Por Leandro do Carmo
Conquista da Via Não Tem Nome - IV 5º E2/E1 90m
Mais uma conquista em Niterói. A via Não tem Nome, fica localizada num cume secundário do Santo Inácio. Foram três investidas para conquistar seus quase 90 metros. A via começa numa canaleta bem vertical, com a primeira proteção relativamente alta, onde temos o crux da via. Os lances iniciais são bem verticais bem delicados. Muitas agarras ainda por quebrar. A via segue bem protegida até a primeira parada. A partir daí, vai ficando mais positiva até chegar ao cume.
Acesso: o acesso à via fica na trilha do Santo Inácio. Seguindo pela trilha do Santo Inácio, já perto do ataque final ao cume, você chegará a uma cerca que fica a sua direita, mais a frente, pegue a primeira saída à esquerda e siga por ela. Mais a frente, chegará a uma curva bem acentuada. A saída para trilha fica nesse ponto. Segue descendo até cruzar um talvegue e começar a subir novamente. Seguir para a esquerda até uma grande rocha, onde descerá encostado até contorná-la por baixo para a direita, voltando a subir novamente. Nesse ponto já poderá ver a parede a sua esquerda. Seguir até ela e descer contornando com a rocha a sua direita até a base da via.
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1ª Investida
Data: 23/04/2014
Participantes: Leandro do Carmo, Alex Figueiredo, Vinícius
Araújo e Ary Carlos
O Alex Figueiredo havia descoberto o local há muito tempo atrás
e havia falado sobre ele. Isso ficou guardado durante um tempo, até que
decidimos conferir. Marcamos cedo. A ideia era chegar até a base e ver o que
daria para fazer. Chegar até a base foi difícil. Não havíamos conseguido achar
as fitas que havíamos colocado em outra oportunidade, mas como sabia para onde
ir, seguimos assim mesmo. Até que chegamos mais rápido do que imaginávamos.
Na base, começamos a olhar e prestar atenção se não haveria
alguma conquista no local. Eu jurava que havia um grampo mais acima. Mas quando
o Ary chegou lá e passou a mão, tivemos a certeza que não era um grampo e sim
um galho retorcido. Com a certeza de que não havia nada no local, fomos ver o
melhor caminho a ser feito. A primeira opção seria pelo diedro, mas tinha muita
vegetação na base dele. Resolvemos segui por outra linha, seguindo para direita
dele.
O Ary e o Vinícius bateram o primeiro grampo logo acima da canaleta.
Não ficou muito bem batido, mas o suficiente para darmos continuidade à
conquista. Subiram e colocaram o segundo que entrou na força. Optamos por não
continuar. Parece que a broca estava mais fina que o de costume. Como era de
uma marca que ainda não havia usado, pode ter dado alguma diferença. Tentaremos
numa outra oportunidade.
2ª Investida
Data: 02/11/2016
Participantes: Leandro do Carmo e Vinícius Araújo
Já havia bastante tempo desde a primeira investida. O
Vinícius me mandou uma mensagem perguntando o que eu achava de continuar aquela
conquista no Parque da Cidade. Como o local foi encontrado pelo Alex, dei uma
ligada pra ele antes. Como ele não podia ir, fomos eu e Vinícius.
O dia estava quente. Mas era calor de verdade, próximo dos
40°C. Marcamos numa hora nada convencional... 11:00h. Bom, o lado positivo era
que não precisávamos acordar cedo e que todo o acesso, apesar de difícil, seria
feito sem a incidência do sol. Marcamos de nos encontrar no Posto da Guarda
Ambiental do Parque da Cidade e de lá seguimos para a trilha do Santo Inácio. O
início do caminho eu lembrava bem, mas o resto. E assim seguimos andando. O
terreno vai ficando bastante instável em alguns trechos e numa dessas passagens
delicadas, o Vinícius escorregou e cortou o dedo e o joelho. Sangrou bastante.
Pensamos em voltar, mas depois de lavar, o sangramento estancou, o que nos fez
seguir caminho.
Depois de algumas voltas, consegui avistar o local, o que
facilitou um pouco achar a base da via. Chegando lá, demos uma parada para
descansar e nos refrescar, antes de iniciar a conquista. O calor estava forte.
