Por Leandro do Carmo
Cinco Pontões: Um paraíso em terras capixabas!
Local: Espírito Santo
Data: 23 a 26/10/2015
Data: 23 a 26/10/2015
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Renato Rubis e Anelise Machado
A Pedra dos cinco pontões é um monumento natural tombado
pelo Patrimônio histórico do Estado do Espirito Santo. Trata-se de um magnifico
maciço montanhoso natural que engloba terras dos municipios de Laranja da Terra
e Itaguaçu. Seu pico mais alto alcança 1.200 metros de altitude e são várias as
lendas e histórias que se contam sobre o lugar. A "pedra"
como é conhecida constitui-se de um magnifico conjunto de cinco picos
graníticos que se erguem e podem ser apreciados a grande distância.
Todo esse conjunto de rochas, incomuns em seu aspecto de
relevo brasileiro, são margeados por remanescentes da floresta atlântica,
existindo ainda uma mata em bom estado de conservação.
Relato
Meu primeiro contato com Cinco Pontões foi lendo o livro
Horizontes Verticais, de Jean Pierre von der Weid. Na época, não tive dúvida
que estaria lá um dia. O local é fantástico e formação rochosa é uma das mais
belas do Brasil, quiçá do mundo...
Mas chegar a Cinco Pontões não seria uma das tarefas mais
fáceis. São aproximadamente 570 km, em quase 10 horas de viagem. Quando se
chega lá, percebe-se que a viajem foi até curta.
Enquanto programava a viagem, descobri que a família da
esposa de um amigo meu era de Laranja da Terra. Ele nos indicou um lugar para
ficarmos, Recanto da Pedra (vou falar sobre essa excelente hospedagem mais
tarde). O melhor de tudo era que, chegando à Laranja da Terra, teríamos alguém
para nos guiar até ao ponto onde ficaríamos. Como não tinha muita referência do
local, fiz contato com o Oswaldo Baldin, montanhista capixaba com algumas
conquistas no local e ele me indicou o mesmo local. Com a data da viagem e o
local da hospedagem definidos, era hora de arrumar as mochilas!
Tínhamos um grupo definido, mas tive que antecipar a data da
viagem em 1 dia, o que fez algumas pessoas desistirem. No final, éramos 4: Eu, meu irmão, meu tio e a Annelise para a
missão. Marcamos de sair no dia 23, sexta feira, às 4 da manhã, assim
estaríamos passando por Campos ainda cedo, o que facilitaria um pouco, devido
ao trânsito dessa cidade. Seguimos na estrada e fizemos nossa primeira parada no
posto Oásis, antes de chegar a Campos. Primeira parada para esticar as pernas e
seguimos até a segunda entrada para Cachoeiro de Itapemirim, aos pés da Pedra do
Frade e a Freira. O caminho a partir daí é um espetáculo a parte. Você vê a
Pedra do Frade e a Freira por um outro ângulo e passa bem próximo da fantástica
Pedra de Itabira, além de muitas outras montanhas.
Seguindo viagem, passamos por placas de algumas Unidades de
Conservação, como Pedra Azul e Forno Grande, mas essas terão que ficar para uma
outra oportunidade... Cruzamos algumas localidades como Vargem Alta e Domingues
Martins, até que chegamos a uma que chamou a atenção: Afonso Cláudio. Lá
passamos pelos Três Pontões. Pela foto já dispensa comentários... Outra na
lista das espetaculares montanhas capixabas! A essa altura, faltava pouco.
Seguimos e chegamos à Laranja da Terra. No pequeno centro da cidade, liguei
para o Fabrício, ele seria o nosso guia até os Cinco Pontões. Demos uma
esticada nas pernas, afinal de contas já estávamos a mais ou menos 9 horas na
estrada. Seguimos caminho até o nosso objetivo.
Se não tivéssemos encontrado o Fabrício, teria sido mais
complicado de chegar. Paramos na estrada para bater algumas fotos e entramos
numa estradinha de chão. O Fabrício ainda nos levou até uns lugares
fantásticos. A vista era coisa de cinema. Sem palavras... Mas o nosso destino
ainda não havia chegado e voltamos novamente à estradinha de chão. Passamos por
alguns lugares e logo estávamos vendo os Cinco Pontões de outro ângulo.
Continuamos andando até chegamos ao Recanto da Pedra. Enfim chegamos!!!
Fomos muito bem recebidos pela Luíza e pelo Antônio.
Esticamos as pernas e fizemos um lanchinho rápido. Da grande varanda do
Recanto, podíamos apreciar a bela vista do Pontão Maior e o 17 de Julho, além
do Pitoco do Alemão. Com 30 minutos de conversa, já parecia estar em casa. O
Recanto da Pedra é a única hospedagem no local. Toda a família trabalha no
negócio. Além da hospedagem, eles trabalham com o ecoturismo, fazendo dos Cinco
Pontões, a atração principal.
