terça-feira, 29 de novembro de 2022

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Por Leandro do Carmo

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis


Dia: 10 e 11/09/2022
Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos
Participantes: Leandro do Carmo, Leandro Conrado, Fernando Marques, Willian Pedrozo, Thiago Wentzl,  Charles Gomes, Gustavo Chicayban e Higor

Como chegar

A portaria da Sede Petrópolis fica no Bairro do Bonfim, em Corrêas, Petrópolis. O acesso terrestre principal é feito pela BR 040, que liga o Rio de Janeiro (RJ) a Juiz de Fora (MG). Do centro de Petrópolis até a portaria, o acesso é através da Estrada União-Indústria, que margeia o Rio Quitandinha. Deve-se tomar o acesso do Distrito de Corrêas.

Para quem vem de Teresópolis o acesso é através da Rodovia BR-393 (Teresópolis-Itaipava). Chegando-se a Itaipava toma-se a direção do Centro de Petrópolis até o Distrito de Corrêas.

A partir de Corrêas deve-se seguir as indicações do Bairro Bonfim. O acesso é feito por estrada de terra e trechos ruins de asfalto e paralelepípedo. A portaria do parque é a última construção na área mais alta do bairro.

De ônibus a melhor opção a partir do Centro de Petrópolis é tomar um ônibus para o Terminal de Corrêas. De lá existem duas linhas que atendem ao Bonfim - a linha 611 (Bonfim) que tem ponto final a cerca de 1 Km da portaria e a linha 616 (Pinheiral) que chega mais perto, até a Escola Rural do Bonfim.

Início da Trilha  

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Dicas  

Optamos por fazer em 2 dias. No primeiro dia, acampamos no Açú e no segundo, seguimos direto até a portaria de Teresópolis. Com relação à logística, deixamos os carros na sede em Teresópolis e de lá, contratamos uma van para nos levar até a portaria de Petrópolis.

Relato  

Voltando para mais uma Travessia Petrópolis x Teresópolis. Uma das mais clássicas do montanhismo brasileiro. A travessia começou há mais de um mês atrás, quando encaminhei uma mensagem lá no grupo do Clube Niteroiense de Montanhismo avisando sobre a minha vontade. As inscrições estavam abertas e seria necessário que fizéssemos nossa solicitação de inscrição, preenchendo um formulário “on line” e aguardando a resposta sobre a validação. Como sou guia do clube, não necessito fazer agendamento. Deixei aberto, cada um ficaria responsável por sua vaga.  

Nas semanas anteriores da viagem, definimos alguns detalhes de como faríamos com os carros. Optamos pode deixar já na sede em Teresópolis e pegar uma van até o início, em Petrópolis. Nas outras vezes, tinha contratado uma pessoa para levar o carro de Petrópolis até Teresópolis. Algumas pessoas não conseguiram vaga. Próximo ao dia, algumas pessoas desistiram, deixando nosso grupo com 8 pessoas. Com tudo resolvido, saímos de Niterói às 5h de sábado rumo à Teresópolis.  

A previsão era razoável. Tempo bom no sábado e possibilidade de chuva, já na noite e para o domingo. O dia amanheceu firme. Pelo menos nessa manhã, não havia sinal de chuva. Pelo contrário, tinha certeza de que o sol apareceria forte. Chegamos no horário combinado e a van já nos aguardava. Entramos um pouco antes da abertura do parque para estacionar os carros e de lá seguimos na van até a portaria de Petrópolis. Foi a primeira vez que passei pela estrada que liga as cidades de Teresópolis e Petrópolis. Fizemos uma parada na padaria da Praça de Corrêas e de lá seguimos até a portaria do parque.

