quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A temperatura que está nem sempre é a que sentimos!

Por Leandro do Carmo

Artigo escrito para o Boletim CNM SETEMBRO/2014

A sensação de temperatura que o corpo humano sente é freqüentemente afetada por vários fatores. O corpo humano é uma máquina térmica que constantemente libera energia e qualquer fator que interfira na taxa de perda de calor do corpo afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura do ar, outros fatores significativos que controlam o conforto térmico do corpo humano são: umidade relativa, vento e radiação solar.

O índice de temperatura-umidade (ITU) é um avaliador do conforto humano para o verão, baseado em condições de temperatura e umidade. Ele é calculado pela equação abaixo:

ITU = (0,8 x T) + (UR ( T – 14,3 ) / 100) + 46,3

Onde, T = Temperatura em ºC, UR = umidade relativa do ar e ITU = Índice de Temperatura e Umidade.

A evaporação do suor é uma maneira natural de regular a temperatura do corpo, pois o processo de evaporação é um processo de resfriamento. Quando o ar está muito úmido, contudo, a perda de calor por evaporação é reduzida, pois o ar já está saturado com umidade. Por isso, um dia quente e úmido parecerá mais quente e desconfortável que um dia quente e seco. Na tabela ao lado são mostrados os ITU’s calculados com temperaturas em graus Fahrenheit e Celsius.

À medida que sua temperatura corporal aumenta, a temperatura da pele também aumenta, então começa a transpiração. Em condições normais, o suor evaporaria, resfriando seu corpo. Em ambientes úmidos, o suor não consegue evaporar devido à saturação do ar, que já está denso com vapor d’água. O suor acumula sobre a pele, esquentando-a ainda mais e, consequentemente, seu corpo. Seu corpo tenta compensar tudo isso gerando ainda mais suor, que também não pode ser evaporado. O ciclo continua até a desidratação e o colapso do organismo, que não consegue mais desempenhar os movimentos esportivos. Essa é a forma que o organismo encontra para reduzir sua temperatura.

Para dias assim devemos manter-nos sempre hidratados, bebendo água em períodos regulares e mesmo sem sede. Evitar exercícios extenuantes e se possível, trocar aquela longa via ou camianhada, por uns boulders a beira mar ou perto de rios, ou até mesmo aquele passeio em uma cachoeira. Assim, poderemos sempre nos refrescar quando o calor apertar.

No inverno, o desconforto humano com o frio é aumentado pelo vento, que afeta a sensação de temperatura. O vento não apenas aumenta o resfriamento por evaporação, devido ao aumento da taxa de evaporação, mas também aumenta a taxa de perda de calor sensível (efeito combinado de condução e convecção) devido à constante troca do ar aquecido junto ao corpo por ar frio. Por exemplo, quando a temperatura é -8ºC e a velocidade do vento é 30Km/h, a sensação de temperatura seria aproximadamente de -25ºC. A temperatura equivalente "windchill" ou índice "windchill" ilustra os efeitos do vento.

Analisando a tabela nota-se que o efeito de resfriamento do vento aumenta quando a sua velocidade aumenta e a temperatura diminui. Portanto, o índice "windchill" é mais importante no inverno. No exemplo acima não se deve imaginar que a temperatura da pele realmente desça a -25ºC. Através da transferência de calor sensível, a temperatura da pele não poderia descer abaixo de -8ºC, que é a temperatura do ar nesse exemplo. O que se pode concluir é que as partes expostas do corpo perdem calor a uma taxa equivalente a condições induzidas por ventos calmos com a temperatura -25ºC. Deve-se lembrar que, além do vento, outros fatores podem influenciar no conforto humano no inverno, como umidade e aquecimento ou resfriamento radiativo.

Um anorak simples, do tipo corta vento, pode ser o suficiente para te deixar confortável, ou pelo menos minimizar o risco de hipotermia. Já passei por uma experiência na Travessia dos Olhos, na Pedra da Gávea, onde o vento forte estava me levando ao limite do frio, mas como levo sempre um anorak na mochila...

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