sábado, 5 de abril de 2025

Escalada na via Pedra, Papel e Tesoura - Costão de Itacoatiara

Por Leandro do Carmo

Dia: 09/11/2024
Local: Itacoatiara – Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo e Luís Avellar

Escalada na via Pedra, Papel e tesoura - Costão de Itacoatiara


Relato

Eu doido para escalar final de semana, mas não parava de chover. Havia falado com o Luis e ele tinha sugerido escalar em Itaocaia, pois lá seca bem rápido. Mas não estava muito confiante e na sexta feira, perguntei se daria para escalar em Itacoatiara. Pensei que se a chuva não desse trégua e estivesse molhado ou começasse a chover, seria mais rápido voltar. O Luís topou e ainda disse que não iria chover.

Pense num cara otimista. Esse é o Luís. Ele levou bem a sério o mantra de que escalada só se desmarca na base. Amanheceu ruim e deu um chuvisco. Falei com o Luís e ele confirmou. Bom, era ir e tentar a sorte. E que bom que fomos! Cheguei em Itacoatiara e estava bem nublado, mas olhando para a pedra já estava bem seco. Só tinha água escorrendo em alguns trechos com vegetação, mas fora das vias. Só tinham dois surfistas na água, apesar das ondas. Pra vocês verem o quanto estava ruim. Ninguém acreditava, só o Luís.

Caminhamos pelo costão até entrar no caminho de pescador, atravessando a grande vegetação. Num determinado ponto, pegamos uma subida até chegar à base das vias. O início fica ao lado esquerdo da via Par ou Ímpar!?. Nos arrumamos e o Luís perguntou se eu queria guiar. Como já estava há um tempo sem escalar, preferi não arriscar. O Luis guiou a primeira enfiada e eu fui logo em seguida. O primeiro trecho é bem tranquilo, sem problemas.

Na parada, ele me disse para ficar ligado, pois entre o primeiro e o segundo grampo, numa eventual queda, o guia pode chegar ao platô, com isso deixei a corda bem justa. Ele subiu tranquilo. Comecei a escalar e já percebi a diferença. Os lances seguiam bem verticais, com pequenas agarras, algumas ainda quebrando. Os lances são bem técnicos e não há muito espaço para descanso. Passei o primeiro crux e segui para a parada. Foram 35 metros bem fortes. Na parada tivemos a certeza de ter acertado no dia. Estava muito agradável. Nada de calor e nada de chuva. Condições perfeitas.

O Luís guiou a terceira enfiada. Subi em seguida. A parede continua vertical. Senti mais dificuldade que na enfiada anterior. Fui ganhando altura com lances mais delicados. Num trecho, ameacei ir para a direita e o Luís, lá de cima, avisou que era melhor para a esquerda. Fui desescalar uma passada e caí, voltando ao ponto de saída. Fui pela esquerda e consegui vencer o lance, o que considerei o mais difícil da via. Dali para cima, subi rápido até a parada da via Par ou Ímpar!?.

Já na parada, comentamos o quanto estava agradável o dia. A via é forte, mas com lances bem suaves. Vale muito a pena e é uma excelente opção de via mais curta. Ao fundo em direção da Pedra do Cantagalo, caía uma chuva e ela se aproximava. Resolvemos rapelar dali, visto que a trilha do Costão estava fechada, devido as condições do tempo. Fizemos 3 rapéis até a base, onde arrumamos tudo e seguimos de volta até a praia.

Para quem não confia na previsão do tempo, faz uma consulta ao cara mais otimista que conheço. Luís é o cara que só desmarca escalada na base.

Escalada na via Pedra, Papel e tesoura - Costão de Itacoatiara

Escalada na via Pedra, Papel e tesoura - Costão de Itacoatiara


Escalada no Tibau

Por Leandro do Carmo

Dia: 02/11/2024
Local: Piratininga – Niterói RJ
Participantes: Leandro do Carmo, Camila Chaves, Marcos Velhinho, Vanessa Berton, Alberto Porto, Leandro Conrado, Amanda e Débora.