Travessia Petrópolis x Teresópolis


Paramos um pouco antes, pois a van não conseguiria manobrar lá em cima. Dali caminhamos uns 150 metros. Já na portaria, preenchemos as papeladas e fizemos nossa foto de saída. Era 9:15h quando iniciamos a caminhada. Esse trecho inicial é um bom aquecimento. Apesar de ser subida, ela é bem leve e vamos ganhando altitude bem lentamente, porém constante. Uma parte caminhou mais rápido. Fui um pouco mais atrás.  

Fizemos nossa primeira parada rápida na bifurcação para a Cachoeira do Véu da Noiva. Ali é um ponto estratégico, pois antecede a forte subida até a Pedra do Queijo. Tomei uma água e comi algo bem rápido. Descansei um pouco, já pensando no próximo trecho. Voltamos a caminhar. Fomos ganhando altitude rapidamente. Num ritmo mais lento, porém cadenciado fui subindo, sempre de olho na paisagem. Em alguns pontos é possível ver o Vale do Bomfim, bem como parte do chapadão, local onde estaríamos em breve. Passamos a entrada para o “Alicate” e mais à frente, paramos rápido para uma foto em um belo mirante. Já estávamos bem próximos da nossa segunda parada. Esse trecho, apesar de forte, ainda está no começo da caminhada, por isso consegui fazer bem. O cartucho do gás ainda estava cheio! Mais alguns metros e estávamos na Pedra do Queijo.  

Fizemos uma parada mais longa. Ali, pude comer algo mais reforçado. Na minha programação, completávamos 1/3 do caminho. Andamos num bom ritmo. Ali é um excelente ponto para fotos. Do alto da Pedra do Queijo, podemos ver todo o Vale do Bomfim. Abdiquei das fotos e apenas descansei e lanchei. A partir desse ponto, já é bem visível a mudança na vegetação. As grandes árvores vão dando lugar à pequenos e retorcidos arbustos. O Charles subiu à frente, pois ele queria subi o drone para filmar um trecho mais acima. Depois de um merecido descanso, era hora de voltar a caminhar. Nosso próximo objetivo, era a parada no Ajax.  

Assim que começamos a andar, ouvimos o barulho do drone. Esse é um trecho que está mais aberto. O sol batia e o calor aumentava. Fomos andando e logo chegamos ao Charles, que já preparava a mochila para voltar a caminhar. Nesse ponto, conseguíamos ver o Ajax e Alto da Izabeloca bem ao fundo. Esse seria o caminho que teríamos que percorrer. Veio uma descida mais longa, a primeira depois de um longo caminho. Mas a alegria da ilusão logo foi vencida pela tristeza da verdade, quanto mais descêssemos, mais teríamos que subir novamente. Mas não tinha jeito, era concentrar e subir. A descida até que foi longa, mas deu uma aliviada. Subi até o Ajax, onde fizemos outra parada mais longa. Ali fiz outro lanche e enchi o cantil no último ponto de água.  

Aos poucos, fomos saindo em direção ao nosso próximo objetivo, a Izabeloca. Essa subida já foi pior. Depois de um grande manejo realizado, foram feitos novos trechos em curvas de nível, aliviando a subida. Olhando para trás, era possível ver boa parte do caminho que já havia feito. Foi um alívio ver o totem. Já no alto do chapadão pude descansar. Algumas nuvens cobriam o sol e o vento trouxe um frio mais forte. Coloquei o anorak e aí sim, pude relaxar um pouco. Fiz algumas fotos aguardei que todos chegassem. Já havíamos completado 2/3 do caminho. Era a nossa última parada e dali, seguiríamos até o Abrigo do Açú.  

De vota a caminhada, estávamos no trecho, teoricamente, mais tranquilo. Mas esse mais tranquilo é muito relativo. Já estávamos cansados e o chapadão não é tão reto assim. Existem subidas e descidas. Claro que nada se compara aos trechos anteriores. O maior problema ali é a orientação no caso de forte neblina. Como o dia estava aberto, não seria um problema. Faltava cerca de 1,5 km para concluirmos o dia. Lá no fundo, era possível ver o cruzeiro no alto do Açú. Depois de alguns minutos, já era possível ver os Castelos do Açú. Uma vista fantástica. Já conseguia ver também o Abrigo do Açú. O abrigo está fechado, devido ao fim do contrato com a concessionária.  