Como chegamos ainda dia, resolvemos ir ver o por do sol lá
de cima. O Fabrício nos levou até o começo da escalada do Pico Maior. Assim
pudemos conhecer o caminho que faríamos no dia seguinte para escalar. Seguimos
de carro até onde deu e caminhamos por mais alguns minutos. Era hora de esticar
as pernas. A trilha está bem definida e limpa. Caminhamos em meio aos
eucaliptos, característica do local. Por sinal, percebi que as lavouras de café
vem dando lugar aos eucaliptos, talvez pela praticidade. Não sei qual será o
impacto disso no futuro...
Lá do alto dava para ver uma vista bem bonita. As nuvens e
uma nevoa branca prejudicaram um pouco o visual. O por do sol ficou encoberto,
conseguimos ver somente alguns raios laranja pela lateral de uma grande nuvem.
Segui até a base da escalada. Sabia que havia sido feita uns degraus, mas não
sabia que eram tantos...
horizonte, vimos a chuva se aproximando. Aceleramos a
descida afim de não nos pegar no caminho. De lá de cima, o Fabrício se despediu
e seguiu o caminho de volta. Descemos até o Recanto da Pedra e ficamos
conversando até a janta sair. A segunda grande atração do dia... Aos poucos o
cansaço foi batendo e só nos restou subir e descansar... O dia seguinte
prometia...
Como o dia anterior havia sido bem cansativo, marcamos nosso
café da manhã para as 8 horas. Nosso objetivo de hoje seria subir o Pontão
Maior e descer até a cangalha e dar uma explorada pelo local. De barriga cheia
partimos para a subida. O dia prometia ser quente, como os que vinham sendo.
Caminhamos por cerca de 40 minutos até chegar à base da escalada. Apesar da
escadinha e dos cabos de aço, resolvemos subir encordados. Estávamos eu, meu
irmão e a Annelise. Subi na frente até o primeiro platô e eles vieram logo em
seguida. Dali foram mais dois lances e logo estávamos no cume. Um 360º
fantástico. Hoje o dia estava mais limpo que o dia anterior.
Estávamos vendo sob outra perspectiva. Ontem estávamos lá em
baixo, agora aqui em cima. O Pico 17 de Julho sobressaía aqui na frente e
roubava a cena. Ainda fiquei contemplando a paisagem olhando até onde o
horizonte permitia, pensando o quão somos pequenos... Somos apenas três
minúsculos pontos aqui em cima... Como o dia estava mais aberto que o anterior,
o calor, consequentemente, estava mais forte. O dia limpo cobrava seu preço!
Resolvi descer até a cangalha. Uma estreita passagem para o Pico Gêmeo. Fixei
uma corda extra que havia levado e rapelei até a base. Foram uns 50 metros. Fui
até à base da escalada do Gêmeo. Com o calor que estava fazendo, essa vai ficar
para a próxima.
Voltei pela corda, e nos preparamos para descer. Foram dois
rapeis de volta até a base. O calor estava forte e voltamos até o Recanto. Fui
direto para a ducha. A água estava ótima. Não tinha outra coisa a fazer. No
resto do dia, curtimos um bom papo, regado a uma caipirinha especial e como já
era de se esperar, uma maravilhosa janta.
No dia seguinte, devido ao calor, nem subimos tão cedo. Era
dia de evento no Recanto da Pedra. Quase todo final de semana eles organizam
uma subida ao Pico Maior. Nesse, não foi diferente. Acordamos decididos a subir
a via normal do Pontão Maior. Fomos eu e meu irmão apenas, a Annelise preferiu
ficar na pousada. A via segue, em seu começo, paralela e a esquerda da escada e
depois da primeira parada, e escada corta a via e ela passa para direita. Fizemos
a caminhada inicial e logo chegamos à base da escalada.
Na base, nos encordamos e eu segui guiando. A primeira
enfiada foi bem tranquila, com boas agarras, em um formação rochosa daquelas na
qual as agarras pareciam estar coladas. Algumas quebravam, mas fazendo um teste
antes, dá para seguir tranquilo, até porque essa via não é das mais
complicadas. Rapidamente cheguei a primeira parada dupla. Meu irmão veio logo
em seguida. Pedi que ele parasse no grampo abaixo, pois já sairia tirando o
fator 2 do crux. Saí um pouco para a esquerda e toquei pra cima até o próximo
grampo. Subi mais um pouco e cruzei a escada até o próximo grampo. Daí foram
mais alguns grampos até o cume.
Como no dia anterior, o sol estava fortíssimo. Sem condições
de fazer as outras escaladas. Aproveitamos a corda do pessoal do rapel e
descemos num esticão só. Aí foi voltar debaixo de um escaldante e curtir uma
ducha refrescante no Recanto da Pedra. Ainda ficamos para o churrasco curtindo
o final de domingo num clima agradável. O tempo foi passando e saudade já foi
batendo.
Já no dia seguinte acordamos bem cedo. Tomamos um café nos
despedimos e nos preparamos para a cansativa viagem. O Antônio nos acompanhou
pela estrada de terra para que não errássemos o caminho. Aí foi dar aquela
última olhada pra trás e seguir com um sorriso de satisfação e um coração
apertado, já consumido pela saudade...
Valeu Cinco Pontões!!!!!
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