Por Leandro do Carmo
Artigo escrito para o Boletim CNM SETEMBRO/2014
A sensação de temperatura que o corpo humano sente é
freqüentemente afetada por vários fatores. O corpo humano é uma máquina térmica
que constantemente libera energia e qualquer fator que interfira na taxa de
perda de calor do corpo afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura
do ar, outros fatores significativos que controlam o conforto térmico do corpo
humano são: umidade relativa, vento e radiação solar.
O índice de temperatura-umidade (ITU) é um avaliador do
conforto humano para o verão, baseado em condições de temperatura e umidade.
Ele é calculado pela equação abaixo:
ITU = (0,8 x T) + (UR ( T – 14,3 ) / 100) + 46,3
Onde, T = Temperatura em ºC, UR = umidade relativa do ar e
ITU = Índice de Temperatura e Umidade.
A evaporação do suor é uma maneira natural de regular a
temperatura do corpo, pois o processo de evaporação é um processo de
resfriamento. Quando o ar está muito úmido, contudo, a perda de calor por
evaporação é reduzida, pois o ar já está saturado com umidade. Por isso, um dia
quente e úmido parecerá mais quente e desconfortável que um dia quente e seco. Na
tabela ao lado são mostrados os ITU’s calculados com temperaturas em graus
Fahrenheit e Celsius.
À medida que sua temperatura corporal aumenta, a temperatura
da pele também aumenta, então começa a transpiração. Em condições normais, o
suor evaporaria, resfriando seu corpo. Em ambientes úmidos, o suor não consegue
evaporar devido à saturação do ar, que já está denso com vapor d’água. O suor
acumula sobre a pele, esquentando-a ainda mais e, consequentemente, seu corpo.
Seu corpo tenta compensar tudo isso gerando ainda mais suor, que também não
pode ser evaporado. O ciclo continua até a desidratação e o colapso do
organismo, que não consegue mais desempenhar os movimentos esportivos. Essa é a
forma que o organismo encontra para reduzir sua temperatura.
Para dias assim devemos manter-nos sempre hidratados,
bebendo água em períodos regulares e mesmo sem sede. Evitar exercícios
extenuantes e se possível, trocar aquela longa via ou camianhada, por uns
boulders a beira mar ou perto de rios, ou até mesmo aquele passeio em uma
cachoeira. Assim, poderemos sempre nos refrescar quando o calor apertar.
No inverno, o desconforto humano com o frio é aumentado pelo
vento, que afeta a sensação de temperatura. O vento não apenas aumenta o
resfriamento por evaporação, devido ao aumento da taxa de evaporação, mas
também aumenta a taxa de perda de calor sensível (efeito combinado de condução
e convecção) devido à constante troca do ar aquecido junto ao corpo por ar
frio. Por exemplo, quando a temperatura é -8ºC e a velocidade do vento é
30Km/h, a sensação de temperatura seria aproximadamente de -25ºC. A temperatura
equivalente "windchill" ou índice "windchill" ilustra os
efeitos do vento.
Analisando a tabela nota-se que o efeito de resfriamento do
vento aumenta quando a sua velocidade aumenta e a temperatura diminui.
Portanto, o índice "windchill" é mais importante no inverno. No
exemplo acima não se deve imaginar que a temperatura da pele realmente desça a
-25ºC. Através da transferência de calor sensível, a temperatura da pele não
poderia descer abaixo de -8ºC, que é a temperatura do ar nesse exemplo. O que
se pode concluir é que as partes expostas do corpo perdem calor a uma taxa
equivalente a condições induzidas por ventos calmos com a temperatura -25ºC.
Deve-se lembrar que, além do vento, outros fatores podem influenciar no
conforto humano no inverno, como umidade e aquecimento ou resfriamento
radiativo.
Um anorak simples, do tipo corta vento, pode ser o
suficiente para te deixar confortável, ou pelo menos minimizar o risco de
hipotermia. Já passei por uma experiência na Travessia dos Olhos, na Pedra da
Gávea, onde o vento forte estava me levando ao limite do frio, mas como levo
sempre um anorak na mochila...
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