Quem chegou primeiro, iniciou a montagem das barracas na área de camping quase ao lado do abrigo. Optamos ficar ali por estar próximo ao ponto de água e banheiro, mas talvez não seja o melhor local. Aproveitei para tomar logo o banho. Me surpreendi com a temperatura da água. Estava melhor do que imaginava. De banho tomado e com o ânimo renovado, fui armar a barraca. Como cheguei por último, acabei ficando com os piores lugares. Tive que preparar o chão, colocando os ramos secos de capim. Isso deixou o fundo da barraca mais confortável. Até pensei em montar em outro local, mas era menos abrigado e se ventasse, ficaria ruim.  

Depois da barraca montada, preparei meu almoço. Comi com vontade. Dei uma organizada no equipamento e fui até o cruzeiro ver o pôr-do-sol. Foi um espetáculo, apesar de estar um pouco nublado. O frio lá no alto estava forte, mas nada que uma boa roupa de frio não resolvesse. Os cumes mais altos do PARNASO eram os únicos visíveis. Abaixo, um tapete de nuvens. Estávamos literalmente sobre as nuvens. Voltei até a barraca e me preparei para descansar, afinal de contas o dia seguinte seria mais cansativo. A noite chegou e com ela a lua cheia, era uma daquelas que iluminava tudo. O céu estava bem estrela e tinha uma previsão de chuva para a madrugada e o dia seguinte. Agora era dormir e torcer para o tempo não virar.

Travessia Petrópolis x Teresópolis


Dormi extremamente mal. Mesmo cansado, acordava toda hora. Foi uma noite bem tranquila. Ventou pouco e por algumas vezes, ouvia o barulho que pareciam pingos caindo em cima da barraca. Era por volta das 4 h quando uma menina que estava na barraca em frente a minha acordou e fez muito barulho, falando alto e até cantando. Nem se preocupou que tinham outras pessoas dormindo. Fiquei esperando dar 5h para levantar e assim que celular tocou, levantei já achando que o dia estaria fechado. Estava errado, ainda bem. O dia estava firme. O barulho que ouvia durante a noite, provavelmente era de areia carregada pelo vento. Preparei o café e fui arrumando a mochila para deixar tudo pronto para a partida.  

Saímos para caminhar as 6:30h, um pouco depois do previsto, mas num bom horário. O Charles saiu bem cedo, ainda era noite, na tentativa de fotografar algum animal. Partimos do camping e seguimos descendo o primeiro lajeado. Dali, podíamos a ver a grande subida que teríamos pela frente, para atingir o Morro do Marco. Do outro lado, víamos a subida para o Morro da Luva. Assim que cruzamos o vale, deu para perceber que a subida não era tão longa assim. Acho que de longe parece bem pior. Ainda era o começo da caminhada e por enquanto, tudo tranquilo.

Chegamos ao cume do Morro do Marco, que tem esse nome devido a um grande totem de pedra que existia e foi destruído há alguns anos. Nesse ponto, tínhamos a opção de seguir aos Portais de Hércules, mas fazendo a travessia em dois dias, fica muito puxado. Seguimos em direção ao Morro da Luva, descendo até o colo entre os dois cumes. Nesse ponto há o primeiro ponto de água. Como meu cantil estava cheio, optei por não coletar água nesse ponto. Minha estimativa era de pegar somente no Vale das Antas. Do colo, começamos a subir o Morro da Luva. Uma das piores subidas da travessia. Não adiantava ter pressa. No começo, tem vários trechos onde é necessário usar as mãos para ajudar a subir. Mais acima, alguns trechos bem escorregadios. Depois de uns bons minutos, havíamos chegado ao Morro da Luva. Lá encontramos com o Charles. Fizemos mais uma parada para descanso.

