Por Leandro do Carmo
Trilha da Pedra do Faraó via Cachoeiras de Macacu
Participantes: Leandro do Carmo, Ivison Rubim e Rafael Faria do Carmo
Data: 05/03/2019
Local: Cachoeiras de Macacu
Curiosidades sobre a Pedra do Faraó
A Pedra do Faraó, também conhecida como Pedra da Visão ou Pedra do Corcovado, é uma incrível formação rochosa com uma altitude
em torno de 1.719 metros. Serve de referência como divisor dos municípios de
Nova Friburgo, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu.
Está situada entre três importantes unidades de conservação
da natureza, a APA Macacu, APA Macaé de Cima e o Parque Estadual dos Três Picos.
Existem três caminhos de acesso: Através de Cachoeiras de
Macacu, passando pelas ruínas da antiga Fazenda Santa Fé, subindo acompanhando
o Rio Boa Vista, no qual podem ser encontradas diversas quedas d’água de rara
beleza. Por Macaé de Cima seguindo a estrada que acompanha o Rio Macaé, até se
chegar a trilha que segue ao topo da Pedra do Faraó. E o outro acesso é por
Silva Jardim, subindo uma das microbacias afluente do Rio São João.
Esta formação rochosa, recebe este nome devido a alusão da
imagem da cabeça de um Faraó com seus adornos, vista de perfil ao ser observada
a distância no sentido a partir da Pedra da Caledônia que divide os municípios
de Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu no Rio de Janeiro.
Nas proximidades da Pedra do Faraó encontram-se várias
nascentes de água que contribuem para formar os rios São João, Macaé e Boa
Vista, este, afluente do Rio Macacu.
Dicas para subir a Pedra do Faraó
A trilha é de difícil orientação, mesmo com GPS. Aconselhável o pernoite na base do Faraó ou em
seu cume. Existe bastante água pelo caminho. Levar facão.
Como chegar ao início da Trilha da Pedra do Faraó
O início da trilha fica no Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé. Vindo do Rio de Janeiro, dobrar a direita, logo após o viaduto no centro de Cachoeiras de Macacu, entrar à direita, em direção ao bairro de Boa Vista, seguir a estrada até seu final.
Tracklog da Trilha da Pedra do Faraó: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pedra-do-farao-36461965
Tracklog do Caminho até o Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé: https://pt.wikiloc.com/trilhas-off-road/estrada-ate-o-refugio-da-vida-silvestre-de-santa-fe-36462088
Vídeo da Trilha da Pedra do Faraó
Relato da Trilha da Pedra do Faraó
Em 2018, o Ary Carlos e o Rafael Faria haviam feito o pernoite no cume da Pedra do Faraó, saindo de Cachoeiras de Macacu e isso me inspirou em tentar repetí-la. A ideia inicial era também fazer o pernoite, mas não consegui conciliar as datas e acabou que resolvemos fazer um bate e volta. A caminhada era pesada. Aproximadamente 17 km no total e 1.300 m de desnível, além de ser de difícil orientação. Não fiquei pensando muito... Apenas decidi ir.
Nesse dia, estávamos eu, Ivison e o Rafael, o único que já
havia ido. É fato que a caminhada por Cachoeiras de Macacu é mais pesada, mas
também é mais desafiadora. Por isso marcamos de sair as 5:30 h de Niterói,
assim teríamos mais tempo. A viagem foi tranquila e paramos para um café da
manhã numa padaria já em Boa Vista, por sinal, tem sido nosso ponto de apoio
nas investidas na região.
Abastecidos, seguimos de carro pela estrada até o Refúgio da
Vida Silvestre de Santa Fé, onde estacionamos o carro e nos preparamos para a
caminhada. Encontramos um casal de moradores local que ficaram até assustados
quando falamos que iríamos à Pedra do Faraó... Mas estávamos ali para isso.
Queríamos aventura!
Iniciamos nossa caminhada, efetivamente, as 08:15 h. O dia
estava firme e já fazia bastante calor. Atravessamos a ponte e começamos a
subida. Nesse começo, o caminho é aberto e tranquilo. Passamos pela entrada de
diversos poços excelentes para um banho, mas nosso objetivo era outro. Pelo
caminho, cortamos diversos pequenos cursos de água que brotavam montanha acima.
Abundância total. Passamos também por alguns casebres, uns mais bem
construídos, outros nem tanto. Perto de um bambuzal, cruzamos com uma jararaca.
Nem havia visto. Quando o Rafael disse para eu parar, já estava há uns dois
metros dela...
Às 09:21 h descemos um trecho para atravessar o rio. Foi
onde escorreguei e desloquei meu dedinho da mão esquerda. Coloquei no lugar e
vi que estava mexendo e não havia sinal de fratura. Com tudo em ordem, tiramos
a bota e atravessamos o rio. Seguimos subindo até o último casebre, a partir
dali, a aventura iria começar.
Seguimos o caminho e entramos na mata novamente. A medida
que andávamos a trilha ia ficando menos definida. Após alguns minutos, chegamos
a um largo, onde nos deparamos com a primeira dúvida de muitas ao logo do dia:
Para onde ir? O GPS até indica o caminho, mas nem sempre é tão obvio assim. Não
achamos a picada e resolvemos abrir caminho no facão. Continuamos num trecho
curto até que voltamos novamente para a trilha. O caminho continuava fechado e
agora com muitos cipós, arranha gato e uma espécie de bambu que parece que tem
uma lixa, deixando os braços todos lanhados. O Rafael foi subir um trecho onde
precisava de auxílio das mãos e quase segurou em outra jararaca. Nesse ponto
nem adiantaria perneira...
