Por Leandro do Carmo
Via Paredão Osvaldo Pereira 4º VIsup (A1/VI) E1 D3 510 metros
Local: Alto Mourão (Pedra do Elefante)
Data: 14/01/2012
Participantes: Leandro do Carmo e Bruno Silva
Alto Mourão, também conhecido como Pedra do Elefante, é o ponto mais alto de Niterói, com 412 metros de altura. Está localizada no Parque Estadual da Serra da Tiririca, entre as praias de Itaipuaçú e Itacoatiara. Esse seria o destino da próxima aventura. Mas dessa vez seria diferente, não alcançaria o cume pela trilha, seria fácil demais... rs. A missão seria outra, escalar a face sudoeste, numa via de 500 metros.
Tudo começou quando o Bruno, um amigo da Companhia da Escalada me falou que iria fazer uma via na Pedra do Elefante e se eu conhecia. Falei que conhecia o local, porém nunca tinha entrado em nenhuma via. Passado o final de semana, perguntei como tinha sido a via e ele me falou que não havia feito e me convidou. Não pensei duas vezes, seria a oportunidade perfeita. Como tenho o Guia de Escaladas de Niterói, sugeri a via Paredão Osvaldo Pereira, por se tratar da única E1 da parede.
Bom, marcada a escalada, era hora de preparar a logística. Afinal de contas, uma D3 (escalada com duração entre 4 e 6 horas) e com lances de 5º, 6º, 6ºsup e A1/VI não é qualquer escalada. Minha primeira preocupação foi com o sol. Seria necessário entrar o mais cedo possível na via. Porém, a entrada no Parque da Tiririca só é permitida a partir das 08:00. Entrei em contato com a administração do parque, na qual fui muito bem atendido, e nos foi concedida permissão para entrar a partir das 06:30.
Outra fator importante, seria o peso a carregar e quantidade de água. Pela previsão do tempo, ficaria nublado com possibilidade de chuva somente no final do dia. Improvisei meu reservatório flexível de água em uma mochila pequena e levei mais duas garrafinhas de Gatorade, além de duas bananas e dois sanduíches.
Marcamos então, as 06:45. Nossa intenção era começar a escalar o mais cedo possível. Eu nunca havia chegado à base da via, mas conhecia bem o local. A trilha até o Bananal foi tranquila como sempre. A partir dali, nunca havia ido naquela direção. Quando cheguei no bloco “A Isca”, fui subindo pela mata, em diagonal, me orientado por uma linha imaginária que havia traçado. E deu certo. Depois de uns 15 minutos chegamos a parede. E como estava descrito no croqui, o primeiro grampo era bem baixo, estava fácil de identificá-lo.
Nos arrumamos, demos uma última olhado no croque e combinamos uma comunicação extra, caso não fosse possível contato visual ou sonoro. Decidimos que faríamos as primeiras enfiadas em 20 minutos, pois eram as mais fáceis e queríamos ganhar tempo. O Bruno iria guiar a via, pois ele tem vontade de se certificar na AGUIPERJ e para isso, são necessários 25 vias em D3, no mínimo entre outros pré-requisitos.
Assim começamos. Já na primeira enfiada, demos uma arrancada boa. Em vinte minutos já estava concluída. Foi assim nas próximas 5. A vista ia ficando cada vez mais bonita. O sol começava a aparecer. Já dava uma prévia do que seria dali para frente. Enquanto subia nessas enfiadas, de vez em quando passava por uma chapeleta em péssimas condições. Para mantermos esse ritmo, não dava para ficar de bobeira. Assim que o Bruno chegava na parada e avisa que estava preso, eu já calçava a sapatilha me preparava para subir. O contrário também funcionava assim, quando eu chegava na parada, ele já começava a se preparar para subir. Era só o tempo de beber uma água e começar a escalar.
Não seguimos fielmente as paradas do croqui, em alguns casos dávamos uma esticada a mais, a fim de otimizarmos a subida. Em alguns lances a parede estava bem suja, o liquen cobria as agarras e por vezes tínhamos que subir na “sujeirência” e não em aderência!!!!! Chegamos ao diedro, onde ficava a base A1/VI. Foi quando entendi o por que do artificial no lance de VI e livre no lance de VIsup mais acima. O lance é bem desconfortável e em caso de queda, o guia poderia se machucar. Se machucar a 300m de altura, não seria nada agradável!!!!! Uma pequena pausa para água e algumas fotos.
O Bruno então iniciou o lance, subiu e quando passou dos grampos da parada e foi costurar a chapeleta, ela se desfez!!!! Aí o lance que poderia ser feito em A1, virou obrigatório e de quebra deve ter virado um E2. Acho que nessa hora ele não queria estar ali, hahaeeaheah. Mas o cara manda bem. Venceu o lance na pressão e tocou para cima. Foi minha vez de subir. Participando fica mais fácil. Fui mais tranquilo, sem risco de queda. Passei pela chapeleta super podre, costurada só por que estava ali, pois não seguraria nem o peso da corda.
Coloquei a mão no capacete e ele estava quentíssimo. Nessa hora, o sol já não dava trégua. Veio o lance de V e paramos na base do VIsup. Se o sol estava forte, agora ficou fortíssimo. O Bruno perguntou se depois dessa enfiada e poderia guiar o resto. Topei na hora. Demos uma boa descansada em baixo da vegetação. Não estava muito confortável, mas era o que dava. Já estávamos chegando ao fim. O Bruno então partiu para o VIsup e parou na segunda parada dupla, de onde rebocou sua mochila.
A vontade de guiar era tanta, que passei voando pelo VIsup, até eu me surpreendi!!!! Cheguei até o Bruno e já me preparei para subir. Nem água quis beber. Começamos a ouvir algumas vozes e percebemos que já estávamos quase no cume. Olhei o croqui e faltavam 3 enfiadas. Toquei para cima. Da parada só dava para ver o primeiro grampo. Quando cheguei nele, avistei os outros. Entrei no IVsup e venci tranquilo. Cheguei na nossa P10. Daí para cima, foi uma escalaminhada por meio da vegetação até o cume.
Em fim, depois de 5:10 h de escalada, 11 paradas, chegamos ao cume. Não dá para descrever a sensação. A vista maravilhosa de Itaipuaçú, Maricá, Inoã, Itacoatiara, Itaipu, Camboinhas, Piratininga, Rio de Janeiro, etc. Missão cumprida??? Que nada, ainda faltava a trilha do cume até o mirante de Itaipuaçú e depois uma caminhada no asfalto até Itacoatiara.
A trilha de volta foi tranquila, apesar do calor. A densa floresta refresca um pouco. Só faltava uma nascente para refrescar o calor. O pior acho que foi a caminhada no asfalto quente e os carros passando a toda, por vezes tirando um fino. Paramos no Posto ALÊ e o ar condicionado da loja de conveniência deu gás para concluirmos a caminhada até a entrada do parque, em Itacoatiara.
Para evitarmos essa caminhada na descida da serrinha de Itaipuaçú, poderíamos ter deixado um carro parado no mirante, da próxima vez, faremos isso. Mas aí, foi tarde de mais...
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