quinta-feira, 2 de maio de 2013

Travessia Petrópolis X Teresópolis em 1 dia

Por Vitor Pimenta

Material Utilizado: Luva, toca, uma muda de roupa extra, óculos escuro, protetor, de 1,5l a 2l de água (é possível reabastecer), clorin, headlamp, 4 sanduiches, pastilha SUM ou Gatorade, capa de chuva ou anorak, 4 sanduiches.

Relato

Conhecer e superar os meus limites (em todos os campos) e vislumbrar aquele quadro pintado a mão por DEUS, foi foda!

Após algumas trocas de emails, liderados pelo Pimentel, nos reunimos na rodoviária, Pimentel, Claudio, Pedro, Dino, Rosane, Wilton, Daniel e eu. Comprado as passagens, chegamos em Petrópolis e fomos até o parque de táxi que nos deixou bem próximo da entrada.

Começamos a trilha às 9h,  destino, Morro do Açu, e com um ritmo bom fizemos uma breve parada perto da cachoeira Véu de Noiva. Lanchamos e passamos por um casal de 60 anos cada e já tocamos pra cima. Essa subida era bem íngreme e dava na pedra do Queijo (essa pedra vista de longe parece um queijo). Mais uma parada rápida para fotinhas e tocamos novamente para o crux físico: Isabeloca.

Isabeloca, por causa da Princesa Isabel, é uma subida hard. Ali pagamos nossos pecados. Com os mais experientes espalhados no início, meio e fim da caravana fomos vencendo pouco a pouco um incentivando o outro até que chegamos num descampado muito vasto. A visão se perdia no horizonte e avistamos o Castelo de Açu. Ali começou meu drama. Não sei se o damasco estava estragado, ou pela altitude eu comecei a me sentir enjoado e a ideia de não conseguir começou a me rodear. Num determinado ponto resolvi forçar vômito e logo depois me senti melhor. Resolvi seguir até o Açu e de lá ver se continuaria ou não. Rosane se propôs a voltar comigo se necessário então fomos.

Em 3:30m (me corrijam se eu estiver errado) chegamos no Açu. São um amontoados de pedra reunidos em um único ponto de uma beleza só com uma cruz na outra ponta, em homenagem a um grupo de montanhistas que morreram por um raio. Descasamos, nos alimentamos e antes de partimos o Pimentel perguntou se todos estavam bem e queriam prosseguir. Deixou claro que havia ainda umas 8 horas de percurso e senti o peso daquelas frases. Fiz um minuto de silêncio e avaliei minha situação. Percebi que tinha folego para continuar, mas estava ainda um pouco enjoado. Decidi que estava apto a prosseguir e tocamos rumo ao Sino.Nesse trecho, A dianteira era revesado hora pelo Pimentel hora pela Rosane que vira e mexe vinha com umas tiradas fantásticas tipo: "O caminho é por aqui. Fiz esse caminho alguns anos atras e lembro dessa flor". Descemos mais do que subimos rumo ao Vale das Antas e ali foi desanimador... No alto do Morro da Luva avistávamos uma enorme descida em direção ao Vale da Antas, porém avistávamos, também, uma enooooome subida do outro lado. Lembrei o que o casal de 60 anos falou como uma voz grave e profética. "Enquanto se caminha sem ver o destino é ótimo..."

Essa subida era pouco acentuada e entre 2 paredes de vegetação espessa recheado de uma flor linda, se não me engano orguídeas. O que distraia nossa mente era as piadinhas infames de 10 em 10 minutos do Dino. "Atras de quem?", "Colocou tudo msm?", "Quer sentar?". No meio do caminho o enjoo voltou e depois de poucos instantes vomitei de novo. Entre O carboidrato do Pimentel e o Gatorade do Wilton, Rosane me diz que um amigo dela morreu nas msm condições em que me encontrava... Wilton que vinha sempre na minha cola pra ajudar caso necessário cai na gargalhada e solta a perola: essa caminhada perdeu a graça nos primeiros 100m. Agora virou uma questão de preservação da espécie.

Com a solidariedade de todos e colocado todo o mal pra fora, me senti renovado e dei continuidade subindo o elevador, que na verdade era uma escada. Sim, o chamado elevador é uma escada. Uma série de vergalhóes fincados na pedra onde nos levaria ao crux pscicológico: Lance do Cavalinho.Para chegar no Cavalinho desescalamos um lance fácil, mas com um abismos a direita numa pedra úmida e grampos que auxiliavam a descida. Subimos uns trepa-pedras e um a um fomos domando o Cavalinho. Um pouco antes de eu entrar no Cavalo, Daniel dividiu seu último gole d`água comigo e lá fui eu. Lance fácil para escalador, mas que não deixa a desejar no psico. Depois de mais algumas subidas e de 5h de caminhada, chegamos no abrigo do SinoDescansamos por 30min, nos agasalhamos, comemos alguma coisa e já estávamos descendo. Seriam 3h de descida, mas no escuro fizemos em 4h. Era um zique-zaque interminável. Era Rosane atolando na lama, Pimentel dando cabeçada no galho, Claudio escorregando em pedras soltas, tudo isso somando a um bom e velho papo sobre Universo espaço/tempo e teoria dos buracos negros.

De repente erramos o caminho e saímos num clarão. Quando estávamos prestes a retorna para achar o caminho certo, se não me engano, o Dino teve a belíssima ideia de desligarmos as lanternas e nos demos o luxo de deslumbrar a arrojada engrenagem do Universo. Estrelas cadentes, planetas, constelações... ver aquilo tudo rodeado por montanhas e com a Lua cheia foi incrível. Voltamos a trilha e terminamos-a às 22h. O taxista tinha ido embora e não tinha sinal de telefone pra chamar outro. Daniel logo se prontificou em andar em direção ao portão para procurar sinal. Pimentel e Pedro foram juntos e graças ao email do Marcos eles conseguiram. Fomos até a Rodoviária, mas foi em vão e decidimos dormir num albergue. No dia seguinte, acordei às 6:00 e tentei acordar os outros. Ninguém deu atenção. Fui até a padaria, mas esta estava fechada e então resolvi voltar na frente

Queria agradecer a todos pela ajuda e carinho e dizer que só segui em frente por que me senti apto e pela confiança que pude depositar no grupo. É provável que eu tenho me confundido com a ordem cronológica ou com a disposição das pessoas.



Lance do Elevador



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