quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Escalada - Via Diedro Pegasus - Babilônia Urca

Por Leandro do Carmo

Via Diedro Pégasus 4º IVsup E2 D1 85 metros


Local: Babilônia – Urca
Data: 26/11/2011
Participantes: Leandro do Carmo e Guilherme Belém

O terror dos tornozelos!!!! Assim me disseram quando falei que iria escalar o Diedro Pégasus, um bonito diedro, com mais ou menos 20 metros, 4º IVsup E2. Nessa empreitada, como sempre, o Guilherme estava junto. Chegamos na Urca por volta das oito da manhã. Os Daflons já estavam lá, como sempre, esperando o pessoal do curso. Conversamos um pouco e eles nos deram algumas dicas sobre a via. Deveríamos tomar cuidado entre o 1º e o 2º grampo, pois a queda, poderia levar o guia a platô.

Assimilados os ensinamentos dos mestres, partimos para trilha. Entramos pela portaria do bondinho do Pão-de-Açúcar. A Cíntia veio logo atrás, daria uma aula experimental a uma aluna. Ela ainda falou: “Leva um galho para ir abaixando o mato, pois lá tem cobra, devido ao fato da trilha ser menos acessada”. E assim foi feito. O Guilherme foi na frente e a gente até brincou: “Será que tem cobra mesmo?”. Melhor não arriscar...

Fui com o Guia da Urca na mão para identificar as vias do Babilônia. Depois de alguns minutos de caminhada, chegamos a base da via e lá estava o tão esperado diedro. Olhei o tempo e estava muito nublado. Uma pequena neblina baixava sobre a rocha, mas nada que nos impedisse de subir, somente ter mais cuidado.

Nos arrumamos e subimos até o platô, para iniciarmos a subida. O Guilherme guiaria a primeira enfiada, justamente o diedro. Nos preparamos  e quando estávamos prontos para iniciar a subida, chegaram mais dois escaladores que apontaram para uma coral que estava enrolada numa pedra, um palmo abaixo de onde estávamos nos arrumando. Com um graveto, eles encostaram nela, que saiu rastejando para o mato. Tentei bater uma foto, mas ela foi mais rápida. Não deu para ver se era uma coral verdadeira ou falsa. Bem que a Cíntia falou!!!!!!!

Passado o evento da coral, iniciamos a escalada. O começo já é complicado. É preciso por força no braço, e passar a perna esquerda por cima da pedra, a fim de dar sustentação, até costurar o primeiro grampo. Poderíamos ter improvisado um stick. O Guilherme subiu, costurou o primeiro grampo e partiu para o segundo. Acho que foi perdendo a força e o psicológico entre o primeiro e segundo grampo falou mais alto e pronto: primeira queda. Tentou de novo e mais uma queda.

Aí, foi minha vez de tentar. Com o primeiro grampo já costurado, o começo já não fica tão difícil. Apoiei as mãos, subi um pouco e passei a perna esquerda por cima da pedra para dar apoio. Passei do primeiro grampo e na oposição fui até o segundo sem pensar muito. Além das mãos, usava, também, o pé esquerdo no diedro, para dar mais força, tendo a certeza que ele não escorregaria. Costurei o segundo grampo e adrenalina diminui.

Cheguei ao terceiro grampo. A partir daí, a pedra dentro da fenda vai ficando mais lisa, em algumas vezes sem muito apoio. A perna direita, na rocha, vai dando mais sustentação. O diedro vai fazendo um pouco de curva para a direita, que no final vai dificultando um pouco. Lá de baixo o Guilherme falou: “Olha para cima, tem um mico te olhando.” Quando não é urubu, é mico. Sempre tem um para te acompanhar!!!! Subi mais um pouco e cheguei ao quarto grampo, o único do lado esquerdo. Já no final do diedro, quase sem força, tem umas agarras que dão sobre vida!!!!!! Boa mão, aí fica fácil!!!!!! Tem uma laca que pode ser alcança pela mão direita que é muito boa. Cheguei a primeira parada. 1/3 da via e o crux (IVsup) já estavam completos. Suei pra c... Montei a parada e o Guilherme iniciou a escalada.

Nem lembro de ter perguntado se ele gostaria de guiar o resto da via, fui logo me preparando para subir, já estava aquecido!!!!! Comecei a segunda enfiada. Fui mirando o grampo e acabei subindo pelo lado errado. Tentei fazer uma pequena horizontal, mas decidi desescalar umas três passadas e seguir pelo lado correto. Pelo croqui, teria que usar um fita longa em um grampo bem a esquerda. Como vi que era um pedaço bem tranquilo, resolvi não costurar aquele grampo e segui bem exposto até o próximo.

Resolvi, também, não fazer a segunda parada. Quando chegou a metade da corda, o Guilherme avisou e vi que daria para ir até o final. Passado o trecho sujo, vinha agora um pedaço em diagonal de aderência e pequenas agarras, acho que um 3º. Tudo sem problema, tirando o arrasto da corda, devido ao fato de não ter feito a segunda parada.

Senti uma gota de chuva no meu braço. Depois outra. Acelerei a subida e cheguei ao cume. Montei a parada e avisei ao Guilherme que ele poderia subir. Olhei para o lado e os dois escaladores que viram a coral na base via, estavam chegando ao final da Cervinos.

O Guilherme começou a subida, não tinha contato visual. Ele foi subindo e os pingos foram aumentando. Quando ele apareceu, a chuva apertou. Rapidamente molhou a via. A parte final fica muito próxima da mata, o que a torna muito suja. Com a chuva, aquela sujeira torna a via muito escorregadia. Foi um perrengue até que ele chegasse a última parada.

Com a via molhada e escorregadia, decidimos rapelar por fora da via, pois fazer aquela diagonal, não seria muito fácil. Demos uma última olhada no croqui para conferir esse rapel por fora da via, pois não estava nada a fim de ter que prussikar. Descemos a corda bem devagar para não impactar a vegetação. Desci primeiro e fui procurando os grampos. Eles ficam um pouco para a esquerda, abaixo de um platô de mato. Montei a parada e o Guilherme iniciou a descida.

Olhei para baixo e vi que tinha muita vegetação na rocha. O diedro estava bem a esquerda e não daria para alcançá-lo. Teria mesmo que rapelar por ali. Arrumamos bem a corda e fui descendo com ela no braço esquerdo. Se soltasse a corada por cima da vegetação, seria um estrago.

Cheguei até uma parada simples. Dali, seria o último rapel, menor que os outros dois. O Guilherme desceu logo em seguida. Montamos o terceiro e último rapel. No final os galhos das árvores atrapalharam um pouco. Tive que afastá-los e descer de lado para não enroscar na mochila.

Chegamos a base. Arrumei a corda, tirei a sapatilha e começamos a voltar. Nem tirei o resto do equipo. Estava com medo da chuva apertar. Já estava tudo molhado. Não queria passar mais sufoco. Chegando na portaria da estação, vi que fomos os últimos a ir embora. Tinha um grupo chegando e com certeza não iriam aproveitar muito.

Agora é só espera a próxima!!!!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui.