segunda-feira, 12 de maio de 2014

Escalada no Morro do Morcego - Relato da via Visão Oposta

Por Leandro do Carmo

Escalada no Morro do Morcego - Relato da via Visão Oposta

Local: Morro do Morcego – Jurujuba – Niterói RJ
Data: 12/04/2014
Participantes: Leandro do Carmo, Michael, Ary, Giovani e Arley






Relato

Estava com muita vontade de voltar ao Morro do Morcego. A minha primeira ida até lá foi em 01/09/2012. Na oportunidade fizemos a via Paredão Sangue Bão. Já estava mais que na hora de voltar!!!!


Na reunião social do Clube Niteroiense de Montanhismo, perguntei ao Ary se ele estava a fim de voltar lá. Ele aceitou o convite e logo chamamos outras pessoas também. Dessa vez, o Michael, Giovani e o Arley nos acompanharam. Marcamos as oito da manhã, em frente a Igreja de Jurujuba.

Cheguei uns 10 minutos antes do horário e parei o carro um pouco mais a frente, bem próximo da casa onde costumamos pedir autorização para entrar. Voltei para o ponto de encontro e o Michael estava chegando. Logo depois, veio Giovani. O Ary demorou um pouco, pois teve um pequeno problema na sua moto. Como já havia passado de 8:30, o Ary resolveu ligar para a casa do Arley, que por desencontro de informações, não sabia que a escalada estava confirmada. Como ele mora relativamente perto, esperamos ele chegar.

Depois de todos reunidos, nos dirigimos para o começo da trilha. Na casa, perguntamos se poderíamos entrar para acessar o caminho. Fomos muito bem recebido pela dona da casa, mas não pelo seu cachorro. Ainda bem que estava preso! Ela nos alertou sobre umas abelhas, que tem lá por cima. O caminho, que é uma rua, estava bem mais limpo que da última vez, pensei que dessa vez seria moleza chegar até a base. Seguimos até a parte dos eucaliptos e viramos para a esquerda. O mato ali estava um pouco mais alto que da última vez, mas nada que atrapalhasse.

Mas na frente, quando começamos a subir para a direita, em direção às ruínas de um muro, minha surpresa. Era tanto capim, que formava uma barreira! Eu pensando que seria moleza... O Ary já prevendo que teríamos bastante mato, levou um facão. Foi a nossa sorte, pois abrir o mato com as mãos e pernas, não seria uma tarefa muito agradável....

Por vezes tínhamos que ir e voltar, pois a cada caminho que tomávamos o mato parecia que aumentava. Com o Ary sempre a frente, abrindo caminho com o facão, conseguimos chegar até a base. Quando vi a pedra na minha frente, pensei: “Que bom que chegamos, agora vai!!!” Mais um engano! Estava tudo fechado. Havia caído uma árvore e estava tudo embolado com um tipo de cipó, fechando bastante o caminho. Pensei até que não fosse dar para continuar. Mas o Ary foi guerreiro! Abriu bem o caminho e descemos em direção á base da via. Ali já estava bem limpo. Acho que o problema tinha sido a queda da árvore e também ao incêndio que ocorreu no final do ano passado. Nessas circunstâncias, o mato cresceu com força.

É fácil de identificar a base. Tem um fenda que sobe em diagonal para a direita, com uma palmeira no meio. Dividimos as cordadas e o Giovani e o Arley foram com o Ary. O Michael foi comigo. Pedi para o Ary começar, queria filmar alguém fazendo aquele lance do começo. Depois que o Ary começou a segunda enfiada, eu comecei a escalar.

A saída é boa e é um lance de equilíbrio até chegar na palmeira. Abraçando a palmeira, a contornei e segui até o primeiro grampo. Costurei e dei uma descida até um degrau, um pouco mais embaixo e depois subi, continuando na fenda até o segundo grampo. Dali dava para ver a cordada do Ary em ação. Ele acabara de sair de sua primeira parada e estava reclamando da sujeira da via. Parede suja é complicado! Como eles estavam demorando um pouco, resolvi mandar o Michael subir, assim ele não ficaria lá em baixo sozinho. Quando o Arley saiu da parada, eu comecei a escalar.

A ponta onde montei a minha primeira parada, é o alto de uma chaminé. Fui cumeando a chaminé até um trepa pedra, onde tem um grampo. Costurei e pensei em colocar uma costura longa para diminuir o arrasto, pois ali a corda faria uma curva de quase 90°.  Pensei até em fazer uma parada ali, como o Ary fez, mas resolvi seguir, mesmo aumentando o arrasto. Dali para cima a parede vai ficando mais vertical. Porém as boas agarras compensam. Aquela camada grossa de líquen, por vezes cobre as agarras e é necessário ficar limpando para descobrir a melhor.

Via Visão Oposta

Passei por uma parada dupla quase escondida na vegetação e fui tocando para cima. A visão dali era muito bonita. A enseada de Jurujuba tomava forma. O sol batia de frente, bem na direção da cabeça quanto olhava para cima, buscando as agarras. Num lance, olhei para cima e vi o grampo um pouco distante. Pensei: “Tá longe...” Concentrei e com mais duas passadas, quando olhei de volta, ele já estava na altura da minha cabeça, ainda bem... Fui costurando os grampos até que a parede perdeu um pouco de inclinação, ponto onde existe um parada dupla.

Via Visão Oposta

Montei ali mesmo a nossa segunda parada e o Michael veio escalando. Subiu rápido e seguro. Mandando muito bem. Dali para cima, a via se encontra com a Pardedão Sangue Bão, tendo em comum os mesmos lances. Ofereci ao Michael a oportunidade de guiar, mas ele preferiu deixar para uma próxima oportunidade.

Fiz os lances finais e quando cheguei ao cume, fiz segurança de corpo para o Michael e ele subiu rapidamente. A via é curta mas muito boa. O cume do Morcego tem uma visão fantástica. Aproveitei para dar uma olhada em volta e ver se achava algum grampo de cume da via Moby Dick, mas nada. Deu para ver somente o lugar da base lá em baixo e mais nada.

Rapelamos direto com duas cordas. Aproveitamos para melhorar duplicar o ponto de rapel, caso fosse feito com apenas uma corda. Havia apenas um grampo mau batido no meio da parede. Agora, dá para escalar com uma corda só e com segurança. Na base, nos arrumamos caminhamos de volta. Ainda bem que o mato já estava baixo!


Até a próxima!

Via Visão Oposta
Vista do final da diagonal

Via Visão Oposta
Morro do Morcego, visto da praia de Charitas

Via Visão Oposta
Face sul do Morro do Morcego

Via Visão Oposta
Vista da trilha de acesso

Via Visão Oposta
Michael na base da via

Via Visão Oposta
Giovani no cume do Morcego

Via Visão Oposta
Galera reunida no cume

Via Visão Oposta
Jurujuba vista do alto


Via Visão Oposta
Fortaleza de Santa Cruz e Pão de Açúcar

Via Visão Oposta
Fortaleza de Santa Cruz

Via Visão Oposta
Acordada do Ary na primeira parada

Via Visão Oposta
Na base da via

Via Visão Oposta
Chegando na segunda parada

Um comentário:

  1. Showzaçooooooooooooooooo Pit Bull , bela via e grande visual o Morro do Morcego !
    Parabéns.

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