Por Leandro do Carmo
Paredão Oba Oba - Cume das Agulhas Negras
Como chegar
Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.
Início da escalada
Pegar a via Pontão Ricardo Gonçalves. A base da via está a poucos metros do acesso ao cume.
Dicas
O crux da via está no início, entre a primeira chapeleta e uma fenda bem a direita. Dá para fazer um pêndulo para vencer esse lance. Pessoas altas tem mais facilidade. Segue a fenda até entrar numa canaleta no formato de chaminé. O Ideal é fazer a primeira parada logo na primeira dupla. A saída da primeira parada é um pouco delicada. Dali, seguirá reto até uma chapeleta e seguirá numa diagonal para a esquerda, numa canaleta, subindo ao final dela. Tem uma rampinha e mais um lance obrigatório para acessar a parte alta. Daí, é só caminhar até o cume.
Vídeo completo da Escalada na via Paredão Oba Oba
Relato da escalada na via Paredão Oba Oba
Depois de um dia chuvoso e uma noite bem fria, acordamos com uma manhã linda. Tempo aberto. Difícil de acreditar que tínhamos passado tempo bom, calor, chuva e frio nos dois dias anteriores. Mas em Itatiaia é assim: imprevisível. Estava tudo molhado e hoje seria a tentativa de fazermos a Travessia Longitudinal. Devido às condições climáticas, o grupo que viria de Niterói para fazer a Longitudinal cancelou. Como estava tudo bem molhado ainda, optamos por fazer cume das Agulhas Negras, fazendo a clássica Paredão Oba Oba. Outro grupo seguiria pela via Bira. Separamos todos os equipamentos e iniciamos a caminhada.
A aproximação não seria fácil. Escalar a Paredão Oba Oba, nos faz seguir até quase ao cume das Agulhas Negras, pois fica bem perto do final da Pontão Ricardo Gonçalves. É uma escalada de aventura! Seguimos caminhando pelo trecho já feito no primeiro dia. Cruzamos a barragem próxima ao Rebouças e de lá, seguimos com o Maciço das Agulhas Negras bem a nossa frente. Fomos nesse pequeno sobe e desce, atravessamos a ponte pênsil e logo estávamos na bifurcação que divide o caminho na direção da Pedra do Altar e para as Agulhas. Mais a frente, nos dividimos. Uma parte do grupo seguiu para a via Bira.
Eu já havia estado nesse caminho em agosto de 2012. E lá se vão 10 anos. Nem lembrava desse detalhe, só lembrei quando alguém me perguntou se eu sabia o caminho. Agora vamos ver se minha memória estava em dia. Subimos um pouco e cruzamos um córrego, num lajeado. A trilha nesse trecho estava bem molhada e eu subia com bastante cuidado. Passamos por uma pedra em forma de coroa e essa eu lembrava. Dali continuamos a subida ora por trilha, ora por lajeados. Alguns pontos geravam dúvidas, mas era só andar um pouco que já encontrávamos o rastro novamente.
Mais acima, chegávamos ao ponto mais técnico do caminho. Eu lembrava que havia um caminho que poderíamos cortar esse trecho, mas não tinha certeza de onde entrar. Então, resolvemos passar por ali mesmo. Subi em um platô, utilizando uma fenda e achei que fosse mais tranquilo seguir por ali. O Luis colocou a sapatilha e seguiu guiando até uma parada dupla mais acima, mas não foi tão simples assim. Ele disse que a canaleta estava bem lisa, mas conseguiu passar.
Fomos subindo um por um com o auxílio da corda que ele fixou. Com todos ali, seguimos por essa laje até entrar numa grande canaleta que seguiria até o acesso ao cume. Passamos por grandes blocos e passagens bem estreitas. Já na canaleta, subimos já devagar devido ao cansaço, mas já estávamos bem perto. Eu lembrava vagamente da base da via, lembrava de ter visto alguém escalando quando passei por lá em 2012. Mais alguns minutos e estávamos na base da via. Bem fácil de achar. O sol já batia e estava bem agradável naquele momento. Fizemos uma parada para o lanche e arrumamos o equipamento.