Travessia Petrópolis x Teresópolis


Dali, seguimos descendo até atravessar um charco e seguir paralelo a um pequeno córrego. Dessa vez estava mais seco, diferentemente da última vez que passei por ali. Mais à frente, entramos num lajeado e descemos. Já conseguíamos ver o trecho do elevador. Já no final da descida, bem próximo ao precipício, seguimos para a esquerda e cruzamos o córrego. Nesse ponto há um corrimão que balança um pouco. Fomos andando num trecho bem delicado até chegar à base do elevador. Nas fotos, ele parece bem mais difícil que ao vivo. Para quem não conhece, o elevador é uma sequência de degraus fincados na rocha. É um trecho obrigatório e não há como contorná-lo. Lá no alto, fizemos mais uma parada para descanso.  

Fizemos algumas fotos e voltamos a caminhar. Dali, conseguíamos ver por onde passaríamos. Seguimos subindo levemente até descer forte numa rampa. Dali pegamos o caminho até chegar ao Dinossauro. Ali, estávamos bem de frente para o Garrafão. Uma vista fantástica. Lá no fundo, aquele tapete de nuvens. Nossa próxima parada seria o Vale das Antas. Continuamos a caminhada por mais um lajeado até começar a descer. Já no final da descida, passamos por trecho que sempre tem lama, mas dessa vez, assim como em outros trechos, estava bem tranquilo. Já no Vale das Antas, fizemos mais uma parada. Aproveitamos para captar água e comer algo. Era importante descansar, pois essa próxima subida seria forte. Mas antes que o corpo esfriasse, voltamos a andar.

Cruzamos uma pequena ponte de madeira e iniciamos a subida para a Pedra da Baleia. Foi mais uma subida dura. Mas logo estávamos passando por uma pedra, que chamamos de Dorso da Baleia. Dali, cruzamos mais um charco e fizemos mais uma parada no totem que indicava cerca de 1,5km até o Abrigo 4. O vento era um pouco mais forte. Procurei um local um pouco mais abrigado para evitar o frio. Descansamos bem. Estávamos cada vez mais próximos.  

Descemos em direção ao lance do Mergulho. Não levamos corda. Muita gente opta por fixar uma corda nesse ponto para ajudar a descida, principalmente nos dias de chuva. Mas descendo devagar, é possível fazer sem. Fomos descendo um por um. Havíamos feito o penúltimo trecho técnico de toda a travessia, faltava apenas o “Cavalinho”. Andamos mais um pouco e começamos a subir. Já estávamos colados na Pedra do Sino. Paramos na base do Cavalinho e pude observar as pessoas passando. Nem chega a ser tão difícil como se fala, mas com atenção, dá para passar tranquilo. Optamos pela seguinte estratégia: um sobe, pega a mochila, o próximo sobe sem mochila e pega a mochila do próximo, que sobe sem. E assim fomos subindo, passando o trecho bem rápido.  

Continuamos subindo e passamos pela escada. Andamos até o ponto onde dá acesso ao cume da Pedra do Sino. Alguns subiram, eu optei por seguir direto até o Abrigo do Sino. Aproveitei que tem sinal de celular nesse ponto e mandei algumas mensagens, avisando que estava tudo bem. Foram mais alguns minutos até chegar ao Abrigo 4. Dei uma boa descansada e preparei um almoço. Era cedo ainda, havíamos chegado por volta das 12h. Tempo suficiente para almoçar, descansar e ainda chegar durante o dia na portaria de Teresópolis. Alguns preferiram descer sem almoço.  