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA


Relato

Estava há quase dois meses sem escalar. Em uma reunião social do CNM, aproveitei que o Velhinho estava marcando uma escalada com o pessoal do CBE 2024 e já me meti nas cordadas. A última vez que fui ao Tibau, fiz a Mestre dos Pés (6º VI E1/E2 D1 90 m) e a Contextos Diferentes (5º Vsup A0 E1 D1 60 m) com o Luis Avelar.  

Chegamos cedo e nos encontramos próximos à rua que dá acesso à trilha. O local está sendo urbanizado e tudo está asfaltado. Está ficando bem bonito o bairro. Dali, seguimos a estradinha de chão, até pegar a subida das jaqueiras. Depois de andar um pouco, chegamos à base das vias. O bom é que fica na sombra. Isso aliviou um pouco. Dividimos as cordadas e a Vanessa e o Alberto foram com o Velhinho, Débora e Amanda, com o Leandro Conrado e a Camila foi comigo.

Eu e a Camila entramos primeiro na Segue o Velhinho (4º E2 45 m). Primeira enfiada tranquila até a primeira dupla, onde dá para emendar na Speedrun. A Camila subiu em seguida. Dali parti para a próxima enfiada. Passei rápido pelo crux e toquei até ao final, onde montei a parada e puxei a Camila. O dia estava bem bonito e pudemos acompanhar as cordadas ao lado e nos divertir com o Velhinho. Rapelamos rápido até a base e seguimos para outra via. O bom de escalar no Tibau é a possibilidade de poder fazer várias vias no mesmo dia.

Optamos por entrar na Nervos de Aço (IVsup E2 50 m). Passei pela base da via Toda Forma de Amar e desci num trecho meio ruim para chegar à base. A via segue bem protegida com boas agarras e passadas bem suaves. Optei por fazer duas enfiadas, como havia feito na Segue o Velhinho. Fizemos rápidos e lá no alto, pudemos apreciar a bela vista num dia maravilhoso. Aproveitei para fazer alguns vídeos com o drone. Dali rapelamos até a base. Na descida, vi uma pedra caindo e passando bem perto da Amanda e do Leandro que estavam na base. Por isso a importância do capacete.

Já na base, nos preparamos para ir embora, hoje não podia demorar muito. Descemos rápidos e logo estávamos novamente no carro.

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA

ESCALADA NO TIBAU - PIRATININGA


XIII Encontro dos Amigos da Canoagem

Por Leandro do Carmo

Dia: 28/09/2024
Local: Itaocara - RJ
Participantes: Leandro do Carmo



XIII Encontro dos Amigos da Canoagem

Relato

Nem tudo são flores... Essa foi a minha sexta participação no Encontro dos Amigos da Canoagem de Itaocara. Sempre deu tudo certo, mas sempre tive a certeza de em algum momento alguma coisa poderia sair do planejado. O importante é sempre avaliar e entender os riscos, afinal de contas, no ambiente natural, as variáveis são muitas e nem sempre conseguimos cuidar de todas, basta uma negligência e pronto...

Peguei o último ônibus para Itaocara na rodoviária de Niterói. Dormi a viagem inteira e quase passei do ponto, acordei no susto. Segui para a Pousada 20V, um pouco após o centro de Itaocara. Meus pais, meus filhos, meu tio e meu irmão já estavam lá. Inclusive, eles haviam passado em Além Paraíba para pegar um caiaque que eu havia comprado para remar o terceiro trecho, entre São Fidélis e Atafona. Já havia remado em 2023, o trecho Porto Velho do Cunha x Itaocara e em 2024, o trecho Itaocara x São Fidelis. O objetivo era fechar 2025, remando os trechos São Fidélis x Campos e Campos x Atafona. Mas para isso, precisaria de um caiaque adequado.

O dia estava clareando quando cheguei à pousada. Sentei-me no banquinho ao lado de fora e aguardei um pouco. Assim que a dona abriu a porta para ir comprar o pão para o café da manhã, eu entrei. Fui para a varanda da pousada e percebi o quanto o rio estava seco. Aos poucos todos foram acordando e logo tomei meu café da manhã. Eu e meu irmão fomos na frente, direto para o Porto do Tuta, na Fazenda Paulo Gama. Diferentemente dos anos anteriores, não pararíamos em Porto Marinho.

