Data: 06/01/2013
Local: Parque Estadual da Serra da Tiririca – Itacoatiara – Niterói
Participantes: Leandro do Carmo, Alfredo Castinheiras, Guilherme Belém e Paulo Guerra
Bom, escrever o terceiro relato sobre a Agulha Guarischi, talvez não fosse a coisa mais fácil a fazer, mesmo sabendo que uma escalada não é igual a outra e que sempre acontecem novas situações... Também tem o fato de que, tirando o Guilherme que me acompanhou em todas, os participantes foram outros, então qual foi a minha idéia? Vou pedir aos outros participantes escrevam! E não é que deu certo!!!... rs. Seguem abaixo os relatos do Guilherme Belém e o Paulo Guerra, esse último “estreando” no PitBull Aventura!
Agulha Guarischi
Por Guilherme Belém
Previsão boa, tudo certo para uma escalada. Recebi a ligação do Leandro, que gostaria de visitar a Agulha Guarisch novamente com a galera do CNM. Prontamente aceitei, aliás a qualquer hora! Adoro essa montanha! Chegamos bem cedo e sabíamos que o sol tava pronto para castigar, quem me conhece sabe que sou “branquelo” e odeio fritar na pedra. Grande surpresa, o Paulo (novo integrante PitBull) já estava na entrada do Parque Estadual da Serra da Tiririca, juntamente com Leandro e Alfredo. Como de costume eu (Guilherme Belém), uns minutinhos atrasado, afobado, logo toquei a trilha puxando um ritmo mais rápido. Afinal queria me redimir. Todos guiam, então ficou mais fácil de decidir as duplas e enfiadas a serem guiadas. Paulo pediu para guiar o lance inicial, pois o grampo era bem alto e o crux de 5º logo depois. Segui dando segurança e dançando, pois tinham muitos mosquitos (eu disse muitos!). Rapidamente o Paulo foi vencendo os lances e aproveitando a parede para aperfeiçoar sua técnica. Subi logo em seguida, porque não queria deixar o Leandro e Alfredo esperando. Guiei a parte que sempre passo perrengue, a P2 que está suja e é preciso de GPS para achar o 1º grampo. Sinceramente acho esta diagonal tranqüila, mas fico tenso com a exposição. Já ultrapassei e tive que desescalar duas vezes esse lance, tenso... mas não dessa vez!
P2 vencida, já conseguia enxergar o Leandro na P1. Deixei o Paulo guiar a aresta mais bonita de Niterói. Rapidamente Alfredo e Leandro nos alcançaram. Algumas fotos pra cá, água pra lá, sabe como é?! O sol ainda não tinha dado nem sinais, isso me tranqüilizava. Achei super engraçado como o Paulo é um entusiasta, e mandava altos elogios para a vista, adoro apresentar essa montanha seja quem for. Me senti em casa! Na P3 passamos pela mata e seguimos rapidamente pois o sol deu um “oi “ muito forte. P4 era minha e eu todo ansioso para ouvir berros do Paulo na última enfiada (cume). Ao tocar comuniquei ao Paulo uma possível perda de contato visual. Combinamos os códigos e toquei pra cima, fiz a segurança do Paulo e ao chegar ele passou direto rumo ao cume. Fiquei ainda atento à segurança e maravilhado com a vista do Costão, Alto Mourão e a praia de Itacoatiara. Passado alguns minutos e como previa, ouvi Paulo: - Uhull!!!! Muito Lindoooo Caracaaaa!
Ri demais e cheguei no cume logo depois. Leandro passou a bola para o Alfredo guiar o último lance deles também, pois é uma sensação única presenciar a primeira conquista de Niterói.
É o topo de uma agulha, sendo assim, só cabem pessoas montadas igual em um cavalo. Todos quando chegam ficam assustados e trêmulos com isso. Normal! Tem muito grampos, inclusive os antigos, da época da primeira conquista. Sendo alguns de highline feito em direção ao Alto Mourão.
A última vez que fiz esse pico, estava na companhia do Leandro, Leonardo e Bruno Silva. O que me fez ter um belo papo com Deus, afinal tava tão perto! Nada como agradecer ao Bruno ensinamentos de montanha e respeito a mesma. Saí de lá renovado, creio que o Leandro pensara o mesmo que eu.
Leandro abriu o primeiro de muitos rapeis, só que dessa vez recomendado de que não faríamos o “raio” do 60m. Pois o último deixou marcas até hoje (a trilha é fechada e cheia de espinhos). Não me lembro, acho que Alfredo tinha dado a idéia de o Leandro descer e aprontar um novo rapel de 30m , tínhamos 2 cordas, mas a vegetação nos trairia num rapel longo. Assim foi feito: O SOL!!!!Matandoooo! E eu igual a um camarão! Doido para descer. Confesso que fico ainda mais chato com fome... frito então...
Ainda não consegui aprender com Leandro a calma e o silencio diante de um perrengue. Admiro muito isso...Alfredo também super no bom humor, mesmo com o sol matando a pau!