Dividimos a cordada em duas: numa, estava o Luis e Valdino e na outra, eu e o Thiago. O Luis e o Valdino foram na frente. O Luiz guiou as duas cordadas e assim que ele chegou à primeira parada e o Valdino saiu, eu comecei a escalar. Costurei a primeira chapeleta e tentei fazer o pêndulo até uma fenda na direita. Como estava um pouco distante, optei por ir me aproximando da fenda e ir empurrando com a mão esquerda até chegar bem próximo. Num lance rápido, dei um bote e consegui dominar a fenda e seguir subindo até costurar a segunda proteção.
Dali fiz mais um lance com boas agarras e segui até uma grande canaleta, que entrei em chaminé, mas a mochila atrapalhou. Desci um pouco e pendurei a mochila no baudrier, facilitando minha subida. Depois de subir um pouco, consegui costurar a chapeleta que fica fora dessa canaleta, e segui até a parada, onde o Valdino se encontrava, dando segurança para o Luis. O Thiago veio logo em seguida. Enquanto o Thiago subia, passou um rapaz perguntando se a GoPro que estava no chão era de alguém. Eu havia deixado a câmera no chão. Por pouco não havia perdido. Ainda existe gente de bem nesse mundo. Agradeci imensamente. Depois, fui descobrir que eles também estavam no Abrigo Rebouças, haviam chegado um pouco após a nossa saída para a escalada.
Voltando a escalada, o Thiago subiu bem rápido e na parada falei para ele guiar a próxima, mas ele não queria. Só depois que eu expliquei o caminho foi que ele resolveu seguir, achou que iria reto numa grande canaleta. Acho que eu também não encararia. Ele seguiu rápido por uma calha até que chegou à segunda parada, já próxima do lance final. Subi em seguida, fazendo rápido os lances e chegando ao Thiago, toquei logo para cima. Subi um pouco e fiz o último lance, cruzando uma fenda. Olhando de cima, era bem alta. Mas tinha uma boa agarra. Foi colocar as duas mãos nela e subir, fazendo uma espécie de barra até dominar o trecho e seguir até um grande bloco. Ali montei uma parada num bico de pedra e trouxe o Thiago.
O Luis e o Valdino já tinham ido até o cume. Fiz algumas fotos e segui caminhando também. No cume, onde tinha o cruzeiro, encontrei o rapaz que havia achado minha câmera. Agradeci novamente. Aguardamos um grupo descer e chegar até o verdadeiro cume para assinar o livro. O cume verdadeiro é acessado, fazendo um pequeno rapel ou desescalando uma chaminé, em seguida, é necessário fazer uma pequena escalada até acessá-lo. Ele é 50 centímetros maior do cume do cruzeiro. Enquanto estávamos ali, a gente aguardava a chegada do grupo que foi pela via Bira. Descemos e na base do cume verdadeiro, optamos por fazer um lance bem a esquerda, diferente do trecho tradicional. No cume, assinamos o livro e depois de algum tempo, subimos de volta. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. O tempo foi passando e nada da galera chegar. Em alguns momentos, parecia que ouvia a voz do Velhinho, mas nada. Conseguimos receber uma mensagem nos avisando que eles não haviam encontrado o caminho e estavam descendo.
A partir daí, iniciamos, também, o nosso retorno. A descida foi tranquila. Bem mais rápida se comparada a subida. Uma porque para baixo todo santo ajuda, outra, porque agora já sabíamos por onde passar. Já bem abaixo, fizemos uma rápida parada. Dali, conseguíamos ver a base da via Bira e lá estava a galera rapelando. Bom, dali para baixo, era questão de tempo. Então, resolvemos continuar nossa caminhada até o Abrigo Rebouças.
Já no abrigo, aproveitei para tomar logo um banho. O frio já era forte. Ainda bem que não estávamos no camping, seria duro. Já era noite quando a galera da via Bira chegou. Agora estávamos todos reunidos novamente. Era só jantar e me preparar para dia seguinte.
show! Tem o croqui!?
ResponderExcluirFala Lucas, não tenho o croqui para disponibilizar.
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