Aos poucos, os carros foram chegando e o local que estava vazio ficou cheio de caiaques espalhados. Nos reunimos e fizemos o já tradicional grito de guerra do evento: “Rio Paraíba do Sul, Vivo!”. Dali, seguimos para os preparativos finais antes de ir para a água.

Ajustei tudo e fomos para água. Assim que entrei, lembrei que estava sem capacete. Primeiro erro do dia. O Jefferson me lembrou disso um pouco mais a frente, mas já era tarde. Como descemos por alguns trechos com pedras, ter o equipamento de segurança é fundamental. Iniciamos a remada. Tinham menos caiaques que o ano passado, mas estava bonito.

Estava bem com o caiaque novo e fui remando tranquilo. Na primeira corredeira, fui atrás de um bote de rafting e ele atravessou bem na minha frente e acabei virando. Consegui desvirar o caiaque e levar para a margem. Tive um pouco de dificuldade para tirar a água dele, mas consegui ajuda. De volta para a água, continuei a remada e logo chegamos à Corredeira do Urubu. Dei uma parada antes e fiquei no aguardo da melhor oportunidade.

Assim que diminuiu a quantidade de caiaques, resolvi descer. Remei forte para pegar velocidade. Venci o primeiro degrau e logo na primeira onda, perdi o controle e acabei virando. Com a força da água, não consegui desvirar o caiaque que acabou enchendo de água. Com isso a proa afundou, deixando só a popa, que tem um compartimento estanque, para fora. Eu continuei descendo o rio e fui parar só mais embaixo.

De longe, vi algumas pessoas ajudando a tirar o caiaque da água e colocando em cima das pedras. Pensei: “só chegar lá, tirar a água e continuar a remada”. Mas quando eu cheguei perto, vi o estrago. A proa estava completamente destruída. Não tinha como continuar. Nem acreditava que tinha destruído o caiaque nos primeiros 30 minutos de uso!

Dali, fui carregando o caiaque pela margem, com bastante dificuldade, até chegar a uns carros que estavam parados. Ali descansei um pouco e fiquei esperando, pois só iria ter resgate depois que todos terminassem a remanda e voltassem para pegar os carros estacionados. Por sorte, os carros que estavam parados eram de pessoas que estavam acompanhando o evento e consegui levar o caiaque até Porto Marinho.

Avaliando depois, vi que tinha esquecido de colocar algumas boias por dentro para evitar que ele afundasse de proa quando entrasse água. Meu segundo erro. De qualquer forma, já estava feito o estrado. Cheguei à Porto Marinho, quase junto com o pessoal. Ali, amarrei o caiaque no carro e seguimos para o churrasco. Nesse ano, foi realizado no belíssimo sítio Cascata, em Aperibé. Mais uma excelente festa, como música ao vivo da banda Beija Flor Noturno.

Foi uma participação curta, mas fica o aprendizado: nem tudo são flores...






















domingo, 23 de fevereiro de 2025

Expedição Bolívia 2024 - Resgate da GoPro e volta pra casa

Por Leandro do Carmo

Data: 26 e 27/08/2024
Local: La Paz
Participantes: Leandro do Carmo, Marcos Lima, Dâmaris Pordeus, Rafael Pereira, Ricardo Bemvindo, Daniel Candioto, Leandro Conrado e Jorge Pereira.



Dia Livre em La Paz

Chegamos cedo ao Terminal Rodoviário de La Paz. Diferentemente da ida, conseguimos um UBER para voltar. Foi bem rápido, muito por conta do horário. Assim que chegamos ao apartamento reencontramos o pessoal que foi para o Huyana Potosí e comecei a ouvir as histórias. Estávamos todos reunidos novamente. Tomei café da manhã e um banho para relaxar. Quando fui organizar minhas coisas e pegar a GoPro para levar, pois iríamos dar uma volta por La Paz, percebi que ela não estava lá. Procurei em tudo por mais de uma vez e nada. Pronto, havia perdido a câmera e o pior: todas as fotos da viagem!