Depois de um bom almoço e uma boa descansada, começamos a descer a trilha do Sino. O tempo permanecia bom, mas na medida que iríamos perdendo altitude, entraríamos na zona das nuvens e, a partir daí, não daria para garantir mais nada. E não deu outra. Assim que cruzamos a cota 2000, ponto onde marca a altitude de 2.000 metros, estava tudo bem fechado e não tínhamos mais visual. Pelo menos, não chovia. Seguimos descendo e fizemos uma parada na saída para o Paredão Paraguaio e outra, na Cachoeira do Véu da Noiva. É uma descida que parecia não ter fim. Estava tudo bem molhado, mas não chovia.  

Chegamos quase juntos à Barragem com o grupo que havia saído primeiro. Se tivéssemos combinado, talvez não tivesse dado tão certo. Mas ainda não havia acabado, faltavam mais aproximadamente 2 km até o ponto onde o carro estava estacionado. Seguimos descendo pela rua até lá. Assim que avistei o carro, pude dar como encerrada a travessia. Troquei de roupa e arrumei as coisas. Dali, seguimos direto para o Paraíso Café, onde fizemos um lanche reforçado para pegar o caminho de casa. Mais uma Travessia Petrô x Terê finalizada.

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis

Travessia Petrópolis x Teresópolis


terça-feira, 22 de novembro de 2022

Escalada na Chaminé Idalício - Cume das Prateleiras

Por Leandro do Carmo

Chaminé Idalício – Cume das Prateleiras  

Dia: 31/08/2022 
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, Luis Avelar

Chaminé Idalício - Prateleiras

 

Como chegar  

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da escalada  

Próximo ao acesso ao cume das Prateleiras pela via Normal

Dicas  

A via inicia por um belo artificial fixo, onde o crux fica na entrada para a chaminé, numa pedra entalada. Algumas chaminés são bem estreitas, mas com boas agarras.  

Vídeo da Escalada na Chaminé Idalício

Relato  

Pense numa madrugada fria. Pois foi assim essa noite. Para se ter uma ideia, a água do cano que sai da caixa d´água e vai para o Abrigo congelou e ficamos sem água. Para fazer o café, foi preciso pegar água na represa. O gramado próximo ao abrigo estava todo cheio de gelo. A ponte que segue pela borda da represa estava cheia de gelo. Estava um céu aberto e isso potencializa o frio. Esperamos ao máximo para sair. Quando o sol apareceu, as coisas foram melhorando. Aos poucos a água voltou a sair das torneiras. Era o dia derradeiro. Para esse dia, optamos por fazer uma escalada menos longa, afinal de contas, voltaríamos em seguida para Niterói. Deixamos algumas coisas no carro e pegamos o caminho até as Prateleiras.


Seguimos direto pelo antigo trecho da estrada e chegamos a um largo, onde inicia a trilha que leva a diversos pontos da região. Fomos andando e logo chegamos à base das Prateleiras. Seguimos por diversos trepa pedras até chegar a inconfundível base da Chaminé Idalício. Como caminhamos bem rápido, fizemos uma parada mais longa até começar a escalar. Eu não me senti muito, fiquei meio indisposto. Mas dava para subir, não podia desperdiçar essa oportunidade.  

Da base, conseguimos ver um grupo numeroso de bombeiros. Com certeza, estavam em treinamento. Enquanto separávamos o equipamento e acondicionávamos o excedente, os bombeiros foram passando. Chegou também um grupo do Centro Excursionista Carioca. Ficamos conversando sobre a via e sobre a saída dela, além de outros assuntos. O sol começou a bater e deu uma animada. O dia estava ótimo e em breve toda a base já estaria com sol. O tempo foi passando e era hora de iniciarmos a escalada.  

O Thiago saiu para guiar e deixou dois grampos protegidos. O Luis foi logo em seguida e guiou o resto do artificial, até a primeira parada. Eu fui por último, carregando a única mochila na qual resolvemos levar, assim nossa escalada fluiria de maneira mais rápida. Entrei no lance já com o pé no primeiro estribo e passei para o segundo. Depois que pega o ritmo, vai mais tranquilo. Segui assim pela sequência de grampos até o penúltimo grampo. Dali, passei a mochila para o Luis e entrei na estreita chaminé com o braço esquerdo, sendo a melhor opção. Com um pouco de dificuldade, subi um pouco e fui para fora da chaminé, conseguindo colocar o braço esquerdo por cima da pedra entalada e dominar o lance. Um trecho bem desconfortável.

