Por Leandro do Carmo
Conquista da Via De Olho nas
Vizinhas – 3º V E2 D2 250m - Download do Croqui
Vale da Serrinha – Setor da Golpe
do Cartão - Parque Estadual da Serra da Tiririca
Localização
Localização
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Mais uma conquista!!!!
O local da base é o mesmo da via Golpe do Cartão, no
Vale da Serrinha, mais ou menos na metade da subida da estrada que
liga Itaipú à Itaipuaçú. O início da trilha fica no primeiro
grande recuo, à direita da estrada. Parando o carro ali, subir até o primeiro poste e dobrar a direita. Foram três
investidas para concluir a via. A linha ficou bem interessante,
começando com uma saída forte, onde o crux fica entre o primeiro e
segundo grampo. A primeira parada é dupla e fica fora de visão,
devido a um veio de pedra na parede. Parando ali, vai diminuir um
pouco o arrasto da corda. A partir daí, a via segue numa linha bem
óbvia num terceiro grau, vindo um IV bem delicado. Olhando de
baixo vê-se muita agarra, mas a maioria não é sólida. A
terceira enfiada é um costão, com uns 30 metros caminhando, onde
vem uma parte mais lisa e com pequenas agarras, onde se sobe em
diagonal para a direita e encontra o último grampo dessa primeira
parte. A partir daí, é só seguir uma pequena trilha até a base da
segunda parte da via, partindo numa grande diagonal para a esquerda,
abaixo de um grande diedro, por mais ou menos 70 metros até uma
parada dupla. Dali é só seguir num caminho contornando a vegetação
por um acesso até o Mirante do Carmo. Se resolver rapelar,
aconselhamos descer pela Golpe do Cartão, antes da pequena trilha,
onde já tem proteção dupla em todos os pontos de rapel.
Vídeo
Relato da Conquista
A idéia de conquistar ali apareceu
depois que fizemos a primeira investida para conquista da Golpe do
Cartão. Nesse dia, já tínhamos visualizado essa linha e que
ficaria uma das melhores da parede, visto a verticalidade e algumas
boas agarras, pelo menos, vistas de baixo. Para deixarmos o local
indicado para futuras investidas, o Ary, acrobaticamente, subiu e
colocou o primeiro grampo. Em outras vezes que fui lá, sempre ficava
namorando a linha e não via a hora de começar efetivamente a
conquista.
Primeira Investida
Nossa ideia era ir avançando na
conquista enquanto a Eny e a Alessandra seguiam na delas, assim
agente estaria sempre por perto e de olho, pois seria a primeira
conquistas delas. Por sinal, esse é um projeto de ser a primeira via
de Niterói, conquistada somente por mulheres. Mas não conseguimos
marcar sempre no mesmo dia e acabamos seguindo nosso projeto
sozinhos. Eu e o Ary marcamos de ir no sábado, dia primeiro. Nesse
dia, foi efetivamente a primeira investida, pois da outra vez, quando
o Ary bateu o primeiro grampo só o fizemos para marcar o início do
projeto. Chegamos na base e ele já saiu para bater os dois primeiros
grampos. Começou difícil. A posição não era muito boa. Não
adiantava subir muito, pois se não, o grampo anterior não seguraria
uma queda que seria até a base. Achando a melhor posição, o Ary
bateu o segundo grampo e seguiu um pouco mais para a direita onde
colocou o terceiro. Como os locais não eram muito confortáveis
para parar e bater o grampo, o Ary montou a parada e eu subi até ele
e segui para colocar os próximos dois. Revezando nesse ritmo,
ninguém ficaria cansado.
Os lances seguintes foram feitos com
muito cuidado. Muitas agarras estavam quebrando. Batia e ouvia tudo
oco. Lances tensos!!! Subi e na primeira oportunidade, bati mais um
grampo, o quarto da via. Mais acima, coloquei mais um, um pouco
abaixo de uma grande veia na parede, formando um degrau arredondado.
Montei a parada ali e o Ary veio para seguir conquistando. Subiu,
passou a veia e colocou mais um grampo, onde fizemos mais uma parada.