Fiquei desanimado. Tentei lembrar pelos lugares que havia passado e como podia ter perdido a câmera. Eram 3 opções: Podia ter esquecido no carro, na agência de viagem ou no Hostel, onde tomei banho. Já estava dando como perdida. Fiz contato com a agência Jiwaki, pedindo o contato lá da Red Lagoon. Consegui fazer contato com a Melvi, da agência de Uyuni. Foi ela quem nos recebeu lá no local onde tomamos café da manhã. Expliquei para ela o que havia acontecido e um tempo depois, ela me mandou uma mensagem avisando que não estava no carro e que mais tarde iria até a loja da agência, onde arrumei a mochila.

Foram horas de angústia e isso acabou com meu dia. Enquanto aguardava a Melvi me responder, saímos para dar uma volta na cidade e aproveitei para fazer as últimas compras da viagem. Logo após o almoço, recebi a mensagem da Melvi, avisando que ela havia encontrado a câmera. Bom, primeiro problema resolvido. Agora, como que faríamos para a câmera chegar aqui. Uyuni está a 9 horas de ônibus e iríamos embora no dia seguinte.

Mais angústia... Agora sabia onde câmera estava, mas não sabia se conseguiria pegá-la. A Melvi me disse que iria até a Rodoviária de Uyuni e colocaria no ônibus da noite. Chegaria aqui no dia seguinte. Só que eu só poderia pegar a partir das 8:30 da manhã. Agora era esperar. Achava que não iria ter jeito, mas todo mundo me deu apoio, dizendo que iria dar certo. Só restava torcer.

Dia da volta

Acordei cedo, já torcendo para que tudo desse certo. O ônibus já deveria ter chegado à rodoviária. O Velhinho me acompanhou nessa furada e saímos de casa por volta das 7h. Chegamos cedo e fomos direto para o guichê da empresa PANASUR. Tinha muita coisa lá dentro e o meu pacote deveria estar no meio daquela montoeira de coisa. O falatório dentro da estação já estava grande. Não parava de ouvir “Copacabana, Cochabama, Oruru”. Será que não existia uma maneira mais silenciosa de vender passagem?

Tínhamos que esperar o horário e ficamos ali inventando coisa para fazer e até cadeira de massagem nós usamos! Minha preocupação era demorar e termos que ir embora, pois tínhamos horário para estar no aeroporto. A ansiedade era grande. Assim que o funcionário chegou, logo fui ao guichê para falar com ele e expliquei minha situação. Ele meio ríspido, apontou para a infinidade de pacotes dentro do guichê, avisando que tinha que organizar aquilo tudo. Pensei: “Pronto, agora tenho certeza de que não vai dar tempo.” Quando fiquei em frente ao guichê esperando, ele disse que não podia ficar ali e mandou eu ir um pouco mais para longe. Pronto, agora estava tudo perdido, pensei.

Mas logo ele encontrou o meu pacote. Assinei o documento e paguei pelo envio. Foi uma sensação de alívio. Tinha recuperado a câmera e as fotos. Enviei mensagem para a Melvi, agradecendo e pedi um UBER para o aeroporto. Foi mais rápido do que eu esperava. A partir daí, fiquei aliviado e caiu a ficha de que tinha acabado nossa viagem. Conforme o carro foi subindo a estrada em direção ao aeroporto, fui observando pela janela a cidade de La Paz ao fundo.