Chaminé Idalício - Prateleiras


Já na parada, sem demorar, fui passando o equipamento necessário para a próxima cordada. A vista dali era bem bonita. Como o dia estava bem aberto, podíamos ver bem longe por entre a estreita chaminé. Saímos para a segunda enfiada. Fomos um pouco mais para dentro da chaminé. Para então subir e alcançar uma pedra entalada mais acima. Estava bem frio e o vento atrapalhava um pouco. A chaminé tinha uns trechos mais apertados e outros mais confortáveis, todos com boas agarras, o que facilitava bastante. Já acima do bloco, nos reunimos e nos preparamos para a próxima.  

A terceira enfiada foi um pouco mais difícil que a anterior. Aproveitei para dar uma organizada nas cordas. Isso facilitou bastante o resto da escalada. Subimos por um trecho mais delicado até entrar mais ainda na chaminé e começar a subir novamente. Foram alguns blocos até que estávamos novamente protegidos pelo grampo. Dali já dava para ouvir algumas vozes de pessoas no cume. Ou eram os bombeiros ou o grupo do Centro Excursionista Carioca. Estávamos num bom ritmo. Minha maior preocupação era encontrar o caminho de volta. Ninguém de nós havíamos feito cume das Prateleiras ainda. Encontrar alguém no cume facilitaria bem a nossa volta.

Nos preparamos para a quarta cordada. O Luis guiou a última. Essa foi a mais fácil do dia. A chaminé vai ficando levemente positiva. Tem muitas agarras, e uma grande diagonal que te leva para dentro e para cima da chaminé. Enfim, havíamos saído de “dentro” da rocha. Foi um alívio sentir o sol batendo. Na hora já aqueceu um pouco. O Luís havia montando a parada num bico de pedra. Estávamos bem no cume. Assinamos o livro. Dali, dava para ver o grupo do Carioca iniciando o rapel. Aproveitei para fazer algumas imagens com o Drone. Enquanto eu filmava, o Luis e o Thiago foram até o ponto onde faríamos o rapel.

Chaminé Idalício - Prateleiras


A vista impressionava. Uma pena que tinha uma névoa que atrapalhava um pouco, mas mesmo assim o alcance era fantástico. Podíamos ver a Serra da Bocaina, a Pedra da Mina e muito mais. Arrumei as coisas e organizei tudo na mochila. Segui direto para o ponto do rapel, mas optei por descer direto. Ainda soltei a corda que havia prendido. Dali, começamos a descer. O caminho não tão óbvio. Mas conseguimos chegar à base novamente. Ali, aproveitamos para descansar e arrumar tudo para, enfim, retornar pra casa. Foram 4 dias, literalmente, dentro do Parque Nacional do Itatiaia.

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras

Chaminé Idalício - Prateleiras


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Escalada na via Paredão Oba Oba - Agulhas Negras-

Por Leandro do Carmo

Paredão Oba Oba - Cume das Agulhas Negras  

Dia: 30/08/2022
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Participantes: Leandro do Carmo, Thiago Wentzl, Luis Avelar e Valdino

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras


Como chegar 

Partindo do Rio de Janeiro, pegar a Dutra até Resende e pegar a BR 354 (Rio x Caxambu). Seguir até a Garganta do Registro e pegar a estrada para a portaria do parque.  

Início da escalada  

Pegar a via Pontão Ricardo Gonçalves. A base da via está a poucos metros do acesso ao cume.  

