segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Em uma atividade, o grupo deve manter-se sempre unido?

Por Leandro do Carmo

Em uma atividade, o grupo deve manter-se sempre unido?

Há uns dias atrás, me foi passada uma situação:

     Um grupo de três ciclistas, que não se conheciam, marcaram para pedalar na serra e na volta, já no fim da tarde, o tempo começou a virar, previsão de tempestades com raios. Com medo de pegar o temporal e ter que terminar à noite, o ciclista 1, não portando lanterna e anorak, resolve se distanciar dos outros dois ciclistas, a fim de chegar mais rápido no destino e, caso precisasse, voltaria, já com carro, para socorrer os outros dois, caso fosse necessário. Em nenhum momento, o ciclista 1 comunicou aos outros dois a sua intenção.

Tal situação, pode ser equiparada a duas cordadas no Dedo de Deus, um grupo numa caminhada longa, etc. Nesses casos, o grupo deve se manter sempre unido? Existem vertentes que diriam que o grupo deve manter-se sempre unido, pois teriam como garantir a segurança de todos os participantes. O grupo ou o participante que voltasse ou se distanciasse dos demais, ficaria muito mais vulnerável. Porém, há outras que afirmariam que em determinadas situações, poderia sim haver uma separação, visto que seria mais coerente alguém conseguir ajuda e promover o resgate com mais segurança, caso fosse necessário.

Na verdade, não como se chegar a um formato ideal. Existem situações e situações!!! Há alguns meses atrás, na via ferrata CEPI, no Pão-de-Açúcar, ocorreu de um escalador não conseguir subir mais. Eu já estava no platô do CEPI e o cara estava travado há alguns metros abaixo. Quando o outro guia chegou e após esperarmos alguns bons minutos, pensamos em deixar a corda para o outro participante rapelar com o escalador que ficou travado, porém achamos mais prudente abortar a subida e descermos todos juntos. Nesse caso, o escalador já estava cansado e não sabíamos realmente o estado dele. A decisão foi correta, mantemos o grupo unido, a separação, nesse caso, colocaria o participante em risco.

Já nas Agulhas Negras, um participante após chegar ao Abrigo Rebouças, não se sentiu bem, devido a uma forte gripe e após caminhar mais alguns minutos, percebi que ele não aguentaria, conversamos e orientei que ele voltasse sozinho. Como o abrigo estava perto, a trilha era bem marcada, não havia possibilidade de mudança brusca no tempo e o estado do participante daria condições plenas de voltar com segurança, decidi pela separação. Ele voltou ao abrigo e depois ao Posto Marcão, onde nos esperou até retornarmos.

Notem que o caso é o mesmo: separar ou manter o grupo unido? As possibilidades são enormes, vai depender da situação. Cada evento tem que ser tratado de forma única. Não dá para generalizar, criar regras ou dizer que será sempre assim. Se analisarmos profundamente, viríamos que há uma infinidade de possibilidades e vários prós e contras para cada uma delas. Porém, o fundamental é minimizar os riscos para o grupo e para si mesmo.

Analisando o caso dos ciclistas:

1.       Nem todo mundo do grupo se conhecia, apenas dois já eram amigos e tinham noção dos limites uns dos outros;
2.       O ciclista 1 não possuía lanterna e nem anorak;
3.       O ciclista 1 se distanciou do grupo sem avisar;
4.       Talvez o grupo não tenha atentado para as condições meteorológicas e características da região;
5.       Tinham o percurso traçado, mas não um plano de emergência;
6.       Não se comunicaram.

Conclusão:

Ficou claro que houve falha na comunicação. Independente da decisão tomada, ela precisa ser avisada de forma clara à todos os participantes. Mesmo o ciclista 1 tendo toda a boa intenção em adiantar e buscar ajuda, os outros dois não sabiam o que estava acontecendo. Imagina a preocupação dos outros dois... A falta de equipamento adequado, também pode interferir nas ações tomadas. Talvez se o ciclista 1 tivesse lanterna e anorak, ele não tomaria a decisão de se distanciar e chegar mais rápido ao ponto final, ele teria condições de continuar pedalando junto ao grupo e se proteger da chuva. Não há como determinar, apesar de tudo, qual seria a decisão mais prudente, porém, como já falei, era imprescindível, a comunicação. Abandonar uma trilha, voltar, ir na frente, etc., são situações que precisam ser discutidas antes e não tomadas unilateralmente. Comunicação é tudo!!!!

Dicas importantes para uma excursão:

-          Conheça o local, informações como distância, topografia, clima, etc., são importantíssimas;
-          Esteja sempre com o equipamento adequado;
-          Nunca se distancie do grupo a ponto de perder contato visual, principalmente se não conhecer a trilha ou não tiver comunicado de forma clara sua intenção;
-          Comunique-se sempre;
-          Cuidado com atividades com pessoas desconhecidas, principalmente as mais longas;
-          Lembre-se que a trilha, a via, o rio, a cachoeira, etc., estará sempre lá, você poderá voltar quando quiser, mas só se estiver vivo!!!!

Pense nisso.

Na caixa abaixo, deixe sua opinião ou relato de situação vivida por você. Seu comentário será muito importante.


Até a próxima!!!

2 comentários:

  1. pois é, a particularidade da situação é que norteia a decisão. Óbvio que a comunicação da decisão deve ser feita, porém, em alguns casos não tem como isso proceder. Aí parte do bom senso de cada um. É um bom tópico esse! gostei.

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  2. Assunto bem delicado, pois levamos em consideração a necessidade de companhia em caso de perigo, ou tentamos resolver o problema sem ter de carregar o outro "problema" (no caso de alguém estar cansado, machucado etc.). Acho que se por falta de condicionamento, vontade e ou coragem, sei lá, estragará somente uma vez o passeio. Porém nos casos extremos, o diálogo com a finalidade consensual trará a melhor resposta, sendo ela buscar ajuda em quase todos os casos. Mas deve sempre ser avisado.
    Grande abraço! Guilherme Belem - Personal Trainer.

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