Chegamos bem rápido ao aeroporto de El Alto. Tomamos um café da manhã e seguimos para a área de embarque onde nos reunimos novamente. Assim que o avião decolou, fiquei olhando pela janela e passou um filme rápido desses dias. Foram experiências fantásticas. Muita dor e alegria. Muitas histórias que carregarei para sempre. Agora se voltarei, só o tempo dirá. Como montanhista tem memória fraca, quem sabe...





terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Expedição Bolívia 2024 - Salar de Uyuni e região de Tomave

Por Leandro do Carmo

Data: 24 e 25/08/2024
Local: Uyuni
Participantes: Leandro do Carmo e Dâmaris Pordeus




Vídeo dos dois dias, conhecendo o Salar de Uyuni

Dia 24/08/2024 - Salar de Uyuni

A viagem foi bem tranquila. Dormi quase a noite inteira e só acordei algumas vezes com um pouco de frio nas pernas, mas dormia logo em seguida. Assim que abri a cortina da janela, percebi o motivo do meu frio, havia formado uma fina camada de gelo por dentro do vidro. Fiquei imaginando o quanto frio deveria estar lá fora. O ônibus estacionou no terminal de rodoviário. Uyuni é uma pequena cidade localizada no sudoeste da Bolívia, famosa por ser a porta de entrada para o maior deserto de sal do mundo, o Salar de Uyuni.

Já na saída tinha uma pessoa nos esperando. Estava muito frio e fomos andando até o local onde tomamos um excelente café da manhã, chamado de Breakfast Nonis. Local muito bem arrumado e aconchegante. Ali, comemos e aguardamos a chegada da pessoa responsável pela agência de viagens.

Seguimos até a agência Red Lagoon Travel, onde nos foi passado o roteiro na qual iríamos fazer. Marcamos o horário de encontro e aproveitamos para dar uma volta pela cidade. A cidade é bem pequena e parece que tudo vive em torno do turismo do Salar de Uyuni. O ar é muito seco e poucas ruas são asfaltadas. As que são, tem muita poeira. Passamos por uns locais bem bonitos. Foi dando a hora e retornamos até a agência e aguardamos o carro que nos levaria para o passeio. Demorou um pouco, mas seguimos para o nosso primeiro destino: o Cemitério de Trens.



O Cemitério de Trens de Uyuni é uma atração bem curiosa da região. Fica localizado nos arredores da cidade de Uyuny. O local abriga dezenas de locomotivas e vagões abandonados que datam do final do século XIX e início do século XX. O cemitério surgiu devido ao colapso da indústria mineira na Bolívia nos anos 1940. Antes disso, Uyuni era um importante centro de transporte ferroviário, com trens importados da Grã-Bretanha usados para transportar minerais como estanho, prata e ouro. Com o declínio da mineração, muitos trens foram abandonados e deixados para enferrujar no deserto.

Olhando de longe chega a impressionar. Tinha bastante gente no local, todos procurando o melhor ângulo para fotografar e comigo não foi diferente. Subi em uma das locomotivas e pude observar o trilho que seguia numa linha reta a perder de vista. Fizemos bastante fotos ali. Já havia dado a hora de ir embora, mas ao lado das locomotivas e vagões abandonados, tem algumas esculturas feitas a partir das sucatas dos trens. Não queria perder a oportunidade de tirar algumas fotos.

Continuamos nosso passeio e pegamos a estrada em direção à Colchani, porta de entrada para o Salar de Uyuni. Foram cerca de 30 minutos. Do carro podíamos ter uma noção do que nos esperava. A vista já era fantástica. O que impressionava é que não havia uma única árvore. Estacionamos num local onde tinham muitos carros e várias pequenas lojinhas de artesanato. A rua era de chão e tinha muita poeira. Visitamos um local que mostrava um pouco do processo de extração e preparação do sal, além da fabricação de tijolos, muito usados nas construções locais. Curioso que, aproximadamente, 15 cm da camada superior de sal, existe uma camada bem mais dura e é daí que se tiram pedaços, que são cortados em formatos de blocos.

Até aí tudo bem, mas eu queria mesmo era entrar naquele mar branco de sal. E foi para lá que nós seguimos. O carro passou por algumas ruas e em poucos minutos estávamos com o carro em cima do sal. Andamos por cerca de 15 km até o local conhecido como Praça das Bandeiras, que fica ao lado do Hotel de Sal Playa Blanca. Foi construído na década de 1990 inteiramente com blocos de sal, extraídos do próprio Salar. No entanto, foi desativado e transformado em um museu e ponto onde é servido o almoço.

