quarta-feira, 22 de maio de 2019

Trilha da Pedra do Faraó via Cachoeiras de Macacu

Por Leandro do Carmo

Trilha da Pedra do Faraó via Cachoeiras de Macacu

Participantes: Leandro do Carmo, Ivison Rubim e Rafael Faria do Carmo
Data: 05/03/2019
Local: Cachoeiras de Macacu



Curiosidades sobre a Pedra do Faraó

A Pedra do Faraó, também conhecida como Pedra da Visão ou Pedra do Corcovado, é uma incrível formação rochosa com uma altitude em torno de 1.719 metros. Serve de referência como divisor dos municípios de Nova Friburgo, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu.

Está situada entre três importantes unidades de conservação da natureza, a APA Macacu, APA Macaé de Cima e o Parque Estadual dos Três Picos.

Existem três caminhos de acesso: Através de Cachoeiras de Macacu, passando pelas ruínas da antiga Fazenda Santa Fé, subindo acompanhando o Rio Boa Vista, no qual podem ser encontradas diversas quedas d’água de rara beleza. Por Macaé de Cima seguindo a estrada que acompanha o Rio Macaé, até se chegar a trilha que segue ao topo da Pedra do Faraó. E o outro acesso é por Silva Jardim, subindo uma das microbacias afluente do Rio São João.

Esta formação rochosa, recebe este nome devido a alusão da imagem da cabeça de um Faraó com seus adornos, vista de perfil ao ser observada a distância no sentido a partir da Pedra da Caledônia que divide os municípios de Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu no Rio de Janeiro.
Nas proximidades da Pedra do Faraó encontram-se várias nascentes de água que contribuem para formar os rios São João, Macaé e Boa Vista, este, afluente do Rio Macacu.

Dicas para subir a Pedra do Faraó

A trilha é de difícil orientação, mesmo com GPS.  Aconselhável o pernoite na base do Faraó ou em seu cume. Existe bastante água pelo caminho. Levar facão.

Como chegar ao início da Trilha da Pedra do Faraó

O início da trilha fica no Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé. Vindo do Rio de Janeiro, dobrar a direita, logo após o viaduto no centro de Cachoeiras de Macacu, entrar à direita, em direção ao bairro de Boa Vista, seguir a estrada até seu final.




Tracklog da Trilha da Pedra do Faraó: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pedra-do-farao-36461965

Tracklog do Caminho até o Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé: https://pt.wikiloc.com/trilhas-off-road/estrada-ate-o-refugio-da-vida-silvestre-de-santa-fe-36462088

Vídeo da Trilha da Pedra do Faraó




Relato da Trilha da Pedra do Faraó

Em 2018, o Ary Carlos e o Rafael Faria haviam feito o pernoite no cume da Pedra do Faraó, saindo de Cachoeiras de Macacu e isso me inspirou em tentar repetí-la. A ideia inicial era também fazer o pernoite, mas não consegui conciliar as datas e acabou que resolvemos fazer um bate e volta. A caminhada era pesada. Aproximadamente 17 km no total e 1.300 m de desnível, além de ser de difícil orientação. Não fiquei pensando muito... Apenas decidi ir.

Nesse dia, estávamos eu, Ivison e o Rafael, o único que já havia ido. É fato que a caminhada por Cachoeiras de Macacu é mais pesada, mas também é mais desafiadora. Por isso marcamos de sair as 5:30 h de Niterói, assim teríamos mais tempo. A viagem foi tranquila e paramos para um café da manhã numa padaria já em Boa Vista, por sinal, tem sido nosso ponto de apoio nas investidas na região.

Abastecidos, seguimos de carro pela estrada até o Refúgio da Vida Silvestre de Santa Fé, onde estacionamos o carro e nos preparamos para a caminhada. Encontramos um casal de moradores local que ficaram até assustados quando falamos que iríamos à Pedra do Faraó... Mas estávamos ali para isso. Queríamos aventura!

Iniciamos nossa caminhada, efetivamente, as 08:15 h. O dia estava firme e já fazia bastante calor. Atravessamos a ponte e começamos a subida. Nesse começo, o caminho é aberto e tranquilo. Passamos pela entrada de diversos poços excelentes para um banho, mas nosso objetivo era outro. Pelo caminho, cortamos diversos pequenos cursos de água que brotavam montanha acima. Abundância total. Passamos também por alguns casebres, uns mais bem construídos, outros nem tanto. Perto de um bambuzal, cruzamos com uma jararaca. Nem havia visto. Quando o Rafael disse para eu parar, já estava há uns dois metros dela...

Às 09:21 h descemos um trecho para atravessar o rio. Foi onde escorreguei e desloquei meu dedinho da mão esquerda. Coloquei no lugar e vi que estava mexendo e não havia sinal de fratura. Com tudo em ordem, tiramos a bota e atravessamos o rio. Seguimos subindo até o último casebre, a partir dali, a aventura iria começar.

Seguimos o caminho e entramos na mata novamente. A medida que andávamos a trilha ia ficando menos definida. Após alguns minutos, chegamos a um largo, onde nos deparamos com a primeira dúvida de muitas ao logo do dia: Para onde ir? O GPS até indica o caminho, mas nem sempre é tão obvio assim. Não achamos a picada e resolvemos abrir caminho no facão. Continuamos num trecho curto até que voltamos novamente para a trilha. O caminho continuava fechado e agora com muitos cipós, arranha gato e uma espécie de bambu que parece que tem uma lixa, deixando os braços todos lanhados. O Rafael foi subir um trecho onde precisava de auxílio das mãos e quase segurou em outra jararaca. Nesse ponto nem adiantaria perneira...

