segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Serra do Cipó - Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves



Serra do Cipó
Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves
3 dias, 2 noites e 45 km de pura aventura

14, 15, 16 e 17/06/2017

Participantes: Leonardo Carmo & Carina Melazzi


O Parque Nacional da Serra do Cipó está situado na área central do Estado de Minas Gerais, entre as coordenadas 19º 12` e 19º 34` latitude Sul e 43º 27` e 43º 38` longitude Oeste, na parte Sul da Cadeia do Espinhaço.

A área total do PARNA Serra do Cipó é de aproximadamente 34.000 hectares. O acesso pode ser realizado pelas rodovias MG-10 e MG-424. A rodovia MG-10 está asfaltada até o km 100. A entrada para a sede do Parque Nacional da Serra do Cipó é feita no Km 94 da rodovia MG-10.

Planejamento:

A organização da viagem começou com aproximadamente um mês de antecedência. Foi necessário entrar em contato com a administração do parque para fazer a reserva e receber o tracklog, pois o trecho que iríamos percorrer ainda era um projeto em andamento, ou seja, uma trilha inacabada com marcações limitadas. Precisamos enviar também o termo de responsabilidade para liberarem a nossa entrada no parque.

Em relação à logística da travessia, fechamos o transfer do carro com o Chiquinho, da Pousada Serra dos Alves. Optamos pelo transfer em nosso próprio carro, o que custou R$ 200. Teríamos a opção de irmos com o carro dele, mas custaria R$ 400.

Da Serra dos Alves até Alto Palácio são aproximadamente 188 km, sendo que 20 km em estrada de terra. Em condições normais, esse trajeto é feito entre 2h/2h30, mas por conta do trânsito caótico de BH e da entrada que dá acesso à Serra do Cipó, demoramos o dobro do tempo previsto.

Sobre a hospedagem, optamos por ter um pouco mais de conforto após o término da travessia. Depois de várias tentativas, conseguimos uma vaga na Casa de Cultura, na Serra dos Alves. Foi difícil encontrar vaga nas pousadas, pois teria festa junina no vilarejo.

1º dia – Alto Palácio x Casa de Tábuas (16 km)

Como entramos na triha atrasados devido aos imprevistos, precisaríamos percorrer os 16 km em apenas 4 horas para chegarmos ao primeiro ponto de acampamento ainda com luz do sol. Em condições normais, isso seria fácil. Com cargueiras pesando mais de 20 kg, fica difícil rsrs.

O início da trilha é bem marcado e bem óbvio até a parte das pinturas rupestres. Logo em seguida, vem o trecho do Travessão. A partir desse ponto, o bicho começou a pegar. Não conseguimos encontrar o local certo para passar e para não perder tempo, resolvemos descer reto passando por um trecho superexposto. Depois de vencermos a descida, atravessamos o rio e subimos por uma encosta íngreme com pedras soltas até entrarmos na trilha novamente.

Até então, estávamos navegando com o auxílio de um mapa impresso. Quando começou a escurecer, resolvemos usar o GPS do celular.

Andar à noite foi complicado. Justamente quando escureceu, pegamos um trecho bem complicado onde não tinha trilha definida e raríssimas marcações. Depois de andarmos um bom tempo no escuro e com campo de visão reduzido, o GPS do celular nos abandonou e não tínhamos a menor condição de continuar. Em meio à situação crítica, resolvemos acampar antes do primeiro ponto.

2º dia – Meio do nada x Casa de Tábuas x Casa dos Currais (11 km)

Acordamos bem cedo na expectativa de visualizarmos a trilha, mas o intenso nevoeiro nos surpreendeu. Começamos então a explorar um pouco a área até que encontramos um rastro. Ligamos o GPS do celular e assustadoramente ele indicou que estávamos na trilha... e nela seguimos.

Tudo parecia ir bem até que o rastro desapareceu e o GPS resolveu nos abandonar mais uma vez. Um pouco antes disso acontecer, a gente já estava achando estranho, pois não havia marcação no caminho. Depois de andarmos vários quilômetros, decidimos voltar para onde havíamos acampado e explorar o outro lado.

Por sorte ou coisas do destino, encontramos com um ser solitário e igualmente “perdido” que surgiu em nosso caminho. Ele estava vindo do lugar para onde queríamos ir, e a gente estava voltando da trilha que ele queria seguir. Paramos por alguns minutos, trocamos informações e cada um seguiu seu rumo.

Seguimos confiantes até que achamos algumas estacas amarelas marcando o caminho. Mais adiante, as marcações desapareceram novamente, juntamente com o rastro. Do nada, novamente por sorte ou coisas do destino, começamos a ouvir assovios. Prontamente respondemos e assim estabelecemos uma comunicação. Era um grupo de MG, Sabará, que estava esperando um casal de amigos que, assim como a gente, tinha entrado na trilha com atraso.

Dali partimos e pegamos uma carona num verdadeiro GPS que eles estavam utilizando. Mais na frente, encontramos outro grupo, também de MG, e resolvemos seguir com eles. Esse grupo também usava GPS de verdade.

Nesse segundo trecho é praticamente impossível navegar sem GPS. O curioso é que a maioria das marcações estavam em pontos óbvios.

Rumamos então para o nosso segundo ponto de acampamento: Casa dos Currais.

Por volta das 15h chegamos à Casa dos Currais. A estrutura é bem melhor do que a da Casa de Tábuas. Esse ponto é base dos guarda-parques. É possível tomar banho quente esquentando a água no fogão à lenha improvisado. Outra opção é tomar banho gelado no rio que passa pertinho da casa.

3º dia – Casa dos Currais x Serra dos Alves (8 km)

Esse terceiro trecho também é praticamente impossível fazer sem GPS. Não vimos nenhuma marcação e raramente a trilha seguia uma linha óbvia. Após percorremos a metade do último trecho, chegamos à pousada da Lucy. A pousada está desativada e a área agora pertence ao parque. Ali paramos para almoçar. Nesse ponto existe um cânion espetacular. Mais para o final da trilha, passamos por outra casa que também foi desapropriada e uns 500 m depois paramos para tomar um gostoso e merecido banho de rio. Dali pra frente foi só mirar o vilarejo, atravessar um rio, subir um morro e pronto rsrsrs.

A missão estava concluída.

Curtimos a festa junina local para dar aquela relaxada. Afinal, no outro dia teríamos que pegar a estrada de volta pra casa.

PS.: Não sabemos se o projeto da travessia evoluiu desde junho, por isso, quem quiser se aventurar por lá, mas sem passar muitos perrengues, vale a pena dar uma pesquisada e, com certeza, levar um GPS.

Contato do parque: http://www.icmbio.gov.br/parnaserradocipo/

Contato do Chiquinho: http://pousadaportaldaserra.com/

Contato da Casa de Cultura: https://www.facebook.com/casadeculturaserradosalves/

Mapa para chegar à Serra dos Alves:


Até a próxima...


























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