Totalizando nosso tempo de escalada, foi igual a o de rapel! Pense numa coisa chata, mas sempre vale a pena. Com boa companhia, a aventura é sempre boa. Seguimos a trilha de volta, e no final tem sempre o “sandubão do quiosque” que salva a fome. Concluímos que nessa época a escalada tem que ser ainda mais cedo, em torno das 5h no mínimo. Grande Abraço e até a próxima !
Àquela tartaruga agarrada à pedra
Por Paulo Guerra
Aquela tartaruga agarrada à pedra, olhando pra cima, deixando apenas o tempo passar sempre me fascinou. Faço há anos as trilhas de Itacoatiara: Bananal, Mourão e Costão. Quando terminei o CBE, em agosto de 2012, alcançar a cabeça da tartaruga era uma meta. Então no começo de janeiro, em um domingo ensolarado “e que Sol”, me vejo na base da Via Paredão do Zezão, me equipando, com um frio na barriga, prestes a abrir a cordada, guiando o meu primeiro crux de 5º grau. O primeiro grampo bem alto, um pouco exposto e aí vem o Guilherme, dizendo “vamos parar aqui e qualquer coisa estamos aqui para tentar lhe dar uma segurança de bolder !”
Claro que eu não pretendia cair e quem pretende, não é mesmo? Mente forte, toquei pra cima. A parede bem técnica e o crux vem logo após o primeiro grampo. Consegui passar com relativa tranquilidade. A Via segue em meio a vegetação, montei a primeira parada e chamei o Guilherme. Assim que ele chegou na parada, Leandro vinha guiando a segunda cordada, trazendo o Alfredo. Guilherme guiou a segunda enfiada, uma diagonal, sem dificuldades, não esquecendo que diagonal é pêndulo.
Ao fim da diagonal, Guilherme foi generoso e me deixou guiar, talvez o trecho mais bonito da Via. Uma aresta com toda vista à volta. Chegamos à segunda parada, um pequeno trecho de trilha e estávamos no pescoço dela, a tartaruga. Escalada tranquila neste trecho, nada com muita dificuldade, exceto pelo cuidado em escolher o ponto para fazer a parada. O tempo todo, Guilherme me gritava a quantidade de corda que eu tinha pra subir. Após uma escalaminhada, sem abrir mão da segurança, havíamos cumprido nossa meta, a cabeça da tartaruga, que não deixou, em nenhum momento de olhar pra cima. Nós não a importunávamos. Ela sabe a importância que tem.
Depois dos lanchinhos, fotos, poses, rapel de descida. Definimos a estratégia, o calor começava a nos castigar. Leandro optou por fazermos um revezamento no rapel, mas todos sabem que rapelar uma via longa é um saco! No terceiro rapel, trecho bonito da aresta, pra variar, a corda tinha que embolar comigo, eu descia e desembolava a corda, atravessamos o trecho em diagonal e nós quatro nos encontramos no platô onde montamos a primeira parada, na subida. Todos muito cansados, qualquer sombra de uma folha poderia caber uma família. Alfredo abriu o último rapel, seguido por Guilherme, eu e por fim, Leandro. Ufa, enfim, sombra. Repetindo o jargão: Missão dada é missão cumprida.
Agulha Guarischi
Por Alfredo Castinheiras
Depois dos relatos de Guilherme e de Paulo, só me resta acrescentar que foi uma excelente escalada, em razão do belíssimo lugar e das ótimas companhias. No mais, endosso o comentário de que convém começar mais cedo, no verão. Além disso, o uso de joelheiras torna a escalada mais confortável, bem como o protetor de nuca, adaptado ao capacete. Filtro solar é indispensável. Além do cantil flexível, com água, sugiro levar, também, garrafa com repositor hidroeletrolítico, pois a transpiração é muita.
Fotos
É muito interessante ter novas visões sobre um mesmo evento. Curti demais esses relatos! Abraço e até a próxima aventura. Digo; Pittbullaventura!
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ResponderExcluirCara, se você puder da um help com dicas da trilha será bem vindo! pois tentei outro dia ir lá, e não rolou pois a trilha e muito mal marcada. abraços!
ResponderExcluirQuando chegar ao Bananal, você verá o bloco principal, daí você deve ir beirando a parede (a sua direita) até em baixo de umas árvores, na direção onde se sobe para cima dele. Na outra direção, você olha e tem uma pequena descida e depois começa a subir reto, com umas grandes pedras a sua direita. Mais acima verá um grande bloco, daí, é só pegar uma diagonal para a esquerda, até cruzar um caminho de água de chuva, bem grande. Ao cruzar o caminho, siga mais um pouco na diagonal e daí já dá para ver a parede. Em alguns lugares dá para ver uns totens que o pessoal colocou, o caminho não é marcado, tem que ir no feeling.Vou ver se consigo ir lá e filmar o caminho para você.
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