Artifical da Caixa de Fósforo - Parque Estadual dos Três Picos
19 e 20 de Julho de 2014
Era uma atividade que já estava agendada há mais de 6 meses
pelo Alex, presidente do Clube Niteroiense de Montanhismo. A expectativa era
grande, afinal de contas, tínhamos programado para ser a formatura das turmas
do CBE 2014 do CNM. Entre convidados, amigos, sócios e parentes, éramos mais de
20. Ficaríamos hospedados no Refúgio das Águas, do Sérgio Tartari. De lá,
sairíamos para a Caixa de Fósforo e a Cabeça do Dragão. Alguns foram na
sexta-feira, dia 18, outros só no sábado, mas o que mais importava era que
estávamos todos reunidos, nesse que é um dos mais belos parques do Brasil,
ainda sem muita estrutura, mas vida que segue...
Um pouco sobre o Parque
O Parque Estadual dos Três Picos (PETP) localiza-se na
região central do Estado do Rio de Janeiro. Criado em 5 de junho de 2002 e
ampliado em 2009, soma hoje 58.790 ha. É a maior unidade de conservação de
proteção integral administrada pelo Estado. Cerca de dois terços de sua área encontram-se
no município de Cachoeiras de Macacu e o restante divide-se entre os municípios
de Nova Friburgo, Teresópolis, Silva Jardim e Guapimirim. O seu nome evoca o
imponente conjunto de montanhas graníticas denominado de Três Picos (Pico Menor, Médio e Maior). Este
afloramento rochoso, de aproximadamente 2.316 m de altitude, localizado entre os municípios de Nova Friburgo e
Teresópolis, é o ponto culminante de toda a Serra do Mar. Na sua base está o
Vale dos Deuses, ponto de partida para as diversas trilhas existentes no
parque.
Dentro de seus limites encontra-se o mais elevado índice de
biodiversidade de todo o Estado do Rio de Janeiro, o que em parte se explica pela variação de altitudes: de 100 até os 2.316 m
do Pico Maior. É considerada pelos especialistas uma região prioritária em
termos de conservação. Além da preservada cobertura vegetal e riqueza animal,
na área do parque existem diversas nascentes que formam bacias hidrográficas de
influência regional. Nesse sentido, sua criação foi fundamental para assegurar
maior proteção dos mananciais e, portanto, melhor qualidade de vida para a
população do entorno.
Administrador: Inea – Instituto Estadual do Ambiente / Dibap – Diretoria de
Biodiversidade e Áreas Protegidas / Gepro – Gerência de Unidades de Conservação
de Proteção Integral.
Decreto de criação: 31.343/2002
Ampliação: 40.602/2007
Ecossistema: Observam-se formações tão diversas como a floresta ombrófila densa baixo
montana, as matas de neblina e os campos de altitude.
Área: 58.790 hectares
Localização: Cerca de dois terços de sua área encontram-se no município de Cachoeiras
de Macacu, e o restante, divide-se entre os municípios de Nova Friburgo, Teresópolis,
Silva Jardim e Guapimirim.
Visitação: Terça a domingo, das 9h às 16:30h
Endereço: Estrada do Jequitibá, 145 – Bairro Boca do Mato,Cachoeiras de Macacu Tel
(21) 2649-6847
Núcleo Jacarandá:
Estrada do Jacarandá s/n, Bairro Meudon, Teresópolis, RJ
Núcleo Vale da Revolta:
Estrada BR 116, Km 85,5, Teresópolis, RJ.
Acessos: O Parque Estadual dos Três Picos é contornado parcialmente pela rodovia
federal BR-116 e pelas rodovias estaduais RJ-116, RJ-122 e RJ-130. Estes
trajetos são complementados por estradas municipais que dão acesso a áreas mais
próximas ao parque.
Relato
Tínhamos que sair bem
cedo, pois programamos as atividades para o próprio sábado. Ficaria difícil
conseguirmos fazer alguma coisa no domingo, depois da pizza e cerveja de sábado
a noite... Saímos de casa por volta das 05:15 h da manhã e marcamos de nos
encontrar em Cachoeiras de Macacu. Até que fomos rápidos e não houve
desencontros. O Alex resolveu seguir na frente, chegando por último!!!!
Enquanto a Eny e a Patrícia ficaram a minha espera. Eu havia programado de
levar o meu filho, o João e ficaria por lá, fazendo algo bem leve durante o
dia. Porém, meu pai resolveu ir para ficar com ele, assim fiquei liberado!!!
Nem queria...