Passado o susto, seguimos subindo até fazermos nossa
primeira parada. Nesse ponto coloquei uma camisa para cobrir os braços, já não
dava mais para aguentar os arranhões. Dali continuamos a subida. A mata mais
fechada que os trechos anteriores. Bastavam poucos metros para perder um de
vista. Assim, resolvemos andar bem perto um do outro. Só eu estava com facão. E
optei por não usar muito, pois cansa bastante.
O calor estava bem forte. A mata continuava exuberante.
Algumas moscas de quase 3 cm perturbavam em alguns pontos. E o problema, é que
elas picavam por cima da roupa. Começou a dar câimbras e na primeira
oportunidade comi duas bananas e tratei de me hidratar mais. E deu certo. Aos
poucos, as câimbras foram dando espaços maiores, até sumirem. Fazia muito calor
e estava muito úmido, combinação perfeita para uma rápida desidratação. Passamos
por diversas grandes árvores caídas, o que dificultava bastante a progressão.
Num ritmo bom, chegamos ao ponto do acampamento base às 12:50. Era hora de
descansar um pouco e preparar para o ataque ao cume.
Calculamos algo entorno de 1h 30min para alcançar o cume.
Iniciamos a subida. O começo é bem íngreme e com muitos bambuzinhos que ficam
trançados pelo caminho. Tudo agarra. Aos trancos e barrancos superamos esse
trecho e começamos a caminhar num trecho mais aberto e sem tanta vegetação.
Após um trecho com menos inclinação, veio mais uma subida forte. Começou a me
dar câimbras. E Foi nessa hora que nos reunimos e estabelecemos um horário para
voltar. Caminhar durante a noite naquela parte mais fechada do caminho não
seria uma boa ideia.
Eram 14 horas, quando demos o prazo de 14:30 para começar a
descer, independentemente de onde estávamos. E assim nos dividimos. O Ivison
ficou e eu segui na frente, com o Rafael logo atrás. Para adiantar, deixamos as
mochilas num canto e seguimos mais leves. Nesse momento, a formação de nuvens
já era maior e o barulho de algumas trovoadas eram cada vez mais constantes.
Cheguei a uma árvore seca caída e não conseguia mais ver a trilha. Consegui
transpô-la e ainda subi mais um pouco. Conseguia ver que o cume estava logo ali
à frente. Não estava fácil progredir. Olhei no GPS e o caminho era por ali.
Mais trovoadas... Comecei a afundar em alguns pontos, não estava nada fácil.
A hora estabelecida havia chegado. Dava para continuar, mas
estaria descumprindo o combinado. Estava logo ali... Nesse momento, dei meia
volta e comecei a descer novamente. Mais abaixo um pouco, encontrei o Rafael e
ele me explicou como deveria ter feito. Bateu com o caminho que estava fazendo,
mas precisaria de mais tempo para chegar. E era o que não tínhamos no momento.
Começamos a descer e reencontramos o Ivison, um pouco mais acima de onde
havíamos nos separado. Dali, pegamos o caminho de volta. Começamos a descer a
ainda paramos para foto de despedida do “Guardião”.
Chegando ao ponto do acampamento base, fizemos uma pausa
maior para um merecido descanso e um lanche. Estava bem cansado. Ainda
pegaríamos todo o caminho de volta, mas pelo menos era descida. Começamos então
a descida. Alguns trechos eram fáceis de lembrar, outros, mesmo tendo passado
há poucas horas, ficava difícil de identificar por onde seguir. Por vezes,
fazíamos um caminho diferente e até mais fácil. Era até engraçado, pois
ficávamos nos perguntando como é que não tínhamos visto isso na subida. A chuva
começou a cair, mas não foi forte. O calor ainda era grande, apesar de estarmos
molhados.
Por vezes nos distanciávamos alguns metros, mas o suficiente
para perdermos contato visual. Em um momento, o Rafael precisou apitar para
podermos nos encontrar novamente. Com o tempo fechado e o final da tarde se
aproximando, já era nítida a piora na visão. Mas estávamos bem e chegaríamos a
tempo. Há aproximadamente 30 minutos do casebre, tive a certeza de que fizemos
o correto ao estabelecer o horário de volta e mais ainda, de ter cumprido,
mesmo estando a poucos metros do cume. Não que seria impossível caminhar no
escuro, mas já estávamos exaustos e a descida seria dura!
Depois de muito andar, saímos da mata e tudo ficou mais
claro. Já conseguia ver o casebre e foi um alívio chegar ali. Era 18:15 h.
Paramos para um merecido descanso. Arrumei as coisas para a volta. Preparei a
lanterna e em 15 minutos, começamos a descida. Chegamos ao rio e era hora de
atravessar o rio novamente. Foi duro tirar a bota e colocar o pé naquela água
gelada. Mas depois que você entra, até fica bom. Já era noite e foi hora de
pegar o caminho de volta, esse muito mais definido. Liguei o piloto automático
e descemos até o carro. Lá ainda tomamos um banho e trocamos de roupa. Além de
exaustos, estávamos muito sujos. Parecia que estávamos voltando de uma
batalha.... Missão cumprida!
Fantástico!
ResponderExcluirObrigado pela companhia. Bora voltar com pernoite no cume?
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