Passado o susto, seguimos subindo até fazermos nossa primeira parada. Nesse ponto coloquei uma camisa para cobrir os braços, já não dava mais para aguentar os arranhões. Dali continuamos a subida. A mata mais fechada que os trechos anteriores. Bastavam poucos metros para perder um de vista. Assim, resolvemos andar bem perto um do outro. Só eu estava com facão. E optei por não usar muito, pois cansa bastante.

O calor estava bem forte. A mata continuava exuberante. Algumas moscas de quase 3 cm perturbavam em alguns pontos. E o problema, é que elas picavam por cima da roupa. Começou a dar câimbras e na primeira oportunidade comi duas bananas e tratei de me hidratar mais. E deu certo. Aos poucos, as câimbras foram dando espaços maiores, até sumirem. Fazia muito calor e estava muito úmido, combinação perfeita para uma rápida desidratação. Passamos por diversas grandes árvores caídas, o que dificultava bastante a progressão. Num ritmo bom, chegamos ao ponto do acampamento base às 12:50. Era hora de descansar um pouco e preparar para o ataque ao cume.

Calculamos algo entorno de 1h 30min para alcançar o cume. Iniciamos a subida. O começo é bem íngreme e com muitos bambuzinhos que ficam trançados pelo caminho. Tudo agarra. Aos trancos e barrancos superamos esse trecho e começamos a caminhar num trecho mais aberto e sem tanta vegetação. Após um trecho com menos inclinação, veio mais uma subida forte. Começou a me dar câimbras. E Foi nessa hora que nos reunimos e estabelecemos um horário para voltar. Caminhar durante a noite naquela parte mais fechada do caminho não seria uma boa ideia.

Eram 14 horas, quando demos o prazo de 14:30 para começar a descer, independentemente de onde estávamos. E assim nos dividimos. O Ivison ficou e eu segui na frente, com o Rafael logo atrás. Para adiantar, deixamos as mochilas num canto e seguimos mais leves. Nesse momento, a formação de nuvens já era maior e o barulho de algumas trovoadas eram cada vez mais constantes. Cheguei a uma árvore seca caída e não conseguia mais ver a trilha. Consegui transpô-la e ainda subi mais um pouco. Conseguia ver que o cume estava logo ali à frente. Não estava fácil progredir. Olhei no GPS e o caminho era por ali. Mais trovoadas... Comecei a afundar em alguns pontos, não estava nada fácil.

A hora estabelecida havia chegado. Dava para continuar, mas estaria descumprindo o combinado. Estava logo ali... Nesse momento, dei meia volta e comecei a descer novamente. Mais abaixo um pouco, encontrei o Rafael e ele me explicou como deveria ter feito. Bateu com o caminho que estava fazendo, mas precisaria de mais tempo para chegar. E era o que não tínhamos no momento. Começamos a descer e reencontramos o Ivison, um pouco mais acima de onde havíamos nos separado. Dali, pegamos o caminho de volta. Começamos a descer a ainda paramos para foto de despedida do “Guardião”.

Chegando ao ponto do acampamento base, fizemos uma pausa maior para um merecido descanso e um lanche. Estava bem cansado. Ainda pegaríamos todo o caminho de volta, mas pelo menos era descida. Começamos então a descida. Alguns trechos eram fáceis de lembrar, outros, mesmo tendo passado há poucas horas, ficava difícil de identificar por onde seguir. Por vezes, fazíamos um caminho diferente e até mais fácil. Era até engraçado, pois ficávamos nos perguntando como é que não tínhamos visto isso na subida. A chuva começou a cair, mas não foi forte. O calor ainda era grande, apesar de estarmos molhados.

Por vezes nos distanciávamos alguns metros, mas o suficiente para perdermos contato visual. Em um momento, o Rafael precisou apitar para podermos nos encontrar novamente. Com o tempo fechado e o final da tarde se aproximando, já era nítida a piora na visão. Mas estávamos bem e chegaríamos a tempo. Há aproximadamente 30 minutos do casebre, tive a certeza de que fizemos o correto ao estabelecer o horário de volta e mais ainda, de ter cumprido, mesmo estando a poucos metros do cume. Não que seria impossível caminhar no escuro, mas já estávamos exaustos e a descida seria dura!

Depois de muito andar, saímos da mata e tudo ficou mais claro. Já conseguia ver o casebre e foi um alívio chegar ali. Era 18:15 h. Paramos para um merecido descanso. Arrumei as coisas para a volta. Preparei a lanterna e em 15 minutos, começamos a descida. Chegamos ao rio e era hora de atravessar o rio novamente. Foi duro tirar a bota e colocar o pé naquela água gelada. Mas depois que você entra, até fica bom. Já era noite e foi hora de pegar o caminho de volta, esse muito mais definido. Liguei o piloto automático e descemos até o carro. Lá ainda tomamos um banho e trocamos de roupa. Além de exaustos, estávamos muito sujos. Parecia que estávamos voltando de uma batalha.... Missão cumprida!

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó


Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

Pedra do Faraó

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