Comecei a subida e fazer o lance inicial não foi fácil... A saída ficou bem
forte e com o primeiro grampo um pouco alto. Chegando nele, parti para o
segundo, agora mais fácil. O suor já começava a escorrer. Reboquei o
equipamento de conquista e dali comecei a subir com o peso.
Fazer esse lance foi difícil. Tentei algumas vezes e
voltava. Algumas agarras quebraram o que deu uma baixada no psicológico. Mas
firmei e subi até ficar numa boa posição, onde bati o terceiro grampo da via.
Dei uma rápida descansada e parti para o próximo. Mais um lance delicado. O
calor estava ficando insuportável. O peso do equipamento dificultava bastante. Aquela
rocha quebradiça aumentava a tensão. Tentei algumas vezes e já quase
desistindo, resolvi chegar um pouco mais para a direita e subir. Prendi a
respiração e subi. Na primeira oportunidade, me equilibrei e coloquei o quarto
grampo...
A partir daí a parede perdia um pouco da inclinação, mas ainda
estava bem vertical. Com boas agarras, subi e bati mais um grampo. Exausto,
resolvi descer e dar por encerrado o dia. Na hora de voltar, já estava sem água
e para tentar ganhar tempo, resolvi subir por uma calha bem íngreme. No começo
até que foi tranquilo, mas ela foi ficando íngreme e com o terreno bem
instável. Chegou num ponto que não conseguia mais subir nem descer. Fiquei apoiado
num arbusto bem pequeno, torcendo para que ele não quebrasse.
A mochila estava muito pesada. A corda atrapalhava, o facão
atrapalhava. Estava com sede e não conseguia mais subir nem descer. A essa
altura, o Vinícius já havia chegado ao cume. E eu ali, preso... Chamei umas duas
vezes, mas ele não me respondeu. Esperei mais um pouco. Consegui tirar a
mochila e colocar a corda mais acima de onde eu estava. Tive que abandonar o
facão. Com muito esforço, consegui subir. Foi duro, mas havia chegado ao cume
do Santo Inácio. Com uma sede insuportável, tomei um pouco de fôlego e comecei
a descida. No meio do caminho, uma senhora que ficou esperando o grupo ofereceu
um pouco de água. Foi a salvação!!!!! Aí, deu para continuar e chegar até o
caldo de cana...
3ª Investida
Data: 15/07/2017
Participantes: Leandro do Carmo e Ary Carlos
Só mesmo deixando passar um tempo para poder esquecer o
perrengue da última vez... Nesse dia, fomos eu e o Ary. Descemos pelo caminho
bem precário. Talvez esse seja o maior problema dessa via. Teremos que melhorar
esse acesso. Mas esse problema deixaremos para depois. O objetivo de hoje é
terminar a conquista.
Depois de percorrer todo o trecho de aproximação, chegamos à
base da via. O Ary seguiu na frente. Já não queria subir de novo. Passou pelos
lances iniciais e já no alto, eu subi até
o último grampo que havia batido na última vez e passei o equipamento de
conquista para ele. Dali, ele subiu e bateu mais um grampo. Bateu outro. O
visual estava fantástico. Já deixamos a primeira parada duplicada. Parar nesse ponto,
aos 25 metros aproximadamente, diminui o arrasto desse trecho inicial. Dali,
ele foi subindo sem muitas dificuldades até o cume. Foram 7 grampos, sendo uma
parada dupla, dando exatos 60 metros até o cume.
Subi logo em seguida e ainda tirei duas grandes lacas que
estavam bem perigosas. Enfim havíamos finalizado a conquista. Essa via deu
trabalho!
Outras Investidas
Para melhorar o acesso à base ainda fizemos dois mutirões. O
último, onde consolidamos o caminho, foi realizado pela turma do CBM 2019. No
dia 20/11/2019, fui com o Marcos Velhinho trocar o primeiro grampo que ficou
mal batido e fazer o croqui, deixando a via pronta para escalar.
Por que o nome “Não tem Nome”? Sempre conversávamos sobre essa conquista... E sempre perguntavam qual o nome da via. De tanto falar que a via não tinha nome...
Vídeo da Conquista da Via Não tem Nome
Mais algumas fotos
Ary fazendo o primeiro lance |
Ary conquistando na terceira investida |
Cume no dia que finalizamos a conquista da via |
Estou pensando em fazer essa via, relembrar meu amigo.
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