Segui subindo uns 10 metros e quando
me posicionei para colocar o grampo, vi que poderia ficar na linha da
via da Eny e Alessandra. Não querendo incomodar nossas futuras
vizinhas, resolvi descer, pois para eu chegar mais para o lado
direito, teria que passar por um pedaço bem sujo e além de tudo
quebradiço. Era demais para mim!!!! Deixei a mochila presa em um
cliff e resolvi desescalar e recomeçar mais para a direita. Bom...
na teoria era só desescalar uns 10 metros... Começou o
sofrimento!!!! Bem devagar, fui descendo lance a lance... Olhei para
o Ary e ele estava láaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa em baixo. Concentrei e
devagar cheguei. O psicológico já tinha ido embora... Deixei para o
Ary continuar. Mas na hora de entregar a furadeira, vi que tinha
deixado a broca na mochila. Não tinha jeito, o Ary teve que seguir
até onde eu estava. Chegando lá, ele resolveu, passar pelo lance
que estava bem sujo e bateu o grampo bem a direita de onde estava,
subiu e colocou mais um.
Resolvemos terminar por ali. Na
descida, o Ary ainda intermediou um lance que havia fica exposto,
colocando o grampo bem mais a direita de onde eu tinha desescalado.
Finalizamos esse dia já ansiosos para voltar. A ideia que eu tinha
era chegar a um grande diedro que dá para ver lá de baixo, na
altura do posto de gasolina, na subida da serrinha. Vamos ver o que
encontraremos pela frente... ou melhor lá por cima!
Segunda Investida
Há um tempo estávamos para voltar
e continuar essa conquista. Nunca dava tempo, sempre tinha alguma
coisa para fazer. Mas dessa vez deu tudo certo. Como a remada que eu
estava marcando não saiu, liguei para o Ary na noite de sábado e
marcamos no dia seguinte, domingo, na entrada da trilha às oito da
manhã.
Chegamos cedo e fomos direto para
base. O Ary aproveitou para limpar um pouco o local, retirando uns
arranha-gatos que tinham uns grandes espinhos. Sorte dele, vocês
verão o porquê! Como já havíamos feito um bom pedaço da via, o
Ary começou a guiar. Deu a primeira passada e quando estava próximo
do primeiro grampo, o pé escorregou e ele veio descendo, bateu na
base e foi parar lá no meio do mato, ainda bem que ele havia tirados
os espinho dali... Na hora foi um susto, mas depois foi até
engraçado!!! Foi mau Ary, mas agora, lembrando da cena, não tem
como não rir!!! Mas guerreiro como é, o Ary levantou, sacudiu a
poeira e voltou para guiar a primeira enfiada, indo até o segundo
grampo acima da veia de pedra, onde montou a parada. Eu fui logo em
seguida e comecei um pouco mais a direita, onde tem umas agarras
melhores. Estava subindo com todo o equipamento, a mochila estava
pesada, o que dificultou um pouco, mas com corda de cima tudo é mais
fácil!!!!
Cheguei à parada e como já estava
com as costuras retiradas da primeira enfiada, segui guiando. Saí um
pouco à esquerda, quando deveria ter ido para a direita. Tive que
dar umas passadas na horizontal até chegar ao próximo grampo. Nessa
parte as agarras estão quebrando com facilidade. Todo cuidado é
pouco! De vez em quando tinha que dar uns chutes e algumas batidas
para quebrá-las logo e conseguir colocar o pé em alguma coisa que
me aguentasse. O Ary até brincou que é proibido cavar agarras!!!
Quando ele subiu, me mostrou o melhor caminho, mas já era tarde...
Preparei a furadeira e o Ary subiu
conquistando, colocando mais dois grampos, fazendo a parada. A partir
dali, a parede perdia inclinação por uns 30 a 40 metros. Já dava
para ver o final da via Golpe do Cartão. Estávamos no caminho que
imaginávamos. A única passagem na vegetação para acessar aquele
grande diedro, que havíamos visto lá do Mirante do Carmo, estava
logo acima. Em breve teria certeza sobre o caminho que havia pensado.
Segui conquistando. Nessa primeira parte, uns trinta metros de
costão, com alguma vegetação, passei e coloquei um grampo, mais
para marcar o caminho. Nesse ponto a parede ganha um pouco de
verticalidade e perde agarras, ficando mais lisa. Subi e coloquei
mais um grampo. Em seguida, peguei uma diagonal subindo para a
direita e coloquei o último grampo dessa primeira parte da via, onde
montei a parada e dei segurança para o Ary.
Ali, nos desencordamos, deixamos
todo o equipamento e seguimos abrindo uma pequena trilha até a
segunda parte da via. Aquela parede onde tem o diedro que estava tão
longe olhando lá de baixo, estava aqui, bem a nossa frente.