Chegar ao Refúgio das Águas, do
Tartari, para quem nunca foi, não é uma das coisa mais simples, mas depois que
criaram o Google, tudo ficou mais fácil! Seguimos pela estrada e depois de
algumas horas chegamos. Era cedo e estava nublado. Pensei que fosse estar mais
frio. Na chegada, fomos nos organizando e separando os quartos. Alguns foram
armando suas barracas. Preferi deixar para armar a minha na volta. Alguns foram
saindo na frente, ninguém queria chegar tarde para trilha. Fomos dividindo os
grupos, vendo quem queria subir a Caixa de Fósforo e quem iria para a Cabeça do
Dragão. A Eny e o Carlos Penedo seguiram na frente e no final das contas só eu
e o Vinícius Araújo faríamos a Caixa de Fósforo, além da Eny e Penedo que já
tinham ido.
Seguimos de carro até
uma parte da estrada e a partir dali fomos a pé. Mas quem disse que estávamos
nos importando com isso? Afinal de contas era o que mais queríamos!!! Seguimos
a estrada e passamos por algumas porteiras, onde a cada metro percorrido, a
vista ia ficando mais impressionante. As nuvens começaram a se dissipar e a
vista do Capacete e do Pico Maior roubaram as atenções. Seguimos conversando,
passamos pela República Três Picos, do Mascarim e seguimos em direção ao Vale
dos Deuses. Paramos para descansar aos pés de uma enorme Araucária, de onde se
tem uma vista impressionante do Pico Maior e o Capacete.
Mais um pouco caminhando
e passamos por uma construção do Parque, o núcleo de Montanhismo. Mais a
frente, numa saída à direita, chegamos ao acampamento do Vale dos Deuses. Esse
acampamento tem esse nome por estar dentro de uma fazenda homônima,
desapropriada, tempos atrás. Esse é o local! Simplesmente, fantástico! Eu o
Vinícius, como seguiríamos para a Caixa de Fósforo, fomos na frente e ficamos
esperando alguém chegar. Na verdade, cometemos um erro grave: nem eu, nem ele,
sabíamos o caminho, mas até aí sem problemas... O maior erro foi que nem sequer
tivemos o cuidado de pegar informações sobre a trilha. Tínhamos algumas
informações bem básicas, coisas do tipo: “segue para a Cabeça do Dragão e numa
parte da trilha, você pega para a esquerda”. E assim fizemos...
Seguimos para a Cabeça
do Dragão e começamos a subir. Depois de uns trinta minutos subindo, nada de
aparecer essa saída à esquerda... Quando estávamos chegando na parte do costão
da subida da Cabeça do Dragão, o tempo abriu e pudemos ver a Caixa de Fósforo
lá em baixo, num lugar totalmente oposto ao que nós estávamos, foi quando
nos demos conta de que estávamos no caminho errado!!! “Não acredito nisso”,
pensei na hora. Dava para ver o caminho que deveríamos ter percorrido lá em
baixo, mas muito lá em baixo mesmo. Por muito custo, resolvemos descer e pegar
o caminho correto. Esse nosso atraso, deveria custar algo em torno de 1 hora a
mais no total. Encontramos o resto do grupo e avisamos que voltaríamos para o
caminho correto. Eles seguiram acima.
Descemos bem rápido e
levamos uns 20 minutos até chegar ao local do acampamento. Pegamos a trilha
principal, andando sempre com o Capacete a nossa esquerda. Ele estava um pouco
encoberto pelas nuvens. Passamos por dois pequenos córregos e começamos a
caminhar numa vegetação mais densa. Pelo que tinha visto lá de cima, era o
sinal de que já estaríamos próximo da subida. Depois de mais alguns minutos,
chegamos à tão esperada saída à esquerda!!!!! Uma plaquinha onde se lia “Caixa
de Fósforo” não deixava erro! Dobramos à esquerda e caminhamos ainda alguns
metros antes de começarmos a subir.
A subida vai um pouco
forte, mas com o corpo aquecido nem me preocupei e segui no rítimo que
estava. Mais a frente subimos uma parte
bem íngreme com o auxílio de uma corrente. Nesse ponto encontramos o Leonardo,
a Mariana e a Stephanie, já descendo. Um cachorro que os acompanhou durante a
trilha fez a festa ao me ver, parecia que já me conhecia. Ele os esperou descer
e foi atrás.
Fui me aproximando e já
dava para ver o Carlos Penedo no meio do artificial. Aproveitei para fazer
alguns vídeos de longe, antes de encontrá-los. Cheguei na base, após usar uma
corda fixa “mais prá lá do que prá cá” para subir o último lance. A Eny já dava
segurança para o Carlos que subia grampo a grampo. Tinha lido alguns relatos sobre
como a pedra está apoiada e coisas parecidas, mas aquilo ali é impressionante.
Parece que foi colocada ali com uma precisão cirúrgica. Nem mais para um lado
nem mais para o outro, o suficiente para ficar equilibrada, mais um grande
espetáculo da natureza.
Estava frio e foi só
parar de caminhar, para que começasse a sentir os seus efeitos. O forte vento
potencializava a sensação de frio. O Carlos Penedo foi subindo e ainda
conversamos um pouco antes dele concluir o artificial. Dei uma boa descansada,
pois no rítimo que viemos, não daria para emendar a subida. Enquanto o Carlos
subia, fui pesando na melhor maneira para eu subir. Queria ser rápido e
aproveitar para descermos juntos.