Dicas  

O crux da via está no início, entre a primeira chapeleta e uma fenda bem a direita. Dá para fazer um pêndulo para vencer esse lance. Pessoas altas tem mais facilidade. Segue a fenda até entrar numa canaleta no formato de chaminé. O Ideal é fazer a primeira parada logo na primeira dupla. A saída da primeira parada é um pouco delicada. Dali, seguirá reto até uma chapeleta e seguirá numa diagonal para a esquerda, numa canaleta, subindo ao final dela. Tem uma rampinha e mais um lance obrigatório para acessar a parte alta. Daí, é só caminhar até o cume.

Vídeo completo da Escalada na via Paredão Oba Oba

Relato da escalada na via Paredão Oba Oba

Depois de um dia chuvoso e uma noite bem fria, acordamos com uma manhã linda. Tempo aberto. Difícil de acreditar que tínhamos passado tempo bom, calor, chuva e frio nos dois dias anteriores. Mas em Itatiaia é assim: imprevisível. Estava tudo molhado e hoje seria a tentativa de fazermos a Travessia Longitudinal. Devido às condições climáticas, o grupo que viria de Niterói para fazer a Longitudinal cancelou. Como estava tudo bem molhado ainda, optamos por fazer cume das Agulhas Negras, fazendo a clássica Paredão Oba Oba. Outro grupo seguiria pela via Bira. Separamos todos os equipamentos e iniciamos a caminhada.

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras















A aproximação não seria fácil. Escalar a Paredão Oba Oba, nos faz seguir até quase ao cume das Agulhas Negras, pois fica bem perto do final da Pontão Ricardo Gonçalves. É uma escalada de aventura! Seguimos caminhando pelo trecho já feito no primeiro dia. Cruzamos a barragem próxima ao Rebouças e de lá, seguimos com o Maciço das Agulhas Negras bem a nossa frente. Fomos nesse pequeno sobe e desce, atravessamos a ponte pênsil e logo estávamos na bifurcação que divide o caminho na direção da Pedra do Altar e para as Agulhas. Mais a frente, nos dividimos. Uma parte do grupo seguiu para a via Bira.  

Eu já havia estado nesse caminho em agosto de 2012. E lá se vão 10 anos. Nem lembrava desse detalhe, só lembrei quando alguém me perguntou se eu sabia o caminho. Agora vamos ver se minha memória estava em dia. Subimos um pouco e cruzamos um córrego, num lajeado. A trilha nesse trecho estava bem molhada e eu subia com bastante cuidado. Passamos por uma pedra em forma de coroa e essa eu lembrava. Dali continuamos a subida ora por trilha, ora por lajeados. Alguns pontos geravam dúvidas, mas era só andar um pouco que já encontrávamos o rastro novamente.  

Mais acima, chegávamos ao ponto mais técnico do caminho. Eu lembrava que havia um caminho que poderíamos cortar esse trecho, mas não tinha certeza de onde entrar. Então, resolvemos passar por ali mesmo. Subi em um platô, utilizando uma fenda e achei que fosse mais tranquilo seguir por ali. O Luis colocou a sapatilha e seguiu guiando até uma parada dupla mais acima, mas não foi tão simples assim. Ele disse que a canaleta estava bem lisa, mas conseguiu passar.  

Fomos subindo um por um com o auxílio da corda que ele fixou. Com todos ali, seguimos por essa laje até entrar numa grande canaleta que seguiria até o acesso ao cume. Passamos por grandes blocos e passagens bem estreitas. Já na canaleta, subimos já devagar devido ao cansaço, mas já estávamos bem perto. Eu lembrava vagamente da base da via, lembrava de ter visto alguém escalando quando passei por lá em 2012. Mais alguns minutos e estávamos na base da via. Bem fácil de achar. O sol já batia e estava bem agradável naquele momento. Fizemos uma parada para o lanche e arrumamos o equipamento.  