Resolvemos dar mais um esticão e adiantar um pouco mais. Voltei e
peguei o equipamento. Segui subindo e coloquei um grampo, mais uma
diagonal para a esquerda e parei, batendo mais um. Quando pensei na
linha, olhando lá do Mirante do Carmo, tinha a ideia de conquistar
aquele grande diedro em móvel, mas chegando lá, percebi que onde
estava limpo, era muito aberto, e quando tinha possibilidade de
colocação de peça, tinha muita vegetação. Resolvemos seguir
grampeando bem abaixo dele, na verdade, na metade da parede. Enquanto
furava a rocha para colocar o último grampo, a bateria foi para o
espaço... Ainda bem que deu para fazer totalmente o furo. Bati o
último grampo que tinha. Avisei ao Ary e ele foi pegar a outra
bateria. Em seguida, ele veio subindo e chegou a parada, onde a
trocamos a bateria e preparamos o material para seguir em direção à
ultima parada.
Ele subiu e tínhamos algumas opções
para terminar a via. Ele optou por seguir a diagonal que havia
começado, bateu mais um grampo e seguiu até uma árvore caída,
onde montou a parada. Dali, ele viu que dava para chegar caminhando
até o Mirante do Carmo, precisando apenas limpar e marcar o caminho,
o que faríamos em uma outra investida. O Ary voltou até onde eu
estava e rapelamos até o ponto da pequena trilha. Descemos
caminhando pelo costão até a última parada da via Golpe do Cartão,
de onde rapelamos até a base, pois nela, todos os pontos de rapel
estão duplicados, além de ser mais curta.
Terceira Investida
Nesse dia era só subir e duplicar a
primeira parada e colocar uma parada dupla no final da via, além de
chegar ao Mirante do Carmo, que era nosso objetivo principal. O Tauan
nos acompanhou e teve o privilégio de ser o primeiro a repetir a
via. O Leonardo Carmo e a Denise Carmo resolveram seguir para a Golpe
do Cartão.
Subimos e deixamos a primeira parada
duplicada. Seguimos acima e resolvemos não duplicar a segunda nem a
terceira parada. Aproveitamos para dar uma descansada e seguimos a
pequena trilha até o início da segunda parte da via. Segui guiando,
e parei no terceiro grampo. Dali segui a diagonal, passei por mais um
grampo e cheguei próximo parei um pouco mais abaixo da árvore que o
Ary utilizou para rapelar durante a segunda investida.
Não estava numa posição muito boa e demorei um pouco até me acertar. Coloquei um grampo e em seguida o outro. O Ary e o Tauan chegaram logo em seguida e eu me preparei para continuar. Subi até uma árvore na e vi que ela estava quebrada, acho que foi com a última ventania que teve. Passei por ela e segui lentamente até cruzar uma parte mais aberta na vegetação. Cheguei a uma grande pedra onde fiz a última parada. O Mirante do Carmo estava a alguns metros. O Ary e o Tauan vieram logo em seguida. Terminada a via, descemos até o Mirante do Carmo onde guardamos o equipamento e ainda descansamos um pouco até pegarmos o caminho de volta para a trilha do Mourão.
Não estava numa posição muito boa e demorei um pouco até me acertar. Coloquei um grampo e em seguida o outro. O Ary e o Tauan chegaram logo em seguida e eu me preparei para continuar. Subi até uma árvore na e vi que ela estava quebrada, acho que foi com a última ventania que teve. Passei por ela e segui lentamente até cruzar uma parte mais aberta na vegetação. Cheguei a uma grande pedra onde fiz a última parada. O Mirante do Carmo estava a alguns metros. O Ary e o Tauan vieram logo em seguida. Terminada a via, descemos até o Mirante do Carmo onde guardamos o equipamento e ainda descansamos um pouco até pegarmos o caminho de volta para a trilha do Mourão.
Mas por que o nome “De Olho Nas
Vizinhas”? Afinal de contas, queríamos ter conquistado enquanto a
Eny e a Alessandra estivessem na linha delas...
Valeu pessoal, até a próxima!
Fotos das investidas
Ary dando segurança para o Tauan na penúltima parada |
Ary e Tauan na quarta parada |
Ary saindo para escalada a segunda enfiada e o Tauan na parada |
Ary conquistando a segunda enfiada |
Ary na segunda parada |
Na base da quarta enfiada |
Terceira parada |
Última parada, um pouco acima do Mirante do Carmo |
Início da via |
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