Por Leandro do Carmo
Local: La Paz
Participantes: Leandro do Carmo, Marcos Lima, Dâmaris Pordeus, Rafael Pereira, Ricardo Bemvindo, Daniel Candioto, Leandro Conrado e Jorge Pereira.
Curiosidades sobre a Estrada da Morte
A estrada foi construída na década de 1930 por prisioneiros
de guerra paraguaios durante a Guerra do Chaco (1932-1935). Este conflito foi
entre Bolívia e Paraguai, e a estrada foi uma das muitas infraestruturas
desenvolvidas durante esse período.
Inicialmente, a estrada foi construída para conectar La Paz,
a capital da Bolívia, com a região de Yungas, facilitando o transporte de
recursos agrícolas e minerais entre essas áreas.
Durante a década de 1990, a estrada ganhou notoriedade
devido ao alto número de acidentes fatais. O Banco Interamericano de
Desenvolvimento a classificou como a estrada mais perigosa do mundo. A
combinação de curvas fechadas, falta de guardrails e condições climáticas
adversas contribuíram para essa reputação.
Apesar dos perigos, a Estrada da Morte se tornou uma atração
popular para ciclistas de downhill e aventureiros. Empresas de turismo oferecem
passeios guiados, permitindo que os visitantes experimentem a adrenalina de
descer essa estrada icônica enquanto apreciam as vistas deslumbrantes.
A estrada também é uma porta de entrada para a região de
Yungas, conhecida por sua biodiversidade e produção de coca e ouro. A estrada
desempenha um papel importante na economia local, tanto pelo turismo quanto
pelo transporte de produtos agrícolas.
A aventura começa a cerca de 4.700 metros de altitude, nas proximidades de La Paz, e desce até aproximadamente 1.200 metros em um percurso de cerca de 65 km. Durante a descida, você passará por paisagens incríveis, desde picos nevados até florestas tropicais úmidas
Percurso do pedal na Estrada da Morte
Vídeo do pedal na Estrada da Morte - Yungas Road
Relato do pedal na Estrada da Morte - Yungas Road
Durante a noite, ouvi um choro de mulher bem ao fundo e pensei em estar sonhando. Só quando me levantei, o Leandro falou que a Dâmaris havia passado mal e desmaiou durante a noite. Fiquei perplexo com a notícia. Assim que ela acordou, nos contou que foi ao banheiro e quando voltou, sentou-se na cama. Quando acordou, estava no chão. Aí percebeu que havia batido a boca. Sangrou bastante. Mesmo assim, ela decidiu ir ao pedal. Acho que se fosse comigo, estaria indo embora para casa...
Tomamos um café e seguimos para a entrada do apartamento
para esperar a van, que chegou no horário combinado. Seguimos na van e ainda
fizemos uma parada em lugar bem pobre, já perto de um pedágio e de lá, paramos
somente no local chamado de La Cumbre. A viagem durou cerca de
Todo o equipamento foi arrumado e tomamos um café rápido. Me
arrumei e testei a bicicleta. Dei sorte e acabei ficando com a mais nova de
todas. Ouvimos instruções importantes, principalmente de como ultrapassar os
caminhões. Esse primeiro trecho era de aproximadamente 22 km de asfalto e
teríamos trânsito, tanto de caminhões mais lentos, como de carros descendo a
“Ruta Nacional 3”. Já entrei na estrada sentindo a bike e testando os freios. Aos
poucos fui me soltando e pegando mais confiança, com isso a velocidade foi
aumentando.
Fazia frio e demorei um pouco a me acostumar. Por vezes
entrava um vento pela manga da camisa, era um sofrimento. Havia visto um relato
de que começamos com frio, mas terminamos com muito calor. A roupa que usamos é
bem pesada e estamos a 4.600 metros de altitude. Ao fim do pedal, a altitude é
de 1.200 metros, já no início da Amazônia boliviana, com um clima bem diferente
do que encontramos lá em cima.
A paisagem era fantástica. Eram paredões de rocha
gigantescos. Ao fundo do vale existiam algumas casas e uma estrada bem
precária. Entre diversas curvas, descemos, aproximadamente, 22 km. Depois de um
túnel, que fizemos por fora, encontramos a nossa van. Dali, não era mais
permitido andar de bicicleta e seguimos na van por mais 13 km, até que entramos
numa estrada de terra. A paisagem mudou completamente. Já podíamos ver árvores.
O Marrom das rochas deu lugar a um verde exuberante. Descemos alguns metros e paramos
num vilarejo. Esse trecho havia sido um aquecimento para o que encontraríamos
pela frente.
Pegamos as bicicletas novamente e ouvimos as instruções
importantes, pois deveríamos ficar à esquerda de quem desce, no estilo mão
inglesa. A partir desse ponto, o asfalto deu lugar a uma estrada de terra com
bastante pedra solta. Agora, cuidado redobrado, apesar da velocidade ser menor.
Assim como no trecho anterior, comecei com cuidado e fui aumentando a
velocidade aos poucos. Começamos com muitas curvas e aos poucos fui sentido mais
confiança.
A estrada é bem estreita em alguns pontos, chegando a ter 3
metros. Em alguns pontos, tivemos que fazer a curva já próximos ao precipício. Em
alguns pontos era impossível de acreditar que ali passava uma estrada.
Continuamos descendo. Alguns foram bem à frente, acabei ficando na
intermediária e apesar do responsável da empresa avisar para não nos
preocuparmos em tirar foto, pois eles fariam, eu sempre que podia, dava uma
parada. Acho que essa orientação era para não atrasar, imagina todo mundo
parando?
Em vários pontos, era possível ver alguma homenagem na borda
da estrada, com certeza era de algum acidente. Tem até a história de uma
turista que desceu em um dia e voltou no dia seguinte, tentando bater o recorde
de tempo e acabou morrendo em uma das curvas... Como estava ali para me
divertir, não me preocupei muito com a velocidade, mas em alguns trechos não
tinha como não deixar a bike solta.
Passamos por alguns deslizamentos gigantescos. A van veio
nos acompanhando e sempre que havia uma parada para descanso, depois de alguns
minutos ela passava. Mais à frente, num ponto de controle, fizemos uma parada
maior para o lanche. Lá pudemos descansar. Já não estava tanto frio quanto no
começo. Outros grupos foram chegando e passaram alguns subindo de moto. Seria
interessante fazer de moto também.
Pegamos as bicicletas e continuamos a descida. Era um verde
que se perdia de vista. Aos poucos o calor foi aumentando. Definitivamente
estávamos em outro cenário. Agora muito mais parecido com que a gente tem por
aqui no Brasil. Até a poeira havia aumentado. Paramos num mirante e ali
esperamos que todos chegassem. A van chegou logo em seguida. Nesse ponto, já
existia bastante casa no entorno, muitas na beira das encostas. Dali, descemos
rápido até o ponto final, onde deixamos as bicicletas. Tratei de tirar logo a
roupa, pois o calor estava forte.
Apesar de ser só descida, foi bem cansativo. Foram cerca de
60 km. Ainda esperamos durante um bom tempo até que as bicicletas fossem
lavadas. De lá, seguimos para o Hotel Villa Verde, onde almoçamos. Ainda
ficamos lá descansando até dar a hora de voltarmos.
A viagem de volta foi bem tranquila. Chegamos em La Paz já
era noite. Arrumamos tudo para o dia seguinte, iríamos fazer a Montanha
Chacaltaya.
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