O local é bem diferente e fizemos nosso almoço em uma mesa feita completamente de sal. A comida estava ótima e ficamos ali durante um tempo de descansando, período em que aproveitei para dar uma volta no entorno.

Depois do descanso, seguimos para a Isla de Incahuashi. Foram cerca de 60 km de linha reta pelo deserto de sal. Olhando pela janela, perdia a noção da distância e os carros que passavam ao fundo pareciam de brinquedo. Ao fundo, o branco se misturava ao azul do céu, num cenário fantástico.

A Isla de Incahuasi, também conhecida como “Casa do Inca” em Quechua, é uma formação geológica única localizada no coração do Salar de Uyuni. Esta ilha rochosa e montanhosa é o topo dos restos de um antigo vulcão que foi submerso quando a área fazia parte de um gigantesco lago pré-histórico, há cerca de 40.000 anos. A ilha é famosa por seus cactos gigantes, que podem crescer até 10 metros de altura e têm centenas de anos. A paisagem é coberta por esses cactos nativos, criando um contraste impressionante com o mar branco de sal ao redor.



Assim que chegamos pagamos as entradas e aproveitei para ir ao banheiro e de lá, fizemos uma caminhada até o topo da ilha. Os cactos impressionavam pelo tamanho. À medida que ia subindo, tinha uma vista mais ampla. Estava rodeado de um branco fantástico. Estávamos ao centro do maior deserto de sal do mundo.

O Salar de Uyuni tem uma história fascinante que remonta a milhares de anos. Este vasto deserto de sal foi formado pela transformação de vários lagos pré-históricos. Cerca de 40.000 anos atrás, a área fazia parte de um gigantesco lago chamado Lago Minchin. Com o tempo, esse lago evaporou, deixando para trás os atuais lagos Poopó e Uru Uru, além dos desertos salgados de Coipasa e Uyuni.

O Salar de Uyuni cobre uma área de aproximadamente 10.582 quilômetros quadrados e está situado a uma altitude de cerca de 3.656 metros acima do nível do mar. A crosta de sal que cobre o salar tem uma espessura de alguns metros e é extremamente plana, com variações de altitude de menos de um metro em toda a sua extensão.

Depois de caminhar bastante pela Isla Incahuashi, retornamos e seguimos para um ponto onde existe uma fina camada de água, local perfeito para fotos, fazendo diversos efeitos de reflexo. Ficamos ali até o pôr-do-sol, por sinal fantástico. Dali seguimos para o hotel. Não lembro de ter visto o nome, mas a fachada era bem simples, assim como tudo em Colchani. Assim que entramos, vi que estava em obra, mas a parte dos quartos estavam bem arrumada. As paredes eram de tijolos de sal, com algumas esculturas. Bem bonito. Fui rápido para tomar um banho, mas a porta estava fechada. Aí, descobri que para usar o banheiro do quarto, era preciso pagar mais 100 Bolivianos. Um absurdo. Fui para o banheiro coletivo mesmo.



De banho tomado e já relaxado, segui para o local da janta que foi servida após a sopa tradicional de entrada. Aí foi descansar e organizar tudo para o dia seguinte...

25/08/2024 - Região de Tomave

Dormi bem, mas estava muito seco. Minha garganta e meu nariz estavam ardendo um pouco. Pela primeira vez acordava sem dor de cabeça. Levantei e quando fui escovar os dentes percebi que não saía água. Fui para o outro banheiro e na volta vi que tinha algo estranho, quando passei a mão embaixo da torneira, percebi que tinha gelo. No quarto, nem percebi o quanto estava frio lá fora. Havia um aquecedor portátil que duvidei que daria conta.

Fomos tomar café da manhã. Era simples, mas gostoso. O ambiente era muito agradável. A sala na qual fazíamos as refeições era toda feita de tijolos de sal, assim com as mesas e as cadeiras. Havia algumas esculturas na parede que também eram feitas de sal. Tomei café sem pressa, era cedo ainda e podíamos fazer tudo com bastante calma. Assim como na manhã anterior em Uyuni, não sabíamos que horas passariam aqui para o passeio do dia. Após o café, aproveitei para dar uma volta na rua em frente ao hotel. Parecia aquelas cidades abandonadas de filmes do Velho Oeste americano.