O Carlos concluiu a
subida e resolvi subir utilizando prussiks na corda já fixada. Ainda fiquei
com tarefa de recolher as costuras que ficaram. Depois de fixadas as cordas,
comecei a subir enquanto ele fazia o rapel. Por sorte, o vento parou, o que
diminuiu a sensação de frio. As mãos doíam um pouco, principalmente os dedos. Mas
a medida que manuseava os nós, a circulação foi aumentando, diminuindo assim as
dores. Depois de mais alguns minutos não sentia mais nada. Foi um alívio. Como
a natureza estava me ajudando, aproveitei para aumentar o ritmo e tentar
concluir a subida sem o vento. Como subi pela mesma corda na qual estavam as
costuras, não foi tão fácil retirá-las, algumas ficavam bem esticadas, me
obrigando a colocar sempre uma costura mais acima para conseguir tirar a de baixo.
Devagar fui subindo. A
Caixa de Fósforo tem aproximadamente 20 metros, mas o detalhe é que ela está
apoiada em um precipício. Olhar para baixo é uma tarefa para testar o
psicológico. Mais que isso. Como diz Galvão Bueno: “É teste pra
cardíaco!”. Subi e nos lances finais foi
ficando mais fácil, pois já tinha um contato maior com a parede. Mais alguns
passos e estava no cume. Um 360º fantástico!!!! O sol aquecia. O céu abriu
naquele momento. Até o vento tinha ido embora. O momento perfeito!!! Sentei um
pouco para contemplar a paisagem antes de arrumar o equipamento. A caixa onde
deveria estar o livro de cume estava sem tampa e nem sinal dele. Adoro ler o
que as pessoas escrevem ao passarem pelas mesmas situações que eu. Uns, somente
assinam o nome, outros, tentam explicar os vários sentimentos que os envolvem
nesses lugares mágicos. Mas não será dessa vez.
Aproveitei para fazer
alguns vídeos e depois de algum tempo sozinho, já era hora de descer. Arrumei
todo o equipamento e comecei o rapel. A saída é bem chata, os grampos ficam um
pouco abaixo. Dei uma travada na corda e desci com cuidado. Lentamente vou me
aproximando da base. Cheguei na base e parabenizei o Carlos por ter feito toda a subida
utilizando os grampos e estribos, o clássico artificial fixo. Bem mais difícil
do que a minha subida pela corda, utilizando os prussiks. Aproveitamos para
conversar um pouco e bater algumas fotos. A missão estava cumprida, ou pelo
menos a parte mais importante. Faltava a caminhada de volta.
Iniciamos a descida.
Fomos conversando e nem sentimos o tempo passar. O céu abriu forte em cima do
Capacete, a vista era fantástica. Mas quando peguei a máquina para bater
algumas fotos e registrar esse momento, vi que o cartão de memória estava
cheio... Paciência, vai ter que ficar para a próxima. Seguimos andando e quando
passamos pelo Acampamento do Vale dos Deuses, conversei com algumas pessoas que
estavam lá e me disseram que o resto do pessoal já haviam passado cerca de 1
hora antes. Seguimos até o carro de onde voltamos até o Refúgio.
Todos já estavam no Tartari.
Aproveitei para armar minha barraca. Quase não achei um bom lugar. A minha
sorte foi que meu irmão iria embora a noite e montei no lugar onde estava a
barraca dele. Depois de tudo arrumado, fui tomar um bom banho para relaxar e
aguardar a tão esperada pizza. Encontramos vários amigos que estavam na região
e foram lá só para a pizza. Ficamos ainda batendo um bom papo até sair o
primeiro tabuleiro. Por educação, deixei o primeiro passar, mas no segundo, já
fui logo garantir minha fatia e ai de quem tentasse me passar a frente!
A noite foi chegando.
Depois de algumas cervejas artesanais, alguns não resistiram e foram dormir.
Pensei que fosse estar mais frio. Ele veio, mas não tão forte. Continuamos um
bate papo muito descontraído até que o cansaço nos venceu. Aí foi só dormir,
tranquilo, sem o compromisso de ter que acordar cedo no dia seguinte...
Valeu até a
próxima!
Eu no cume da Caixa de Fósforo com o Capacete ao fundo |
Indicando as direções |
É pra lá que eu vou! |
Nosso objetivo... |
Vista fantástica. Foto de Leonardo Carmo |
Refúgio das Águas. Foto: Andréa Vivas |
Preparados para a pizza. Foto: Marcelo Santanna |
O mestre! Foto: Marcelo Santanna |
Reunidos para a foto |
Vista embaixo da Caixa de Fósforo |
Como a Caixa de Fósforo está apoiada |
Vista do cume da Caixa de Fósforo |
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