assinamos o livro de cume e para finalizar, ainda fizemos um rapel até a base, para poder pegar as coisas e ir embora.
E os cachorros????? Foram até lá em cima!!!! Você acha que eles iriam subir a trilha e não iriam fazer cume??? rs. Eles estavam lá e só não desceram de rapel pois não tínhamos nenhum baudrier canino... rs. Voltamos até a base onde pegamos nossas coisas e nos preparamos para descer. Um dos cachorros acompanhou duas meninas que estavam meio perdidas na trilha e outro foi nos seguindo. Quase na placa onde a trilha se divide para o cume e para a base, tinha um cara que estava esperando a gente descer pois não encontrava o caminho de volta. Ele foi seguindo a gente até a nascente. Nós paramos para descansar e ele seguiu trilha abaixo.
Demos uma boa descansada, e continuamos a caminhar. Como era descida, as paradas foram menores e 1h55min depois, estávamos na estrada que vai para Dois Rios. Mais alguns minutinhos, e chegamos no camping. Aí foi só tomar banho e sair para almoçar.
No dia seguinte demos uma volta pelas praias próximas, pois tínhamos comprado a passagem do barco para as 13h. Pegamos o barco e nos despedimos de um excelente final de semana!
Maneiríssimo! Gostaria muito de fazer, na próxima com certeza estarei escalando! Tem vídeo? Edita para a galera! Grande abraço a todos, bela aventura digo, PITBULL AVENTURA! KMON!!!
ResponderExcluirObrigado pelo relato (=
ResponderExcluirValeu Bernardo. Grande abraço!
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