Por volta das 9 horas, o carro que nos levaria para o passeio do dia chegou e voltamos para Uyuni para pegar mais 4 pessoas, um casal colombiano e um, brasileiro. De lá, seguimos para Tomave, nosso destino do dia. Tomave é um município localizado na Província de Quijarro, no Departamento de Potosí. Historicamente, Tomave desempenhou um papel significativo durante a Guerra do Pacífico em 1879, servindo como sede da Quinta Divisão do Exército Boliviano.

Pegamos a estrada e começamos a subir. Em pouco tempo, já podíamos ver ao fundo a imensidão branca do Salar de Uyuni. Do alto é que temos noção do tamanho. Quase não passava carro na estrada e raramente havia alguma construção. Quando tinha, era bem pequena e não havia sinal de que era habitada. Foram aproximadamente 55 km de estrada, até que entramos numa estrada de terra. Paramos um pouco mais a frente. Tinha uma lagoa que estava seca e uma pequena trilha que subia um morro. Como não me interessou muito, resolvi ficar ali mesmo.



Seguimos viagem e paramos novamente em frente a uma formação rochosa bem interessante. Essa resolvi subir um pouco e fui até o alto de uma pedra, onde tinha uma vista bem bonita. Continuamos na estrada de terra e seguimos para Tomave. Estacionamos na Praça Central do pequeno vilarejo, quase em frente à Igreja de San Miguel de Tomave. Sua construção de arquitetura barroca mestiza foi iniciada em 1699 e levou cerca de 90 anos para ser concluída. A Igreja é bem bonita e fiquei pensando sobre o tempo na qual foi construída. Olhando em volta, não existe nada, além de montanhas.

Aproveitamos para dar uma volta pelas ruas e percebi várias casas fechadas, algumas com estilo de construção bem antiga. Ninguém na rua ou nas casas, a exceção de uma, na qual ouvia-se da rua uma cantoria religiosa. Na volta, aproveitamos para almoçar. Descansamos um pouco e seguimos com o passeio, passando por uma laguna que estava com pouca água. Vimos alguns poucos flamingos voando. Durante o verão, é que eles aparecem em maior número. Demos uma volta pelas lagoas e fomos para as águas termais.



Chegamos a algumas piscinas de águas bem quentes. Foi bem relaxante o banho, a água estava numa temperatura excelente. Depois do banho fui até o local onde a água nasce e ela é extremamente quente. Tive que conferir. Se não bastasse a placa informando para ter cuidado com a água, queimei a ponta do dedo com a minha curiosidade!

A volta foi longa, pois voltamos direto e sem paradas. Foram aproximadamente 128 km até Uyuni. Passamos na agência Red Lagoon para pegar nossas mochilas. Arrumamos tudo com calma e descobrimos um local para tomar banho, era o Residencial La Cabaña Hostel. Tomei um banho bem quente e foi muita sorte achar esse local. Pagamos 15 bolivianos. Enquanto esperava na recepção, chegou um grupo de brasileiros que pediram um quarto pois queriam tomar banho. Falei que tinha essa opção de banho avulso e eles adoraram, economizaram uma grana!

Após banho, fomos procurar uma pizzaria e achamos uma que era um ambiente bem bacana, mas só aceitavam dinheiro. Até tinha o valor, mas ficaria sem nada na carteira. Optamos por procurar outra. Achamos uma próxima, onde comemos. Não foi das melhores, mas valeu a pena. Quando vimos a hora, estávamos bem próximos do horário de saída. Não estávamos atrasados, mas seguimos num passo mais acelerado. Ficamos distraídos e quase nos atrasamos. Entramos no ônibus e seguimos viagem de volta à La Paz.

Esses dois dias foram fantásticos. Conhecer o Salar de Uyuni estava na minha lista, mas não imaginava que seria dessa vez que iria caminhar naquela imensidão de sal. Estava doido para ver as fotos, mas a história das fotos vai ficar para o próximo relato.