Dividimos a cordada em duas: numa, estava o Luis e Valdino e na outra, eu e o Thiago. O Luis e o Valdino foram na frente. O Luiz guiou as duas cordadas e assim que ele chegou à primeira parada e o Valdino saiu, eu comecei a escalar. Costurei a primeira chapeleta e tentei fazer o pêndulo até uma fenda na direita. Como estava um pouco distante, optei por ir me aproximando da fenda e ir empurrando com a mão esquerda até chegar bem próximo. Num lance rápido, dei um bote e consegui dominar a fenda e seguir subindo até costurar a segunda proteção.  

Dali fiz mais um lance com boas agarras e segui até uma grande canaleta, que entrei em chaminé, mas a mochila atrapalhou. Desci um pouco e pendurei a mochila no baudrier, facilitando minha subida. Depois de subir um pouco, consegui costurar a chapeleta que fica fora dessa canaleta, e segui até a parada, onde o Valdino se encontrava, dando segurança para o Luis. O Thiago veio logo em seguida. Enquanto o Thiago subia, passou um rapaz perguntando se a GoPro que estava no chão era de alguém. Eu havia deixado a câmera no chão. Por pouco não havia perdido. Ainda existe gente de bem nesse mundo. Agradeci imensamente. Depois, fui descobrir que eles também estavam no Abrigo Rebouças, haviam chegado um pouco após a nossa saída para a escalada.  

Voltando a escalada, o Thiago subiu bem rápido e na parada falei para ele guiar a próxima, mas ele não queria. Só depois que eu expliquei o caminho foi que ele resolveu seguir, achou que iria reto numa grande canaleta. Acho que eu também não encararia. Ele seguiu rápido por uma calha até que chegou à segunda parada, já próxima do lance final. Subi em seguida, fazendo rápido os lances e chegando ao Thiago, toquei logo para cima. Subi um pouco e fiz o último lance, cruzando uma fenda. Olhando de cima, era bem alta. Mas tinha uma boa agarra. Foi colocar as duas mãos nela e subir, fazendo uma espécie de barra até dominar o trecho e seguir até um grande bloco. Ali montei uma parada num bico de pedra e trouxe o Thiago.  

O Luis e o Valdino já tinham ido até o cume. Fiz algumas fotos e segui caminhando também. No cume, onde tinha o cruzeiro, encontrei o rapaz que havia achado minha câmera. Agradeci novamente. Aguardamos um grupo descer e chegar até o verdadeiro cume para assinar o livro. O cume verdadeiro é acessado, fazendo um pequeno rapel ou desescalando uma chaminé, em seguida, é necessário fazer uma pequena escalada até acessá-lo. Ele é 50 centímetros maior do cume do cruzeiro. Enquanto estávamos ali, a gente aguardava a chegada do grupo que foi pela via Bira. Descemos e na base do cume verdadeiro, optamos por fazer um lance bem a esquerda, diferente do trecho tradicional. No cume, assinamos o livro e depois de algum tempo, subimos de volta. Aproveitei para fazer algumas imagens com o drone. O tempo foi passando e nada da galera chegar. Em alguns momentos, parecia que ouvia a voz do Velhinho, mas nada. Conseguimos receber uma mensagem nos avisando que eles não haviam encontrado o caminho e estavam descendo.  

A partir daí, iniciamos, também, o nosso retorno. A descida foi tranquila. Bem mais rápida se comparada a subida. Uma porque para baixo todo santo ajuda, outra, porque agora já sabíamos por onde passar. Já bem abaixo, fizemos uma rápida parada. Dali, conseguíamos ver a base da via Bira e lá estava a galera rapelando. Bom, dali para baixo, era questão de tempo. Então, resolvemos continuar nossa caminhada até o Abrigo Rebouças.  

Já no abrigo, aproveitei para tomar logo um banho. O frio já era forte. Ainda bem que não estávamos no camping, seria duro. Já era noite quando a galera da via Bira chegou. Agora estávamos todos reunidos novamente. Era só jantar e me preparar para dia seguinte.

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras

Paredão Oba Oba - Agulhas Negras